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Número 457 Brasília, 22 a 26 de novembro de 2010.

Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos incluídos na Base de Jurisprudência do
STJ, não consistindo em repositório oficial de jurisprudência.

PRIMEIRA SEÇÃO

REPETITIVO. RESPONSABILIDADE. SÓCIOS. SEGURIDADE SOCIAL.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção asseverou que os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada não
respondem pessoalmente pelos débitos da sociedade junto à seguridade social, em conformidade com
a decisão do STF que declarou a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei n. 8.620/1993, posteriormente
revogado pelo art. 79, VII, da Lei n. 11.941/2009. Precedentes citados do STF: RE 562.276-PR; do STJ:
REsp 717.717-SP, DJ 8/5/2006; REsp 833.977-RS, DJ 30/6/2006, e REsp 796.613-RS, DJ 26/5/2006.
REsp 1.153.119-MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 24/11/2010.

REPETITIVO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RESPONSABILIDADE.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção assentou que, a partir da vigência da Lei n. 9.711/1998, que conferiu nova redação ao art.
31 da Lei n. 8.212/1991, a responsabilidade pelo recolhimento da contribuição previdenciária retida
na fonte incidente sobre a mão de obra utilizada na prestação de serviços contratados é exclusiva do
tomador do serviço, nos termos do art. 33, § 5º, da Lei n. 8.212/1991, não havendo falar em
responsabilidade supletiva da empresa cedente. Precedentes citados: EREsp 446.955-SC, DJe
19/5/2008; REsp 1.068.362-PR, DJe 24/2/2010; AgRg nos EDcl no REsp 1.177.895-RS, DJe
17/8/2010; MC 15.410-RJ, DJe 8/10/2009, e AgRg no REsp 916.914-RS, DJe 6/8/2009. REsp
1.131.047-MA, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 24/11/2010.

REPETITIVO. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. SUJEITO PASSIVO.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção reiterou a orientação de que o sujeito passivo da contribuição para o salário-educação é a
empresa, assim entendida em seu conceito amplo - firma individual ou sociedade que, assumindo os
riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço, bem como

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qualquer entidade pública ou privada vinculada à Previdência Social, com ou sem fins lucrativos,
excetuados os entes da administração direta -, nos termos do art. 15 da Lei n. 9.424/1996,
regulamentado pelo Dec. n. 6.003/2006, e dos arts. 1º, § 5º, do DL n. 1.422/1975 (recepcionado pela
CF/1988), 2º da CLT e 4º da Lei n. 3.807/1960, com redação dada pela Lei n. 5.890/1973. Precedentes
citados do STF: RE 290.079-SC, DJ 4/4/2003; do STJ: REsp 272.671-ES, DJe 25/8/2009; REsp
842.781-PR, DJ 10/12/2007, e REsp 711.166-PR, DJ 16/5/2006. REsp 1.162.307-RJ, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 24/11/2010.

REPETITIVO. IMPOSTO. IMPORTAÇÃO. AGENTE MARÍTIMO.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção consignou que, no tocante ao imposto de importação, só há responsabilidade tributária
solidária do agente marítimo representante de transportadora a partir da vigência do DL n.
2.472/1988, que conferiu nova redação ao art. 32 do DL n. 37/1966. Nas hipóteses em que o fato
gerador ocorreu em momento anterior a essa alteração, incide a Súm. n. 192-TFR, ainda que o agente
tenha firmado termo de compromisso. Precedentes citados: AgRg no Ag 904.335-SP, DJe 23/10/2008;
REsp 361.324-RS, DJ 14/8/2007; REsp 223.836-RS, DJ 5/9/2005; REsp 170.997-SP, DJ 4/4/2005;
REsp 319.184-RS, DJ 6/9/2004; REsp 90.191-RS, DJ 10/2/2003; REsp 252.457-RS, DJ 9/9/2002; REsp
410.172-RS, DJ 29/4/2002; REsp 132.624-SP, DJ 20/11/2000, e REsp 176.932-SP, DJ 14/12/1998.
REsp 1.129.430-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/11/2010.

REPETITIVO. AUTUAÇÃO FISCAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção entendeu que o ente federado competente pode autuar o contribuinte pelo
descumprimento de obrigação acessória consistente na exigência de nota fiscal para deslocamento de
bens do ativo imobilizado e de bens de uso e consumo entre estabelecimentos da mesma instituição
financeira, operação que, em tese, não caracteriza hipótese de incidência do ICMS (Súm. n. 166-STJ).
Ressaltou-se que a obrigação acessória é autônoma e pode ser instituída pelo ente legiferante no
interesse da arrecadação ou da fiscalização tributária nos termos do § 2º do art. 113 do CTN, ainda
que a obrigação principal não exista, obedecendo-se aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. REsp 1.116.792-PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/11/2010.

REPETITIVO. REFORÇO. PENHORA.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção entendeu que o reforço da penhora não pode ser determinado de ofício pelo juízo, visto
ser imprescindível o requerimento do interessado, nos termos dos arts. 15, II, da Lei n. 6.830/1980
(Lei de Execuções Fiscais) e 685 do CPC. Precedentes citados: REsp 958.383-PR, DJe 17/12/2008;
REsp 413.274-SC, DJ 3/8/2006; REsp 394.523-SC, DJ 25/5/2006; REsp 475.693-RS, DJ 24/3/2003;
REsp 396.292-SC, DJ 3/6/2002; REsp 53.652-SP, DJ 13/3/1995, e REsp 53.844-SP, DJ 12/12/1994.

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REsp 1.127.815-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/11/2010.

REPETITIVO. BENEFÍCIO FISCAL. BASE. CÁLCULO.

