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1
Universidade Federal Fluminense, Departamento de Geoquímica. Outeiro de São João Batista, s/n. 24020-141. Niterói, RJ, Brasil
2
Universidade Estadual de Ponta Grossa. Av. General Carlos Cavalcanti, 4748. CEP 84030-900. Ponta Grossa, PR, Brasil
E-mails: brunaborbadias@id.uff.br; digomilek@hotmail.com
Recebido em: 16/10/2017 Aprovado em: 18/06/2018
DOI: http://dx.doi.org/10.11137/2018_2_22_30
Resumo
Devido à deficiência no ensino da Paleontologia na Educação Básica no Brasil, novos métodos didáticos vêm
sendo aplicados a fim de promover a melhora da aprendizagem dos alunos. No entanto, torna-se necessária a discussão
dos resultados das aplicações destas metodologias para que não se tornem práticas de pouca aprendizagem. Desta for-
ma, este trabalho tem como objetivo compilar métodos didáticos de ensino da Paleontologia desenvolvidos em sala de
aula e seus resultados no processo de ensino-aprendizagem no Ensino Básico no Brasil. Ao todo, 16 artigos científicos
foram encontrados, sendo estes o ensino prático da Paleontologia por meio de jogos, oficinas de réplicas fósseis, visitas
à museus e parques, oficinas teóricas, interatividade digital e contos. De forma unânime, os trabalhos relatam a aplica-
ção dos diferentes métodos didáticos em sala de aula como estimuladores da curiosidade, cooperação e interação dos
alunos de diferentes níveis de ensino com a Paleontologia. Os trabalhos revisados mostram que somente a realização
de oficinas teóricas ou palestras conjugadas com oficinas de réplicas fósseis não foram suficientes no entendimento de
alguns conteúdos paleontológicos. Considerando os relatos destes trabalhos, a utilização de mais de um método didático
no ensino da Paleontologia deve ser preferível para o melhor aprendizado. Além disso, os alunos devem ser desafiados
para a resolução de problemas, incorporando assim o conhecimento científico com maior eficiência e desvinculando
informações e conceitos errôneos da Paleontologia divulgados pela mídia. A aplicação de métodos didáticos no ensino
da Paleontologia não deve ser somente focada na exposição de informações e objetos aos educandos, mas deve estar re-
lacionada à resolução de uma problemática, instigando os alunos a pensar, discutir e comparar informações, melhorando
assim o processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino, Práticas educativas, Paleontologia
Abstract
Due to the Paleontology teaching deficiency in the Brazilian Basic Education, an effort to develop new didactic
methods have been applied in order to the improvement students learning. However, discussing results of the applied
methodologies are necessary to avoid low learning practices. In this way, this work aims to connect didactic methods ex-
periences of Paleontology in the classroom and their results in the teaching-learning process of Basic Education in Bra-
zil. We found a total of 16 scientific papers reporting Paleontology teaching through games, fossil replicas workshops,
museum and park visits, talks, digital interactivity, and short histories. All papers reported that didactic methods in
Paleontology were stimulator of curiosity, cooperation and interaction of students from different levels. However, results
showed that talks and lectures followed by fossil replicas workshops were not enough for learning some paleontological
topics. Considering the results described by the authors, we suggest the use of more than one didactic method in the Pa-
leontology teaching for the best teaching-learning process. In addition, students should be challenged to solve problems
in order to incorporate the scientific knowledge more efficiently, unlinking paleontological information and misconcep-
tions released by the media. The application of didactic methods in the Paleontology teaching should not be only focused
on the exposition of information and objects to the students, but related to a problem resolution, instigating students to
think, discuss, and compare information, thus improving the teaching-learning process.
Keywords: Teaching, Educational practices, Paleontology
Apesar dos métodos práticos de ensino desen- viam. Estas atividades de investigação são descritas
volverem o raciocínio do aluno e gerarem um cer- pelos autores como estimulantes para construção do
to grau de independência, a presença do professor raciocínio científico do aluno, tendo o professor um
nestas atividades é indispensável, uma vez que atua importante papel de mediar as atividades, instigando
como agente instigador e mediador (Bergqvist & os alunos com novas perguntas e informações.
