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DIREITO CIVIL I

PROFESSOR: ADOLFO AMARO MENDES

PRIMEIRA (1ª) AULA (08-AGOSTO-2.005)


CONTÉUDO PROGRAMÁTICO
Princípios fundamentais: o Direito Civil; Fontes de direito: Sistemas jurídicos: romano-germânico,
common law, Direitos socialistas; Sistemas filosóficos e religiosos - Direito Chinês e Direito japonês.
Codificação e suas tentativas. Técnicas de codificação. Código Civil de 1916. Tentativas de reforma
legislativa.

1. CONCEITO DE DIREITO
Várias normas vigentes numa sociedade, em um dado momento podem ter uma eficácia maior
ou menor, isto é, podem ser acompanhadas de maior ou menor força coercitiva.
Na própria vida cotidiana se observa tal fenômeno. Deste modo, os preceitos de etiqueta (não
cumprimentar semelhantes, vestuário em desacordo, enfrenta reprovação de seus concidadãos apenas
e somente) são menos intensos que os preceitos de moral ou costumes (mulher de vida desregrada,
marido que vive em público deboche, podem não ser punidos com prisão ou pena, mas são postos a
margem da sociedade) e estes menos intensos que as normas ou preceitos de direito (normas de alta
relevância para a vida social, de sorte que a todos se impõe como necessidade fundamental, fazendo-
se acompanhar de força coercitiva e sujeita seu infrator a uma sanção).
As normas vigentes numa sociedade, vêm acompanhadas de uma sanção oriunda do Poder
Público e estas são as normas de direito, ou mais precisamente de direito positivo.
As que orientam o comportamento dos indivíduos, desprovidas de sanção são as normas de
ordem moral ou de ordem costumeira.
CONCEITO DE DIREITO: o direito é a norma das relações humanas na vida social,
estabelecida por uma organização soberana e imposta coativamente à observância de todos.

1.1. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO.


Direito Objetivo: Conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula. É a norma de
ação humana, isto é, a norma agendi. A constituição garante o direito de propriedade e o princípio que
o consagra é preceito de direito objetivo. Ele se dirige indistintamente a todos,como norma objetiva; já
a prerrogativa que dele decorre, para o titular do domínio, de invocar a norma, na defesa de seu
interesse, é o direito subjetivo do proprietário.
Direito Subjetivo: É uma pretensão. A faculdade conferida ao titular de um direito objetivo, de
invocar a seu favor e na defesa de seu interesse, o preceito geral: facultas agendi. Sob o ângulo
subjetivo, o direito é o interesse juridicamente protegido (Ihering).

1.2. DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO.


Direito Público: é destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade. De sorte que a
ele compete a organização do Estado (Direito Constitucional), a disciplina de sua atividade, do
Estado, na consecução de seus fins políticos e financeiros, cuidando da hierarquia de seus órgãos e das
relações com seus funcionários (Direito Administrativo), a distribuição da justiça (Direito Judiciário
ou Processual) e a repressão a delitos (Direito Penal), a atividade financeira e tributária (Direito
Tributário), a regulação das atividades das pessoas jurídicas de direito público externo no âmbito
internacional (Direito Internacional Público).
Direito Privado: (art. 1º CC). Regula as relações entre os homens tendo em vista o interesse
particular dos indivíduos ou a ordem privada, concernentes às pessoas, bens e suas relações ou por
outras palavras e de forma ampla, o Direito Civil. Fazem parte do direito privado, o Direito Civil,
Comercial ou Empresarial e o Direito Internacional Privado, Direito do Trabalho (CLT), por
preponderarem normas de direito individual (Orlando Gomes).

2. FORMAÇÃO HISTÓRICA.
Período Colonial: A legislação portuguesa foi a que exerceu maior influência, pois tendo o
Brasil vivido como colônia durante 322 anos, nada mais normal que as nossas tradições jurídicas e as
lusitanas sejam comuns;
Período da Independência: Após a independência, a lei de 20 de outubro de 1823, determinou
se continuasse a vigorar no Império a legislação do reino, com as Ordenações Filipinas, acrescidas de
leis posteriores até ser revogada pelo art. 1807 do Código Civil de 1.916 ( Lei 3.071/1916).

