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Rumo ao coração

da ansiedade

Robert Jones
Don’t worry, be happy! — Não se pre​ocupe, seja feliz!
Este era o conselho dado por uma canção popular norte-
americana vários anos atrás. No entanto, para quem luta
com a preocupação intensa, este conselho é simplista.
Não existe um interruptor que você possa acionar para
desligar a sua ansiedade.

Talvez não haja outro problema que atormente mais do


que a ansiedade. Ela pode surgir de repente, mas demora
para ir embora. Ela consome seu sono, drena sua alegria,
esgota suas energias, arruína os seus relacionamentos e
agrava os problemas de saúde.
A ansiedade é pecado, mas Deus oferece solução e
esperança em Cristo.

Em Mateus 6, Jesus dá a boa nova: a ansiedade tem


solução. Deus garante auxílio e esperança por meio do
Seu Espírito e da Sua Palavra. O fato de Jesus falar aos
Seus seguidores sobre a ansiedade indica que os
cristãos podem enfrentar tentações nesta área. No
entanto, eles não estão entregues às psicologias e
técnicas centradas no homem, pois têm ao seu alcance
os ensinos da Bíblia − a Palavra de Deus. Você não está
sozinho, pois Deus, seu Pai, está pronto a ajudar.

O que Jesus diz? Deixar-se dominar pela preocupação é


errado. Ele repete a mesma advertência nada menos que
três vezes em Mateus 6: “Não se preocupem” (vv. 25, 31,
34). O apóstolo Paulo repete a proibição em Filipenses
4.6: “Não andem ansiosos por coisa alguma”. Se você é
alguém que costuma andar ansioso, essas advertências
não precisam ser motivo de desânimo. A graça de Cristo,
o Salvador, está à sua disposição para lidar com o
pecado. Embora Deus não elimine todas as situações
difíceis que podem dar ocasião à preocupação, Ele é
especialista em perdoar e transformar os ansiosos como
você.

A ansiedade expressa idolatria, e a solução é o


arrependimento.

Por que é pecado andar preocupado? Em Mateus 6,


Jesus expõe as raízes pecaminosa da ansiedade e
aponta uma saída.

Em primeiro lugar, nos versos 19 a 25, Ele nos diz que a


ansiedade expressa idolatria. Idolatria significa adorar
alguém ou alguma coisa que não o verdadeiro
Deus. Trata-se de entregar o seu coração a um falso
salvador, exaltar os seus desejos pessoais acima do
Senhor e servir a um outro senhor em lugar do verdadeiro
Senhor. A ansiedade é um indicador de que você está
alicerçando a sua vida na confiança em um falso deus.

No versículo 25, Jesus diz: “Portanto eu lhes digo: Não


se preocupem…”. A palavra “portanto” leva-nos de volta
aos versos 19 a 24, onde Jesus apresenta três ilustrações
da idolatria.

Em vez de focar os tesouros celestiais, os ansiosos


prendem-se a tesouros que competem com os tesouros
celestiais (vv. 19-21) – são coisas terrenas como o seu
trabalho, o casamento, dinheiro, posses, saúde e filhos,
entre outras. Com a atenção fixa nesses “tesouros”, que
acabam por controlar a sua vida, passam a viver em
constante preocupação com o futuro. Ao valorizá-los em
extremo, perdem os tesouros celestiais, os bens que
temos em Cristo, os quais superam em muito as
quinquilharias perecíveis que valorizamos
excessivamente.

Em vez de fixar o olhar em Jesus a Luz do mundo, os


olhos dos ansiosos estão tomados pelas preocupações
deste mundo (vv. 22-23), que impedem ver as “coisas do
alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus” (Cl
3.1).

E em vez de servir a Deus, os ansiosos dedicam-se a


senhores que competem com Ele (v. 24). Os senhores de
escravos exigem dedicação exclusiva; não se pode
trabalhar para dois senhores diferentes. “Ninguém pode
servir a dois senhores”. Quer se trate de dinheiro (Jesus
usa um objeto típico de preocupação) ou a sua
reputação, seu cônjuge ou a sua vocação, você deve
entregá-los a Cristo, o seu Senhor, e não permitir que
eles ocupem o trono do seu coração.

Sempre que você estiver preocupado, examine os


tesouros que vocês considera de valor. O que prende o
seu olhar? Quem ocupa o lugar de verdadeiro senhor na
sua vida? Arrependa-se não apenas do comportamento
ansioso, mas da idolatria que o motiva. Renove o
compromisso de ter a Cristo como seu tesouro, seu foco
e seu Mestre. “Volte seus olhos para Jesus, olhe para
Seu rosto maravilhoso, e os bens terrenos perderão o
brilho à luz da Sua glória e da Sua graça” (Helen
Lemmel).