Prestes, 2014). O professor possui um papel princi-
pal no incentivo e execução dos métodos didáticos Oficinas de trabalhos artísticos e de confecção
de ensino da Paleontologia. Mesmo sendo práticas de réplicas fósseis por alunos dos três níveis de Ensi-
que resultam no aumento do aprendizado dos alunos, no Básico foram relatadas em três trabalhos: (a) Iza-
nem sempre elas são empregadas em sala de aula pe- guirry et al. (2013) utilizando resina e gesso para ela-
los professores. Esse impedimento de aplicação de boração de réplicas a partir de moldes de silicone de
práticas pelos professores pode não estar relaciona- fósseis originais, com alunos do Ensino Fundamental
do somente com a complexidade da Paleontologia, e Médio, (b) elaboração de réplicas fósseis e trabalho
mas também à formação defasada dos professores artístico de dinossauros feitos com sucatas com alunos
(Mello et al., 2005) e também à falta de recursos fi- da Educação Infantil e Fundamental I (Mello et al.,
nanceiros. No entanto, este último não deve ser um 2005) e (c) elaboração de réplicas (sem a descrição
impedimento para a execução de atividades lúdicas do material utilizado) com alunos do Ensino Médio
devido à existência de alternativas de baixo custo (Mendes et al., 2015). Todas as oficinas de elaboração
(Mello et al., 2005). das réplicas fósseis foram realizadas posteriormente a
uma palestra sobre conceitos básicos da Paleontolo-
Sumarizando, a aplicação dos jogos mostrou gia, Evolução da Terra e Evolução Biológica.
a capacidade dos alunos do Ensino Fundamental e
Médio de trabalho em grupos, mas uma maior in- Deficiências conceituais na temática da Pale-
teração dos alunos do Ensino Fundamental em re- ontologia e Evolução Biológica foram constatadas
lação a alunos do Ensino Médio foi observada por por Mendes et al. (2015) antes da intervenção práti-
Izaguirry et al. (2013). Os alunos do Ensino Médio ca com réplicas. Um exemplo é a incidência de res-
só participavam durante o início das atividades prá- postas nos questionários que associavam a origem e
ticas, onde sentiam-se à vontade para perguntar. Este evolução do homem ao macaco por alunos do Ensi-
momento de maior liberdade em sala de aula pode no Médio, mesmo após anos de aulas de Ciências.
criar um espaço que permita o aluno questionar e re- Fulan et al. (2014) também retratam que a maior
fletir sobre o conteúdo de forma prazerosa (Neves et parte dos alunos do Ensino Médio que responderam
al., 2008). os questionários não possuía conhecimento sobre
Paleontologia antes da intervenção, além da maior
parte associar os fósseis somente aos dinossauros.
3.2 Oficinas de Réplicas Fósseis
Esse resultado mostra a deficiência no ensino da Pa-
O uso de réplicas no ensino da Paleontologia leontologia no Ensino Básico e a grande influência
para Educação Básica vem sendo utilizado e relatado das informações errôneas veiculadas pela mídia, es-
por diversos autores como uma ferramenta eficiente pecialmente pela televisão (Mello et al., 2005; Iza-
de ensino em complementação ao conteúdo teórico. guirry et al., 2013). A deficiência do conhecimento
acerca da Paleontologia também se deve pela falta
Bergqvist & Prestes (2004) descrevem a reali- de qualificação dos professores e deficiência dos li-
zação de oficina para alunos do Ensino Fundamental vros didáticos, que muitas vezes são a única fonte
com kit paleontológico, composto de réplicas fósseis de conhecimento para os alunos (Fulan et al., 2014).
