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Aula 02

Professor: Vicente Camillo


Microeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados
Prof. Vicente Camillo

Aula 02: Teoria Do Consumidor – Parte 3


(Escolha e Demanda – Continuação)

SUMÁRIO PÁGINA

1. Demanda: Conceitos Iniciais 03

2. Demanda e Renda 04

3. Demanda e Preço 11

4. Bens Substitutos e Complementares 20

5. Efeito Substituição e Efeito Renda 23

6. Excedente do Consumidor 32

7. Lista de Questões e Gabarito 58

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1. DEMANDA: CONCEITOS INICIAIS

Relembrando: ao maximizar a utilidade derivada do consumo,


respeitando a restrição orçamentária, o consumidor apresenta
escolha ótima. Dito de outro modo, no processo de maximização de
sua utilidade, o consumidor demanda a cesta situada na curva de
indiferença que apresenta maior utilidade passível de ser adquirida
pela sua restrição orçamentária.

Assim, a escolha ótima dos bens 1 e 2 pode ser representada por:

X1(p1,p2,m) Para cada conjunto de preços (p1, p2) e renda (m) haverá
uma combinação diferente de bens que corresponderá à
X2 (p1,p2,m) escolha ótima do consumidor

Mas, isto é uma representação estática. A quantidade demanda do


bem 1 (x1) depende dos preços dos bens 1 e 2 e da renda. O mesmo
aplica-se para o bem 2.

No entanto, e se o preço de algum dos bens varia (ou mesmo dos


dois)? E se a renda varia? O que acontece com a demanda nestes
casos?

Este tipo de análise é chamado de estática comparativa. Podemos


comparar duas situações estáticas (o “antes” e o “depois”) e, desta
forma, saber o que aconteceu com a demanda dos bens. Não nos
interessa o processo dinâmico, mas apenas as duas escolhas de
equilíbrio, antes e depois da mudança.

Isto é o que analisaremos nesta aula.

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2. DEMANDA E RENDA

Podemos começar pelo o efeito na demanda causado pela variação na


renda.

A reta orçamentária é deslocada de acordo com as variações na


renda. O aumento da renda do consumidor desloca a reta
orçamentária para a direita, permitindo ao consumidor demandar
mais unidades de x1 e x2.

Graficamente:

x2

Reta Orçamentária
(m´)
x2b
x2a B
A

Reta Orçamentária
(m)

x1a x1b x1

O gráfico acima representa o aumento da renda do consumidor.


Antes identificada pela reta m, agora a restrição orçamentária é
representada m´. Como é possível notar, com esta mudança o
consumidor pode atingir cestas de consumo situadas em curvas de
indiferença que conferem maior utilidade, pois contém maior
quantidade dos bens 1 e 2. A redução da renda resultaria em efeito
contrário, ou seja, deslocamento da restrição orçamentária para a
esquerda com consequente redução nas quantidades demandadas
dos bens 1 e 2 (e, é claro, redução na utilidade).

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Esta é a lógica da estática comparativa em relação a variações no


consumo. Antes da variação, o consumidor acessava a cesta A; após
a variação, passou a acessar a cesta B, que representa uma maior
quantidade de x1 e x2 (e, consequentemente, uma maior utilidade).

Quando a quantidade consumida de um bem aumenta em


decorrência do aumento da renda, o bem é conhecido como
bem normal (também chamado de bem não inferior).

É o caso dos bens acima expostos. Pois, x1b > x1a e x2b > x2a. Isto
é, o aumento da renda do consumidor proporcionou a ele a
demanda de maiores quantidades dos bens 1 e 2, de modo que
os referidos bens são classificados como normais.

A representação deste fato é feita da seguinte forma:

ou

Lembrando que o parâmetro delta indica variação (e o parâmetro


indica a derivada parcial – quanto varia a demanda pelo bem quando
a renda varia). Assim, a variação da renda e a variação da
quantidade demandada do bem 1 estão diretamente
relacionadas, ou seja, o resultado da razão de uma variação pela
outra é maior do que zero. Ou, dito de outro modo, as variações
seguem na mesma direção (se a renda aumenta, a demanda
aumenta; se a renda diminui, a demanda diminui).

A mesma ideia se aplica à derivada parcial, pois quando ela é


positiva, como no caso acima, isto significa que uma variação da
renda provoca uma variação no mesmo sentido da demanda pelo
bem 1 (se a renda aumenta, a demanda aumenta; se a renda
diminui, a demanda diminui).

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Mas, será que é sempre assim? Ou seja, será que sempre que a
renda aumento o consumo do bem também aumenta?

Não!

Nem sempre será assim. Caso o consumo do bem diminua


quando a renda aumenta, temos um bem inferior.

Lembre-se que eles não são chamados de bens anormais (em


contraposição aos bens normais), pois sua presença na economia é
mais normal do que parece.

Vejamos primeiramente no gráfico que acontece com a demanda


pelos bens 1 e 2 quando a renda aumenta:

x2 Reta Orçamentária
(m´)

x2a
A
x2b B

Reta Orçamentária
(m)

x1a x1b x1

O bem 1 continua sendo caracterizado como normal (x1b > x1a).

Todavia, o bem 2 não! Após o aumento da renda, a demanda pelo


bem é reduzida, pois x2b < x2a. Isto demonstra que, neste caso, o
bem 2 é inferior.

Mas, qual a explicação econômica para esta ocorrência?

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Os bens inferiores são categorizados, quase sempre, como bens de


baixa qualidade. Imagine um consumidor de baixa renda que só pode
alimentar com uma porção de alimentos de baixa qualidade. À
medida que sua renda aumenta, possibilitando o consumo de
alimentos mais sofisticados/saudáveis/saborosos, o consumidor deixa
de consumir o alimento de baixa qualidade para consumir outros.
Assim, o alimento de baixa qualidade pode ser definido como bem
inferior.

O valor da renda influencia (e muito!) na determinação da quantidade


de bens inferiores consumidos. Indivíduos com baixa renda, em tese,
consomem mais quantidades de bens inferiores. Ao passo que a
renda aumenta, a quantidade consumida é reduzida.

A representação de bens inferiores é feita da seguinte forma:

ou

A variação da renda e a variação da quantidade demandada do


bem 1 estão inversamente relacionadas, ou seja, o resultado da
razão de uma variação pela outra é menor do que zero. Ou, dito de
outro modo, as variações seguem em direções opostas (se a renda
aumenta, a demanda diminui; se a renda diminui, a demanda
aumenta).

A mesma ideia se aplica à derivada parcial, pois quando ela é


negativa, como no caso acima, isto significa que uma variação da
renda provoca uma variação no sentido oposto da demanda pelo bem
1 (se a renda aumenta, a demanda diminui; se a renda diminui, a
demanda aumenta).

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Concluindo, é preciso que fique claro que a definição de bens normais


e inferiores relaciona a variação na quantidade demandada do bem
em relação à variação na renda. É preciso ter este conceito em
mente, pois logo mais iremos analisar o que ocorre com a demanda
quando há variações no preço do bem e no preço de outro bens de
alguma forma relacionados com nosso bem em questão.

 Curva de Renda-Consumo e Curva de Engel

E esta relação entre a variação na quantidade demandada e a


variação da renda pode ser mostrada através da curva de renda-
consumo.

A curva de renda-consumo é aquela que demonstra a cesta de


equilíbrio para cada nível de renda, mantendo constante o preço dos
bens.

Vejamos primeiramente no gráfico:

x2

Curva de Renda-
Consumo

C
B
A

x1

Ao ligar as cestas A B e C, deriva-se a curva renda-consumo. Como


já dito, a presente curva liga as cestas ótimas, tendo em vista a
variação da renda e a manutenção dos preços constantes.

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É interessante notar que o bem 1 é bem normal em determinado


trecho (quando a demanda se eleva com o aumento a renda) e bem
inferior em outro (quando a demanda se reduz com o aumento da
renda). Ressalta-se que isto é plenamente possível.

É importante também fazer menção à Curva de Engel. Nela, estão


relacionadas tão somente a renda e a demanda pelo bem, como
segue no gráfico abaixo.

m
Curva de
m3 Engel

m2

m1

x1

A Curva de Engel em questão apresenta o caso de bem normal. Mas,


caso apresente a situação de bem inferior, terá inclinação negativa.

Por fim, note a diferença entre os dois gráficos apresentados, pois as


bancas adoram confundir os candidatos quanto a estes conceitos.

Enquanto a Curva de Renda-Consumo mostra nos eixos as


quantidades demandadas de x1 e x2, evidenciando a variação das
cestas de consumo demandadas face à variação da renda, a Curva de
Engel mostra a variação na demanda do bem frente à variação na
renda (nas duas curvas os preços dos bens 1 e 2 são constantes).

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A variação da renda e a variação da quantidade demandada do


bem 1 estão inversamente relacionadas, ou seja, o resultado da
razão de uma variação pela outra é menor do que zero. Ou, dito de
outro modo, as variações seguem em direções opostas (se a renda
aumenta, a demanda diminui; se a renda diminui, a demanda
aumenta).

Resumindo tudo o que vimos neste tópico:

 Bens cuja demanda é positivamente relacionada à renda


(mais renda = mais demanda) são chamados de bens normais.

 Bens cuja demanda é negativamente relacionada à renda


(mais renda = menos demanda) são chamados de bens
inferiores.

 A Curva de Renda-Consumo é estabelecida em um plano


que relaciona a demanda dos dois bens e liga as cestas ótimas
de consumo em função da variação da renda (mantendo p1 e
p1 constante)

 A Curva de Engel é estabelecida em um plano que


relaciona a renda à quantidade demandada do bem em
questão. Bens normais possuem Curva de Engel positivamente
inclinada. Bens inferires, Curva de Engel com inclinação
negativa.

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3. DEMANDA E PREÇO

Sendo bastante realista, atualmente o interesse das bancas está no


trato da relação demanda e preço, como será visto neste tópico. As
considerações prestadas daqui em diante são mais complexas e ricas
do que as apresentadas até o momento. Sendo objetivo, isto ocorre
pois as variações no preço dos bens resultam em dois efeitos: o
primeiro, é a mudança no ponto de equilíbrio (tangente entre a reta
orçamentária e a curva de indiferença); o segundo é a mudança na
inclinação da reta orçamentária (os dois movimentos são chamados
de efeito renda e efeito substituição). Na prática, o novo equilíbrio do
consumidor é atingido com nova taxa marginal de substituição, o que
acarreta em grandes mudanças em nossa análise.

Então, comecemos.

O senso comum nos diz que a demanda diminui quando o preço


aumenta e aumenta quando o preço diminui. E isto é verdade em
alguns casos. Em outros, não!

