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Artigo 179 Artigo 5
Artigo 179 Artigo 5
sobre a publicação
das obras de Marx e
Engels
PEDRO LEÃO DA COSTA NETO*
1 É importante destacar que uma parcela dos artigos jornalísticos publicados originariamente com
o nome de Marx, foi, na verdade, escrita por Engels. Entre estes podemos enumerar o conjunto
publicado em 1851-1852 no jornal New York Daily Tribune e publicado sob o nome de Revolução
e contra revolução na Alemanha por Eleanor Marx Aveling, em 1896.
2 Como veremos na sequência, desde o início do século XX foi desenvolvida uma intensa atividade
editorial de publicação da correspondência de Marx e Engels. É necessário destacar a particular
importância, manifestada em diferentes momentos de sua obra, atribuída por Lênin a essa correspon-
dência. Para mais informações, consultar os comentários de V. I. Lênin (1976), a correspondência
entre Marx e Engels e a introdução de V. Adoratsky à sua edição da correspondência. (Marx e
Engels, 1977, p.7-10)
3 Particularmente importantes para compreender o “laboratório teórico” de Marx são os diferentes
manuscritos que constituem a Contribuição à história da questão polonesa, Manuscritos de 1863-
-1864 e A guerra civil na França em 1871, visto que neles aparecem materiais que revelam as
diferentes etapas de seu trabalho intelectual. Desde as anotações de jornais, revistas e livros até as
sucessivas redações, expressando diferentes momentos de elaboração do mesmo estudo. Cf., por
exemplo, a edição completa dos manuscritos de Marx dedicados à Questão Polonesa: Przyczynki
do historii kwestii polskiej. R kopisy z lat 1863-1864; Beiträge zur Geschichte der polnischen Frage
Manuskripte aus den Jahren 1863-1864. (Marx, 1986)
4 É importante lembrar, como observa o marxista inglês Gareth Stedman Jones (1980, p.381), que
foi um livro polêmico de Engels, decisivo para a formação da tradição marxista: “A difusão em
escala mundial do marxismo com o caráter de socialismo sistemático e científico não se iniciou,
realmente, nem com o Manifesto do Partido Comunista nem com O capital, e sim com a publicação
do Anti-Dühring, de Engels”.
5 A brochura de Engels, Do socialismo utópico ao científico, é resultado da reelaboração de três
capítulos de Anti-Dühring, com o objetivo de desenvolver uma exposição mais popular dos fun-
damentos do marxismo.
6 Para a sua redação, Engels se utilizou amplamente dos extratos de leitura, já referidos anteriormente,
de A sociedade antiga, de L. H. Morgan, escritos por Marx e publicados postumamente.
7 Engels observa, no Prefácio, que antes da publicação ele voltou a consultar os manuscritos, que
seriam publicados postumamente, da primeira parte da Ideologia alemã, de Feuerbach, e das Teses
sobre Feuerbach, que seriam reproduzidas em apêndice.
8 Uma vez interrogado por Kautski se não desejava publicar suas obras completas, Marx teria res-
pondido ironicamente: “Estas obras teriam de ser primeiramente escritas” (Rubel, 1956, p.21).
9 Para o período entre 1883 e 1935, baseamo-nos nas seguintes obras: Rubel, 1956, p.21-5; Zapata,
1985, p.31-40; Marx e Engels. Dziela, 1976, p.VIII-XII; Hobsbawm, 1980, p.425-7; Moulfi, 1997,
p.341-8.
Nós podemos dizer que Engels fez, ao mesmo tempo, muito, dando a aparência
de uma obra definitiva, e muito pouco, afastando de sua seleção os manuscritos
cuja publicação integral revelaria aspectos importantes da empresa científica de
Marx, na medida que ela melhor indicaria as razões de seu inacabamento. (Marx,
1968, p.502)
10 O artigo de Riazanov (1968, p.255-68) é um importante testemunho sobre o destino dos arquivos
de Marx e Engels após a morte deste último, em 1895.
11 Cf. a este respeito: Hecker, R. 1998, p.312-23; Caire, 1997, p.349-62.
12 ENGELS, F. Introducción a la edición de 1895. In: MARX, K. Las luchas de clases en Francia de
1848 a 1850. Buenos Aires: Luxemburg, 2005, p.99-121.
13 Para a reconstrução das questões referentes à publicação da obra de Marx e Engels entre 1895-1917
foi particularmente importante a consulta dos seguintes artigos: Riazanov, 1968; Zapata, 1985;
Lefebvre, 1985, p.25-6.
Em 1914, talvez seja indicada do melhor modo possível pela bibliografia colocada
como apêndice ao artigo Karl Marx do Dicionário Enciclopédio Granat, escrito por
Lênin naquele ano. Se um texto de Marx e Engels não era conhecido pelos marxistas
russos, os mais assíduos estudiosos dos escritos dos clássicos, pode-se deduzir que
ele não estava à disposição do movimento internacional. (Hobsbawm,1980, p.429)17
14 É importante lembrar que Lassale era considerado um dos pais da social-democracia alemã, ao
lado de Marx e Engels.
15 Como é sabido, esta edição de Kautski das Teorias da mais-valia apresentava, devido a uma organi-
zação arbitrária dos Cadernos de Marx, uma série de problemas. Em 1956, na RDA, foi publicada
uma nova edição, mais rigorosa, das Teorias da mais-valia (Badia, 1974, p.14-7).
16 Esta edição de mais de 1380 cartas apresenta, entretanto, inúmeras lacunas, muitas vezes devido
à censura associada a questões políticas e pessoais vinculadas à social-semocracia alemã.