Em julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-
STJ, a Seção decidiu que o art. 4º do DL n. 2.462/1988 não alterou a base de cálculo do benefício fiscal
denominado depósito para reinvestimento, que continua sendo apurado com base no imposto de
renda calculado sobre o lucro da exploração, a teor do que dispõe o art. 19, § 6º, do DL n. 1.598/1977,
incluído pelo DL n. 1.730/1979. Precedentes citados: REsp 92.917-PE, DJ 26/5/2006; REsp 689.878-
PE, DJ 24/10/2005; AgRg no REsp 667.526-CE, DJ 14/3/2005; REsp 410.504-PE, DJ 13/5/2002, e
REsp 207.946-PE, DJ 6/9/1999. REsp 1.201.850-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
24/11/2010.

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SEGUNDA SEÇÃO

SÚMULA N. 469-STJ.

Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde. Rel. Min. Aldir
Passarinho Junior, em 24/11/2010.

SÚMULA N. 470-STJ.

O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização
decorrente do DPVAT em benefício do segurado. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 24/11/2010.

CADERNETA DE POUPANÇA. AÇÃO. INDIVIDUAL E COLETIVA. LIQUIDAÇÃO.

Trata a lide sobre a regularidade da conversão de ação individual proposta por poupador de
caderneta de poupança - na qual se discute o pagamento dos expurgos inflacionários - em liquidação
de sentença proferida em processo coletivo sobre a mesma questão, feita pelo acórdão recorrido, que
adotou as diretrizes estabelecidas no Edital n. 147/2007 do Conselho da Magistratura do Rio Grande
do Sul - Comage/TJRS. O recorrente, instituição financeira, alega ofensa ao princípio do juiz natural e,
consequentemente, afronta ao art. 87 do CPC. O tribunal a quo embasou seu entendimento na
interpretação conjunta da Constituição estadual e da respectiva lei de organização judiciária, assim,
nesse ponto, incide a Súm. n. 280-STF. Ademais, eventual incompatibilidade entre as referidas normas
e a Constituição Federal ou mesmo entre elas e o CPC é questão de competência do STF (art. 102, III, c
e d, da CF/1988). De todo modo, foi considerada válida tanto no STJ quanto no STF a convocação de
juízes para atuar em regime de mutirão para julgamento de determinadas causas, objetivando o
melhor andamento dos processos, a racionalização dos procedimentos e o atendimento ao princípio
da razoável duração do processo. A suspensão do processo individual determinada de ofício pelo juízo
foi considerada regular pela Segunda Seção quando do julgamento do recurso representativo de
controvérsia repetitiva (REsp 1.110.549-RS, DJe 14/12/2009). Com efeito, a conversão da demanda
individual em liquidação seguirá o mesmo caminho. O interesse público de preservação da efetividade
da Justiça que se frustra se estrangulada por processos individuais multitudinários recomenda a
iniciativa de ofício de liquidação coletiva da sentença, resolvendo, de maneira uniforme e simultânea,
toda a macrolide. Do exposto, a Seção ao prosseguir o julgamento, entre outras razões, negou
provimento ao recurso, observando, contudo, que se mantém a conversão das ações individuais em
liquidação de sentença, e, após apurado o valor devido, a respectiva execução deverá aguardar o
trânsito em julgado da ação coletiva que deu origem ao processo de liquidação por dois motivos: para
que se respeite a suspensão de processo sobre a matéria determinada pelo STF e porque a disciplina
de execução dos processos coletivos que disputam direitos individuais homogêneos não se identifica
com a execução de ações que tratem de direitos difusos e coletivos em sentido estrito. Precedentes
citados do STF: HC 96.821-SP, DJe 24/6/2010; RE 591.797-SP, DJe 29/4/2010; AI 754.745-SP, DJe
21/10/2010; do STJ: REsp 570.755-PR, DJ 18/12/2006; REsp 896.435-PR, DJe 9/11/2009; AgRg no
REsp 679.560-SC, DJ 10/4/2006, e AgRg no Ag 624.779-RS, DJe 17/11/2008. REsp 1.189.679-RS, Rel.

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Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/11/2010.

ERESP. CABIMENTO.

A Seção, entre outras questões, reiterou o entendimento de que não cabem embargos de divergência
entre acórdãos oriundos da mesma Turma, mesmo que sua composição tenha sido alterada.
Precedentes citados: AgRg nos EREsp 944.410-RN, DJe 23/3/2009; AgRg na Pet 6.558-SP, DJe
28/10/2008; AgRg nos EREsp 442.774-SP, DJ 21/8/2006, e EREsp 255.378-SC, DJ 13/9/2004. EREsp
798.264-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 24/11/2010.

CONTRATO. TELEFONIA. INDENIZAÇÃO. AÇÕES.

Trata-se, na origem, de ação declaratória de adimplemento de contrato de adesão para adquirir uma
linha telefônica cumulada com pedido de condenação à subscrição complementar de ações de
conhecidas companhias de telecomunicações e de celular. Assim, a Seção entendeu, por maioria, que,
quando for impossível a entrega das ações, deve-se impor critério indenizatório que recomponha ao
acionista a perda por ele sofrida, conforme dispõe o art. 461, § 1º, do CPC. No caso, não sendo possível
a entrega das ações, seja quanto à telefonia fixa seja quanto à telefonia celular, o valor da indenização
será o resultado do produto da quantidade de ações (Súm. n. 371-STJ) multiplicado pela sua cotação
na bolsa de valores exatamente no dia do trânsito em julgado da demanda, ou seja, o valor da ação na
bolsa de valores no dia em que o acionista passou a ter o direito irrecorrível de comercializá-la ou
aliená-la. Esse valor deve ser corrigido monetariamente pelo IPC/INPC a partir do dia do referido
trânsito em julgado e juros legais desde a citação. No caso de eventual sucessão, ter-se-á como
parâmetro o valor das ações da companhia sucessora na bolsa de valores, pois os acionistas passarão,
automaticamente, a ser acionistas da nova empresa. Ao não cumprir espontaneamente sua obrigação
contratual, a recorrida assumiu os riscos e encargos previstos em lei e necessários para a
recomposição do prejuízo sofrido pelo credor. REsp 1.025.298-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado
em 24/11/2010.