Mas, vamos analisar o tema com mais detalhes.

Primeiramente, vamos considerar um aumento no preço do bem 1.


Como sabemos, a reta orçamentária fica mais vertical (mais
inclinada), indicando que uma menor quantidade do bem 1 pode ser
adquirida quando o preço do bem em questão é maior (isso é correto
em todos os casos). Vejamos graficamente:

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x2 Reta Orçamentária
(p1)

x2a
x2b B
A
Reta Orçamentária
(p1´)

x1b x1a x1

Antes de o preço aumentar (p1), a quantidade demandada do bem


era x1a. Após o aumento no preço (p1´), passou a ser x1b. Perceba
que x1b < x1a.

Ou seja, a situação indica que o aumento do preço do bem 1


(mantendo-se constante o preço do bem 2 e a renda do consumidor)
reduziu a quantidade demanda do mesmo bem.

Este tipo de bem é chamado de bem comum.

A representação deste fato é feita da seguinte forma:

ou

A variação do preço do bem 1 e a variação da quantidade


demandada do bem 1 estão inversamente relacionadas, ou seja,
o resultado da razão de uma variação pela outra é negativa (menor

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do que zero). Ou, dito de outro modo, as variações seguem em


direções opostas (se o preço do bem 1 aumenta, a demanda diminui;
se o preço diminui, a demanda aumenta). A mesma ideia se aplica à
derivada, como já sabemos

Mas, evidente que este é apenas um caso.

Há outro, e muito importante. É o caso do Bem de Giffen,

Dizemos que um bem é considerado Bem de Giffen quando a


demanda diminui em função da redução do preço do bem; ou,
quando a demanda aumenta em função de um aumento no
preço.

Mais uma vez podemos ver isto graficamente e depois seguir com as
explicações econômicas para este fato:

x2
Reta Orçamentária
(p1´)

x2b B

x2a A

Reta Orçamentária
(p1)

x1b x1a x1

É necessário notar que o preço do bem 1 é reduzido neste exemplo


(p1 > p1´), tornando a reta orçamentária menos inclinada
(horizontal).

E, o que acontece com a demanda do bem 1?


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É possível visualizar que ela diminui. Ou seja, que x1b < x1a.

A representação deste fato é feita da seguinte forma:

ou

A variação do preço do bem 1 e a variação da quantidade


demandada do bem 1 estão diretamente relacionadas, ou seja, o
resultado da razão de uma variação pela outra é maior do que zero.
Ou, dito de outro modo, as variações seguem na mesma direção (se
o preço do bem 1 aumenta, a demanda aumenta; se o preço diminui,
a demanda diminui). O mesmo se aplica à derivada.

O Bem de Giffen possui este efeito perverso aos consumidores que


dele dependem. Imagine só que, ao passo que o preço aumenta, a
demanda pelo bem também aumenta. O consumidor, certamente,
estará em pior situação se dele depender.

E ele ocorre devido ao efeito no poder de compra causado pela


variação no preço do bem. Imagine o caso do consumidor de baixa
renda que consome algum alimento de baixa qualidade. O aumento
no preço deste bem, e a elevada dependência do consumidor ao seu
consumo, reduzem o poder de compra do consumidor com outros
bens. Desta forma, ele passa a consumir ainda mais o alimento de
baixa qualidade, visto que a renda disponível para consumir os
demais bens foi reduzida de maneira significativa.

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 Curva de Preço-Consumo e Curva de Demanda

E esta relação entre a variação na quantidade demandada e a


variação do preço do bem pode ser mostrada através da curva de
preço-consumo.

Assim, podemos demonstrar no gráfico abaixo a variação na


demanda do bem 1, dada uma variação no preço do mesmo bem,
mantendo-se constante p2 e m:

x2

Curva de Preço-
Consumo
x2b B

x2a A

x1a x1b x1

A Curva de Preço-Consumo demonstra todos os equilíbrios que


podem ser atingidos com os diferentes preços do bem 1. No caso
acima exposto, a redução do preço do bem 1 resultou em aumento
na demanda pelo mesmo bem (x1b > x1a).

E, a partir deste fato, podemos derivar a tão famosa curva de


demanda.

A curva de demanda relaciona a quantidade consumida de


determinado bem em relação ao preço.

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Assim, em um dos eixos temos o preço e no outro, a quantidade


demandada. Do exemplo acima temos a seguinte curva de demanda:

Curva de
Demanda

x1

As variações no prelo (p) resultam em variações na quantidade


demandada do bem 1 (x1). A presente curva de demanda é
negativamente inclinada pois representa o caso de bem comum.
Preços maiores resultam em demandas menores.

Mas, vimos a possibilidade de Bens de Giffen. Como, nestes casos, a


demanda é diretamente relacionada ao preço, a curva de demanda é
positivamente inclinada (ascendente).

Atenção, pois as bancas sempre tentam confundir candidatos


afirmando que a curva de demanda é sempre negativamente
inclinada. Isto está incorreto, tendo em vista a possibilidade da curva
de demanda positivamente inclinada (no caso de Bens de Giffen).

Até o momento, a relação entre demanda e preço foi vista através de


conceitos inicias, que serão desenvolvidos de maneira mais completa
adiante nesta aula.

Mas, já podemos fazer um resumo do que foi visto até o momento


com a intenção de organizar as ideias e, desta forma, facilitar o
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entendimento dos tópicos mais complexos que serão vistos a frente.


Resumindo:

 Bens normais são aqueles cuja demanda aumenta quando a


renda aumenta (relação entre demanda e renda).

o Já na relação entre demanda e preço, o processo de


maximização de utilidade sugere que, para bens normais,
uma redução no preço do bem provoca aumento da
quantidade demandada do mesmo. Isto ocorre pelos
seguintes motivos, que serão detalhados nos próximos
tópicos: (i) efeito substituição, que indica a propensão do
consumidor em demandar mais do bem em questão, visto
que os bens substitutos ficaram mais caros em relação a
ele quando seu preço foi reduzido (diz-se que o efeito
substituição é sempre negativo, pois a demanda sempre
varia em direção oposta à variação do preço quando o
efeito substituição está operando); (ii) efeito renda, que
indica que a redução no preço eleva o poder de compra
do consumidor e, desta forma, ele pode consumir mais do
bem (diz-se, neste caso, que o efeito renda é também
negativo). A soma dos dois efeitos (substituição e renda,
ambos negativos) resulta na conclusão de que o aumento
no preço reduz a quantidade demandada, ou seja, preço
e demanda estão negativamente relacionados no caso de
bens normais (curva de demanda negativamente
inclinada).

 Bens inferiores são aqueles cuja demanda diminui quando a


renda aumenta (relação entre demanda e renda).

o Já na relação entre demanda e preço, o processo de


maximização de utilidade sugere que, para bens
inferiores, uma redução no preço do bem também

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provoca aumento da quantidade demandada do mesmo,


como no caso do bem normal, mas com efeitos distintos.
Isto ocorre pelos seguintes motivos, que serão detalhados
nos próximos tópicos: (i) efeito substituição, que indica a
propensão do consumidor em demandar mais do bem em
questão, visto que os bens substitutos ficaram mais caros
em relação a ele quando seu preço foi reduzido (diz-se
que o efeito substituição é sempre negativo, pois a
demanda sempre varia em direção oposta à variação do
preço quando o efeito substituição está operando); (ii)
efeito renda, que indica que a redução no preço, em
virtude do aumento do poder de compra do consumidor e
da baixa qualidade do bem, resulta na redução do
consumo do mesmo (diz-se, neste caso, que o efeito
renda é positivo). A soma dos dois efeitos (substituição,
negativo, e renda, positivo) resulta em uma ambiguidade,
pois qual será a variação na demanda em função de uma
variação no preço se um efeito age positivamente,
enquanto o outro, negativamente? Como veremos
adiante, no caso de bens inferiores o efeito substituição
possui maior força que o efeito renda (o valor do efeito
substituição é maior, em módulo, do que o valor do efeito
renda), o que resulta na conclusão de que o aumento no
preço reduz a quantidade demandada, ou seja, preço e
demanda estão negativamente relacionados no caso de
bens normais (curva de demanda negativamente
inclinada).

 Bens de Giffen são aqueles cuja demanda aumenta quando o


preço aumenta (ou diminui, quando o preço do bem
diminui).

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o Para este caso, o processo de maximização de utilidade


sugere que um aumento no preço do bem provoca
aumento da quantidade demandada do mesmo (efeito
perverso). Isto ocorre pelos seguintes motivos, que serão
detalhados nos próximos tópicos: (i) efeito substituição,
que indica a propensão do consumidor em demandar
mais do bem em questão, visto que os bens substitutos
ficaram mais caros em relação a ele quando seu preço foi
reduzido (diz-se que o efeito substituição é sempre
negativo, pois a demanda sempre varia em direção
oposta à variação do preço quando o efeito substituição
está operando); (ii) efeito renda, que indica que a
redução no preço, em virtude do aumento do poder de
compra do consumidor e da baixa qualidade do bem,
resulta na redução do consumo do mesmo (diz-se, neste
caso, que o efeito renda é positivo). A soma dos dois
efeitos (substituição, negativo, e renda, positivo) resulta
em uma ambiguidade, pois qual será a variação na
demanda em função de uma variação no preço se um
efeito age positivamente, enquanto o outro,
negativamente? Como veremos adiante, no caso de bens
de Giffen o efeito substituição possui menor força que o
efeito renda (o valor do efeito substituição é menor, em
módulo, do que o valor do efeito renda), o que resulta na
conclusão de que o aumento no preço aumenta a
quantidade demandada, ou seja, preço e demanda estão
positivamente relacionados, o que é totalmente diferente
dos casos anteriores (curva de demanda positivamente
inclinada).

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4. BENS SUBSTITUTOS E COMPLEMENTARES

Já fizemos comentários gerais sobre as características dos bens


substitutos perfeitos e dos bens complementares perfeitos.

Em resumo, bens substitutos perfeitos são aqueles que, utilizados na


mesma finalidade, podem ser substituíveis perfeitamente um pelo
outro. Apresentam TMS constante por toda curva de indiferença, de
modo que, ao abrir mão de um, o consumidor necessariamente
consome o outro.

Bens complementares perfeitos são aqueles consumidos


conjuntamente em proporções fixas. É o caso clássico dos pés de
sapato direito e esquerdo. Via de regra, a pessoa sempre consome 1
pé direito com 1 pé esquerdo, ou seja, demanda os dois pés na
proporção fixa de 1:1.

Mas, nem tudo é perfeito.