prontas e cartilha com informações sobre taxonomia
e ecologia dos fósseis presentes no kit. A cartilha Mendes et al. (2015) relatam que praticamente
continha perguntas-desafio para que os alunos des- metade dos alunos apresentaram dificuldades no en-
cobrissem a idade da Bacia onde os fósseis foram tendimento do processo de fossilização mesmo após
encontrados e a caracterização do ambiente onde vi- a realização das atividades de intervenção com répli-
cas. Segundo os autores, estas deficiências possuem ciparam ativamente durante a atividade. Quando em
envolvimento com a Educação Básica do Brasil e contato com o tema em atividades lúdicas, os alu-
não podem ser resolvidas somente com intervenções nos tendem a ser mais receptivos e a se envolverem
pontuais no processo de ensino-aprendizagem. Além com as atividades (Sobral et al., 2010). O conteúdo
disso, é importante ressaltar que a utilização exclu- digital interativo tem propósito de auxiliar no conhe-
siva de imagens e réplicas pode transformar o estu- cimento teórico dos alunos e também de construir
dante em um mero espectador, despertando pouco novos conhecimentos. Os métodos de interatividade
interesse e produzindo pouca interação e assimilação digital podem ser considerados formas diferenciadas
do conteúdo (Bergqvist & Prestes 2014). de ensino, muitas vezes envolvendo baixo custo de
elaboração/criação e, em comparação ao livro didá-
tico, possuem maior capacidade de armazenar infor-
3.3 Interatividade Digital mações de texto e imagens, além de produzir sons
Atualmente em nossa sociedade, o conheci- (Sobral et al., 2010). No entanto, muito ainda se tem
mento muitas vezes está vinculado ao avanço tec- a avançar com o desenvolvimento de recursos digi-
nológico, fazendo com que as estruturas das práti- tais interativos no ensino Paleontologia.
cas educacionais se modifiquem ao longo do tempo Apesar dos questionários empregados nos
(Moreira et al., 2012). Além do uso de computado- dois trabalhos apresentarem bons resultados no
res e acesso à Internet, diversos recursos tecnológi- aprendizado dos alunos, Bergqvist & Prestes (2004)
cos educacionais foram e vêm sendo utilizados nas defendem que, mesmo sendo interativo, a utilização
escolas a fim de promover a melhora no processo de recursos digitais que contenham textos explica-
ensino-aprendizagem, como a utilização de disque- tivos e imagens tornam-se somente informativos e
tes, CD-ROM, softwares, lousa digital, televisores, não apresentam um problema a ser investigado. Esse
tablets (Ramos et al., 2011). Enquanto algumas des- conhecimento pode ser rapidamente esquecido de-
tas tecnologias não se popularizam pela falta de re- vido à metodologia empregada não possibilitar a
cursos financeiros das escolas, outras podem cair em apropriação do conhecimento. Os recursos de inte-
desuso frente ao avanço tecnológico, como é o caso ratividade digital, assim como outras metodologias
do disquete e CD-ROM. que estejam somente baseadas na visualização sem
quaisquer aplicações prática do conteúdo, devem ser
A utilização de materiais digitais interativos aperfeiçoados para garantir maior interação, ques-
no ensino da Paleontologia na Educação Básica no tionamento e aprendizado dos alunos, fazendo com
Brasil ainda é escassa. Relatos da utilização de mé- que os mesmos sintam-se desafiados a resolver as
todos interativos foram feitos em dois artigos com questões envolvidas. Finalmente, Dantas & Araújo
alunos do Ensino Fundamental II (Sobral et al., (2009) salientam que a utilização destes recursos
2010) e Médio (Dantas et al., 2009). Ambos os tra- de interatividade digital não deve ser vista como
balhos apresentaram a aplicação do CD-ROM inte- solução no problema da educação, mas como uma
rativo após uma oficina expositiva, método digital ferramenta importante na construção de novas me-
que atualmente está sendo substituído por alternati- todologias de ensino, onde o professor desempenha
vas mais avançadas, como por exemplo, os aplica- o papel de orientação dos alunos, e não mais como
tivos em tablets e softwares. O conteúdo abordado única fonte de conhecimento.
pelos autores incluiu conceitos básicos de Paleon-
tologia, Evolução Biológica e da Terra e Fósseis de 3.4 Visitação a Parques Fossilíferos e Museus
diferentes períodos. Os questionários aplicados para
os alunos de ambos os trabalhos mostraram um bom Visitações a parques fossilíferos e museus
rendimento quanto ao conteúdo abordado, apresen- podem servir de referenciais para o conhecimento
tando uma melhora no aprendizado em relação ao das variações sofridas pelo planeta ao longo dos di-
conhecimento prévio dos estudantes. Os autores dos ferentes períodos históricos, onde lacunas no conhe-
dois trabalhos também relatam que os alunos parti- cimento dos alunos da Educação Básica podem ser
preenchidas pelos objetos e exposições (Rodrigues como alguns dos aprendizados após a realização
et al., 2015). Essas atividades extraescolares pos- destas atividades de desenvolvimento intelectual du-
suem propostas educativas e pedagógicas distintas e rante a visita ao museu (Rodrigues et al., 2015).
