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História dos

quadrinhos

Histórias em quadrinhos são histórias contadas quadro a quadro e existem


parâmetros para construção do enredo que as diferem totalmente de outras
mídias, como o número de páginas, a disposição de quadros, espaço para dese-
nhos e textos, a consideração da virada da página para marcação de ritmo, entre
outros. Se um único segundo de filme tem 24 quadros, nos quadrinhos, em
apenas um quadro, o autor expressa uma cena ou até uma história inteira.

Will Eisner (1989) Scott Mccloud (1993)


“Uma forma artística e “Imagens pictóricas e
literária que lida com a justapostas em sequência
disposição de figuras deliberada destinadas a
ou imagens e palavras transmitir informações e/ou
para narrar uma história produzir uma resposta do
ou dramatizar uma ideia.” espectador”.

O ato de contar histórias através de desenhos pode ser identificado desde as


pinturas rupestres, passando pelas artes egípcias, gregas e romanas até as
representações religiosas e iluminuras. Em meados do século XIX, Rodolphe
Topfer produziu imagens satíricas que usavam caricaturas e requadros em com-
binações de texto e imagens inéditas na Europa na obra “Les Amours de Mon-
sieur Vieux-bois”. As revistas inglesas de caricaturas mantiveram viva a tradição,
mas foi na virada do século XX que as histórias em quadrinhos como conhece-
mos hoje começou a se desenvolver.

Um marco é o ano de 1895, quando Richard Outcault inovou utilizando balões


de fala e cores nas tiras de “At the Circus in Hogan´s Alley”, com o personagem
Yellow Kid. “Katzenjammer Kids”, de autoria de Rudolph Dicks, alemão naturali-
zado norteamericano, foi publicada em 1897 e a história chegou ao Brasil como
“Os Sobrinhos do Capitão”. Winsor McCay criou em 1905 “Litte Nemo in Slum-
bersland”, investindo na narrativa fantástica com toques sombrios.

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História dos
quadrinhos

O italiano, radicado no Brasil, Ângelo Agostini publicou, ainda em 1869, “As


aventuras de Nhô Quim” e, em 1883, publicou “As aventuras de Zé Caipora” na
Revista Ilustrada, considerada a primeira inteiramente dedicada aos quadrinhos.
O dia de lançamento de “Nhô-Quim”, 30 de janeiro, foi incorporado como o
“Dia do Quadrinho Nacional”.

Outros marcos mundiais foram as tiras de “Tarzan” desenhadas por Hal Foster a
partir de 1929 e assumidas por Burne Hogarth em 1937, e “Tintim”, em 1929. Em
1930, Mickey Mouse, que estreara em animação em 1928, virou tira de quadri-
nhos e, depois, revista semanal. As histórias policiais estrearam em 1931 com
“Dick Trace”, de Chester Gould. Em 1934, Alex Raymond fez sucesso com a
ficção científica “Flash Gordon”. Criados em 1938 e 1939, Superman e Batman
inauguram uma nova fase dos quadrinhos de heróis pós-Segunda Guerra.

Em 1940, Will Eisner revolucionou a linguagem dos quadrinhos com “The Spirit”,
quadrinhos que uniam referências temáticas e estéticas da literatura policial e
do cinema noir. Por tudo isso, os anos entre 1920 e 1940 ficaram conhecidos
como a “época de ouro dos quadrinhos”.

No Brasil, a década de 1930 foi marcada pela iniciativa de Adolfo Aizen, que
importou quadrinhos americanos como “Agente secreto X-9”, “Flash Gordon”,
“Mandrake”, “Príncipe Valente”, “Tarzan”, “Pinduca”, entre outros. Em 1937 surge
a primeira personagem de terror brasileira “Garra Cinzenta”.

Até a década de 1960, porém, as tiras ainda tinham mais prestígio e público do
que as revistas em todo o mundo. Nesse período começou a se espalhar a
“febre dos quadrinhos” quando livros, revistas e conferências surgem reunindo
intelectuais e artistas no reconhecimento da importância dos quadrinhos no
século XX. Em 1985, Frank Miller inaugura os HQs de autor, lançando a história
do “Batman, O Cavaleiro das Trevas”. No ano seguinte, Art Spiegelman ganhou
o prêmio Pulitzer pela história de “Maus”.

Enquanto as histórias de heróis floresciam nos Estados Unidos, o artista brasilei-


ro Maurício de Souza fazia sucesso com suas personagens para o público infan-
til, a começar pelas tiras de Bidu, de 1959. Na década de 1970, ele passa a publi-
car revistas em quadrinhos. Também deve-se destacar os trabalhos de artistas
como Angeli, Glauco, Laerte e Ziraldo para a consolidação dos quadrinhos bra-
sileiros.

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MANGÁS
A arte dos mangás remonta o final do período Edo, no final do século XIX,
quando o Japão se abre para receber influências da cultura ocidental. Em 1877
é fundada a primeira revista japonesa de humor ilustrada “Marumaru Chim-
bum”. Rakuten Kitazawa lança em 1902 “Togosaky to Mokubê” no “Tokyo Kem-
butsu”, primeiros quadrinhos com personagem fixo do país. Outro artista
importante do período foi Ippei Okamoto. Até a Primeira Guerra Mundial, os
mangás eram voltados ao público adulto e tinham viés satírico. As histórias
infantis surgiram em 1923 com “Sho-chan no Boken” - “As aventuras do peque-
no Sho” de Katsuichi Kabashima e “Mangá Taro”, de Shigeo Miayao. No universo
infantil, o mangá deu origem a uma infinidade de personagens tornados símbo-
los da cultura pop japonesa.

Características do mangá, como o sentido de leitura, técnicas de diagramação


e composição de páginas e quadros receberam influência do artista Tezuka
Osamu, que criou em 1941 uma história com linguagem de planos de cinema,
“Shintakarajima”- “A nova ilha do tesouro” e, depois, “Jungle Taitel”- “O Impera-
dor das Selvas” e “Atomu Taishi”, posteriormente adaptado para animação e
rebatizado como “Astro Boy”.

Referências
ARAÚJO, Lucas Fonseca de. Cinema e quadrinhos: a evolução da arte sequencial de Will Eisner
e Frank Miller através do fenômeno noir. Monografia. Comunicação e Multimeios. Faficla. PUC,
São Paulo. 2011.

CAMPOS, Cláudio César de Oliveira. Quadrinhos e o incentivo à leitura. Monografia (Curso de


Biblioteconomia) - Universidade de Brasília, Faculdade de Ciência da Informação, Brasília, 2013.

CARVALHO, Beatriz Sequeira de. O processo de legitimação cultural das histórias em quadri-
nhos. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação –
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. 2017.

EISNER, Will. Quadrinhos e Arte Sequencial. Ed. Martins Fontes, 1989.

MCCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. Ed. M.Books, 2004.

______. Desenhando Quadrinhos. Ed. M.Books, 2005.

SILVA, Cíntia Cristina da. Quem inventou as histórias em quadrinhos? Superinteressante. Digital.
18 abr. 2011. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-inventou-as-
-historias-em-quadrinhos/

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