Existem diversos casos em que esta “perfeição” apresentada nem


sempre ocorre. Imagine, por exemplo, o consumo de 1 par de sapato
com 1 par de meia. Apesar de serem bens complementares, não são
sempre consumidos na mesma proporção fixa. Alguns consumidores
pode preferir demandar o par de sapato sem meias, enquanto outros,
mais tradicionais, preferem consumir os dois em conjunto.

Em resumo, há certa imperfeição nos atos de substituir e


complementar os bens entre si. Por mais que continuem sendo
substitutos e complementares, o fazem em grau diferente dos casos
“perfeitos”.

O que nos interessa na análise da estática comparativa é saber qual a


direção da demanda de um bem sabendo do que aconteceu com o
preço do outro.

Utilizando um exemplo, o que acontece com a demanda do pé de


sapato esquerdo, sabendo que o preço do sapato direito aumentou.

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As regras aqui discutidas podem ser aplicadas para quaisquer bens


substitutos e complementares (“perfeitos” e “imperfeitos”).

Primeiro, vamos tratar dos substitutos.

Sabendo das características dos bens substitutos (dois bens que


servem à mesma finalidade, podendo ser trocados entre si), o que
acontece com o bem 1, se o preço do bem 2 aumenta?

Ora, se o consumidor pode trocar um pelo outro, mesmo que de


maneira imperfeita, o aumento no preço do bem 2 o levará a
demandar menos deste bem e mais do bem 1.

Assim, se a demanda do bem 1 sobe enquanto o preço do bem


2 também sobe, é possível afirmar que o bem 1 é substituto
do bem 2.

A representação para este fato segue abaixo:

A variação do preço do bem 2 e a variação da quantidade


demandada do bem 1 estão diretamente relacionadas, ou seja, o
resultado da razão de uma variação pela outra é maior do que zero.
Ou, dito de outro modo, as variações seguem na mesma direção (se
o preço do bem 2 aumenta, a demanda do bem 1 aumenta; se o
preço de 2 diminui, a demanda de 1 diminui).

Evidente que para os bens complementares o raciocínio é


inverso.

Imagine o nada criativo caso dos pés esquerdo e direito de sapato.


Se houvesse a possibilidade de auferir o preço de cada um
individualmente (os pés de sapato são tão complementares a ponto
de serem vendidos em pares), o aumento no preço do pé esquerdo
(podemos chamá-lo de bem 1) resultaria na redução da demanda
pelo pé direito (bem 2). Ou seja, como ambos são consumidos

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conjuntamente, o efeito na demanda de um deles é contrário ao


efeito no preço do outro.

Assim:

A variação do preço do bem 2 e a variação da quantidade


demandada do bem 1 estão inversamente relacionadas, ou seja,
o resultado da razão de uma variação pela outra é menor do que
zero. Ou, dito de outro modo, as variações seguem em direções
opostas (se o preço do bem 2 aumenta, a demanda do bem 1
diminui; se o preço de 2 diminui, a demanda de 1 aumenta).

A demonstração destes dois bens pode também ser feita


graficamente. Mas, gostaria que você treinasse este desenho.

A ideia é praticar.

Assim, considerando bens substitutos, como seria o gráfico de uma


situação em que o preço do bem 1 se reduzisse? O que ocorreria com
a reta orçamentária e com a demanda do bem 2?

E se considerarmos a situação de bens complementares, o que


ocorreria com a demanda do bem em face ao aumento de preços do
bem 1?

Treinar estas hipóteses é muito útil no momento da prova. Ora ou


outra as bancas tentam nos confundir com estas questões. Mas, a
resolução, quase sempre, é muito simples e pode ser feita com o
desenho de um simples gráfico.

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5. EFEITO SUBSTITUIÇÃO E EFEITO RENDA


Cabe-nos, neste tópico, analisar com mais detalhes a variação da
demanda em função da variação dos preços.

Como já foi citado anteriormente, os bens normais apresentam


relação inversa entre preço e demanda (quando o preço aumenta, a
demanda diminui), assim como os bens de Giffen apresentam relação
direta entre preço e demanda (preços maiores resultam em
quantidades demandadas também maiores).

Mas, por qual motivo?

Quando o preço de um bem varia ocorrem dois movimentos:(i) a


taxa pela qual os bens são trocados é modificada (efeito
também chamado de mudança de preços relativos); e (ii) o
poder aquisitivo da renda é modificado (atenção que não é a
renda que varia, mas sim a quantidade de bens que ela pode
consumir).

Em que pese esta segregação não ocorrer na vida real, os


economistas costumam analisá-la para determinar qual o valor de
cada uma delas na análise da variação da demanda em resposta à
variação no preço.

Portanto, que fique claro os seguintes passos que daremos a seguir:

1. A variação de preços provoca variação na demanda. Como já


apresentamos, a demanda pelos bens normais, inferiores e de
Giffen apresentam para cada um deles uma relação distinta com a
variação de preços;

2. Quando os preços variam, dois efeitos incidem para modificar a


demanda: (i) a mudança na taxa de troca entre os bens (taxa
marginal de substituição), que é explicada pelo efeito substituição
e (ii) a mudança no poder de compra do consumidor, que é
explicada pelo efeito renda.

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Para iniciar, vamos tratar do efeito (i), chamado de efeito


substituição. Ele nos diz qual o sinal (positivo ou negativo) na
variação da demanda em face a uma variação no preço, mantendo
constante a utilidade do consumidor e o poder de compra da renda.

Vamos analisar o exemplo abaixo para compreender a essência dos


efeitos substituição e renda:

x2

x2b B

A
x2a Deslocamento

Giro

x1a x1b x1

Podemos considerar neste exemplo que o preço do bem 1 diminui.


Isto acarretou uma variação na taxa de troca entre os bens 1 e 2,
pois o novo preço do bem 1 é inferior ao antigo, de modo que p1/p2
possui valor inferior ao anterior.

Este efeito pode ser demonstrado graficamente pelo giro da reta


orçamentária, que se torna menos inclinada (mais horizontal). Este
giro é a demonstração do efeito substituição. Repare que a renda
permanece constante, pois há tão somente mudança na inclinação da
curva – ademais, ela passa pela cesta orçamentária original,
evidenciado que a renda é, ainda, a mesma. E, ainda, podemos
considerar que o grau de utilidade conferido pelo consumo não foi

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modificado. Ao passo que a reta orçamentária gira em torno da curva


de indiferença e permanece tangente a esta, o consumidor mantém o
mesmo nível de utilidade.

No entanto, o poder de compra varia. A redução no preço do bem 1


permite ao consumidor elevar seu poder aquisitivo. Ou seja, ele pode
agora comprar mais dos bens 1 e 2, pelo que a reta orçamentária
desloca-se para a direita. Este efeito, demonstrado pelo de
deslocamento da reta orçamentária no gráfico, é a representação do
efeito renda.

O consumidor, que antes consumia a cesta A, passou a consumir a


cesta B. Repare que nela há inequívoco aumento na quantidade do
bem 1. Ou seja, a redução no preço do bem 1 provocou aumento na
demanda pelo mesmo bem! Assim, podemos caracterizá-lo como bem
comum.

Para nossos fins, devemos saber que o efeito substituição possui


sempre sinal negativo. Ou seja, a variação na demanda, devido ao
efeito substituição, ocorre SEMPRE com sinal contrário à variação no
preço. Assim, aumento no preço resulta em redução na demanda,
enquanto que redução no preço, aumento na demanda.

E o efeito renda? Depende do bem.

Se o bem for normal, teremos efeito renda no mesmo sentido


do efeito substituição, ou seja, efeito renda negativo. A ideia é
simples: como estamos analisando o efeito na demanda em função
da variação de preços, o aumento no preço reduz o poder aquisitivo
do consumidor; se ele estiver demandando um bem normal, o efeito
renda provoca redução na demanda pelo bem. Assim, o efeito renda
é negativo!

Se o bem for inferior, o efeito renda terá o mesmo sinal da


variação no preço. Dizemos, neste caso, que o efeito renda é
positivo. Assim, o aumento no preço, ao provocar redução no poder

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de compra do consumidor, resulta em aumento na demanda em face


ao efeito renda. Perceba que os sinais da variação de preço e da
variação na demanda, em virtude do efeito renda, são os mesmos.
Por isto que o efeito renda é positivo no caso de bens inferiores.

Mas, cumpre afirmar que, se tratando de bens inferiores, o valor do


efeito substituição é maior, em módulo, do que o valor do
efeito renda. Assim, o efeito total na demanda continua tendo sinal
inverso ao sinal da variação de preços.

Vamos dar um exemplo para facilitar.

Primeiro, podemos considerar que a variação total na demanda do


bem 1 é igual à soma entre os efeitos substituição e renda
:

- - +

No caso de bem inferior, como visto acima, o sinal negativo do efeito


substituição possui “mais força” que o sinal positivo do efeito renda,
resultando em efeito total na demanda negativo (variação na
demanda com sinal contrário à variação no preço). Desta forma, o
aumento (redução) no preço do bem inferior provoca redução
(aumento) na demanda pelo mesmo. A conclusão é a mesma
aplicada ao bem normal, mas o processo é um pouco diferente, em
virtude do efeito renda distinto que se aplica aos bens em
comparação.

Por fim, cabe analisar o caso do Bem de Giffen. Já dissemos que se


trata de um caso perverso, em que o aumento de preço resulta em
aumento da demanda. Mas, como podemos analisar isto sobre a ótica
dos efeitos renda e substituição?

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Simples. O efeito substituição, como sabemos, é sempre negativo,


mesmo no caso de Bem de Giffen. O detalhe fica por conta do efeito
renda. Além de ser positivo (aumento no preço provoca variação
positiva na demanda quando analisada pelo efeito renda), seu valor
numérico é superior, em módulo, ao valor do efeito substituição.

Analisando pela expressão:

+ - +

Assim, pode-se afirmar, com propriedade, que o aumento de preço


provoca aumento na demanda do Bem de Giffen, pois o efeito
renda positivo possui valor, em módulo, superior ao efeito
substituição negativo.

A expressão acima é conhecida e muito utilizadas pelos economistas


(e também pelas bancas) e chamada de Equação de Slutsky. É
importante citar que as bancas cobram apenas conceitos teóricos
envolvendo a expressão de Slutsky (até o momento, nunca encontrei
questões numéricas sobre o assunto).

Nada obstante, acho prudente apenas apresentar a forma mais


matemática da equação, com o objetivo de te prevenir, caso a banca
apresente-a.

Mas, já afirmo de antemão: caso a expressão apareça, será apenas


para confundir e assustar o candidato, mas não para solicitar os
cálculos, pois eles são complexos e exigem tempo, o que não existem
em uma prova de concurso.