permitem a maior interação entre alunos com o con-
teúdo abordado (Almeida et al., 2013). 3.5 Contos
A busca por fósseis em Parque Fossilífero por A arte de contar histórias está inserida nos
alunos do Ensino Médio foi destacada por Quares- meios familiares, escolares, musicais, e despertam
ma & Cisneiros (2013) como uma atividade estimu- empatia dos alunos. Este método pode ser utiliza-
lante ao entendimento da Paleontologia. Os autores do para a disseminação de informações científicas
relataram o conhecimento prévio sobre fósseis pelos de forma lúdica e ainda favorecer o acesso de es-
alunos que participaram da visitação, pois os pro- tudantes com deficiência à educação inclusiva. Um
fessores já haviam esclarecido os conceitos básicos exemplo disso foi o realizado por Dantas & Mello
de Paleontologia em sala de aula. Uma cartilha com (2009), utilizando personagens e fósseis no conto
informações sobre o sítio paleontológico foi distri- de uma história elaborada com conteúdo básico de
buída para os alunos que realizaram a leitura em Paleontologia e traduzido por um interprete para a
grupo e expuseram as dúvidas sobre a temática. No Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A utilização
entanto, mesmo com esta interferência, Quaresma & do Conto como método de ensino e transmissão de
Cisneiros (2013) sugerem a implementação de mate- conhecimentos paleontológicos para alunos do En-
rial didático específico com réplicas fósseis do local sino Fundamental de uma escola de Ensino e Rea-
nas escolas, a fim do método didático contribuir para bilitação de portadores de deficiência auditiva foi
o processo ensino-aprendizagem da Paleontologia. considerada como uma ferramenta eficiente na cons-
trução do conhecimento científico dos alunos. Além
Almeida et al. (2013) relataram a intervenção disso, a execução destas atividades fomenta a educa-
de conteúdos da Paleontologia por meio de visitação ção inclusiva de pessoas com deficiência auditiva e
à Acervo Fossilífero por alunos do Ensino Funda- promove a igualdade de oportunidades para todos.
mental II. Foram explicados conceitos básicos sobre
Paleontologia, fósseis e processos de fossilização, 3.6 Palestras e Oficinas Teóricas
seguidos de visita com abordagem sobre os diferen-
tes tipos de fósseis do acervo. Questionamentos fo- A discussão da Paleontologia por meio de
ram feitos aos alunos durante as explicações a fim de apresentações teóricas busca envolver o aluno e fa-
estimular o aprendizado. A interação dos alunos foi cilitar a compreensão da temática abordada (Perez
ressaltada e os textos elaborados pelos mesmos mos- et al., 2015). As palestras e oficinas podem ainda
traram o aprendizado do conteúdo da Paleontologia envolver o estudante com debates sobre diferentes
durante a visitação. temas, assim como relatado por Rodrigues et al.
(2015). Os alunos do Ensino Fundamental II apre-
Todavia, estes espaços extraescolares podem sentaram um bom envolvimento e questionamentos
ser ainda melhor aproveitados com a realização de sobre as abordagens das mudanças da Terra, evolu-
atividades de interação aluno-exposição, como por ção dos seres vivos, extinções em massa, entre ou-
exemplo o desenvolvido por Rodrigues et al. (2015). tros. Outro exemplo aplicado foi o de Mello et al.
Os alunos do Ensino Fundamental II foram desafia- (2005) com alunos da Educação Infantil. Os autores
dos a resolverem questões sobre eras e períodos geo- relataram que os alunos participaram da oficina em
lógicos, dinossauros e fósseis ao longo da visita ao forma de entrevista, onde os mesmos elaboraram
Museu. Pistas distribuídas ao longo das exposições questões sobre a profissão do paleontólogo.
estimularam a resolução das questões e o trabalho em
equipe entre alunos. A agregação de conhecimentos, A realização da apresentação teórica antes da
as conexões com novas informações e a conquista aplicação de métodos didáticos práticos é de suma
da autonomia e consciência crítica foram relatadas importância na incorporação de conceitos e proces-
sos paleontológicos de difícil compreensão. Além didáticos em sala de aula como estimuladores da
disso, a divulgação inadequada do conhecimento pa- curiosidade, cooperação e interação dos alunos de
leontológico em livros didáticos dificulta ainda mais diferentes níveis de ensino com a Paleontologia.