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TERCEIRA SEÇÃO

COMPETÊNCIA. DOCUMENTO FALSO. HABILITAÇÃO.

Trata-se de conflito de competência (CC) entre as Justiças Federal e Militar. No caso, o Ministério
Público Militar denunciou o acusado pela suposta prática do crime previsto no art. 315 c/c o art. 311,
ambos do Código Penal Militar (uso de documento falso). Isso porque ele teria apresentado carteira de
habilitação de arrais amador (para condução de embarcação) falsificada à equipe de inspeção naval da
capitania dos portos. A Seção conheceu do conflito e declarou competente para o julgamento do feito a
Justiça Federal, ao entendimento de que, não obstante o objeto da falsificação seja carteira de
habilitação de arrais amador, cuja emissão é realizada pela Marinha do Brasil, órgão integrante das
Forças Armadas, a hipótese não atrai a competência da Justiça Militar. Observou-se que se trata de
delito de falso cometido por sujeito ativo civil que apresentou a documentação quando instado para
tanto no ato de fiscalização naval. Contudo, conforme dispõe o art. 21, XXII, da CF/1988, a execução de
polícia marítima é da competência da União e exercida pela Polícia Federal (art. 144 do mesmo texto
constitucional). Precedentes citados do STF: HC 103.318-PA, DJe 10/9/2010, e HC 90.451-SP, DJe
3/10/2008. CC 108.134-SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 24/11/2010.

COMPETÊNCIA. CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA. DEPUTADO ESTADUAL.

Cuida-se de conflito de competência cuja essência é saber a quem cabe julgar os crimes dolosos contra
a vida quando praticados por deputado estadual, isto é, se a prerrogativa de função desses
parlamentares está inserida na própria Constituição Federal ou apenas na Constituição do estado. A
Seção, por maioria, entendeu que as constituições locais, ao estabelecer para os deputados estaduais
idêntica garantia prevista para os congressistas, refletem a própria Constituição Federal, não se
podendo, portanto, afirmar que a referida prerrogativa encontra-se prevista, exclusivamente, na
Constituição estadual. Assim, deve prevalecer a teoria do paralelismo constitucional, referente à
integração de várias categorias de princípios que atuam de forma conjunta, sem hierarquia, irradiando
as diretrizes constitucionais para os demais diplomas legais do estado. Consignou-se que a adoção de
um critério fundado na aplicação de regras simétricas reforça a relevância da função pública protegida
pela norma do foro privativo. Ademais, a própria Carta da República institui, em seu art. 25, o
princípio da simetria, dispondo que os estados organizam-se e se regem pelas constituições e leis que
adotarem, observando-se, contudo, os princípios por ela adotados. Diante desses fundamentos, por
maioria, conheceu-se do conflito e se declarou competente para o julgamento do feito o TJ. CC
105.227-TO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/11/2010.

SERVIDOR PÚBLICO. PAD. DEMISSÃO.

Trata-se de mandado de segurança impetrado por servidor público contra ato que o demitiu do cargo
de médico do quadro do Ministério da Saúde, em razão da prática de improbidade administrativa e do
uso do cargo para lograr proveito pessoal de outrem em detrimento da dignidade da função pública.
Entre outras alegações, sustenta o impetrante que, após a oitiva de 13 testemunhas e da análise de

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documentos e vistorias, concluiu a comissão de sindicância pela ausência de provas das acusações,
mas, em vez de ser determinado o arquivamento da sindicância nos termos do art. 144 da Lei n.
8.112/1990, houve a sua convolação em processo administrativo disciplinar (PAD). Inicialmente,
esclareceu a Min. Relatora que a sindicância, como procedimento preparatório e prévio à abertura do
PAD, é dispensável quando houver elementos suficientes para a instauração do referido processo.
Assim, não incorre em nulidade a instauração de PAD com o fim de apurar novas infrações além
daquelas objeto de exame inicial na sindicância prévia. Salientou que, para a instauração de PAD, não é
obrigatória a indicação de todos os ilícitos imputados ao servidor, pois, somente após a instrução,
momento no qual a Administração coligirá todos os elementos probatórios aptos a comprovar
possível conduta delitiva do investigado, a comissão processante será capaz de produzir um relato
circunstanciado dos ilícitos supostamente praticados. Desse modo, entendeu a Min. Relatora que a
penalidade disciplinar foi devidamente motivada pela existência de provas suficientes da prática das
infrações que serviram de fundamento para a demissão do servidor, a afastar a ocorrência de seu
direito líquido e certo. Destarte, como as infrações praticadas pelo impetrante enquadraram-se, de
acordo com o ato impetrado, no disposto no art. 132 da Lei n. 8.112/1990, a autoridade coatora não
fez mais do que cumprir a determinação legal de demissão do servidor. Diante desses argumentos,
entre outros, a Seção negou a segurança. Precedentes citados: MS 10.160-DF, DJ 11/12/2006; RMS
12.827-MG, DJ 2/2/2004; MS 12.927-DF, DJ 12/2/2008; MS 12.429-DF, DJ 29/6/2007, e MS 13.091-
DF, DJe 7/3/2008. MS 12.935-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/11/2010.

PAD. SERVIDOR PÚBLICO. SÚMULA VINCULANTE.