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A Constituição do Império de 1.824, que determinou em seu art. 179 a organização de um
código civil brasileiro.
Apresentação do Esboço de Teixeira de Freitas em 1859 (Esboço de Código Civil), que não foi
aproveitado no Brasil, mas que teve ampla repercussão na Argentina, onde se constituiu praticamente
no Código Civil Argentino.
Ainda no Império foi elaborado outro projeto de Felício dos Santos, que também não foi
aproveitado.
Já na República, sendo Min. da Justiça Campos Sales, por Decreto de 1890, Coelho Rodrigues foi
incumbido de preparar novo projeto de código civil, mas também não foi convertido em lei.
Já Presidente da República, Campos Sales designou Clóvis Bevilácqua, para elaborar novo
projeto, com aproveitamento quanto possível do projeto de Coelho Rodrigues e, no mesmo ano, o
projeto foi aprovado e depois de mais de 15 anos de debatres, se converteu no Código Civil Brasileiro
de 1.916.

2.1. TENTATIVAS DE REFORMA:


Na década de quarenta (1940), surgiu a primeira tentativa de modificação da lei vigente, com
OROSIMBO NONATO.
A frustrada tentativa de modificação não impediu o surgimento de numerosas leis que alteraram
a substânia do CC/1916, como a que modificou os prazos prescricionais (Lei 2.437, de 7-3-1955), a
que possibilitou o reconhecimento de filhos adulterinos (Lei 833 de 22-10-1949), a Lei 4121 de 27-08-
1962 que dispôs sobre a situação da mulher casada e a Lei do Divórcio (Lei 6.515 de 26-12-1977).
Surgiu o projeto de Orlando Gomes e caio Mário da Silva Pereira em 1963.
Em 1972 foi designada uma comissão sob a supervisão de Miguel Reale para elaborar novo
Código e da qual faziam parte Arruda Alvim, Clóvis do Couto e Silva e depois de Ter recebido várias
emendas o Anteprojeto foi publicado em 1973. Com modificações foi elaborado projeto definitivo e
enviado ao Congresso pela Mensagem 160/75 onde se transformou no Projeto de Lei 634 de 1975.
Depois de anos em discussão, o projeto foi modificado em ambas as casas do Congresso para se
converter no novo Código Civil, Lei nº 10.406 de 10de janeiro de 2.002.

3. FONTES DO DIREITO.
A expressão fontes do direito tem dois sentido: origem histórica ou diferentes maneiras de
realização do direito. Aqui, no sentido que interessa, termos o aspecto de fonte criadora do direito.
A fonte primordial de nosso direito civil, é o direito romano, embora tenha ele colhido grande
influência e do Código Alemão, nas Ordenações do Reino, de influência do Código Napoleônico e o
NCC com grandes influências do CC alemão, português e espanhol.
São fontes jurídicas as causas de nascimento do direito em geral, ou seja, tanto das instituições
jurídicas como das regras jurídicas, mas não se admite a possibilidade de se mostrar á evidência esse
nascimento, porque o direito geral existe de forma constante na consciência comum do povo. Para Del
Vecchio são fontes os modos de manifestação da vontade social preponderante (vontade cuja presença
dá caráter positivo ao direito).
Fontes materiais/mediatas ou secundárias e formais/primárias e as fontes subsidiárias..
Materiais: são aquelas que a identificam como uma inspiração, havendo mesmo quem afirme
que elas podem ser chamadas de fontes de inspiração, o próprio Estado.
Formais: São as fontes de vigência do direito.
Subsidiárias: São os preceitos jurídicos aplicáveis aos casos não previstos.
A Lei de introdução ao Código Civil (Decreto-lei 4.657 de 4-9-42) não é simplesmente uma
introdução ao Código Civil, mas a todo o ordenamento jurídico brasileiro e apresenta em seu artigo 4º,
como fontes de direito: a lei, a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito
Fontes segundo a classificação dominante:
a) A Lei; (fonte imediata ou formal)
b) Costume (Jus non scriptum), que é a prova de uma prática geral aceita como sendo o
direito (elemento material), e a crença de que a norma é obrigatória (elemento psicológico),
sem sanção;
c) jurisprudência (passado a informar o presente, pensamento uniforme, permanente e do
mesmo modo, ou reiterado, pelo Judiciário) e
d) Doutrina (estudos de natureza científica que os juristas realizam sobre o direito, dando
corpo aos ideais jurídicos, o direito futuro) * Fontes mediatas , materiais ou geradoras

