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DA PRISÃO, DAS

MEDIDAS CAUTELARES E
DA LIBERDADE
(LEI 12.403/11, QUE MODIFICOU O
CPP)

DIREITO PROCESSUAL PENAL


PROF.CLODOVIL MOREIRA SOARES
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE
( A NOVA LEI 12.403/11, QUE MODIFICA O CPP)
1. Função da medida cautelar no processo penal.
2. Classificação das medidas cautelares no processo penal.
3. Características do Sistema cautelar.
4. Critérios para aplicação de medidas cautelares penais (Art. 282, I e II);
5. Procedimento de aplicação das medidas cautelares (Art. 282,
parágrafos);
6. Fundamentos das Prisões Cautelares –espécies;
7. Da execução provisória da pena (Decisões: STF e STJ);
8. Racionalização das comunicações processuais;
9. Garantia de separação dos presos processuais;
10.Tratamento Constitucional da Prisão;
11.Fundamentos
12.Da Prisão Em flagrante – Da Audiência de Custódia;
13.Da Prisão Preventiva. Requisitos;
14.Da Prisão Temporária;
15.Da Prisão domiciliar;
16. Outras medidas cautelares;
17. Da Fiança – Procedimento;
18. Da unificação de informações;
19. Vacatio legis e revogações;
20. Conclusões.
1. FUNÇÃO DA MEDIDA CAUTELAR NO
PROCESSO PENAL
ASSEGURAR A FINALIDADE DO PROCESSO:
A. EM BUSCA DA CORRETA APURAÇÃO DO FATO DELITUOSO;

B. A FUTURA E POSSÍVEL EXECUÇÃO DA SANÇÃO;

C. A PROTEÇÃO DA COLETIVIDADE E DA VÍTIMA,


FRENTE AO RISCO DA REITERAÇÃO DA CONDUTA DELITUOSA;

D. POSSIBILITAR O RESSARCIMENTO DO DANO CAUSADO


PELO DELITO.

QUANDO PODEM SER CONCEDIDAS? - DURANTE TODA PERSECUÇÃO


PENAL
(FASE INESTIGATÓRIA E NO CURSO DO PROCESSO)

“AFINAL, COMO ADVERTIU CALAMANDREI, SEM CAUTELA TER-SE-IA


UM REMÉDIO LONGAMENTE ELABORADO PARA UM DOENTE JÁ MORTO.”
(RENATO BRASILEIRO, 2019)
2. CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDA CAUTELAR NO
PROCESSO PENAL
ESPÉCIE CONCEITO EXEMPLOS
MEDIDAS CAUTELARES São aquelas que tem o objetivo de Arresto,
PATRIMONIAL garantir a satisfação, em caso de Sequestro,
condenação, de eventual pena de Hipoteca Legal
multa, custas processuais, (Arts. 125 a 144
ressarcimento dos danos causados do CPP) e
pela perpetração delitiva, bem como restituição de
conferir eficácia às decisões que coisas
refreiam a sofisticação dos atos de apreendidas
mascaramento de organizações (contracautela).
criminosas.
MEDIDAS CAUTELARES São aquelas que visam à obtenção Busca e
PROBATÓRIAS de uma prova para o processo, com apreensão,
a finalidade de assegurar a utilização Quebra de sigilo
no processo dos elementos telefônico,
probatórios por ela revelados ou Quebra de sigilo
evitar seu perecimento. bancário.
MEDIDAS CAUTELARES São aquela medidas restritivas ou Prisão preventiva,
PESSOAIS privativas da liberdade de locomoção prisão temporária,
do investigado ou acusado, com o prisão domiciliar e
objetivo de assegurar a finalidade do outras medidas
processo, importando no sacrifício da cautelares diversas
3. CARACTERÍSITCAS DO SISTEMA CAUTELAR
JURISDICIONALIDADE PROVISIONALIDADE PROVISORIEDADE

Toda e qualquer medida As cautelares são Relacionada ao


cautelar só pode ser situacionais, na medida em fator tempo, indica
decretada por ordem que tutelam uma situação que toda medida
judicial fundamentada, fática. Desaparecendo o cautelar deve(ria)
estão submetidas á suporte fático legitimador, ser de breve
análise judicial. corporificado no fumus duração, não
commissi delicti e/ou no
podendo assumir
periculum libertatis, deve
contornos de pena
cessar a medida. (Art. 282,
§ 5º).
antecipada.