Trata-se de mandado de segurança no qual o impetrante objetiva desconstituir o ato administrativo


que culminou em sua demissão do cargo de agente de serviços de engenharia do quadro de pessoal do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Sustenta, em síntese, violação do princípio do
contraditório e da ampla defesa no curso do processo administrativo disciplinar (PAD). Segundo alega,
em face da ausência de defesa técnica, não pôde produzir provas que seriam imprescindíveis para a
justa solução do caso, como a realização de perícia técnica destinada a comprovar que ele agiu
induzido a erro, e não por má-fé, não lhe sendo possível, ainda, reinquirir testemunhas, pedir
acareações etc. Afirma, enfim, que, por diversas vezes, requereu a nomeação de advogado, o que foi
ignorado e, assim, vários atos foram praticados sem sua presença, de seu advogado nem mesmo de
defensor dativo. A Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, negou a segurança pelos
fundamentos, entre outros, de que, com a edição da Súmula Vinculante n. 5-STF, não há falar em
ofensa à CF/1988 em razão de não haver defesa técnica no PAD, desde que seja concedida a
oportunidade de ser efetivado o contraditório e a ampla defesa, tal como ocorreu no caso. Consignou-
se que o impetrante, além de ser devidamente interrogado no curso do PAD, foi notificado outras duas
vezes para prestar novo depoimento, a fim de que pudesse prestar outros esclarecimentos que
entendesse pertinentes, contudo não compareceu a tais designações. Assim, verifica-se que a comissão
processante observou todos os ditames legais que norteiam o PAD, isto é, oportunizou ao impetrante,
durante o curso do processo, o exercício de sua ampla defesa. Registrou-se, por fim, que não há
qualquer óbice legal à tramitação do PAD em cidade diversa daquela em que o servidor encontra-se
lotado, mormente porque os fatos devem mesmo ser apurados no local onde ocorreram as supostas

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irregularidades funcionais. Precedentes citados: MS 13.340-DF, DJe 4/6/2009; MS 13.266-DF, DJe
25/2/2010; MS 12.895-DF, DJe 18/12/2009; MS 13.763-DF, DJe 19/12/2008; MS 12.927-DF, DJ
12/2/2008; RMS 22.128-MT, DJ 10/9/2007, e MS 13.111-DF, DJe 30/4/2008. MS 12.457-DF, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/11/2010.

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PRIMEIRA TURMA

PAD. ABSOLVIÇÃO PENAL.

Cinge-se a controvérsia à possibilidade de condenar servidor público na área administrativa, por


infração disciplinar, após sua absolvição criminal pela imputação do mesmo fato. O entendimento do
STJ é que, afastada a responsabilidade criminal do servidor por inexistência daquele fato ou de sua
autoria, fica arredada também a responsabilidade administrativa, exceto se verificada falta disciplinar
residual sancionável (outra irregularidade que constitua infração administrativa) não abarcada pela
sentença penal absolutória (Súm. n. 18-STF). No entanto, a Turma não conheceu do recurso em face do
óbice da Súm. n. 7-STJ. Precedentes citados: REsp 1.199.083-SP, DJe 8/9/2010; MS 13.599-DF, DJe
28/5/2010, e Rcl 611-DF, DJ 4/2/2002. REsp 1.012.647-RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
23/11/2010.

LEI. FALÊNCIAS. INSOLVÊNCIA CIVIL.

A Turma negou provimento ao recurso da União por entender que a Lei de Falências (arts. 23,
parágrafo único, III, e 26, ambos do DL n. 7.661/1945) aplica-se analogicamente à insolvência civil no
tocante à multa moratória e aos juros, pois o CPC, quanto a isso, é omisso, porquanto ubi eadem ratio
ibi eadem dispositio. Conforme corroborado por abalizada doutrina, os dois institutos se alicerçam no
estado patrimonial deficitário, tendo em vista a realização de todo o patrimônio do devedor para
rateio entre todos os credores do insolvente. Assim, declarada a insolvência, cria-se uma
universalidade do juízo concursal, ocorrendo a intervenção do administrador da massa, situação
semelhante à produzida quando da decretação de falência, vislumbrando-se identidade dos institutos
em relação à sua causa e finalidade. Precedente citado: REsp 21.255-PR, DJ 21/11/1994. REsp
1.108.831-PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/11/2010.

REFIS. PROCESSO ADMINISTRATIVO PENDENTE.

Cinge-se a controvérsia em saber se a ausência de formalização do pedido de desistência de processo


administrativo fiscal constitui causa legal para a exclusão do contribuinte do Programa de
Recuperação Fiscal (Refis). Ocorre que, embora o art. 5º da Lei n. 9.964/2000 estabeleça as hipóteses
de exclusão da pessoa jurídica que aderiu ao mencionado programa, não contemplou a situação de
verificação superveniente de pendência de recurso administrativo concernente ao crédito tributário
incluído no programa. Igualmente, a INRF n. 43/2000, que instituiu a declaração Refis, a ser
apresentada pelas pessoas jurídicas optantes do referido programa, previu o modo de formalização do
pedido de desistência do contencioso administrativo, mas não estabeleceu sanção de exclusão do
programa pela ausência de requerimento formal de desistência de todos os recursos administrativos
referentes a crédito tributário parcelado. De fato, o deferimento da inclusão dos débitos tributários no
Refis pressupõe a aferição da autoridade fiscal atinente aos requisitos necessários, como o pedido de
desistência de recurso administrativo, operando-se a preclusão. Assim, a superveniente demonstração
de ausência do requerimento formal de desistência não tem respaldo legal para motivar a exclusão do

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parcelamento do crédito tributário do programa (arts. 7º e 8º da Lei n. 10.684/2003). Precedentes
citados: REsp 1.038.724-RJ, DJe 25/3/2009; EDcl no AgRg no REsp 730.190-PR, DJe 2/6/2010; AgRg
nos EDcl no REsp 786.604-RS, DJe 5/5/2010, e REsp 958.585-PR, DJ 17/9/2007. REsp 1.127.103-PR,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/11/2010.

QO. MC. CASSAÇÃO. ACÓRDÃO.