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e) Princípios Gerais do Direito: Pôr esses princípio o intérprete investiga o pensamento mais
alto da cultura jurídica universal, buscando orientação geral do pensamento jurídico. A
invocação de princípios de direito natural, a busca de um ideal da mais alta justiça.
f) Analogia. O ideal seria o ordenamento jurídico prever e preencher todos os acontecimentos
da sociedade. Tal não ocorre. O Juiz não pode deixar de decidir na falta da lei que regule a
matéria e deve socorrer-se de fontes subsidiárias. Trata-se de um processo de reciocínio
pelo qual o juiz estende um preceito legal a casos não diretamente compreendidos na
descrição legal. O Juiz pesquisa a vontade da lei, para transportá-la aos casos que a letra do
texto não havia compreendido. Analogia legal (busca de norma que se aplique a casos
semelhantes)e jurídica: (não havendo texto legal semelhante, recorre-se à extração de
pensamento dominante em um conjunto de normas uma cionclusão particular para o caso
em exame).
g) Equidade: É uma forma de manifestação de justiça que tem o condão de atenuar a rudeza
de uma regra jurídica, ou seja, na concepção aristotélica, é a “Justiça do caso concreto”. É o
aparar as arestas na aplicação da lei para que uma injustiça não seja cometida, ´e
afastamento de uma norma em que se percebe que, no caso concreto se afasta da noção do
justo. Observe-se que a equidade não é propriamente uma fonte de direito, mas um recurso
para afastar injustiças, para evitar que a aplicação cega da lei leve a iniquidade. É um
raciocínio que busca a adequação da norma ao caso concreto. E evidente que, salvo quando
expressamente autorizado pela lei, não pode o Juiz decidir exclusivamente pelo critério do
justo e do equânime, abandonando a lei sob o risco de converter-se em legislador * três
ultimas: princípios, analogia e equidade, são fontes subsidiárias.
h)
A lei é uma regra geral que emanada de autoridade competente Poder Legislativo), é imposta,
coativamente, à obediência de todos.
Muitas são as maneiras de classificar as leis, mas as mais importantes são:
Tendo em vista a foça obrigatória, distinguem-se as leis em LEIS COGENTES OU DE
ORDEM PÚBLICA e LEIS DISPOSITIVAS/SUPLETIVAS OU INTERPRETATIVAS.
Leis cogentes ou de ordem pública, que por atender mais diretamente ao interesse geral não
pode ser alterada por convenção entre particulares, pois que interessam diretamente à ordem pública, á
organização social e por isso o legislador não transige.
Leis dispositivas, supletivas ou interpretativas, por não estarem ligadas diretamente ao
interesse da sociedade podem ser derrogadas por convenção entre as partes. Elas funcionam no
interesse dos contratantes, suprindo a manifestação de vontade, porventura faltante.

4. VIGÊNCIA DA LEI.
A lei salvo disposição em contrário (regra geral cont´´em em seu texto, a data em que passará a
viger) começa a vigorar no País 45 dias depois de oficialmente publicada.
O intervalo entre a data de publicação da lei e a de sua entrada em vigor chama-se vacatio legis
(vaância da lei).
Termo de vigência: Não se destinando a vigência temporária a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue ( LICC, art. 2º).
Revogação da Lei: LICC, art. 2º,§ 1.

5. FORMAÇÃO DA LEI - PROCESSO LEGISLATIVO: conjunto coordenado de


disposições(iniciativa, emenda, sanção, veto) que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos
órgãos competentes na produção das leis e atos normativos que derivam diretamente da própria
constituição(CF,art.59).
**Estão ligados ao estudo do processo legislativo alguns conceitos: desconstitucionalização, recepção
e repristinação.
Desconstitucionalização: nome técnico que se dá a manutenção em vigor, perante uma nova ordem
jurídica, da Constituição anterior, que porém perde sua hierarquia constitucional para operar como
legislação comum. Tal fenômeno não encontra acolhida em nosso sistema constitucional; Recepção:
consiste no acolhimento que uma nova constituição posta em vigor dá às leis e atos normativos
editados sob a égide da Carta anterior, desde que compatíveis consigo; repristinação: fenômeno que
ocorre quando uma norma revogadora de outra anterior, que, por sua vez, tivesse revogado uma mais
antiga, recoloca esta última novamente em estado de produção de efeitos. Esta verdadeira restauração
de eficácia é proibida pelo nosso direito, em nome da segurança jurídica, salvo se houver expressa

