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Como tornar as cidades mais inteligentes diante das mudanças climáticas e pandemias?

Escrito por Lucas Rosse Caldas, Andrea Santos e Luan Santos há 22 dias

As cidades podem ser consideradas os grandes centros econômicos, sociais, tecnológicos e culturais da
humanidade, tendo em vista as suas diversas funções e importância em termos de qualidade de vida de seus
cidadãos. De acordo com dados das Nações Unidas (2017), atualmente, mais da metade da população
mundial vive em cidades ou centros urbanizados e se espera que até 2050 esse número cresça para cerca de
70%. Ainda, no final de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados por todos os países até 2030. Dada a importância
das cidades, o ODS11 “Cidades e Comunidades Sustentáveis, é dedicado a esta agenda e busca
essencialmente que as cidades e os assentamentos humanos procurem formas de serem inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis.
As mudanças climáticas se somam como um fator adicional às vulnerabilidades pré-existentes às cidades,
em especial às mais vulneráveis, localizadas em países em desenvolvimento. A ocorrência de eventos
climáticos extremos, como variações de temperaturas, aumento do nível médio do mar, fortes chuvas,
tempestades, inundações e eventos de seca extrema já demonstram que as cidades deverão se preparar para
serem mais resilientes. Nesse sentido, podem-se dividir as ações para atuar no enfrentamento das mudanças
climáticas em duas frentes: a mitigação, que são ações que visam reduzir as emissões dos GEE, e a
adaptação, que está basicamente relacionada às medidas para adaptar os setores da sociedade, sendo na sua
maioria relacionadas à melhoria da infraestrutura e recuperação de áreas degradadas, como a criação de
espaços verdes e parques lineares e adaptação baseada em ecossistemas.
Nesse contexto, a pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19) tem gerado mudanças
significativas nos padrões de consumo, nos níveis de produção e estilo de vida das pessoas em todo o
mundo, particularmente nas cidades. Ela evidenciou uma crise sanitária há muito tempo não vista, com
grande impacto na economia mundial e na forma de funcionamento das cidades. Particularmente nesse
cenário, o termo cidade inteligente (também conhecida por cidade conectada ou smart city), que ganhou
destaque no campo do urbanismo e da gestão pública como uma promessa de solucionar os diversos
problemas existentes nas cidades, inclusive aqueles relacionados aos impactos das mudanças climáticas e
outras crises, vem à tona.
Existem diversas definições sobre cidades inteligentes, sendo que alguns termos são comuns e aparecem na
maioria dos casos, entre eles: aumento da qualidade de vida dos cidadãos, melhoria da eficiência de recursos
(energia, água, etc.), dos serviços (transportes, comunicação, gerenciamento de resíduos, etc.), o uso de
diferentes tecnologias de informação e comunicação (TICs), com termos cada vez comuns como big data,
inteligência artificial, machine learning, internet das coisas (IoT, Internet of Things), entre outros, começam
a fazer parte do linguajar das cidades inteligentes.
Neste artigo buscamos discutir questões chave relacionadas às cidades e apresentar algumas recomendações
para tornar as cidades mais inteligentes, resilientes e sustentáveis frente aos futuros desafios relacionados às
mudanças climáticas e pandemias, utilizando como base, a crise relacionada ao COVID-19. Nesse contexto,
existiria um modelo mais adequado de cidade inteligente sob a ótica das mudanças climáticas e pandemias?

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Autores

Lucas Rosse Caldas é pesquisador do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Materiais e Tecnologias de Baixo Impacto Ambiental na

Construção Sustentável (NUMATS/COPPE/UFRJ). Professor na Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente da COPPE/UFRJ

e ministra cursos profissionalizantes sobre construções e cidades sustentáveis no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ).

Andrea Santos é professora do Programa de Engenharia de Transportes (PET/COPPE/UFRJ), Secretária Executiva do Painel

Brasileiro de Mudanças Climáticas e Vice coordenadora do Fundo Verde da UFRJ. Atua como autora colaboradora no capítulo

de transportes do Grupo de Trabalho 3 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Luan Santos é professor do Programa de Engenharia de Produção (PEP/COPPE/UFRJ) e do curso de Engenharia de Produção

da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), campus Macaé. Atua como expert reviewer da United Nations Framework

Convention on Climate Change (UNFCCC) sobre as Diretrizes do IPCC à elaboração dos inventários nacionais de gases de

efeito estufa.

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