EXCEPCIONALIDADE PROPROCIONALIDADE
As prisões cautelares são a ultima A gravidade da medida imposta
ratio do sistema, reservada para os deve ser proporcional a finalidade
casos mais graves. As demais pretendida, a restrição a liberdade
medidas ganharam contornos de jamais poderá ser mais severa que
adequação e necessidade. a sanção a ser aplicada ao fim do
processo.
A doutrina tem apontado outras denominações: acessoriedade,
preventividade, instrumentalidade hipotética ou qualificada, revogabilidade,
não definitividade, referibilidade e sumariedade. (todas têm o conteúdo
atendido pelas 5 primeiras já analisadas)
4. NOVO REGIME DAS CAUTELARES PESSOAIS:
CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO (ART. 282, I E II);
ART. 282. AS MEDIDAS CAUTELARES PREVISTAS NESTE
TÍTULO DEVERÃO SER APLICADAS OBSERVANDO-SE A:

I - NECESSIDADE PARA APLICAÇÃO DA LEI PENAL, PARA A


INVESTIGAÇÃO OU A INSTRUÇÃO CRIMINAL E, NOS CASOS
EXPRESSAMENTE PREVISTOS, PARA EVITAR A PRÁTICA DE
INFRAÇÕES PENAIS;

II - ADEQUAÇÃO DA MEDIDA À GRAVIDADE DO CRIME,


CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO E CONDIÇÕES PESSOAIS DO
INDICIADO OU
ACUSADO.

(III- proporcionalidade estrita, compondo o conceito amplo de


proprocionalidade)
DESTAQUE:
1. NECESSIDADE (GRAU DE RISCO A INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO OU
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E /OU ECONÔMICA;
2. ADEQUAÇÃO (GRAVIDADE DO CRIME, CIRCUNSTÂNCIAS E CONDIÇÕES
PESSOAIS DO AGENTE).
5. PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS
CAUTELARES (ART. 282, PARÁGRAFOS).
§ 1O AS MEDIDAS CAUTELARES PODERÃO SER
APLICADAS ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE.

§ 2O AS MEDIDAS CAUTELARES SERÃO DECRETADAS


PELO JUIZ, DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DAS
PARTES OU, QUANDO NO CURSO DA INVESTIGAÇÃO
CRIMINAL, POR REPRESENTAÇÃO DA AUTORIDADE
POLICIAL OU MEDIANTE REQUERIMENTO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO.

ATENÇÃO: a Lei Maria da Penha (art. 20, Lei 11.340/06) não faz
qualquer ressalva, dispondo que o Juiz poderá decretar a prisão
preventiva de oficio, mediante representação ou a requerimento do
Ministério Público em qualquer fase da persecução penal.
5. PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS
CAUTELARES (ART. 282, PARÁGRAFOS).

§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de


ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, acompanhada de cópia do requerimento e
das peças necessárias, permanecendo os autos em
juízo.

OBRIGATORIEDADE DO CONTRADITÓRIO

Atenção: quando houver


risco dessa comunicação inviabilizar a medida, teremos o
CONTRADITÓRIO DIFERIDO, ou seja, a parte contrária poderá se
defender depois que a medida já foi decretada.
5. PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS
CAUTELARES (ART. 282, PARÁGRAFOS).

§ 4O NO CASO DE DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER DAS


OBRIGAÇÕES IMPOSTAS, O JUIZ, DE OFÍCIO OU MEDIANTE
REQUERIMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DE SEU
ASSISTENTE OU DO QUERELANTE, PODERÁ SUBSTITUIR A
MEDIDA, IMPOR OUTRA EM CUMULAÇÃO, OU, EM ÚLTIMO
CASO, DECRETAR A PRISÃO PREVENTIVA (ART. 312,
PARÁGRAFO ÚNICO).

ASSIM, DE FORMA ESQUEMÁTICA, EM CASO DE


DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS, O JUIZ
PODE:
A) SUBSTITUIR A MEDIDA CAUTELAR IMPOSTA POR OUTRA
B) CUMULAR COM OUTRA MEDIDA CAUTELAR
C) EM ÚLTIMO CASO, DECRETAR A PRISÃO PREVENTIVA.
5. PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS
CAUTELARES (ART. 282, PARÁGRAFOS).