Bom, como vimos, a variação na demanda em relação à variação no


preço (efeito preço) pode ser decomposta pelos efeitos substituição e
renda. Matematicamente:

ç çã
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ou

Agora, vamos explicar todos estes símbolos e representações.

Bom, a primeira expressão explica em “português” como se


decompõe e variação na demanda em relação à variação no preço
(efeito preço). Como é possível notar, trata-se da soma entre o efeito
substituição e renda. Citando o breve exemplo de um bem normal, é
possível notar que efeito preço será negativo, pois tanto o efeito
substituição, quanto o efeito renda são negativos. A soma dos dois só
pode resultar em um valor negativo, o que significa que preços e
quantidades demandas variam em direções opostas (mais preço =
menos demanda; menos preço = mais demanda). Vou deixar com
você o raciocínio relativo aos bens inferiores e de Giffen.

A segunda expressão já apresenta a ideia de uma maneira mais

matemática. O termo denota a derivada da demanda pelo bem x

pelo preço (ou seja, a variação na quantidade demandada do bem x


em relação à variação no preço do bem referido bem – efeito preço).

O termo representa o efeito substituição, pois, como já

foi observado, trata-se da variação na quantidade demandada do


bem quando o preço varia, mas a utilidade mantem-se constate (essa

é a ideia do Uconstante). Já o termo , que representa o efeito

renda, é composto pela multiplicação da expressão de demanda do


bem x pela derivada da demanda pelo bem x em relação à renda.
Estou aqui omitindo propositadamente como se chegou a este
resultado, mas pode confiar, este é o efeito renda.

Assim, ficamos com o seguinte resumo:

 A variação na demanda é resultado da soma dos efeitos

substituição e renda: ou

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 Se o bem é normal, o sinal da variação na demanda é contrário


ao sinal da variação de preços. Os efeitos renda e substituição são
negativos e se reforçam (a curva de demanda é negativamente
inclinada).

 Se o bem é inferior, o efeito substituição é negativo, mas o


efeito renda é positivo. No entanto, como a força deste é menor que
força daquele, o sinal da variação na demanda ainda é contrário ao
sinal da variação de preços (se preço aumenta, a demanda diminui,
por exemplo – a curva de demanda é negativamente inclinada).

 Se o bem é de Giffen, o efeito substituição é negativo e o efeito


renda é positivo. No entanto, a força deste é maior que a força
daquele, e o sinal da variação na demanda é mesmo que o sinal da
variação de preços (se preço aumenta, a demanda aumenta, por
exemplo – a curva de demanda é positivamente inclinada).

 Bens substitutos perfeitos sofrem apenas de efeito substituição,


enquanto que o efeito renda é zero. Já os bens complementares
perfeitos não sofrem de efeito substituição, mas, em compensação,
toda a variação em sua demanda, em virtude de uma variação de
preço, é devido ao efeito renda.

Por fim, para encerrar o tema é importante retomarmos o conceito de


elasticidade, colocado na primeira aula, e relacioná-lo com a
demanda.

Foram apresentados dois conceitos de elasticidade: elasticidade-


preço da demanda e elasticidade-renda da demanda.

Relembrando, a elasticidade-preço da demanda mede qual o


percentual de variação na demanda, dada uma variação percentual
no preço:

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Ela pode ser definida como:

 Demanda Elástica  |E| > 1, ou seja, quando a elasticidade,


em módulo, é maior do que 1. Isto significa que o aumento no preço
em 1% provoca redução na quantidade demandada em mais de 1%
(a demanda é sensível – elástica – ao preço).

 Demanda Inelástica  |E| < 1, ou seja, ou seja, quando a


elasticidade, em módulo, é menor do que 1. Isto significa que o
aumento no preço em 1% provoca redução na quantidade
demandada em menos de 1% (a demanda é pouco sensível – pouco
elástica – ao preço).

 Elasticidade Unitária  |E| = 1, ou seja, quando a


elasticidade, em módulo, é igual a 1. Isto significa que o aumento no
preço em 1% provoca redução na quantidade demandada nos
mesmos 1% (a demanda possui sensibilidade unitária ao preço).

Em geral, a demanda pelo bem é mais preço-elástica quanto maior


número de substitutos o bem possui. Se analisarmos um bem
substituto perfeito, o aumento em seu preço provoca redução infinita
(até zero unidades) da quantidade demandada. Como bem sabemos,
se os bens 1 e 2 são substitutos e o preço do bem 1 aumenta, a
demanda será direcionada ao bem 2.

Desta forma, bens substitutos perfeitos são infinitamente


elásticos. Da mesma forma, a inexistência de substitutos confere ao
bem baixa elasticidade-preço da demanda.

Agora, vamos relembrar da elasticidade-renda, conceito que indica


qual a variação na quantidade demandada em relação à variação
marginal na renda, conforme expresso abaixo:

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Conceituando os diferentes tipos de elasticidade-renda da demanda:

 Demanda Elástica  E > 1, ou seja, quando a elasticidade é


maior do que 1. Isto significa que o aumento na renda em 1%
provoca aumento na quantidade demandada em mais de 1% (a
demanda é sensível – elástica – à renda).

 Demanda Inelástica  E < 1, ou seja, ou seja, quando a


elasticidade é menor do que 1. Isto significa que o aumento na renda
em 1% provoca aumento na quantidade demandada em menos de
1% (a demanda é pouco sensível – pouco elástica – à renda).

 Elasticidade Unitária  E| = 1, ou seja, quando a


elasticidade é igual a 1. Isto significa que o aumento no preço em 1%
provoca aumento na quantidade demandada nos mesmos 1% (a
demanda possui sensibilidade unitária à renda).

Desta forma, bens normais (aqueles cuja demanda aumenta com o


aumento da renda), possuem elasticidade-renda positiva. Ou seja, a
relação entre a variação na renda e a variação na demanda é
positiva, como já havíamos afirmado. De outro lado, bens inferiores
(aqueles cuja demanda diminui em função do aumento da renda),
possuem elasticidade-renda negativa, validando nossa hipótese de
que a variação na demanda por estes bens está negativamente
relacionada à variação na renda.

Ainda, os economistas costumar dar nome a dois outros tipos de


bem, em função da elasticidade-renda da demanda: bens
essenciais e bens de luxo. Os bens essenciais são aqueles que
possuem elasticidade-renda da demanda entre 0 e 1. Ou seja, o
aumento na renda provoca aumento na demanda em menor
intensidade. Por sua vez, os bens de luxo são aqueles que a
elasticidade-renda da demanda é maior do que 1. São considerados
renda-elásticos, evidenciando aumento na demanda em maior
intensidade que o aumento da renda.

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6. EXCEDENTE DO CONSUMIDOR

O excedente do consumidor é definido como a diferença entre


o que consumidor deseja pagar por determinado bem e o que
ele realmente paga.

É natural interpretar o consumo como a aquisição de satisfação. O


consumidor demanda alimentos, vestuário e outros bens pois
necessita destes itens em seu cotidiano para as mais diversas
funções. Isto é, consumir traz utilidade.

O excedente do consumidor é uma forma de avaliar esta utilidade. Se


o consumidor está disposto a pagar até $ 10 por determinado bem,
mas paga $5, é evidente que ele obteve um ganho nesta transação.
Se somarmos o excedente de cada consumidor obteremos o
excedente agregado do consumidor, ou seja, uma medida de quanta
satisfação os consumidores obtêm neste mercado.

É natural avaliarmos o excedente do consumidor através da curva de


demanda. Ora, a curva de demanda é a própria representação de
preços e quantidades para determinado bem.

Vamos imaginar um consumidor interessado em adquirir ingressos


para uma ópera. O consumidor atribui um valor de $20 para o
primeiro ingresso, sendo que o preço de mercado deste bem é de
$15. Neste caso, ele obtém um excedente de $5 (= 20 - 15), pois
pagou este valor a menos do que estava disposto.

Continuando, ele ainda está disposto a pagar $19 por um segundo


ingresso. Neste caso, obtém $4 de excedente. E ele estará disposto a
adquirir o 3o, 4o e 5o ingressos. Na aquisição do 6o ingresso o
consumidor é indiferente, pois obterá um excedente igual a 0. Afinal,
ele estará disposto a pagar $15 por um ingresso cujo preço de
mercado é $15.

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Isto pode ser visto a partir da curva de demanda individual do


consumidor. A curva de demanda individual é um pouco diferente da
curva de demanda do mercado, pois ela é apresentada em forma de
escada. No entanto, a ideia é a mesma: quanto mais elevado o preço
do ingresso para o consumidor, menor a quantidade consumida.
P

20

19 O excedente do consumidor é
obtido pela soma dos
18
excedentes em cada unidade
17 consumida. Em nosso exemplo,
Excedente do
Consumidor o excedente é igual a:
16

15 EC = 5 + 4 + 3 + 2 + 1 + 0

EC = 15

1 2 3 4 5

Uma outra forma de calcular o excedente do consumidor é através da


área situada abaixo da curva de demanda e acima do preço de
mercado. Isto é muito útil quando analisamos o excedente do
consumidor através de uma curva de demanda de mercado. No
exemplo abaixo temos os mesmos valores do consumidor individual:

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20

19 A área do triângulo formado


pelo preço máximo pago pelo
18
consumidor e o preço de
Excedente do
17 mercado é obtida através da
Consumidor
16 expressão:

15 Á

1 2 3 4 5
6
Calculando o valor do excedente do consumidor através da área do
triângulo, temos:

Como visto, o valor da área é igual ao valor de excedente do


consumidor. Ou seja, o excedente do consumidor pode também
ser obtido através da área do triangulo formado sob a curva
de demanda e acima do preço de mercado.

No entanto, nem sempre o cálculo do excedente do consumidor é


assim tão simples. Algumas questões fornecem apenas a expressão
da curva de demanda e da curva de oferta e pedem o excedente do
consumidor. Nesta situação, há um atalho muito útil para

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resolvermos qualquer questão. Em síntese, 4 passos devem ser


seguidos:

1. Igualar a oferta e a demanda para descobrir o preço e a


quantidade de equilíbrio do mercado. O valor da quantidade de
equilíbrio de mercado é a base do triângulo.
2. Igualar a quantidade demanda a zero, para descobrir o preço
máximo de mercado.
3. A diferença entre o preço máximo (obtido no item 2) e o preço
de equilíbrio (obtido no item 1) é igual a altura do triângulo
4. Para obter o excedente do consumidor basta calcular a área do
triângulo, que neste caso é:
Á Í
Á

Vamos analisar um exemplo. Considere as seguintes funções de


demanda e oferta em um dado mercado:

Sendo:

Qd= quantidade demandada do bem.

Qs = quantidade ofertada do bem.