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previsão da nova lei(LICC,art.2º,§3º).Assim, a legislação que tenha perdido sua eficácia anteriormente
à edição da nova Constituição Federal, não irá readquiri-la, com sua promulgação.
Processo legislativo: divide em dois(02)grandes gêneros: a)em relação ás formas de organização
política e; b)em relação à seqüência das fases procedimentais.
a)Classificação em relação ás formas de organização política: temos quatro(04) espécies de
processo legislativo: o autocrático(caracteriza-se por ser expressão do próprio governante, que
fundamenta em si mesmo a competência para editais leis), o direto(processo legislativo direto que é
discutido e votado pelo próprio povo), o semi-direto(consubstancia-se em um procedimento complexo,
pois a elaboração legislativa necessitava da concordância da vontade do órgão representativo com a
vontade do eleitorado, através de referendum popular) e indireto/representativo(adotado no Brasil,
pelo qual o mandante-povo- escolhe seus mandatários, que receberão de forma autônoma poderes para
decidir sobre os assuntos de sua competência constitucional).
b)Classificação em relação à seqüência de fases procedimentais: Há três(03)espécies de processos
ou procedimentos legislativos, o comum ou ordinário(destina-se à elaboração de leis
ordinárias,caracterizando-se por sua maior extensão), o sumário(apresenta somente uma diferenciação
em relação ao ordinário,a existência de prazo para que o Congresso Nacional delibere sobre
determinado assunto) e os especiais(destinados à elaboração de Emendas à Constituição, Resoluções e
Leis financeiras -lei de plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei do orçamento anual e da
abertura de créditos adicionais e as Leis Orgânicas dos Municípios e Distrito Federal-).
PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
1.LEIS ORDINÁRIAS: o procedimento de elaboração de uma lei ordinária denomina-se processo
legislativo ordinária e apresenta as seguintes fases: introdutória, constitutiva e complementar.
1.1.Fase introdutória: diz respeito a iniciativa de lei, que é a faculdade que se atribui a alguém ou a
algum órgão para apresentar projetos de lei ao legislativo, podendo ser parlamentar ou extra-
parlamentar e concorrente ou exclusivo.Anote-se que uma das funções primordiais do exercício da
iniciativa de lei, através da apresentação do projeto de lei ordinária ao Congresso Nacional, é definir
qual das casas legislativas analisará primeiramente o assunto(Deliberação Principal) e qual atuará
como revisora(Deliberação Revisional). Assim, a iniciativa de Projetos de Lei de iniciativa dos
Presidentes da República, STF, dos Tribunais Superiores e dos Cidadãos, terão início na Câmara dos
Deputados(CF,arts. 61,§2º e 64).
Fase executória: Sanção do Presidente a vício de iniciativa: não supre o vício de iniciativa
reservada/exclusiva, que fica marcada pela mácula de nulidade de toda a formação da lei(vício formal
de inconstitucionalidade).A Súmula nº 5 do STF, que previa posição diversa do STF foi
abandonada(RTJ69/629, RTJ 157/460).
**Iniciativa conjunta de Lei(Presidentes dos Poderes Executivo, Legislativo-Câmara e Senado- e
Judiciário):EC19/98: fixação dos subsídios dos Ministros do STF(teto Salarial),determinando a
Constituição que a remuneração e o subsidio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta autárquica e fundacional dos membros dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões e outras espécies remuneratórias, será fixado por meio de lei federal ordinária,
editada pelo Congresso Nacional à partir de Projeto de Lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da
República, Câmara dos Deputados, Senado e STF(matéria expressamente sujeita à reserva
constitucional de lei em sentido formal:art.48, XV).
1.2.Fase Constitutiva: projeto enviado ao Congresso Nacional, haverá ampla discussão e votação nas
duas casas, delimitando-se o objeto a ser aprovado ou mesmo rejeitado pelo Poder Legislativo.Além da
atividade legislativa, na chamada deliberação parlamentar, caso o projeto seja aprovado pelas duas
Casas, haverá participação do chefe do Poder Executivo, por meio do exercício do veto ou da
sanção(deliberação executiva).
Princípio do bicameralismo: qualquer emenda ao projeto aprovado por uma das Casas haverá
obrigatoriamente que retornar à outra Casa para que se pronuncie a respeito, para aprova-lo ou rejeitá-
lo. Se houver aprovação por uma e rejeição por outra, o projeto de lei será arquivado, e somente poderá
ser reapresentado na forma do art. 67 da CF(reapresentação mediante proposta da maioria absoluta dos
Deputados Federais ou dos Senadores).
**Prazos para deliberação parlamentar:a Constituição Federal, como regra, não fixou prazo para
que o Poder Legislativo exerça sua função legiferante e, salvo os prazos impróprios eventualmente
fixados no regimento interno de cada uma das Casas, inexiste expressa determinação constitucional.
Há, porém, uma exceção, prevista no art. 64,§1º, da Constituição Federal, que estabelece o chamado
“regime de urgência constitucional” ou “processo legislativo sumário”.O regime de urgência
constitucional(CF,art.64,§§1º a 4º) depende da vontade do Presidente da República, ao qual é