§ 5º. O JUIZ PODERÁ REVOGAR A MEDIDA CAUTELAR OU


SUBSTITUÍ-LA QUANDO VERIFICAR A FALTA DE MOTIVO
PARA QUE SUBSISTA, BEM COMO VOLTAR A DECRETÁ-LA,
SE SOBREVIEREM RAZÕES QUE A JUSTIFIQUEM.
“ PROVISIONALIDADE”

ATENÇÃO: segundo a nova lei, não pode haver


essa decisão por representação do Delegado de
Polícia.
§ 6º. A PRISÃO PREVENTIVA SERÁ DETERMINADA QUANDO
NÃO FOR CABÍVEL A SUA SUBSTITUIÇÃO POR OUTRA
MEDIDA CAUTELAR (ART. 319).” (NR)

“EXCEPCIONALIDADE - ÚLTIMA RATIO”


5.1. RECURSOS CABÍVEIS.
I. EM FAVOR DA ACUSAÇÃO: II. EM FAVOR DO ACUSADO: NÃO
RESE. PREVÊ RECURSO.

- LEGITIMIDADE DO MP. - UTILIZA-SE DO H.C., EM CASO


DE DECRETAÇÃO DA
- ART. 581,I. PREVENTIVA.

- SUMÚLA 707 STF. - EM CASO DE DECRETAÇÃO DE


PRISÃO PREVENTIVA NA DECISÃO
DE PRONÚNCIA CABERÁ RESE.
- Art. 581, Iv, CPP.

A DETRAÇÃO PREVISTA NO ART. 42 DO CÓDIGO PENAL, NÃO FOI TRATADA


PELA LEI 12.403/11. NO ENTANTO, ENTENDE-SE QUE, NUMA
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA, É POSSIVEL A DETRAÇÃO PARA O
CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE MEDIDAS CAUTELARES COM PRIVAÇÃO DA
LIBERDADE DO ACUSADO.
6. FUNDAMENTOS DAS PRISÕES
CAUTELARES –ESPÉCIES;
“ART. 283. NINGUÉM PODERÁ SER PRESO SENÃO EM
FLAGRANTE DELITO OU POR ORDEM ESCRITA E
FUNDAMENTADA DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE,
EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA
TRANSITADA EM JULGADO OU, NO CURSO DA INVESTIGAÇÃO
OU DO PROCESSO, EM VIRTUDE DE PRISÃO TEMPORÁRIA OU
PRISÃO PREVENTIVA.”
ART. 5º, LXI: “NINGUÉM SERÁ PRESO SENÃO EM FLAGRANTE DELITO OU
POR ORDEM ESCRITA E FUNDAMENTADA DE AUTORIDADE JUDICIÁRIA
COMPETENTE, SALVO NOS CASOS DE TRANSGRESSÃO MILITAR, OU CRIME
PROPRIAMENTE MILITAR, DEFINIDOS EM LEI.” (Princípio da Inocência)

§ 1º. AS MEDIDAS CAUTELARES PREVISTAS NESTE TÍTULO


NÃO SE APLICAM À INFRAÇÃO A QUE NÃO FOR ISOLADA,
CUMULATIVA OU ALTERNATIVAMENTE COMINADA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE.
6.1. FUNDAMENTOS DA PRISÃO CAUTELAR

DOUTRINA TRADICIONAL DOUTRINA MODERNA

1. PERICULUM IN MORA: O 1. PERICULUM


perigo ou risco de que a demora LIBERTATIS: Existência de
no julgamento possa impedir a um risco para o
correta solução da causa ou desenvolvimento regular do
aplicação da sanção punitiva. processo e para execução
criado a partir da liberdade do
réu.

2. FUMUS BONI JURIS: É a 2. FUMUS COMISSI


fumaça do bom direito. A DELICTI: A probabilidade de
presença de provas da existência de um crime,
existência do crime e de indícios havendo dados fáticos, juízo
suficientes de autoria. provável da autoria,
demonstrada a tipicidade e
demais elementos do conceito
analítico de crime.
6. FUNDAMENTOS DAS PRISÕES
CAUTELARES –restrições;
§ 2º. A PRISÃO PODERÁ SER EFETUADA EM QUALQUER DIA E
A QUALQUER HORA, RESPEITADAS AS RESTRIÇÕES
RELATIVAS À INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO.” (NR)

* RESTRIÇÕES AO MOMENTO DA PRISÃO: ART. 5º, XI (NOITE) E


ELEIÇÕES.

7. DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA


O STF DECIDIU ATUALMENTE, SENDO ACOMPANHADO PELO STJ, PELA
CONSTITUCIONALIDADE DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA NA PENDÊNCIA DE RECURSO
ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO, OU SEJA A PRISÃO DECORRERIA DE CONDENAÇÃO
EM SEGUNDO GRAU QUE NÃO TRANSITOU EM JULGADO DEVIDO A INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO. NESSA SITUAÇÃO, A PRISÃO NÃO TEM
NATUREZA CAUTELAR (NÃO É DECRETADA PARA RESGUARDAR A ORDEM
PROCESSUAL, MAS COMO INICÍO DA EXECUÇÃO DA PENA EM SÍ), NEM DECORRE DE
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, O QUE RESULTA POR CONFLITAR COM O
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. (STF ADC 43)
8. RACIONALIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES
PROCESSUAIS;
“ART. 289. QUANDO O ACUSADO ESTIVER NO TERRITÓRIO
NACIONAL, FORA DA JURISDIÇÃO DO JUIZ PROCESSANTE, SERÁ
DEPRECADA A SUA PRISÃO, DEVENDO CONSTAR DA PRECATÓRIA O
INTEIRO TEOR DO MANDADO.
§ 1º. HAVENDO URGÊNCIA, O JUIZ PODERÁ REQUISITAR A PRISÃO
POR QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO, DO QUAL DEVERÁ
CONSTAR O MOTIVO DA PRISÃO, BEM COMO O VALOR DA FIANÇA
SE ARBITRADA.
§ 2º. A AUTORIDADE A QUEM SE FIZER A REQUISIÇÃO TOMARÁ AS
PRECAUÇÕES NECESSÁRIAS PARA AVERIGUAR A AUTENTICIDADE
DA COMUNICAÇÃO.
§ 3º. O JUIZ PROCESSANTE DEVERÁ PROVIDENCIAR A
REMOÇÃO DO PRESO NO PRAZO MÁXIMO DE 30 (TRINTA)
DIAS, CONTADOS DA EFETIVAÇÃO DA MEDIDA.” (NR)
- OBSERVAÇÕES: Imediato registro do mandado de prisão me banco de dados
(CNJ): art. 289-A.
Hipótese de perseguição do indivíduo que ingressa em território sujeito a
outra jurisdição: art. 290.
8. RACIONALIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES
PROCESSUAIS;
“Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de
mandado judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas
pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções
necessárias para averiguar a autenticidade desta.” (NR)

9. GARANTIA DA SEPARAÇÃO DOS PRESOS


PROCESSUAIS;

“Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão


separadas das que já estiverem definitivamente condenadas,
nos termos da lei de execução penal.

Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a


lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel
da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição
das autoridades competentes.” (NR)
10. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA PRISÃO

ART. 5º, LIV: “NINGUÉM SERÁ PRIVADO DA LIBERDADE OU DE SEUS BENS


SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL.” (Princípio do devido processo legal)

ART. 5º, LXII: “A PRISÃO DE QUALQUER PESSOA E O LOCAL ONDE SE


ENCONTRE SERÃO COMUNICADOS IMEDIATAMENTE AO JUIZ COMPETENTE E
A FAMÍLIA DO PRESO OU Á PESSOA POR ELE INDICADA”.

ART. 5º, LXIII: “O PRESO SERÁ INFORMADO DE SEUS DIREITOS, ENTRE OS


QUAIS DE PERMANECER CALADO, SENDO-LHE ASSEGURADA A ASSISTÊNCIA
DA FAMÍLIA E DE ADVOGADO”.
• USO DE ALGEMA: (súmula vinculante 11) - Só é lícito o uso de algemas em
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
• Art. 292, CPP: VEDADO O USO DE ALGEMAS:
- Em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares
preparatórios para a realização do parto;
- Em mulheres grávidas durante o trabalho de parto;
- Em mulheres durante o período de puerpério imediato.
10. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA PRISÃO
ART. 5º, LXIV: “O PRESO TEM DIREITO Á IDENTIFICAÇÃO DOS
RESPONSÁVEIS POR SUA PRISÃO OU POR SEU INTERROGATÓRIO POLICIAL”.

ART. 5º, LXV: “A PRISÃO ILEGAL SERÁ IMEDIATAMENTE RELAXADA PELA


AUTORIDADE JUDICIÁRIA”.
ART. 5º, LXVI: “NINGUÉM SERÁ LEVADO Á PRISÃO OU NELA MANTIDO,
QUANDO A LEI ADMITIR LIBERDADE PROVISÁRIA, COM OU SEM FIANÇA”.