P = preço do bem

Vamos calcular através do passo a passo acima apresentado:

1. Igualar a oferta e a demanda para descobrir o preço e a


quantidade de equilíbrio do mercado. O valor da quantidade de
equilíbrio de mercado é a base do triângulo:

 base do triângulo
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2. Igualar a quantidade demanda a zero, para descobrir o preço


máximo de mercado:

3. A diferença entre o preço máximo (obtido no item 2) e o preço


de equilíbrio (obtido no item 1) é igual a altura do triângulo:

4. Para obter o excedente do consumidor basta calcular a área do


triângulo, que neste caso é:
Á Í
Á

E aqui terminamos todo o conteúdo da aula. E agora começam os


exercícios. A grande maioria deles ficou no final, pois envolvem vários
temas abordados em toda a aula.

(CESPE - Analista do Ministério Público da


União/Perito/Economia/2010)Considerando a equação de

demanda , em que seja a

quantidade demandada do bem ; , o preço do bem ;

, o preço do bem relacionado ; e , a renda do


consumidor, julgue os itens subsequentes.

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01. Se , então, o bem é considerado superior.

O item informa que a demanda do bem Y é positivamente relacionada


com a renda. Ou seja, que a derivada da quantidade demandada do
bem em relação à renda é positiva

No entanto, esta é a representação de um bem normal, e não de um


bem superior.

ERRADO

02. O bem é um bem complementar ao bem , caso

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A demanda de bens complementares é negativamente relacionada ao


movimento do preço de um dos bens. Dito de outro modo, a derivada
da quantidade demandada do bem X em relação ao bem Y é negativa
no caso de bens complementares.

Assim, a variação positiva no preço do bem Y deve resultar em


variação negativa na demanda do bem X. Afinal, se os bens são
consumidos em conjunto, o aumento no preço de um deles
provavelmente irá reduzir a demanda por ele, assim como o fará com
a demanda do bem complementar.

ERRADO

03. A modificação de um dos preços (efeito preço) altera a


inclinação da linha do orçamento.

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A variação no preço de um dos bens resulta em variação na


inclinação da reta orçamentária. O caso de uma variação na renda
resultaria em deslocamento da reta orçamentária. Memorize esta
diferença!

E, como vimos no decorrer da aula, a variação do preço promove


variação na demanda do bem em questão e até mesmo na variação
da demanda de bens complementares e substitutos a ele.

CERTO

04. Em uma solução de canto não se verifica a igualdade entre


benefício marginal e custo marginal.

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A teoria do consumidor nos ensina que, considerando a renda e as


preferências, o consumidor escolhe consumir combinações dos bens A
e B que lhe fornecem o máximo grau de utilidade possível.
Neste caso de equilíbrio, a taxa que o consumidor troca o bem A pelo
bem B pode ser representada pela divisão entre utilidade marginal do
bem A pelo bem B ou pela relação de preços do bem B pelo bem A,
como segue abaixo:

ou

Substituindo:

Na solução de canto, esta igualdade não se aplica. A utilidade


marginal de um bem, dividida pelo preço, não é igual à divisão da
utilidade marginal pelo preço do outro bem.

No entanto, quando temos uma solução de canto, o consumidor irá


desejar de todas as formar elevar a demanda por um bem e reduzir a
demanda pelo outro. Imagine que ele deseja elevar o consumo pelo
bem que está representado no eixo das abscissas e diminuir o
consumo do bem demonstrado nos eixos das ordenadas.

Nesta situação, o consumidor irá se deslocar até o ponto em que toca


o eixo das abscissas, pois há um limite na redução do bem não
desejado (0 unidades demandadas). Esta é a solucão de canto.

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Neste caso, não há o equilíbrio representado anteriormente, pois o


bem desejado sempre traz mais utilidade do que o bem não
desejado. Ou seja:

Por obter mais satisfação ao demandar o bem A, o consumidor deseja


diminuir a todo custo a demanda pelo bem B, até zerá-la. Este ponto
fica localizado no cruzamento da curva de indiferença U1 com a
extremidade da linha de orçamento do consumidor, por isto o
nome "solução de canto".

Graficamente:

Em resumo, ao preferir o bem A ao bem B, não é possível afirmar


que na solução de canto haverá igualdade entre benefício marginal e
custo marginal dos dois bens. O consumidor maximiza sua utilidade
ao demandar apenas o bem A.

CERTO

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05. Se , então, o bem é considerado normal.

O bem é considerado normal quando sua quantidade demandada


varia na mesma direção que a renda. Ou seja, um aumento da renda
promove aumento na demanda de um bem normal.

Dito de outro modo, a derivada da quantidade demandada em


relação à renda é positiva.

Repare que a questão está incorreta pois faz relação entre a


quantidade demandada e o preço, o que está incorreto.

GABARITO: ERRADO

06. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências


Econômicas/2008) A microeconomia constitui uma importante
ferramenta para analisar o comportamento dos agentes
econômicos individuais. Acerca desse assunto, julgue o item.

Para os bens inferiores, o efeito renda negativo reforça o efeito


substituição e faz com que os aumentos nos preços conduzam a
aumentos na quantidade consumida desses bens.

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Foi mencionado que, no caso de bens inferiores, o efeito renda e o


efeito substituição possuem sinais contrários. O aumento no preço
provoca efeito substituição negativo, enquanto o efeito renda é
positivo. No entanto, em módulo, o valor deste não é suficiente para
superar o valor daquele, pelo que a demanda é reduzida.

ERRADO

07. FCC - Analista do Tesouro Estadual (SEFAZ PI)/2015/

Considere um diagrama no qual representa-se uma reta de


demanda por um bem em um mercado qualquer. O preço do
bem é medido no eixo y e a quantidade demandada, no eixo x.
O intercepto da reta no eixo y é dado pelo ponto A. Admitindo-
se que B representa o ponto de equilíbrio de mercado em que
o preço P1 está associado a uma quantidade demandada Q1,
encontramos o excedente do consumidor por meio da área do
triângulo ABC. Portanto, quando o preço cai de P1 para P2, a
quantidade demandada aumenta de Q1 para Q2, e o excedente
do consumidor é dado pela área do triângulo ADE.
Alternativamente, quando o preço sobe de P1 para P3, a
quantidade demandada diminui de Q1 para Q3, e o excedente
do consumidor é encontrado pela área do triângulo AFG. Sobre
o excedente do consumidor é correto afirmar:

a) Uma queda do preço de mercado implica uma diminuição do


excedente do consumidor (área BCGF) e se dá em parte porque os
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consumidores já existentes agora pagam menos e em parte porque


novos consumidores entram no mercado ao preço mais baixo.

b) Uma elevação do preço de mercado gera uma elevação do


excedente do consumidor (área BCED) se dá em parte porque os
consumidores já existentes agora pagam mais e em parte porque
novos consumidores entram no mercado ao preço mais alto.

c) Um aumento do preço de mercado gera uma redução no excedente


do consumidor (área BCGF), em parte porque os consumidores já
existentes agora pagam mais e em parte porque novos consumidores
entram no mercado ao preço mais alto.

d) Um aumento do preço de mercado gera uma redução no


excedente do consumidor (área BCGF) porque demanda se tornou
mais elástica em relação à renda.

e) A queda do preço de mercado implicará uma diminuição do


excedente do consumidor (área BCED) proporcionalmente maior
quanto menor for a elasticidade-preço da demanda por esse bem.

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A situação apresentada pela questão pode ser mostrada pelo gráfico


abaixo:

Como dito, os excedentes do consumidor podem ser obtidos através


da área dos triângulos ABC, ADE e AFG respectivamente quando
preços e quantidades forem (P1, Q1), (P2, Q2) e (P3, Q3). Em
resumo, uma redução no preço do bem eleva o excedente do
consumidor, pois ele pode demandar mais bens ao preço de mercado,
enquanto que uma redução no preço reduz o excedente.

Vejamos as alternativas:

a) A redução no preço eleva o excedente.

b) A elevação no preço reduz o excedente.

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c) Correto. A redução no excedente quando o preço aumento de P1


para P3 corresponde ao pagamento de um preço mais elevado dos
consumidores já no mercado e dos entrantes.

d) Incorreto, vide item anterior

e) Queda no preço eleva o excedente.

GABARITO: LETRA C

08. CONSULPLAN - Economista (Natividade)/2014/

Acerca da análise microeconômica, especificamente sobre


curvas de indiferença, analise.

I. Uma curva de indiferença representa todas as combinações


de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de
satisfação a uma pessoa que é, portanto, indiferente em
relação às cestas de mercado representadas pelos pontos ao
longo da curva de indiferença.

II. O mapa de indiferença é um conjunto de curvas de


indiferença que descrevem as preferências de um consumidor.

III. As curvas de indiferença de um determinado consumidor


racional nunca se interceptam.

IV. A teoria do comportamento do consumidor, que culmina


com a representação gráfica de curvas de indiferença, parte
de algumas premissas básicas, dentre as quais destacam‐se:
“as preferências são intransitivas” e “as preferências são
incompletas”.

Estão corretas apenas as afirmativas

a) I, II e III.

b) I, II e IV.

c) I, III e IV.

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d) II, III e IV.

I - Correto. A curva de indiferença é aquela que representa as


combinações de bens consumidos (cestas de consumo) que conferem
a mesma utilidade ao consumidor. Por isso, o consumidor é
indiferente entre consumir uma ou outra cesta.

II - Correto. O conjunto de curvas de indiferença representado


através de um gráfico cartesiano é chamado de mapa de indiferença.

III - Correto. Um consumidor racional pretende sempre maximizar


sua utilidade, o que significa se situar nas curvas de indiferença que
fornecem mais utilidade. E, considerando que cada curva de
indiferença apresenta um nível de utilidade distinto, é impossível que
elas se cruzem na hipótese do consumidor racional com preferências
bem comportadas. Se elas se cruzassem, seria invalidada a hipótese
de que cada curva aufere uma utilidade diferente e que o consumidor
pretende se situar na que fornece mais utilidade.

IV - Incorreto. Existem 3 pressupostos que são considerados axiomas


da teoria do consumidor:

1. Completa - O mais fundamental dos pressupostos. A completude


de uma preferência indica a possibilidade de comparação entre cestas
de consumo, ou seja, indica que o consumidor pode escolher. Sendo
completa, uma escolha (cesta de bens) é passível de ser comparada
com outra.

2. Reflexiva - A preferência é reflexiva quando uma cesta de consumo


é tão boa quanto ela mesma. Até parece bobagem apresentar este
pressuposto, mas é isto mesmo. Se uma cesta é tão boa quanto ela
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mesma, o consumidor tem garantia que irá a escolher na ausência de


outras cestas.