Trata-se de medida cautelar (MC) visando à cassação de acórdão proferido pela Primeira Turma do
STJ ou, alternativamente, seu deferimento para expedição de certidão positiva de débito com efeitos
de negativa, por ser absolutamente necessária à manutenção da requerente (pagamento de salários
dos componentes do time de futebol em questão), até o julgamento do recurso extraordinário pelo
STF. O Min. Relator esclareceu que as medidas cautelares são admissíveis para atribuir efeito
suspensivo a recurso de competência deste Superior Tribunal, bem como em recursos extraordinários
pendentes de juízo de admissibilidade (art. 288 do RISTJ e Súm. n. 635-STF). In casu, a MC tem como
objeto a cassação de acórdão proferido pelo STJ, finalidade que só poderá ser alcançada por via
recursal. Com essas considerações, a Turma, em questão de ordem suscitada pelo Min. Relator,
indeferiu liminarmente a MC. QO na MC 17.464-DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgada em
23/11/2010.

10
SEGUNDA TURMA

PUBLICIDADE. SUPORTE. PLACA. VEÍCULO.

Trata-se de REsp interposto pela União no qual sustenta ser vedada a confecção de suportes de
molduras para placas traseiras de veículos com a inscrição de fabricante e concessionária (informe
publicitário), conforme disposto nos arts. 221 e 230, XV, da Lei n. 9.503/1997 (Código de Trânsito
Brasileiro - CTB), 91, § 2º, do Dec. n. 1.683/1995 e Res. n. 45/1998 do Conselho Nacional de Trânsito
(Contran). Na origem, a recorrida buscou em ação ver declarado seu direito de continuar fabricando
suportes de placas com inscrições comerciais nas suas bases, visto que o Contran negou seu pedido
administrativo. Para o Min. Relator, o acórdão recorrido não merece reformas; pois, conforme foi
decidido, a empresa tem direito de confeccionar os suportes para placas de veículos, colocando na
base marca e razão do fabricante e do revendedor do veículo. Isso porque o novo CTB (Lei n.
9.503/1997) recepcionou as determinações contidas no art. 91, § 2º, do Dec. n. 62.127/1968 (com a
redação dada pelo Dec. n. 1.683/1995), o qual, segundo o Min. Relator, não deixa dúvidas de que as
inscrições de marcas, logotipos, razão social ou nome do fabricante não configuram publicidade, como
vedada pelo art. 230, XV, do CTB (inscrições, adesivos, legendas e símbolos publicitários afixados no
para-brisa ou em toda a extensão da parte traseira do veículo). Ressalta, assim, que a inclusão de
marca ou razão social impressa na borda dos suportes para placas não violaria o objetivo da norma,
que é a manutenção da segurança no trânsito. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao
recurso. REsp 901.867-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/11/2010.

TAC. MINISTÉRIO PÚBLICO. ACP.

A Turma aplicou por analogia a Súm. n. 283-STF e não conheceu do REsp do Ministério Público
Federal (MPF) no qual sustentava ter havido violação do art. 5º, § 6º, da Lei n. 7.347/1985, visto que o
termo de ajustamento de conduta (TAC), no caso, não constituiu título executivo extrajudicial porque
não cumpriu as exigências legais, ou seja, não houve homologação de órgão administrativo superior
do MPF, além de afirmar que o objeto da presente demanda abrangeria aspectos de indenização que
não foram abarcados pelo TAC. Sucede que, no REsp, o Parquet deixou de atacar um dos fundamentos
do acórdão recorrido, segundo o qual haveria a impossibilidade jurídica de o MPF, após ter firmado o
TAC - permitindo a construção da casa de acordo com as condições estipuladas e mediante o
atendimento de vários requisitos, por exemplo, a manutenção intocada da vegetação -, vir propor ação
civil pública (ACP) com objetivo de demolir esse mesmo imóvel ou obter a equivalente reparação
pecuniária, sob pena de configurar essa conduta do MPF como contraditória. Considerou também o
acórdão recorrido ser irrelevante que o imóvel, tal como alegado, esteja assentado sobre terreno de
marinha ou em área de preservação permanente. REsp 1.214.513-SC, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 23/11/2010.

11
TERCEIRA TURMA

TESTAMENTO. PRINCÍPIO DA UNICIDADE.

O testamento em questão foi lavrado da seguinte forma: primeiro, o oficial do cartório remeteu
espécie de minuta do testamento ao testador octogenário (de delicada saúde), que fez nela correções,
e, só após isso, foi à residência do testador com o texto final do testamento, que foi lido pelo oficial e
assinado pelo testador e testemunhas. Nesse contexto, não há como ter por ofendido o art. 1.632 do
CC/1916 pela falta de observância do princípio da unicidade do ato; pois, antes de tudo, há que
privilegiar a vontade do testador, ainda que se sustente a ocorrência de eventual inobservância dos
requisitos formais do testamento. Tal não ocorreria se existente fato concreto passível de causar
dúvidas quanto à própria faculdade do testador de livremente dispor de seus bens, o que não é o caso,
pois o TJ afastou a alegação de incapacidade mental do testador no momento da elaboração do
testamento, decisão contra a qual sequer se insurgiram os recorrentes. Assim, as assertivas do TJ
referentes à perfeição formal do ato testamentário (certificada pelo oficial), sua veracidade e
regularidade encontram-se abrigadas na Súm. n. 7-STJ, que impede sua revisão nesta sede especial. Ao
acolher esse entendimento, a Turma, dando prosseguimento ao julgamento, negou provimento ao
especial. O voto vista do Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ-RS) alude a
parecer inserto nos autos que assinala ser possível mitigar as formalidades testamentárias desde que
justificado, como no caso. Já o Min. Sidnei Beneti ressaltou que essa é interpretação mais moderna das
formalidades constantes do art. 1.632 do CC/1916, que dizem respeito a outros tempos em que os
documentos realmente se produziam manuscritos e diretamente na presença de todas as pessoas
envolvidas. Precedentes citados do STF: RE 21.731-CE, DJ 5/10/1953; do STJ: REsp 1.001.674-SC, DJe
15/10/2010; REsp 223.799-SP, DJ 17/12/1999; REsp 828.616-MG, DJ 23/10/2006, e REsp 228-MG,
DJ 4/12/1989. REsp 753.261-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 23/11/2010.