ART. 5º, LXVII: “NÃO HAVERÁ PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA, SALVO A DO
RESPONSÁVEL PELO INADIMPLEMENTO VOLUNTÁRIO E INESCUSÁVEL DE
OBRIGAÇÃO ALIMENTÍCIA E A DO DEPOSITÁRIO INFIEL”.C

* RESTRIÇÕES AO MOMENTO DA PRISÃO: Art. 5º, XI (noite) e


eleições.
DURANTE O DIA DURANTE A NOITE
Em caso de flagrante delito Em caso de flagrante delito

Em caso de desastre Em caso de desastre


Para prestar socorro Para prestar socorro
Para cumprir determinação judicial.
11. A PRISÃO EM FLAGRANTE

A PALAVRA ADVÉM DA RAIZ GREGA FLEGEIN, QUE SIGNIFICA


QUEIMAR
“Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policias e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito”. (CPP)
“Com o cometimento do crime, rompe-se as condições de
estabilidade e de harmonia na vida em sociedade. A prisão em
flagrante passa a ser, então, instrumento legítimo para a
reintegração da ordem pública vulnerada pela delito”
(Sérgio Luiz Souza Araújo)
A prisão em flagrante é um conjunto de atos que se reflete em três
momentos:
A – a pessoa é surpreendida e presa em flagrante;

B – elaboração de um auto de prisão em flagrante e


determinação de recolhimento;

C – verificação de validade da prisão efetuada pelo juiz.


11.1. ESPÉCIES DE FLAGRANTE

A. ESPÉCIES DE FLAGRANTE NO CPP:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal; (FLAGRANTE PRÓPRIO)

II - acaba de cometê-la; (FLAGRANTE PRÓPRIO)

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido


ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser
autor da infração; (FLAGRANTE IMPRÓPRIO IMPERFEITO OU QUASE
FLAGRANTE)

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,


objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração. (FLAGRANTE PRESUMIDO, ASSIMILADO OU FICTO)
B. OUTRAS ESPÉCIES DE FLAGRANTE DELITO:
•Flagrante preparado ou provocado: é aquele em que o agente é
induzido à prática de um crime pela “vítima”, pelo policial ou por terceiro
(agente provocador) sendo impossível a consumação. Trata-se de crime
impossível, não podendo ser autuado em flagrante seu agente. Súmula 145
STF: “Não há flagrante delito quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação”.

•Flagrante esperado:não há provocação para o crime. O agente é


capturado, pela força policial, ao executar a infração. A polícia recebeu
informações sobre a prática do crime ou porque exercia vigilância sobre o
agente. Nestes casos, a prisão em flagrante é admitida.

Flagrante forjado: a polícia ou particular inserem provas falsas de crime


inexistente. Ex.: introdução de substância entorpecente na casa de quem
sofre uma busca e apreensão.
•Flagrante protraído, diferido ou retardado: Também chamado de ação
controlada, está previsto nos dispositivos ART. 53, LEI 11.343/06, ART. 4º-B
LEI 9613/98 E ARTS. 8º, E 9º LEI 12.850/13. É pertinente aqueles casos em
que é necessário aguardar o momento oportuno para realizar a prisão em
flagrante, durante o acompanhamento das atividades da organização
criminosa.
C. FLAGRANTE DELITO NOS CRIMES PERMANETES
E CRIMES HABITUAIS:

“Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em


flagrante delito enquanto não cessar permanência”. (CPP)

CRIME PERMANENTE: são aqueles que a ação se protrai no tempo, e, assim,


também o estado de consumação. (v.g. seqüestro ou cárcere privado, extorsão
mediante seqüestro, quadrilha ou bando)
PARA O CRIME PERMANENTE NÃO HÁ DÚVIDA QUANTO A PRISÃO EM
FLAGRANTE DELITO ENQUANTO NÃO CESSAR A PERMANÊNCIA)

CRIME HABITUAL: são aqueles que se configuram com a prática reiterada de


atos, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida. (v.g. curandeirismo,
casa de prostituição, exercício ilegal da medicina arte dentária ou
farmacêutica)
DIVERGE A DOUTRINA: ●Favoráveis: Mirabete, Greco Filho, Tornaghi,
Polastri Lima, Hungria; ● Contrários: Tourinho Filho, Frederico
Marques, Nucci.
11.2. SUJEITO PASSIVO DO FLAGRANTE

Regra geral, qualquer pessoa pode ser presa em


flagrante, respeitando-se as seguintes exceções:

Menores de 18 anos – inimputáveis;


Quem socorre a vítima em delito de trânsito;
Diplomatas estrangeiros;
Presidente da República; Flagrante por crimes
Membros do Congresso Nacional; inafiançáveis.
Deputados Estaduais;
Magistrados e Membros do Ministério Público.