3. Transitiva - A transitividade de uma preferência é o exemplo citado


acima. Se o consumidor prefere frutos do mar à pão francês e este à
salada, provavelmente irá preferir frutos do mar à salada.

GABARITO: LETRA A

09. FGV - Técnico de Nível Superior (AL BA)/Economia/2014/

Suponha uma família que consuma carne de segunda. Esta


família se tornou mais rica e passou a consumir menos deste
tipo de carne. Se o preço dessa carne aumentar, o efeito sobre
a demanda da família pela mesma será

a) negativo, pois os efeitos substituição e renda atuam na


mesma direção.

b) positivo, pois o efeito renda prepondera sobre o efeito


substituição.

c) negativo, pois o efeito substituição prepondera sobre o


efeito renda.

d) ambíguo, pois os efeitos substituição e renda atuam em


direções opostas.

e) positivo, pois os efeitos substituição e renda são positivos.

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Em geral, carne de segunda é entendida como sendo um Bem de


Giffen. Ou seja, a variação da demanda por carne de segunda é
positiva em relação à variação de preços. Por exemplo, caso o preço
aumente, o consumidor irá demandar mais deste bem.

No entanto, a questão afirma que o preço da carne de segunda


aumentou (o que resultaria em aumento na demanda pelo bem) e a
renda da família também aumentou, fato que resulta em redução na
quantidade demandada por um Bem de Giffen, pois, afinal, o bem é
de baixa qualidade. Sendo assim, o efeito na demanda é ambíguo,
pois os efeitos substituição e renda atuam em direções opostas.

GABARITO: LETRA D

10. CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

A respeito da teoria microeconômica do consumidor, julgue o


próximo item.

Se um bem é normal para qualquer classe de rendimentos,


então a curva de Engel é negativamente inclinada.

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A curva de Engel demonstra a relação entre renda e e quantidades


consumidas do bem.

O gráfico abaixo demonstra a Curva de Engel para um bem normal:

É possível notar que a curva possui inclinação positiva: rendas mais


elevadas (indicadas por m) representam maiores quantidades
consumidas do bem x1.

Isto ocorre, pois o bem normal apresenta derivada da quantidade


demandada em relação à renda positiva.

GABARITO: ERRADO

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11. FEPESE - Auditor Fiscal de Tributos Municipais de


Florianópolis/2014/

Considere dois bens, A e B, em um determinado mercado.


Suponha que a demanda por A é inelástica e que a demanda
por B é elástica.

Logo, é correto afirmar:

a) Uma das características do bem B é possuir um grande


número de bens substitutos.

b) Uma redução de 10% no preço de A e no preço de B resulta


um aumento percentual na quantidade demandada maior em
A do que em B.

c) Um mesmo choque contracionista de oferta gera uma


elevação de preços maior em B do que em A.

d) Os empresários que produzem o bem A têm maiores


receitas do que os empresários que produzem o bem B quando
ambos adotam

estratégias de redução de preços.

e) Exemplos de bens que apresentam as características de B


são o sal, o pão francês e a gasolina.

Com base nos dados fornecidos pela questão, o Bem A, sendo


inelástico, não apresenta variações percentuais na demanda
em função de variações percentuais no preço. Por sua vez, o
Bem B, sendo elástico, apresenta variações significativas na
demanda em função de variações percentuais no preço.

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Com base nestes conceitos, vejamos as alternativas:

a) O Bem B é elástico. Isto significa que, dada uma variação de


preços, a variação na quantidade demandada ocorre em maior
proporção. A elasticidade pode ser consequência da existência de
bens substitutos ao Bem B, pois a demanda pelo referido bem pode
ser canalizada ao bem substituto em face um aumento de preços do
referido bem. Item correto!

b) Como o Bem A é inelástico, uma redução de 10% no seu preço


promove um aumento em sua demanda em proporção menor. Ao
contrário, o Bem B apresenta uma variação percentual na demanda
maior que 10%.

c) Incorreto, mais uma vez devido à elasticidade da demanda dos


bens. Um choque negativo de oferta (que, em geral, promove um
aumento no preço do bem), provoca efeito mais elevado nos preços
de A do que de B. Como a demanda por A é inelástica, a firma possui
maior condição de elevar os preços deste bem do que de B.

d) Incorreto, pois a redução no preço de B provoca aumento na


demanda em maior proporção, o que eleva a receita do produtor
mais do que no caso do Bem A.

e) Quanto mais elevada a quantidade de bens substitutos, maior a


elasticidade do bem. Desta forma, o sal não pode ser considerado um
bem elástico. Os demais sim.

GABARITO: LETRA A

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(ANPEC/2005/QUESTÃO 01) Com respeito aos efeitos renda e


substituição, avalie as afirmativas:

12. Quando o preço de um bem varia, se os efeitos


substituição e renda resultam em variações na quantidade do
bem em sentidos opostos, tal bem será normal.

A variação no preço do bem provoca duas variações na demanda:

Efeito substituição: a demanda pelo bem varia em termos da variação


de preços relativos, ou seja, a renda se mantém constante e o
consumidor modifica a demanda para manter a utilidade constante.
Obviamente, o aumento de preço resulta em redução na demanda do
bem, pelo que se diz que o efeito substituição é negativo. O
consumidor substitui o bem mais caro pelo bem mais barato, a fim de
manter o poder de compra e utilidade constante.

Efeito Renda: a variação na demanda é resultado da variação na


renda do individuo. Neste caso, os preços relativos são mantidos
constantes e o poder de compra varia. Certamente, quando o preço
aumenta, o poder de compra tende a cair, evidenciado efeito-renda
negativo. No entanto, o efeito-renda também pode ser positivo, no
caso de bens negativos, como já evidenciado no resumo da aula.

Portanto, no caso de bens normais, o efeito substituição e o efeito


renda operam no mesmo sentido, ou seja, ambos são negativos.

O efeito na demanda total é negativo.

GABARITO: ERRADO

13. O efeito substituição de Slutsky corresponde a


modificações na quantidade demandada de um bem
associadas a variações de seu preço, mantendo-se constante o
poder aquisitivo do consumidor.
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A equação de Slutsky mede o resultado total (substituição + renda)


na variação da demanda do bem em relação à variação no preço.
Como observamos em (0), o efeito substituição consiste na
mensuração da demanda, dada a variação dos preços relativos,
mantendo-se constante a renda do sujeito.

GABARITO: CERTO

14. Se um consumidor dispõe de um orçamento para compra


de dois bens e se suas preferências são bem comportadas,
caso um dos bens seja inferior, o outro, necessariamente, será
normal.

A preferência é bem comportada quando é completa, reflexiva e


transitiva.

Assim, considerando que o orçamento do indivíduo seja direcionado


para dois bens sendo um deles inferior, o outro necessariamente será
normal. A explicação é bem intuitiva: a demanda do bem inferior
aumenta ao passo que o preço do bem também aumenta. Como a
elevação de preço resulta em menor poder aquisitivo, o resultado é
redução na demanda do bem normal. Assim, o aumento na demanda
de 1 bem é compensada pela redução na demanda de outro.

Esta conclusão é obtida através da chamada agregação de Engel.

GABARITO: CERTO

15. Um consumidor que possui determinada dotação dos bens


1 e 2 é, inicialmente, vendedor do bem 1. Se, em resposta à
diminuição do preço do bem 1, o consumidor passar de
vendedor a comprador desse bem, seu bem-estar certamente
diminuirá.

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No caso do indivíduo ser incialmente vendedor do bem 1 e o preço do


mesmo bem cair, indica que a satisfação do sujeito irá cair, caso ele
se mantenha como vendedor. Muito simples, pois a renda auferida na
venda do bem 1 irá ser reduzida, assim como a utilidade da pessoa.
Caso ele passe a ser consumidor do bem 1, certamente sua
satisfação irá aumentar, pois ele passará a ser demandante de um
bem que se tornou menos custoso, evidenciando aumento do poder
aquisitivo.

GABARITO: ERRADO

16. Se um consumidor tem preferências quanto a dois bens


que são complementares perfeitos, o efeito substituição,
quando da variação dos preços relativos dos bens, será
sempre nulo.

O caso de complementares perfeitos é interessante. Neste caso, os


bens são consumidos em conjunto, ou seja, só faz sentido em termos
de variação da utilidade caso os dois bens sejam consumidos
juntamente.

Como já sabemos, o efeito substituição é negativo, pois a variação na


demanda do bem é sempre inversamente relacionada com a variação
nos preços, tendo em vista que o consumidor pode trocar um bem
pelo outro.

Mas, neste caso, ele não pode trocar um pelo outro, pois os dois
devem ser consumidos em conjunto.

Portanto, a variação na demanda é representada apenas pelo efeito


renda, ao passo que a variação no preço do bem reduz a demanda
dos dois bens, evidenciado variação na inclinação na restrição
orçamentária do sujeito.

GABARITO: CERTO

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(ANPEC/2006/QUESTÃO 01) Com base na teoria das


preferências, avalie as afirmativas:

17. Um indivíduo com preferências estritamente côncavas entre dois


bens especializa-se no consumo de um dos bens.

Curvas de indiferença estritamente côncavas, como a apresentada


abaixo, evidenciam TMS crescente, isto é, o indivíduo prefere sempre
mais de um bem e menos de outro. No limite, o consumidor irá
maximizar sua utilidade quando consumir todas suas possibilidades
em apenas 1 bem, e nada no outro. Neste ponto, a curva de
indiferença toca um dos eixos cartesianos, demonstrando
especialização em 1 bem.

X1 Pelo gráfico, é possível


visualizar o caminho percorrido
pelo consumidor para maximizar
sua utilidade, seguindo a seta.
A especialização ocorre no
ponto A, no qual o consumidor
consome todas sua
disponibilidade no bem 1.
X2
A

GABARITO: CERTO

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(ANPEC/2007/QUESTÃO 03) Considerando a Teoria do


Consumidor, julgue as proposições:

18. Bens normais têm efeito-substituição positivo.

Bens normais tem efeito substituição negativo. O efeito substituição


representa a variação na demanda, dada uma variação no preço do
bem. Já sabemos que ele é sempre negativo, para qualquer bem.

GABARITO: ERRADO

19. Nos bens de Giffen, o valor absoluto do efeito-renda


domina o valor absoluto do efeito-substituição.

Considerando o Bem de Giffen, deve-se observar que o efeito-renda


supera o efeito-substituição, ou seja, a elevação no preço produz
elevação na demanda, pois o efeito renda positivo é superior ao
efeito substituição negativo

GABARITO: CERTO

20. Uma curva de Engel positivamente inclinada indica um


bem inferior.

A curva de Engel demonstra as quantidades consumidas em relação


à renda. Bens cuja demanda se eleva, quando a renda também se
eleva, são considerados bens superiores. Assim, a Curva de Engel
positivamente inclinada indica bens superiores.