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concedida a faculdade de solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa, seja privativa,
seja concorrente. Neste caso, a Câmara dos Deputados realizará a deliberação principal, cabendo ao
Senado Federal a deliberação revisional. Dois são os requisitos constitucionais para este procedimento
legislativo especial: projetos de iniciativa do Presidente da República e solicitação sua ao Congresso
Nacional. Cada uma das Casas legislativas terá o prazo de 45(quarenta e cinco)dias, sucessivamente,
para apreciação do projeto de lei.Além disso, a apreciação de eventuais emendas do Senado
federal(Casa Revisora) pela Câmara dos Deputados, deverá ser feita no prazo de dez(10) dias. Assim o
processo legislativo sumário não poderá exceder de 100(cem)dias. A própria Constituição Federal
estabelece sanção para o descumprimento dos prazos fixados. Então, se a Câmara dos Deputados ou
Senado Federal não se manifestarem, cada qual, sucessivamente, em até 45(quarenta e cinco)dias,
sobre a proposição, será incluída na ordem do dia, sobrestando-se a deliberação quando aos demais
assuntos, para que ultime a votação. Não á possibilidade de ocorrência do processo legislativo sumário
durante o recesso do Congresso Nacional, nem tampouco para apreciação de projetos de código.
Deliberação executiva: após o término da deliberação parlamentar, o projeto de lei aprovado pelo
Congresso nacional é remetido à deliberação executiva, onde será analisado pelo Presidente da
República, podendo vetá-lo ou sancioná-lo(autógrafo). O Poder de Veto do Presidente equilibra na
sistemática presidencial, a falta de prerrogativa do Presidente para dissolver a câmara, existente no
sistema parlamentarista.
Sanção: aquiescência do Presidente que Pode ser expressa(manifestação do Presidente no prazo de 15
dias) ou tácita(silencia no mesmo prazo).A sanção pode ser parcial ou total, conforme concorde ou
não com a totalidade o projeto de lei aprovado pelo Parlamento. Havendo sanção, o projeto segue para
a fase complementar.
Veto(CF,art.66, caput e §§ 1º, 2º, 4º, 5º e 6º):manifestação de discordância do Presidente com o projeto
aprovado pelo presidente da República, com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo, no prazo de 15
dias, iniciando-se a contagem com o recebimento do projeto(excluiu-se o dia inicial e incluiu-se o
término). O veto pode ser jurídico(aspecto formal, inconstitucional) e político(contrário ao interesse
público, aspecto material) e jurídico-político. O veto é irretratável, uma vez comunicado ao Poder
Legislativo.
Tramitação do Veto: havendo veto do Presidente da República ao projeto de lei, este retorna ao
Congresso e será reapreciado pelo Poder Legislativo. Se houver sanção parcial, somente o texto vetado
retornará ao Congresso para deliberação, sendo que a parte sancionada deverá ser no prazo de 48 horas
promulgada e publicada. A votação sobre a manutenção ou derrubada do veto, será realizada em
escrutínio secreto, e se o veto for superado, pela maioria absoluta dos deputados e senadores, a lei será
remetida, novamente ao Presidente, para promulgação. Se o veto for mantido será o projeto de lei
arquivado.
1.3. Fase complementar: a fase complementar compreende a promulgação e a publicação da lei,
sendo que a primeira(promulgação) garante a sua existência e executoriedade a lei e a
segunda(publicidade)lhe dá notoriedade e obrigatoriedade. A obrigatoriedade da lei decorre de sua
publicação, sendo que a promulgação confere a lei certeza quanto a sua existência e autenticidade.
Promulgação: em 48 horas, pelo Presidente da República, mesmo nos casos em que seu veto haja sido
derrubado, prazo esse contado da sanção expressa ou tácita ou da comunicação da rejeição do veto,
findo o qual a competência transfere-se ao Presidente do Senado Federal e se este não promulga-lo no
mesmo prazo, fa-lo-á o Vice-PresIdente do Senado Federal(CF,art.66,§7º).
Publicação: no Diário Oficial, para que se torne de conhecimento público e publicada entra em vigor
em 45 dias em todo o País e nos Estados Estrangeiros três meses depois de publicada.A própria lei
poderá estabelecer a data de início de sua vigência, sendo costumeiramente fixada de forma imediata.