12
QUARTA TURMA

EXECUÇÃO. DUPLICATA. ACEITE.

Trata-se de REsp contra acórdão que confirmou extinção de execução promovida pelo ora recorrente,
ao fundamento de que a duplicata que embasava a cobrança não tinha aceite nem era acompanhada
de comprovante de entrega de mercadorias. Aduz o recorrente que o acórdão atacado contrariou o
art. 15, § 1º, da Lei n. 5.474/1968, pois a execução é direcionada contra a endossante e o avalista da
cártula, o que não se confunde com as condições exigidas para a cobrança do sacado, quando, aí sim,
exige-se o aceite e o comprovante de entrega das mercadorias. A Turma conheceu do recurso e lhe deu
provimento ao entendimento de que, contra a própria emitente da cártula e seu garante, é cabível a
execução seguida do protesto, independentemente de aceite ou de comprovante de entrega de
mercadorias, em razão do fato de terem sido eles mesmos os responsáveis pela geração da duplicata,
de sorte que não podem alegar vícios relativos ao reconhecimento da dívida ou à prova da realização
efetiva do negócio jurídico que ela representa. Acentuou-se que, com o endosso translativo ao banco,
que, por sua vez, descontou a duplicata, aqueles se tornaram responsáveis pelo pagamento da dívida,
independentemente do aceite pela sacada ou do comprovante de entrega das mercadorias, pois os
vícios apontados não podem ser por eles opostos. Precedente citado: REsp 250.568-MS, DJ
18/12/2000. REsp 598.215-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 23/11/2010.

ANULAÇÃO. REGISTRO. MARCA. COLIDÊNCIA.

Trata-se de REsp decorrente de ação proposta na origem pela recorrente a fim de anular registro
posterior ao seu no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de determinada marca
comercial feito por sociedade que opera no mesmo segmento de mercado, ou seja, prestação de
serviços de ensino, educação e afins. Em grau de apelação, assentou-se não ter razão a recorrente sob
o fundamento, entre outros, de não existir colidência entre as marcas. A Turma deu provimento ao
recurso por entender que o direito decorrente do registro da marca exclui seu emprego por qualquer
outra empresa do mesmo ramo de atividade, por acarretar prejuízo à sua legítima detentora, como
também aos consumidores que ficam sujeitos à confusão em face da identidade de marcas para
atividades idênticas desenvolvidas por pessoas jurídicas distintas na mesma região. Salientou-se que a
recorrente tem seu nome e título de estabelecimento registrado desde 16/3/1971, o que ocorreu sob
a vigência da Lei n. 5.772 daquele mesmo ano (antiga lei da propriedade industrial - LPI), razão por
que a pretensão de obter a anulação do registro da recorrida ainda mais se impõe nos termos do art.
65 do referido diploma legal. Consignou-se, ademais, que, além do registro de seus atos constitutivos
em 1971, a recorrente solicitou sua marca no INPI em 1994, obtendo a referida concessão de
exclusividade no uso da expressão questionada em 28/6/1996, aplicando-se, assim, o art. 124, V, da
Lei n. 9.279/1996 (nova LPI). Desse modo, não viceja a afirmativa do tribunal de origem de inexistir
colidência pelo fato de a recorrente prestar serviços de ensino fundamental e a recorrida, de ensino
universitário, uma vez que nada impede, no futuro, que aquela venha a expandir-se no segmento de
mercado em que atua, passando também a prestar serviços educacionais de nível superior.
Precedentes citados: REsp 62.770-RJ, DJ 4/8/1997; REsp 40.190-RJ, DJ 29/9/1997, e REsp 142.954-

13
SP, DJ 13/12/1999. REsp 887.686-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/11/2010.

REINTEGRATÓRIA. POSSE. AUDIÊNCIA. JUSTIFICAÇÃO.

Trata-se de REsp decorrente de ação reintegratória de posse ajuizada, na origem, pela ora recorrida
em desfavor da ora recorrente. Sustenta esta, em síntese, violação do art. 930, parágrafo único, do
CPC, visto que, não tendo sido intimada nos termos do referido dispositivo legal, não poderia o
tribunal a quo ter declarado sua revelia. Nesta instância especial, observou-se que, na hipótese,
efetivamente na audiência de justificação, não foi apreciada a liminar nem fixado prazo para
contestação, tampouco ocorreu a posterior intimação da recorrente, que se viu prejudicada no
exercício do seu direito de defesa. Assim, entendeu-se carecer de respaldo jurídico a assertiva contida
no bojo do acórdão impugnado de que a recorrente foi regularmente citada para contestar a ação,
porquanto a audiência de justificação não é a sede para oferecer contestação, mas apenas para
informar ao juiz os elementos de convicção para apreciar a liminar. Portanto, deveria ter sido
intimada a recorrente em conformidade com o citado dispositivo da Lei Adjetiva Civil. Diante disso, a
Turma deu provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 39.647-MG, DJ 23/5/1994; REsp
47.107-MT, DJ 8/9/1997, e AgRg no Ag 826.509-MT, DJe 11/9/2008. REsp 890.598-RJ, Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 23/11/2010.

EXECUÇÃO. SFH. INTIMAÇÃO. EDITAL.