Renda Curva de Engel

X1
GABARITO: ERRADO

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7. LISTA DE QUESTÕES E GABARITO

(CESPE - Analista do Ministério Público da


União/Perito/Economia/2010)Considerando a equação de

demanda , em que seja a

quantidade demandada do bem ; , o preço do bem ;

, o preço do bem relacionado ; e , a renda do


consumidor, julgue os itens subsequentes.

01. Se , então, o bem é considerado superior.

O item informa que a demanda do bem Y é positivamente relacionada


com a renda. Ou seja, que a derivada da quantidade demandada do
bem em relação à renda é positiva

No entanto, esta é a representação de um bem normal, e não de um


bem superior.

GABARITO: ERRADO

02. O bem é um bem complementar ao bem , caso

A demanda de bens complementares é negativamente relacionada ao


movimento do preço de um dos bens. Dito de outro modo, a derivada
da quantidade demandada do bem X em relação ao bem Y é negativa
no caso de bens complementares.

Assim, a variação positiva no preço do bem Y deve resultar em

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variação negativa na demanda do bem X. Afinal, se os bens são


consumidos em conjunto, o aumento no preço de um deles
provavelmente irá reduzir a demanda por ele, assim como o fará com
a demanda do bem complementar.

GABARITO: ERRADO

03. A modificação de um dos preços (efeito preço) altera a


inclinação da linha do orçamento.

A variação no preço de um dos bens resulta em variação na


inclinação da reta orçamentária. O caso de uma variação na renda
resultaria em deslocamento da reta orçamentária. Memorize esta
diferença!

E, como vimos no decorrer da aula, a variação do preço promove


variação na demanda do bem em questão e até mesmo na variação
da demanda de bens complementares e substitutos a ele.

GABARITO: CERTO

04. Em uma solução de canto não se verifica a igualdade entre


benefício marginal e custo marginal.

A teoria do consumidor nos ensina que, considerando a renda e as


preferências, o consumidor escolhe consumir combinações dos bens A
e B que lhe fornecem o máximo grau de utilidade possível.
Neste caso de equilíbrio, a taxa que o consumidor troca o bem A pelo
bem B pode ser representada pela divisão entre utilidade marginal do
bem A pelo bem B ou pela relação de preços do bem B pelo bem A,
como segue abaixo:

ou

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Substituindo:

Na solução de canto, esta igualdade não se aplica. A utilidade


marginal de um bem, dividida pelo preço, não é igual à divisão da
utilidade marginal pelo preço do outro bem.

No entanto, quando temos uma solução de canto, o consumidor irá


desejar de todas as formar elevar a demanda por um bem e reduzir a
demanda pelo outro. Imagine que ele deseja elevar o consumo pelo
bem que está representado no eixo das abscissas e diminuir o
consumo do bem demonstrado nos eixos das ordenadas.

Nesta situação, o consumidor irá se deslocar até o ponto em que toca


o eixo das abscissas, pois há um limite na redução do bem não
desejado (0 unidades demandadas). Esta é a solucão de canto.

Neste caso, não há o equilíbrio representado anteriormente, pois o


bem desejado sempre traz mais utilidade do que o bem não
desejado. Ou seja:

Por obter mais satisfação ao demandar o bem A, o consumidor deseja


diminuir a todo custo a demanda pelo bem B, até zerá-la. Este ponto
fica localizado no cruzamento da curva de indiferença U1 com a
extremidade da linha de orçamento do consumidor, por isto o
nome "solução de canto".

Graficamente:

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Em resumo, ao preferir o bem A ao bem B, não é possível afirmar


que na solução de canto haverá igualdade entre benefício marginal e
custo marginal dos dois bens. O consumidor maximiza sua utilidade
ao demandar apenas o bem A.

GABARITO: CERTO

05. Se , então, o bem é considerado normal.

O bem é considerado normal quando sua quantidade demandada


varia na mesma direção que a renda. Ou seja, um aumento da renda
promove aumento na demanda de um bem normal.

Dito de outro modo, a derivada da quantidade demandada em


relação à renda é positiva.

Repare que a questão está incorreta pois faz relação entre a


quantidade demandada e o preço, o que está incorreto.

GABARITO: ERRADO

06. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências

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Econômicas/2008) A microeconomia constitui uma importante


ferramenta para analisar o comportamento dos agentes
econômicos individuais. Acerca desse assunto, julgue o item.

Para os bens inferiores, o efeito renda negativo reforça o efeito


substituição e faz com que os aumentos nos preços conduzam a
aumentos na quantidade consumida desses bens.

Foi mencionado que, no caso de bens inferiores, o efeito renda e o


efeito substituição possuem sinais contrários. O aumento no preço
provoca efeito substituição negativo, enquanto o efeito renda é
positivo. No entanto, em módulo, o valor deste não é suficiente para
superar o valor daquele, pelo que a demanda é reduzida.

ERRADO

07. FCC - Analista do Tesouro Estadual (SEFAZ PI)/2015/

Considere um diagrama no qual representa-se uma reta de


demanda por um bem em um mercado qualquer. O preço do
bem é medido no eixo y e a quantidade demandada, no eixo x.
O intercepto da reta no eixo y é dado pelo ponto A. Admitindo-
se que B representa o ponto de equilíbrio de mercado em que
o preço P1 está associado a uma quantidade demandada Q1,
encontramos o excedente do consumidor por meio da área do
triângulo ABC. Portanto, quando o preço cai de P1 para P2, a
quantidade demandada aumenta de Q1 para Q2, e o excedente
do consumidor é dado pela área do triângulo ADE.
Alternativamente, quando o preço sobe de P1 para P3, a
quantidade demandada diminui de Q1 para Q3, e o excedente
do consumidor é encontrado pela área do triângulo AFG. Sobre
o excedente do consumidor é correto afirmar:

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a) Uma queda do preço de mercado implica uma diminuição do


excedente do consumidor (área BCGF) e se dá em parte porque os
consumidores já existentes agora pagam menos e em parte porque
novos consumidores entram no mercado ao preço mais baixo.

b) Uma elevação do preço de mercado gera uma elevação do


excedente do consumidor (área BCED) se dá em parte porque os
consumidores já existentes agora pagam mais e em parte porque
novos consumidores entram no mercado ao preço mais alto.

c) Um aumento do preço de mercado gera uma redução no excedente


do consumidor (área BCGF), em parte porque os consumidores já
existentes agora pagam mais e em parte porque novos consumidores
entram no mercado ao preço mais alto.

d) Um aumento do preço de mercado gera uma redução no


excedente do consumidor (área BCGF) porque demanda se tornou
mais elástica em relação à renda.

e) A queda do preço de mercado implicará uma diminuição do


excedente do consumidor (área BCED) proporcionalmente maior
quanto menor for a elasticidade-preço da demanda por esse bem.

A situação apresentada pela questão pode ser mostrada pelo gráfico


abaixo:

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Como dito, os excedentes do consumidor podem ser obtidos através


da área dos triângulos ABC, ADE e AFG respectivamente quando
preços e quantidades forem (P1, Q1), (P2, Q2) e (P3, Q3). Em
resumo, uma redução no preço do bem eleva o excedente do
consumidor, pois ele pode demandar mais bens ao preço de mercado,
enquanto que uma redução no preço reduz o excedente.

Vejamos as alternativas:

a) A redução no preço eleva o excedente.

b) A elevação no preço reduz o excedente.

c) Correto. A redução no excedente quando o preço aumento de P1


para P3 corresponde ao pagamento de um preço mais elevado dos
consumidores já no mercado e dos entrantes.

d) Incorreto, vide item anterior

e) Queda no preço eleva o excedente.

GABARITO: LETRA C

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08. CONSULPLAN - Economista (Natividade)/2014/

Acerca da análise microeconômica, especificamente sobre


curvas de indiferença, analise.

I. Uma curva de indiferença representa todas as combinações


de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de
satisfação a uma pessoa que é, portanto, indiferente em
relação às cestas de mercado representadas pelos pontos ao
longo da curva de indiferença.

II. O mapa de indiferença é um conjunto de curvas de


indiferença que descrevem as preferências de um consumidor.

III. As curvas de indiferença de um determinado consumidor


racional nunca se interceptam.

IV. A teoria do comportamento do consumidor, que culmina


com a representação gráfica de curvas de indiferença, parte
de algumas premissas básicas, dentre as quais destacam‐se:
“as preferências são intransitivas” e “as preferências são
incompletas”.

Estão corretas apenas as afirmativas

a) I, II e III.

b) I, II e IV.

c) I, III e IV.

d) II, III e IV.

I - Correto. A curva de indiferença é aquela que representa as


combinações de bens consumidos (cestas de consumo) que conferem
a mesma utilidade ao consumidor. Por isso, o consumidor é
indiferente entre consumir uma ou outra cesta.

II - Correto. O conjunto de curvas de indiferença representado


através de um gráfico cartesiano é chamado de mapa de indiferença.

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III - Correto. Um consumidor racional pretende sempre maximizar


sua utilidade, o que significa se situar nas curvas de indiferença que
fornecem mais utilidade. E, considerando que cada curva de
indiferença apresenta um nível de utilidade distinto, é impossível que
elas se cruzem na hipótese do consumidor racional com preferências
bem comportadas. Se elas se cruzassem, seria invalidada a hipótese
de que cada curva aufere uma utilidade diferente e que o consumidor
pretende se situar na que fornece mais utilidade.

IV - Incorreto. Existem 3 pressupostos que são considerados axiomas


da teoria do consumidor:

1. Completa - O mais fundamental dos pressupostos. A completude


de uma preferência indica a possibilidade de comparação entre cestas
de consumo, ou seja, indica que o consumidor pode escolher. Sendo
completa, uma escolha (cesta de bens) é passível de ser comparada
com outra.

2. Reflexiva - A preferência é reflexiva quando uma cesta de consumo


é tão boa quanto ela mesma. Até parece bobagem apresentar este
pressuposto, mas é isto mesmo. Se uma cesta é tão boa quanto ela
mesma, o consumidor tem garantia que irá a escolher na ausência de
outras cestas.

3. Transitiva - A transitividade de uma preferência é o exemplo citado


acima. Se o consumidor prefere frutos do mar à pão francês e este à
salada, provavelmente irá preferir frutos do mar à salada.