Advogados somente poderão ser presos em flagrante, por


motivo de exercício da profissão, em caso de crime
inafiançável (art. 70, § 3º do Estatuto da OAB).
11.3. DO PROCEDIMENTO DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE DELITO

Conteúdo e ordem das oitivas na lavratura do Auto


“Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta
o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá
à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)

Sustentação da prisão em flagrante


§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso
de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do
inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for,
enviará os autos à autoridade que o seja.

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA (ART.


304, § 4º, CPP – LEI 13.257/16).
11.3. DO PROCEDIMENTO DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE DELITO

Falta de testemunhas
“Art. 304. § 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o
auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor,
deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

Recusa ou impedimento de assinar o auto

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não


puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas
testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
(Redação dada pela Lei nº. 11.113, de 2005)

Nomeação de escrivão “ad doc”


§ Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer
pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado
o compromisso legal.
11.3. DO PROCEDIMENTO DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE DELITO
Comunicação da Prisão em flagrante ao juiz, ao Ministério Público e aos familiares
“Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontreencontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada.

Prazo para encaminhar os Autos ao juiz e comunicar a Defensoria Pública


§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da
prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em
flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
cópia integral para a Defensoria Pública.

NOTA DE CULPA
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante
recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.” (NR)
11.3. DO PROCEDIMENTO DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE DELITO

Se o réu se livrar solto...


“Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.”

ATENÇÃO

1) No Juizado Especial Criminal, não subsistirá prisão em flagrante


delito nem exigida fiança ao réu que dirigir-se imediatamente ao
juizado ou assumir compromisso de fazê-lo.

2) Não se deve confundir: RELAXAMENTO DA PRISÃO EM


FLAGRANTE(quando há um vício ou quando o flagrante não ocorre)
com LIBERDADE PROVISÓRIA(quando há o flagrante e este é válido,
mas há o direito do preso em ficar solto, segundo o que determina a
lei.
11.3. DO PROCEDIMENTO DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE DELITO - atitudes do juiz.
“Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz
deverá fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que
o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do
caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.” (NR)

● AO RECEBER O APF, O MAGISTRADO TERÁ QUATRO OPÇÕES:


A) Relaxar a prisão em flagrante, se constatada a ilegalidade; B)
Converter a prisão em flagrante em preventiva, presente os
requisitos do art. 312; C) determinar a liberdade do réu e impor
medidas cautelares necessárias e proporcionais, nos termos do art.
282; D) determinar a liberdade provisória.
12. SURGE A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

 12.1. LEI 12.403 (TENTATIVA DE REDUZIR AS


PRISÕES PROVISÓRIAS);

 12.2. PLS 156/09 (PL 8.045/10) E PLS


554/2011;

 12.3. TERMOS (3) DE COOPERAÇÃO TÉCNICA


SOBRE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: CNJ – MJ-
IDDD (9 DE ABRIL DE 2015);

 12.4. PROVIMENTO CONJUNTO 3/2015 –


TJ/SP-CNJ E O MJ.
12.5. DEFINIÇÃO E
CARACTERÍSITCAS
• OBJETIVOS: Assegurar a integridade
física do preso; evitar abusos e violações
aos DH dos presos; desafogar o sistema
prisional, garantir o efetivo controle
judicial das prisões e reforçar o uso de
medidas desencarcerizadoras;

• CARACTERIZA-SE principalmente pelo


contato pessoal do preso com a
autoridade judiciária (juiz),
imediatamente após a sua prisão em
flagrante delito;
12.6. DEFINIÇÃO E
CARACTERÍSITCAS
• “CONSISTE na criação de uma estrutura
multidisciplinar em que o preso passa a ter o
direito de ser apresentado e entrevistado pelo
magistrado, numa audiência em que se manifesta o
Ministério Público e a Defesa, buscando a análise
da prisão sob o aspecto da legalidade, da
necessidade e adequação da continuidade da
prisão ou da eventual concessão de liberdade, com
ou sem a imposição de outras medidas cautelares,
além de eventuais ocorrências de tortura ou de
maus tratos, entre outras irregularidades.”
(Rômulo de Andrade Moreira)
12.7. FUNDAMENTOS NORMATIVOS DA
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
 Artigo 7º. Item 5 da Convenção Americana de Direitos
Humanos (CADH) que determina: “Toda pessoa presa
detida ou retida deve ser conduzida, sem demora à presença
de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer
funções judiciais e tem o direito de ser julgada em um prazo
razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.”