Trata-se de REsp em que a recorrente alega violação dos arts. 31, § 2º, e 32, § 1º, do DL n. 70/1966 ao
argumento de que não houve o esgotamento dos meios para sua intimação pessoal antes da realização
de sua intimação por edital, além de divergência jurisprudencial em relação à necessidade de prévia
avaliação do bem a ser leiloado nos casos de execução extrajudicial de imóveis adquiridos pelo
Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A recorrida, por sua vez, em contrarrazões, aduz, entre outras
questões, que ficou assentado, no acórdão recorrido, o cumprimento das formalidades prescritas no
DL n. 70/1966, que estabelece procedimento especial de execução, com o qual manifestou
concordância o mutuário quando da assinatura do contrato levado a efeito por terceiro devidamente
credenciado pelo Bacen, o agente fiduciário. Argumenta, ainda, que esse procedimento visa manter o
fluxo de retorno dos recursos emprestados no âmbito do SFH e que, embora possibilite a execução
extrajudicial do contrato, a imissão de posse depende de decisão em processo no Poder Judiciário em
cujo âmbito será possível amplo contraditório. Nesta instância especial, asseverou-se que o
posicionamento adotado pelo tribunal a quo encontra-se inteiramente de acordo com o entendimento
desta Corte Superior segundo o qual, nos termos estabelecidos pelo § 1º do art. 31 do DL n. 70/1966, a
notificação pessoal do devedor, por intermédio do cartório de títulos e documentos, é a forma normal
de cientificá-lo na execução extrajudicial do imóvel hipotecado. Todavia, frustrada essa forma de
notificação, é cabível aquela por edital, nos termos do § 2º do mesmo artigo, inclusive para a
realização do leilão. Frisou-se que, in casu, o acórdão recorrido, com base na análise dos documentos
constantes dos autos, considerou que foi promovida a intimação pessoal para a purgação da mora e
também a intimação por meio de edital para o primeiro e o segundo leilão após a recorrente se haver
recusado a assinar a intimação a ela dirigida, incidindo, assim, o verbete sumular n. 83-STJ em relação
14
a esse tópico. No que se refere ao argumento de suposta ausência de avaliação do imóvel leiloado,
observou-se não assistir melhor sorte à recorrente em razão de o tribunal de origem ter firmado o
entendimento de que a recorrida utilizou-se de prerrogativa conferida pela própria norma jurídica
(DL n. 70/1966) e também pelo instrumento contratual firmado com a mutuária, não havendo
qualquer ilegalidade no ato executório, motivos pelos quais não existiriam elementos capazes de
anular o leilão do imóvel em apreço, haja vista que não foi comprovada nenhuma irregularidade da
instituição financeira ao proceder a tal execução. Por fim, asseverou-se que o rito da execução
extrajudicial disciplinado pelo DL n. 70/1966 já foi reiteradamente proclamado compatível com a
CF/1988 tanto por este Superior Tribunal quanto pelo STF. Com esses fundamentos, a Turma
conheceu em parte do recurso e, nessa extensão, negou-lhe provimento. Precedentes citados: EAg
1.140.124-SP, DJe 21/6/2010, e REsp 480.475-RS, DJ 5/6/2006. REsp 1.147.713-PB, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 23/11/2010.

15
QUINTA TURMA

HC. CONTINUIDADE DELITIVA. REQUISITOS.

A Turma denegou a ordem de habeas corpus para não reconhecer a continuidade delitiva entre os
delitos de homicídio praticados pelo paciente. Para a caracterização do crime continuado, consignou-
se que o STJ vem adotando a teoria mista, a qual exige o preenchimento dos requisitos objetivos -
mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução - e do subjetivo - unidade de desígnios. In
casu, asseverou o Min. Relator que entender de modo contrário à conclusão do tribunal a quo de que
tais requisitos não teriam sido cumpridos demandaria revolvimento fático-probatório dos autos, o
que não é possível em habeas corpus. Salientou, ademais, que eventual modificação da sentença
condenatória, in casu, exigiria ainda mais cautela por se tratar de julgamento proveniente do tribunal
do júri, em que impera a soberania dos veredictos. Precedentes citados do STF: HC 89.097-MS, DJe
24/4/2008; HC 85.113-SP, DJ 1º/7/2005; RHC 85.577-RJ, DJ 2/9/2005; HC 95.753-RJ, DJe 6/8/2009;
HC 70.794-SP, DJ 13/12/2002; do STJ: HC 142.384-SP, DJe 13/9/2010, e HC 93.323-RS, DJe
23/8/2010. HC 151.012-RJ, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 23/11/2010.

SUSPENSÃO. RESP. REPETITIVO. SIMILITUDE.

A Turma concedeu parcialmente a ordem de habeas corpus para determinar que o tribunal a quo
prossiga no exame da admissibilidade do recurso especial interposto pelo paciente e suspenso com
base no regime do art. 543-C do CPC (recurso repetitivo). In casu, entendeu a Min. Relatora não haver
similitude fático-jurídica entre o caso em enfoque e o recurso selecionado como representativo da
controvérsia. HC 152.337-CE, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/11/2010.

COMPETÊNCIA. CRIME. POLICIAL FEDERAL.

A Turma, entre outras questões, assentou, por maioria, que compete à Justiça Federal o julgamento
dos delitos cometidos por policiais federais que estejam fora do exercício de suas funções, mas
utilizem farda, distintivo, identidade, arma e viatura da corporação. REsp 1.102.270-RJ, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/11/2010.

APOSENTADORIA ESPECIAL. TEMPUS REGIT ACTUM.