17 Para consultar a referida bibliografia, cf. Lênin, 1976, p.75-80.
Esse livro serviu de base à formação dos mais autorizados expoentes da Segunda
Internacional: Bebel, Bernstein, Kautsky, Plekhanov, Axelrod e Labriola. [...] En-
gels, na condição de profeta do materialismo dialético, sobrepujou completamente
a figura do fundador e elaborador do materialismo histórico. (Jones, 1980, p.381-2)
Por fim, cabe lembrar que entre os grandes teóricos do marxismo que viveram
entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX, entre os quais
19 Destacado intelectual e militante comunista russo, foi, desde o início do século XX, um importante
pesquisador da obra de Marx e de Engels e da história da Internacional. De passado menchevique,
aderiu à revolução e tornou-se o diretor do Instituto Marx-Engels de Moscou e responsável pela
publicação das Obras Completas. Seria preso em 1931 e fuzilado em 1938, por ocasião dos grandes
expurgos. Possuindo uma extensa rede de contatos e relações que incluía membros da social-
-democracia alemã e até exilados mencheviques (entre os quais Boris Nicolaievski, autor de uma
importante biografia sobre a vida de Marx e que se tornaria representante, na Europa Ocidental,
do Instituto Marx-Engels e, anos após, se envolveria no episódio da venda dos “Arquivos Marx e
Engels”). Riazanov também se destacou na organização e publicação de inúmeras obras da tradição
marxista, do pensamento materialista francês do século XVIII e de Hegel.
20 Sobre a participação do Institut für Sozialforschung, fundado em 1924, na publicação da Mega, cf.
Wiggershaus, 1993, p.33-4; Malinowski, 1979, p.28-30. É importante lembrar que o artigo citado
de Riazanov foi publicado originalmente em 1925, na então revista do instituto, Archiv für die
Geschichte des Sozialismus und der Arbeiterbewegung.
21 É importante lembrar que tanto os Manuscritos econômico-filosóficos como a Ideologia alemã não
foram publicados de acordo com os manuscritos originais, e sim organizados para oferecer uma
maior sistematicidade. Cf. Rojahn, 1983, p.393-431; Marx e Engels, 2007, p.17-9.
22 A elaboração da filosofia “marxista-leninista” colocou um fim ao intenso debate filosófico travado
entre “mecanicistas” e “dialéticos” nos anos 1924 e 1929 e que acabou com uma breve vitória
dos últimos, dirigidos por Deborin. Entretanto, na sequência, os mesmos dialéticos serão objeto de
críticas pelos futuros sistematizadores da futura filosofia (Labica, 1992). Como observa R. Zapata
(1985, p.39) em seu artigo citado, a partir de 1931, o estudo de O capital, que entre 1925 e 1930
ocupava um lugar de destaque no ensino do Instituto dos Professores Vermelhos, seria substituído por
textos políticos, sendo que a partir de 1934/1935 o lugar central no ensino passaria a ser ocupado
pelos diferentes manuais de materialismo dialético, materialismo histórico e economia política.
23 É importante destacar a publicação, por Riazanov, dos escritos dedicados à questão russa, à qual
Marx dedicou uma grande atenção durante a sua vida. Esses escritos tiveram uma curiosa sorte;
por exemplo, a importante correspondência do Marx tardio, em particular a carta à redação de
Otietchestviennie Zapiski e os rascunhos e carta a Vera Zasulitch, que trazem importantes conse-
quências para uma leitura não determinista e não linear da concepção materialista da história, foi
silenciada por Plekhanov e Zasulitch, uma vez que poderia apresentar obstáculos à crítica que eles
vinham desenvolvendo contra os populistas (Marx e Engels, 1980b). Outro exemplo é a publicação
dos escritos de Marx contendo críticas à Rússia czarista que, depois de editados por Riazanov, não
seriam publicados nas obras completas de Marx em língua russa durante o período stalinista (Marx
e Engels, 1980a).
24 Para uma informação detalhada do destino dos manuscritos de Marx e Engels depois da chegada
de Hitler ao poder, e a posterior venda dos arquivos ao IISG, cf. Hunink, 1988, p.52-70.
25 Маркс, К. и Энгельс, Ф., Сочинения, 2 изд., Москва, Политиздат 1955-73.
26 A partir da segunda metade dos anos 1950 seriam publicadas, nos países socialistas, diferentes
traduções das obras completas de Marx e Engels.
27 A primeira edição chinesa em 50 volumes a partir da Sotchinenia russa foi publicada entre 1956
e 1985 pela Casa Editora Popular de Pequim (Xiaoping, 2005).
28 Da Marx Engels Opere foram publicados 32 volumes até a sua interrupção.
29 A partir da Marx Engels Werke, a editora Otsuki concluiu a publicação das Obras Completas de
Marx e Engels em 1975 (Omura, 2005, p.73).
30 Sobre a obra de Rubel e a sua importante atividade como marxólogo, cf. Ragona, 2003.
31 O livro citado de G. Ragona dedica amplo espaço à edição e às polêmicas suscitadas pela edição
das obras de Marx por M. Rubel, na Bibliothèque de La Pléiade. Cf. Ragona, 2003. p.121-31, 157-68,
169-72 e 177-84.
32 Sobre a publicação da Mega 2, além dos já citados, cf. Lefebvre, 1985, p.21-5; Bongiovanni, p.186ss;
Fineschi, 1999, p.199-239.
33 Em 2008 foi publicado o primeiro volume organizado por Marco Vanzulli: Marx, K. e Engels, F.
Opere Complete. v.XXII. Nápoles: La Città del Sole, 2008.
34 Em 2008 foi publicado o primeiro volume do projeto Geme: Marx, K. Critique du Programme
de Gotha. Paris: Editions Sociales, 2008. Sobre o projeto Geme, consultar o anexo: “Ce qu’est la
Geme” (Marx, 2008).
Filmar O capital?
FREDRIC JAMESON