GABARITO: LETRA A

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09. FGV - Técnico de Nível Superior (AL BA)/Economia/2014/

Suponha uma família que consuma carne de segunda. Esta


família se tornou mais rica e passou a consumir menos deste
tipo de carne. Se o preço dessa carne aumentar, o efeito sobre
a demanda da família pela mesma será

a) negativo, pois os efeitos substituição e renda atuam na


mesma direção.

b) positivo, pois o efeito renda prepondera sobre o efeito


substituição.

c) negativo, pois o efeito substituição prepondera sobre o


efeito renda.

d) ambíguo, pois os efeitos substituição e renda atuam em


direções opostas.

e) positivo, pois os efeitos substituição e renda são positivos.

Em geral, carne de segunda é entendida como sendo um Bem de


Giffen. Ou seja, a variação da demanda por carne de segunda é
positiva em relação à variação de preços. Por exemplo, caso o preço
aumente, o consumidor irá demandar mais deste bem.

No entanto, a questão afirma que o preço da carne de segunda


aumentou (o que resultaria em aumento na demanda pelo bem) e a
renda da família também aumentou, fato que resulta em redução na
quantidade demandada por um Bem de Giffen, pois, afinal, o bem é
de baixa qualidade. Sendo assim, o efeito na demanda é ambíguo,
pois os efeitos substituição e renda atuam em direções opostas.

GABARITO: LETRA D

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A respeito da teoria microeconômica do consumidor, julgue o


próximo item.

Se um bem é normal para qualquer classe de rendimentos,


então a curva de Engel é negativamente inclinada.

A curva de Engel demonstra a relação entre renda e e quantidades


consumidas do bem.

O gráfico abaixo demonstra a Curva de Engel para um bem normal:

É possível notar que a curva possui inclinação positiva: rendas mais


elevadas (indicadas por m) representam maiores quantidades
consumidas do bem x1.

Isto ocorre, pois o bem normal apresenta derivada da quantidade


demandada em relação à renda positiva.

GABARITO: ERRADO

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Considere dois bens, A e B, em um determinado mercado.


Suponha que a demanda por A é inelástica e que a demanda
por B é elástica.

Logo, é correto afirmar:

a) Uma das características do bem B é possuir um grande


número de bens substitutos.

b) Uma redução de 10% no preço de A e no preço de B resulta


um aumento percentual na quantidade demandada maior em
A do que em B.

c) Um mesmo choque contracionista de oferta gera uma


elevação de preços maior em B do que em A.

d) Os empresários que produzem o bem A têm maiores


receitas do que os empresários que produzem o bem B quando
ambos adotam

estratégias de redução de preços.

e) Exemplos de bens que apresentam as características de B


são o sal, o pão francês e a gasolina.

Com base nos dados fornecidos pela questão, o Bem A, sendo


inelástico, não apresenta variações percentuais na demanda
em função de variações percentuais no preço. Por sua vez, o
Bem B, sendo elástico, apresenta variações significativas na
demanda em função de variações percentuais no preço.

Com base nestes conceitos, vejamos as alternativas:

a) O Bem B é elástico. Isto significa que, dada uma variação de


preços, a variação na quantidade demandada ocorre em maior
proporção. A elasticidade pode ser consequência da existência de

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bens substitutos ao Bem B, pois a demanda pelo referido bem pode


ser canalizada ao bem substituto em face um aumento de preços do
referido bem. Item correto!

b) Como o Bem A é inelástico, uma redução de 10% no seu preço


promove um aumento em sua demanda em proporção menor. Ao
contrário, o Bem B apresenta uma variação percentual na demanda
maior que 10%.

c) Incorreto, mais uma vez devido à elasticidade da demanda dos


bens. Um choque negativo de oferta (que, em geral, promove um
aumento no preço do bem), provoca efeito mais elevado nos preços
de A do que de B. Como a demanda por A é inelástica, a firma possui
maior condição de elevar os preços deste bem do que de B.

d) Incorreto, pois a redução no preço de B provoca aumento na


demanda em maior proporção, o que eleva a receita do produtor
mais do que no caso do Bem A.

e) Quanto mais elevada a quantidade de bens substitutos, maior a


elasticidade do bem. Desta forma, o sal não pode ser considerado um
bem elástico. Os demais sim.

GABARITO: LETRA A

(ANPEC/2005/QUESTÃO 01) Com respeito aos efeitos renda e


substituição, avalie as afirmativas:

12. Quando o preço de um bem varia, se os efeitos


substituição e renda resultam em variações na quantidade do
bem em sentidos opostos, tal bem será normal.

A variação no preço do bem provoca duas variações na demanda:

Efeito substituição: a demanda pelo bem varia em termos da variação


de preços relativos, ou seja, a renda se mantém constante e o
consumidor modifica a demanda para manter a utilidade constante.
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Obviamente, o aumento de preço resulta em redução na demanda do


bem, pelo que se diz que o efeito substituição é negativo. O
consumidor substitui o bem mais caro pelo bem mais barato, a fim de
manter o poder de compra e utilidade constante.

Efeito Renda: a variação na demanda é resultado da variação na


renda do individuo. Neste caso, os preços relativos são mantidos
constantes e o poder de compra varia. Certamente, quando o preço
aumenta, o poder de compra tende a cair, evidenciado efeito-renda
negativo. No entanto, o efeito-renda também pode ser positivo, no
caso de bens negativos, como já evidenciado no resumo da aula.

Portanto, no caso de bens normais, o efeito substituição e o efeito


renda operam no mesmo sentido, ou seja, ambos são negativos.

O efeito na demanda total é negativo.

GABARITO: ERRADO

13. O efeito substituição de Slutsky corresponde a


modificações na quantidade demandada de um bem
associadas a variações de seu preço, mantendo-se constante o
poder aquisitivo do consumidor.

A equação de Slutsky mede o resultado total (substituição + renda)


na variação da demanda do bem em relação à variação no preço.
Como observamos em (0), o efeito substituição consiste na
mensuração da demanda, dada a variação dos preços relativos,
mantendo-se constante a renda do sujeito.

GABARITO: CERTO

14. Se um consumidor dispõe de um orçamento para compra


de dois bens e se suas preferências são bem comportadas,

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caso um dos bens seja inferior, o outro, necessariamente, será


normal.

A preferência é bem comportada quando é completa, reflexiva e


transitiva.

Assim, considerando que o orçamento do indivíduo seja direcionado


para dois bens sendo um deles inferior, o outro necessariamente será
normal. A explicação é bem intuitiva: a demanda do bem inferior
aumenta ao passo que o preço do bem também aumenta. Como a
elevação de preço resulta em menor poder aquisitivo, o resultado é
redução na demanda do bem normal. Assim, o aumento na demanda
de 1 bem é compensada pela redução na demanda de outro.

Esta conclusão é obtida através da chamada agregação de Engel.

GABARITO: CERTO

15. Um consumidor que possui determinada dotação dos bens


1 e 2 é, inicialmente, vendedor do bem 1. Se, em resposta à
diminuição do preço do bem 1, o consumidor passar de
vendedor a comprador desse bem, seu bem-estar certamente
diminuirá.

No caso do indivíduo ser incialmente vendedor do bem 1 e o preço do


mesmo bem cair, indica que a satisfação do sujeito irá cair, caso ele
se mantenha como vendedor. Muito simples, pois a renda auferida na
venda do bem 1 irá ser reduzida, assim como a utilidade da pessoa.
Caso ele passe a ser consumidor do bem 1, certamente sua
satisfação irá aumentar, pois ele passará a ser demandante de um
bem que se tornou menos custoso, evidenciando aumento do poder
aquisitivo.

GABARITO: ERRADO

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16. Se um consumidor tem preferências quanto a dois bens


que são complementares perfeitos, o efeito substituição,
quando da variação dos preços relativos dos bens, será
sempre nulo.

O caso de complementares perfeitos é interessante. Neste caso, os


bens são consumidos em conjunto, ou seja, só faz sentido em termos
de variação da utilidade caso os dois bens sejam consumidos
juntamente.

Como já sabemos, o efeito substituição é negativo, pois a variação na


demanda do bem é sempre inversamente relacionada com a variação
nos preços, tendo em vista que o consumidor pode trocar um bem
pelo outro.

Mas, neste caso, ele não pode trocar um pelo outro, pois os dois
devem ser consumidos em conjunto.

Portanto, a variação na demanda é representada apenas pelo efeito


renda, ao passo que a variação no preço do bem reduz a demanda
dos dois bens, evidenciado variação na inclinação na restrição
orçamentária do sujeito.

GABARITO: CERTO

(ANPEC/2006/QUESTÃO 01) Com base na teoria das


preferências, avalie as afirmativas:

17. Um indivíduo com preferências estritamente côncavas entre dois


bens especializa-se no consumo de um dos bens.

Curvas de indiferença estritamente côncavas, como a apresentada


abaixo, evidenciam TMS crescente, isto é, o indivíduo prefere sempre
mais de um bem e menos de outro. No limite, o consumidor irá
maximizar sua utilidade quando consumir todas suas possibilidades
em apenas 1 bem, e nada no outro. Neste ponto, a curva de

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indiferença toca um dos eixos cartesianos, demonstrando


especialização em 1 bem.

X1 Pelo gráfico, é possível


visualizar o caminho percorrido
pelo consumidor para maximizar
sua utilidade, seguindo a seta.
A especialização ocorre no
ponto A, no qual o consumidor
consome todas sua
disponibilidade no bem 1.
X2
A

GABARITO: CERTO

(ANPEC/2007/QUESTÃO 03) Considerando a Teoria do


Consumidor, julgue as proposições:

18. Bens normais têm efeito-substituição positivo.

Bens normais tem efeito substituição negativo. O efeito substituição


representa a variação na demanda, dada uma variação no preço do
bem. Já sabemos que ele é sempre negativo, para qualquer bem.

GABARITO: ERRADO

19. Nos bens de Giffen, o valor absoluto do efeito-renda


domina o valor absoluto do efeito-substituição.

Considerando o Bem de Giffen, deve-se observar que o efeito-renda


supera o efeito-substituição, ou seja, a elevação no preço produz
elevação na demanda, pois o efeito renda positivo é superior ao

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efeito substituição negativo

GABARITO: CERTO

20. Uma curva de Engel positivamente inclinada indica um


bem inferior.

A curva de Engel demonstra as quantidades consumidas em relação


à renda. Bens cuja demanda se eleva, quando a renda também se
eleva, são considerados bens superiores. Assim, a Curva de Engel
positivamente inclinada indica bens superiores.

Renda Curva de Engel

X1
GABARITO: ERRADO

QUESTÕES GABARITO

ERRADO
1
ERRADO
2
CERTO
3
CERTO
4
ERRADO
5

6 ERRADO

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C
7
A
8
D
9
ERRADO
10
A
11
ERRADO
12
CERTO
13
CERTO
14
ERRADO
15
CERTO
16
CERTO
17
ERRADO
18
CERTO
19
ERRADO
20

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