 Igualmente, o Art. 9º, 3, do Pacto Internacional sobre


Direitos Civis e Políticos de Nova York.
12.8. FUNDAMENTOS NORMATIVOS DA
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
 RESOLUÇÃO 213/15 DO CNJ: Art. 1º
Determinar que toda pessoa presa em
flagrante delito, independentemente da
motivação ou natureza do ato, seja
obrigatoriamente apresentada, em até 24
horas da comunicação do flagrante, à
autoridade judicial competente, e ouvida
sobre as circunstâncias em que se realizou
sua prisão ou apreensão.
 Igualmente, o Art. 9º, 3, do Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos de Nova York.
12.9 PROCEDER DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA.

•A PRISÃO É LEGAL, ISTO É, ERA HIPÓTESE DE FLAGRANTE O APF ESTÁ


I REGULAR?

•SE NÃO, RELAXA-SE;


• RELAXADA A PRISÃOO MP PODE REQUERER A PRISÃO PREVENTIVA OU A
II APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES;

•SUSTENTANDO-SE AS RAZÕES DO FLAGRANTE ;


•O MP SE MANIFESTA PELO REQUERIMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA OU
APLICAÇÃO DE CAUTELARES OU ACOLHE AS RAZÕES FORMULADAS
EVENTUALMENTE PELA AUTORIDADE POLICIAL;
•A DEFESA SE MANIFESTA SOBRE OS PEDIDOS FORMULADOS PELO MINISTÉRIO
III PÚBLICO. SE NÃO HOUVE PEDIDO POR PARTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO, O JUIZ
NÃO PODE DECRETÁ-LO DE OFÍCIO, JÁ QUE NÃO EXISTE PROCESSO (CPP, ARTIGO
311, VALE CONFERIR A REDAÇÃO).

•O MAGISTRADO DECIDE — FUNDAMENTADAMENTE — SOBRE A APLICAÇÃO


DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS OU, SENDO ELAS INSUFICIENTES E
VI INADEQUADAS, PELA EXCEPCIONAL DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
13. PRISÃO PREVENTIVA
A mais tradicional prisão cautelar do processo brasileiro, regulada nos
Artigos 311 a 316 do CPP.

13.1. Decretação
“Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do
processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de
ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da
autoridade policial.” (NR)
◙ A preventiva é decretada pelo juiz, da seguinte maneira:
a) de ofício (se no curso da ação penal); b) mediante requerimento
do MP, do querelante ou do assistente e c) mediante representação
da Autoridade .

13.2. Momento da decretação


Pode ser decretada durante
a investigação policial ou durante o processo penal
Dispensabilidade do Inquérito;
► Instrução criminal: fase probatória e fase instrutória – do
interrogatório as alegações finais.
13. PRISÃO PREVENTIVA
13.3. Decretação x requisitos
““Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.”
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser
decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o).”
(NR)
13.4. Requisitos
A) Fumus comissi delicti: quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria.
( parte final do Art. 312 do CPP)
► A existência do crime deve ser provada;
► Convicção razoável, probabilidade, de que o acusado tenha sido o autor da
infração ou que tenha participado.
B) Periculum libertatis: garantia da ordem pública, garantia da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal.
( parte final do Art. 312 do CPP)
1. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: deve-se entender a necessidade de
preservação da boa convivência social, ou no interesse de segurança de
bens juridicamente protegidos.
● Crítica da doutrina quanto a dificuldade de definir
a expressão e a consagração da antecipação da culpabilidade;

● A Jurisprudência aos poucos consagra o entendimento da


noção de ordem pública como risco ponderável da repetição
da ação delituosa objeto do processo;
JULGADO:

A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a


decretação ou manutenção da prisão preventiva como garantia da
ordem pública, considerando que indicam que a personalidade do
agente é voltada à criminalidade, havendo fundado receio de
reiteração.