a compreensão do conteúdo, assim como reportado Os métodos didáticos podem (e devem) ser aplica-
por Duarte et al. (2016). dos para o aprendizado científico paleontológico em
qualquer nível de ensino, mas a abordagem deve ser
Adicionando-se à problemática do conteúdo feita de maneira adequada e de acordo com cada fai-
deficitário nos materiais didáticos, a falta de qualifi- xa etária e necessidade do aluno, fomentando tam-
cação/interesse dos professores nos conteúdos acer- bém assim a educação inclusiva.
ca da temática ainda se soma à divulgação de infor-
mações e conceitos errôneos sobre a Paleontologia Intervenções com palestras e oficinas teóri-
pela mídia. Veículos midiáticos frequentemente tra- cas, além de jogos e uso de réplicas são os métodos
tam este tema de forma inadequada e/ou reducionis- didáticos mais utilizados e relatados na maior parte
ta (Izaguirry et al., 2013). A influência da mídia no dos trabalhos. Estas atividades proporcionam a ma-
conhecimento paleontológico também foi reportada terialização de conteúdos usualmente ensinados de
por Duarte et al. (2016), que observaram uma parce- maneira conceitual, além de viabilizar um espaço de
la significativa dos alunos relatarem a coexistência reflexão e questionamento do aluno sobre o conteú-
dos homens com dinossauros. Novais et al. (2015) do abordado de forma prazerosa. Os outros métodos
também mostram a presença de conceitos populares menos relatados (como visitação, contos e interativi-
e de senso comum no conhecimento de alunos por dade digital) são ferramentas distintas e importantes
influência da mídia, mas que interferências no ensi- no desenvolvimento de novas metodologias de ensi-
no-aprendizagem podem desmistificar estas precon- no, podendo promover a inclusão de alunos e a me-
cepções originadas fora do ambiente escolar. lhor aprendizagem do conhecimento paleontológico.
Uma série de nove oficinas didáticas foram em- A realização de palestras/oficinas teóricas em
pregadas por Perez et al. (2015) à alunos do Ensino adição aos métodos didáticos fomenta a compreen-
Fundamental abordando variados assuntos relaciona- são de temas paleontológicos complexos, como por
dos à Paleontologia, como processos de fossilização, exemplo os processos de soterramento e fossiliza-
trabalho do paleontólogo, tempo geológico, evolução ção. Dificuldades no entendimento destes processos
biológica, entre outros. Foi notado o entendimento estão relacionadas à deficiência no ensino da Pale-
das etapas das reconstruções paleontológicas pelos ontologia e podem não ser resolvidas somente com
alunos após as oficinas didáticas, mas, assim como intervenções pontuais. Desta forma, a utilização de
também observado também por Mendes et al. (2015), mais de um método didático no ensino da Paleon-
a dificuldade na compreensão dos processos de soter- tologia é preferível para o melhor aprendizado dos
ramento e fossilização foi destacada. Segundo Perez alunos do Ensino Básico. Além disso, as interven-
et al. (2015), esta dificuldade está relacionada com a ções também possuem um papel fundamental na
complexidade da percepção pelos alunos da magni- desvinculação de informações e conceitos errôneos
tude de grandes escalas de tempo e a atuação de for- da Paleontologia divulgados pela mídia.
çantes que transportam os sedimentos (por exemplo
vento, água) no soterramento do fóssil. Desta forma, a Os métodos didáticos somente informativos e
conjugação de atividades múltiplas é necessária para que não apresentam nenhum problema a ser inves-
a diminuição de deficiências conceituais no ensino da tigado devem ser aprimorados pelos professores.
Paleontologia (Mendes et al., 2015). O ensino da Paleontologia não deve ser somente
focado na exposição de informações e objetos aos
4 Conclusão educandos, mas sim relacionado à resolução de uma
problemática. Desta forma, o professor se torna res-
De forma unânime, os 16 trabalhos aqui re- ponsável por instigar os alunos a pensar, discutir e
visados relatam a aplicação de diferentes métodos comparar informações encontradas com material de
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