A Turma deu provimento ao recurso especial para afastar o cômputo como atividade exercida em
condições especiais de períodos anteriores à vigência da Lei n. 3.807/1960, regulamentada pelo Dec.
n. 53.831/1964 (revogado pelo Dec. n. 63.230/1968), a qual instituiu a aposentadoria especial. In casu
, sustentou o Min. Relator que o art. 162 do referido diploma legal não assegurou a retroatividade do
benefício, mas apenas resguardou os direitos outorgados pela respectiva legislação. Nesse contexto,
concluiu não ser possível que a norma retroaja sem expressa previsão nesse sentido, tendo em vista
que o tempo de serviço é regido pela lei vigente à época em que efetivamente exercido. Precedentes
citados: AgRg no REsp 1.103.602-RS, DJe 3/8/2009; REsp 1.105.630-SC, DJe 3/8/2009, e AgRg no
16
REsp 924.827-SP, DJ 6/8/2007. REsp 1.205.482-SC, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 23/11/2010.

VAGAS. JUIZ. CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.

A Turma, por maioria, deu provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança para reformar
o acórdão do tribunal a quo que denegou o writ e declarou a inconstitucionalidade do art. 51, IV, da
Constituição estadual, vigente à época. In casu, a impetração insurgiu-se contra o ato do presidente do
TJ que, por meio de edital, não ofereceu a totalidade das comarcas vagas para fins de remoção e
promoção de magistrados do estado, o que contrariaria o referido dispositivo constitucional o qual
determinava o provimento dessas vagas no prazo de 30 dias. No voto vencido, o Min. Relator
originário manteve o acórdão recorrido por considerar não haver simetria entre o artigo declarado
inconstitucional e a Constituição Federal, que, assim como a Loman, não fixa prazo para o
preenchimento de tais vagas, afrontando, com isso, o art. 125, caput, da CF/1988. Ademais, sustentou
também haver ofensa ao § 1º do mesmo art. 125, tendo em vista que o art. 51, IV, da Constituição
estadual versou sobre organização judiciária, matéria que exige iniciativa exclusiva do Poder
Judiciário. No voto vencedor, o Min. Gilson Dipp observou, preliminarmente, que caberia anular o
acórdão recorrido por inobservância das formalidades atinentes ao incidente de inconstitucionalidade
o qual, além de ter procedimento específico (arts. 480 a 482 do CPC), possui conteúdo diverso do
mérito da demanda principal e comporta recurso próprio (recurso extraordinário). Contudo, ao
entender que o mérito poderia ser analisado desde logo, consignou que o dispositivo constitucional
estadual, ao estabelecer prazo para oferecimento e provimento de vagas, não incorreu em violação da
CF/1988 (art. 93, II e VIII-A) nem da Loman, por se tratar de regra de administração judiciária interna
destinada a agilizar o procedimento. Salientou, igualmente, não ser caso de afronta à competência
privativa do TJ para dispor sobre o assunto, já que o mencionado artigo não modificou o regime de
remoção e promoção dos juízes. Segundo o Min. Gilson Dipp, assim como o constituinte pode tratar de
matéria constitucional, também lhe é possível versar sobre matéria infraconstitucional, motivo pelo
qual pode adentrar tema cuja iniciativa compete ao Poder Judiciário sem que isso importe
contrariedade ao equilíbrio da separação dos poderes, já que é o próprio constituinte quem os institui.
RMS 19.895-GO, Rel. Min. originário Jorge Mussi, Rel. Min. para acórdão Gilson Dipp, julgado em
23/11/2010.

FUNÇÃO COMISSIONADA. INCORPORAÇÃO. APOSENTADORIA.

A Turma negou provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, mantendo o


entendimento do tribunal a quo de que não há previsão legal para a incorporação dos valores
referentes à função comissionada que o recorrente exercia na atividade aos proventos de
aposentadoria por invalidez, tendo em vista a revogação do art. 193 da Lei n. 8.112/1990. Consignou-
se que o art. 7º da Lei n. 9.624/1998 ressalvou o direito à incorporação dos servidores que, até 19 de
janeiro de 1995, tenham completado todos os requisitos para a obtenção da aposentadoria, o que não
ocorreu no caso. Asseverou a Min. Relatora não haver violação do princípio da irredutibilidade de
vencimentos por se tratar de vantagem de caráter propter laborem. Precedentes citados: RMS 14.103-
DF, DJ 15/12/2003, e RMS 20.036-MS, DJe 15/12/2009. RMS 22.996-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
17
em 25/11/2010.

18
SEXTA TURMA

IMPEDIMENTO. JUIZ CONVOCADO. TJ.

No caso, foi proferida sentença por juiz que, posteriormente, foi convocado para compor o TJ e,
efetivamente, veio a participar do julgamento da apelação interposta pela defesa do ora paciente, no
qual foi mantida a sentença. Assim, a Turma entendeu que houve ofensa ao art. 252, III, do CPP, que
prevê regra de impedimento, devendo-se decretar a nulidade do respectivo acórdão por infração à lei
processual e, em última razão, à própria imparcialidade do magistrado. Precedentes citados: HC
121.416-RS, DJe 3/11/2009; HC 57.018-SP, DJe 22/3/2010; HC 113.176-AL, DJe 31/8/2009, e HC
31.042-RJ, DJe 3/8/2009. HC 172.009-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
23/11/2010.

CONFISSÃO. NÃO EXTENSÃO. CORRÉUS.

A circunstância atenuante de confissão espontânea é de caráter subjetivo, pessoal, uma vez que o ato
de reconhecer e declarar o ocorrido é prestado pela própria parte à qual a benesse se destina. O que
busca a norma é agraciar o agente que contribui com a Justiça. Logo, não se pode estender a
minoração da pena pela confissão a outros acusados que não confessaram, desvirtuando, assim, o
intuito da lei penal. Daí a Turma deu provimento ao recurso para afastar das penas dos demais réus a
atenuante da confissão feita por somente um dos acusados. Precedentes citados: HC 89.321-MS, DJe
6/4/2009; RHC 10.892-SP, DJ 17/9/2001, e REsp 603.909-DF, DJ 3/11/2004. REsp 905.821-PR, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2010.

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