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Quando pensamos em aviação, restringimos nosso conhecimento a apenas duas categorias

desse segmento: a aviação comercial e militar. Entretanto, esquecemos de citar uma muito
presente em diversas regiões do país: a aviação agrícola.

Regulamenta pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, em conjunto com Ministério da


Aeronáutica, a aviação agrícola é um serviço especializado que busca proteger
o desenvolvimento da agricultura por meio da aplicação, em voo, de fertilizantes, sementes e
defensivos, além do combate a incêndios em campos e florestas. No Brasil, quase todos os
estados utilizam o avião para o combate de pragas nas grandes lavouras, principalmente no
verão, do sul ao norte, são voadas milhares de horas a baixa altura.

Essa modalidade aeronáutica teve inicio no dia 19 de agosto de 1947, na região de Pelotas, Rio
Grande do Sul, devido ao ataque de uma nuvem de gafanhotos, dizimando plantações e
pastagens. Utilizando, na ocasião, uma aeronave Muniz M-9, bi-plano de fabricação nacional, com
autonomia de voo de quatro horas e equipada com depósito metálico, o Comte. Clóvis Candiota,
realizou o primeiro voo para fins agroindustriais e, por isso, é considerado o Patrono da Aviação
Agrícola, no Brasil.
Muniz M-9
utilizado pelo comandante Clóvis Candiota no primeiro voo agrícola no Brasil

Principais aeronaves para voo agrícola


Aviões pequenos, leves, que voam baixo (quase próximo ao chão) e fazem manobras perigosas a
fim de cuidar de uma zona de cultivo. Essas são as principais características dos aviões agrícolas.
Atualmente, no Brasil existem cerca de 2.000 aeronaves desse tipo em operação, uma frota que
coloca o país na segunda posição no mundo em números de aeronaves para esse fim. Dentro do
segmento existem três principais categorias de aeronaves disponíveis: leve = PA-18 e similares;
média = Ipanema e similares, pesada = Air tractor e similares.

As aeronaves utilizadas para a pulverização nas lavouras têm capacidade variada, em função do
uso ao qual se destinam. Entre os aviões médios (com reservatório para até 900 litros) estão
o Piper Pawnee, Cessna AG-Wagon, Ag-truck e o Ipanema.

Dentre os aviões de maior capacidade, de 1000 a 4000 litros, existem o Air Tractor e o Trush,
aviões importados de ampla utilização em áreas extensas tais como as encontradas no Mato
Grosso, Goiás, Oeste Baiano ou Norte de Minas Gerais. Na categoria das aeronaves de grande
porte, que costumam ser pouco utilizadas, temos ainda o Grumann, um biplano agrícola ou o
Dromader.

Produzida pela Embraer, a aeronave Ipanema é a líder no mercado de aviação agrícola no Brasil,
com cerca de 60% de participação. Em 2013, foi atingida a marca de 1.300 aeronaves Ipanema
entregues ao mercado. Esse modelo é utilizado principalmente na pulverização de fertilizantes e
defensivos agrícolas, evitando perdas por amassamento na cultura e flexibilizando a operação.

Embraer
Ipanema – avião mais vendido da categoria no Brasil

A empresa americana líder mundial em fornecimento de aeronaves para pulverização, plantio e


combate a incêndio, Thrush Aircraft, vem garantindo um crescimento robusto dentro do restrito
mercado de aeronaves agrícolas. A companhia se associou a General Electric (GE) para produzir
a nova geração da aeronave 510G equipada com o motor de turbina GE H80. O H80 oferece
margens maiores para melhorar o desempenho de decolagem em altitudes mais altas e em dias
quentes, muito comuns no Brasil.

Outra fabricante estrangeira com espaço no país é a Cessna, predominando o modelo A188B
Agtruck e o Air-Tractor modelos AT-502 / AT-502B. Além destas encontramos também nos céus
brasileiros a marca Piper Aircraft, nos modelos PA-25-235 e PA-25-260.

Seguindo carreira na área de aviação


agrícola
Para chegar ao estágio final de estar em uma cabine de aeronave agrícola, além de se identificar
com o campo e a atividade rural, é necessário ter muita paciência. Quem deseja seguir na
profissão precisa fazer cursos de piloto privado e comercial, 35 horas e mais 150 horas
respectivamente, passar por três provas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), uma
avaliação do Ministério da Agricultura e por quase 400 horas de voo, em um período de três anos.
Os candidatos aprendem desde meteorologia até toxicologia.

Segundo os registros da ANAC o país somou, em março de 2015, 1.516 pilotos agrícolas com
CHT válida. Com o crescimento da produção nacional de grãos, principalmente na região Centro-
Oeste, abrem-se novas oportunidades para pilotos agrícolas. Para atender a crescente demanda
o número de pilotos disponível no mercado não é suficiente, o que reflete nos altos salários da
categoria. Os ganhos de quem atua nessa profissão podem chegar até R$ 1.700, por dia no
período de safra, o que de acordo com os cálculos, pode render até R$ 250 mil durante seis
meses.

Porém, apesar dos ótimos rendimentos essa é uma profissão de risco. O número de acidentes
na aviação agrícola supera os da aviação Civil e Militar. Pra se ter uma ideia do perigo, uma
aeronave no setor da Agricultura, silvicultura ou pecuária empregando fertilizantes, por exemplo,
voa entre 3 e 5 metros de altura. É normal que se façam curvas a todo instante, sem contar os fios
de alta tensão e outros inúmeros obstáculos que podem afetar a segurança do voo.

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