A ansiedade expressa incredulidade, e a solução é


a fé.

A ansiedade não expressa apenas idolatria. Nos


versículos 25 a 34, ela é apresentada como fruto da
incredulidade que ainda habita em nós. Jesus não se
dirige aos seus ouvintes como a pagãos ou incrédulos,
mas como a pessoas de “pouca fé”. Para o cristão, a
ansiedade surge da dúvida que reside ainda em seu
coração.

Jesus não se limita a proibir a ansiedade, mas apresenta


as razões por que não se preocupar, razões que estão
centradas no caráter e nas promessas de Deus. Ficar
ansioso é negar, de forma prática, o poder, a sabedoria e
o amor de Deus para com você na situação que você
enfrenta. É esquecer que você foi escolhido e adotado
pelo Pai, e é profundamente amado como filho.

Nos versículos 25 a 30, Jesus lembra que o mesmo Deus


que cuida das aves e das flores, atribui a você muito mais
valor do que a elas. Se Deus cuida das plantas e dos
animais, Ele não cuidará de você, querido cristão, que foi
criado à Sua imagem, comprado pelo Seu Filho, recriado
com a vida de Cristo e selado pelo Espírito Santo?

Além disso, os versículos 31 e 32 ensinam que a


ansiedade caracteriza os pagãos, aqueles que não
pertencem ao Pai celestial. Os pagãos − idólatras e
incrédulos − procuram avidamente as coisas temporais.
Os cristãos, porém, têm um Pai que conhece as suas
verdadeiras necessidades e as atende em Seu tempo e
maneira. Como John Piper afirma, “Jesus diz que a raiz
da ansiedade é a fé inadequada na graça futura de nosso
Pai. Quando a incredulidade passa a ter o domínio do
nosso coração, um dos efeitos é a ansiedade. A raiz da
ansiedade é a desconfiança em tudo que Deus prometeu
nos dar em Jesus.” (Graça Futura, São Paulo: Vida Nova,
2009, p. 56).

O antídoto para a ansiedade, portanto, é crer nas


promessas de Deus e orientar a sua vida de acordo com
as prioridades de Deus. “Busquem, pois, em primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas
coisas lhes serão acrescentadas” (Mt 6.33). Nenhuma
das boas promessas de Deus jamais falhou.

Por fim, no versículo 34, Jesus nos lembra que a


preocupação nada pode fazer para melhorar o seu
futuro. Ela se limita a desviá-lo de suas responsabilidades
atuais, drenando a sua energia e minando a sua
vida. Você perde as alegrias da provisão de Deus no
presente.

Conclusão

Amigo cristão, sempre que você ficar ansioso, saiba que


é um sintoma de idolatria e de incredulidade
remanescente em seu coração. Naquele momento, você
está vivendo para alguém ou para alguma coisa além do
Senhor, e existe alguma verdade ou promessa de Deus
que você está deixando de abraçar.

As perguntas de auto-avaliação podem ajudá-lo a


considerar as suas preocupações à luz da Palavra de
Deus. Certifique-se de levar a Ele estes assuntos em
oração.

(1) Quais são as áreas (uma ou duas) da minha vida que


provocam ansieda​de com maior frequência?
Arrependa-se por deixar as preocupações controlarem
você, ainda que algumas delas sejam legítimas.

(2) Quais são as mentiras em que acredito e os ídolos


específicos que sou mais propenso a adorar?
Identifique-os e confesse-os a Deus.

(3) Quais verdades específicas a respeito de Deus e


quais promessas de Deus eu preciso abraçar a cada dia?
Encher a sua mente com a Palavra de Deus ajudará a
afastar os ídolos e a incredulidade remanescente.

(4) Quais os passos de fé e obediência que eu preciso


dar hoje? Quais as tarefas que Ele me chama a cumprir?
Invista suas energias de bom grado naquilo que deve ser
realizado hoje.

Quero também incentivá-lo a não fazer isso


sozinho. Deus o colocou na comunhão do corpo de
Cristo. Conte com a ajuda de seu pastor, de um amigo
sábio ou de um conselheiro bíblico que possa auxiliá-lo,
com sabedoria e amor, a conhecer e aplicar a Palavra de
Deus às situações que contribuem para a ansiedade.

Caro amigo, Jesus pode transformar você de uma pessoa


ansiosa em alguém que confia em Deus, e Ele pode
começar a fazer isso hoje.

Fonte: NANC Resourse Library.


Original: Getting to the Heart of Worry, publicado em The
Biblical Counselor, May 2003, p. 1-2.

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