Não é qualquer ato infracional, em qualquer circunstância, que pode


ser utilizado para caracterizar a periculosidade e justificar a prisão
antes da sentença. É necessário que o magistrado analise:
a) a gravidade específica do ato infracional cometido;
b) o tempo decorrido entre o ato infracional e o crime; e
c) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.

(STJ. 3ª Seção. RHC 63.855-MG, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 11/05/2016).
2. GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: busca permitir a prisão do autor
do fato crime que perturbasse o livre exercício de qualquer atividade
econômica, com abuso de poder econômico, eliminação de concorrência,
dominação de mercado, aumento excessivo e arbitrário de lucros.
● Crítica da doutrina quanto a dificuldade de definir
a expressão e a redundância da expressão que estaria
inserida na anterior.
3. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: a medida é necessária e
indispensável para o regular andamento do processo, evitando que o
acusado ameace testemunhas, influencie a coleta de provas, tente
subornar peritos, ameace Juiz ou Promotor, busque subtrair documentos.
4. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL: evidente o periculum
libertatis, naqueles casos que o acusado, em liberdade, pode gera risco
ou perigo para a aplicação da lei penal ao fim do processo, pois suas
atitudes visa furtar o cumprimento da futura sanção penal. Vg. Demonstra
ou elabora fuga, esconde-se em lugar incerto e não sabido, vende bens
de raiz para não ressarcir...

● A 3 e 4 são absolutamente instrumentais estão ligadas


ao processo.
JULGADOS - STJ

A alusão genérica sobre a gravidade do


delito, o clamor público ou a comoção
social não constituem fundamentação
idônea a autorizar a prisão preventiva.
13.5. Hipóteses legais de admissibilidade
“Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, emsentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput
do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;
IV - (revogado).

A nosso aviso, a prisão preventiva será utilizada em três


circunstâncias específicas: a) de modo autônomo, em qualquer fase
da investigação ou do processo (art. 311, art. 312, art. 313, CPP),
independentemente de anterior imposição de medida cautelar ou de
prisão em flagrante; b) como conversão da prisão em flagrante (art.
310, II, CPP); e, por fim, c) de modo subsidiário, pelo
descumprimento de cautelar anteriormente imposta. (Pacelli)
13.5. Hipóteses legais de admissibilidade

Parágrafo único. Também será admitida a prisão


preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em
liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida.”
(NR)

13.6. Motivação da decisão que decreta a preventiva

“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou


denegar a prisão preventiva será sempre
motivada.” (NR)
JULGADOS - STJ

A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a


justificar o decreto da custódia preventiva para a
conveniência da instrução criminal e como garantia da
aplicação da lei penal.
Portanto não caberá a decretação da preventiva:
● Crimes punidos com pena inferior a quatro anos;
● Nos crimes culposos – art. 313 – só em crimes dolosos;
●Nos casos em que o réu se livra solto independente de
fiança;
● Nos casos em que o réu se encontrar acobertado por uma
das excludentes de criminalidade (Art. 314);
● Após ter sanado a dúvida quanto a identidade do acusado ou
não for reincidente em crime doloso com sentença anterior
transitada em julgado há menos de 05 anos ( Art. 313, inciso
II).

13.7. Revogação da Prisão Preventiva


Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
► No caso de preventiva decretada ilegalmente, dar-se-á a
cassação pelo Tribunal ad quem;
► Anulado o flagrante, por vício de forma, nada impede a
decretação da prisão preventiva ou outra medida cautelar.
BIBLIOGRAFIA
BOTTINI, Pierpaolo Cruz - "Medidas Cautelares - Projeto de Lei
111/2008", in As Reformas no Processo Penal, São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2008.
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal - estudos e
pareceres. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único.
7ª.ed.rev.ampl. e atual.- Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.
LOPES Junior, Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal.
Fundamentos da Instrumentalidade Constitucional. 4.ª edição – 316
páginas. Editora: Lumen Juris. 2006.
MARTINS, Flávio. Comentários á nova lei de prisões –in:
www.professorfláviomartins.com.br.
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21ª. ed. ver. atual, e
ampl. – São Paulo: Atlas, 2017.
Comentários ao Código de Processo Penal e sua
Jurisprudência/ Eugênio Pacelli, Douglas Fischer. –9ª. Ed. Ver. E
atual. – São Paulo: Atlas, 2017.

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