ESPÉCIES NORMATIVAS: a constituição estabelece como espécies normativas: Emendas à


constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, Decretos-
Legislativos e as Resoluções.
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO: O legislador constituinte ao prever a possibilidade de alteração das
normas constitucionais através de um processo legislativo especial e mais dificultoso que o ordinário,
definiu nossa Constituição como rígida, fixando-se a idéia de supremacia da ordem constitucional.As
emendas constitucionais devem ser produzidas segundo uma forma e versando sobre conteúdo
previamente limitado pelo legislador constituinte originário, devendo pois haver respeito aos preceitos
fixados pelo art. 60 da CF. Se qualquer das limitações impostas for desrespeitadas, a emenda
constitucional será considerada inconstitucional, devendo ser retirada do ordenamento jurídico através
das regras de controle de constitucionalidade.

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**CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE EMENDAS À CONSTITUIÇÃO:dessa
forma plenamente possível a incidência do controle de constitucionalidade, difuso ou concentrado,
sobre emendas á constituição, a fim de verificar-se sua constitucionalidade ou não a partir da análise
do respeito aos parâmetros fixados no artigo 60 da CF, para alteração constitucional.Portanto o
Congresso Nacional no exercício do Poder Constituinte derivado reformador,submete-se às limitações
constitucionais.
**LIMITAÇÕES ÀS EMENDAS CONSTITUCIONAIS: a constituição traz duas(02)grandes
espécies de limitações ao Poder de reforma-la: as limitações expressas(subdividindo-se estas em
circunstanciais,materiais e formais ou procedimentais) e implícitas.
Limitações expressas materiais: as cláusulas pétreas(CF,art.60,§4º), nacionalidade e direitos políticos;
Limitações expressas circunstanciais: evitam modificações constitucionais em certas ocasiões
anormais e excepcionais do país, a fim de evitar-se a perturbação na liberdade e independência dos
órgãos incumbidos da reforma. Assim, durante a vigência do estado de sítio, estado de defesa ou de
intervenção federal, não haverá possibilidade de alteração constitucional.
Limitações expressas formais ou procedimentais: referem-se às disposições especiais, em relação ao
processo legislativo ordinário, que o legislador constituinte estabeleceu para permitir a alteração da
Constituição Federal. Vejamos as diferenças na elaboração e aprovação de uma Emenda à Constituição
e a Lei ordinária.Fase introdutória: a iniciativa para apresentação de Emenda é mais restrita do que a
existente no processo legislativo ordinário, permitindo-se somente ao Presidente da República, a um
terço, no mínimo e separadamente, dos membros das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Fase constitutiva:
deliberação parlamentar, sendo discutida e votada em cada Casa do Congresso, em dois turnos,
considerandos-e aprovada a que obter, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros,
havendo pois quorum diferenciado de aprovação, bem como necessidade de dupla votação em cada
Casa legislativa. Fase de Deliberação Executiva: não existe a participação do Presidente da república
na fase constitutiva do processo legislativo de uma Emenda Constitucional, uma vez que o titular do
poder constitucional derivado reformador é do Poder Legislativo, não havendo necessidade de sanção
ou veto ,pois que logo que aprovada pelas duas casas seguirá diretamente à fase complementar para
promulgação e publicação; Fase Complementar: a promulgação será realizada, conjuntamente, pelas
Mesas do Senado e da Câmara dos Deputados, com o respectivo número de ordem; sobre a publicação
o texto constitucional silencia, mas deve entender-se, que essa competência é do Congresso Nacional.
Rejeitada ou havia por prejudicada, é impossível ser a Emenda Constitucional, objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.
Limitações Implícitas: vedação de supressão das limitações expressas e alteração do titular do Poder
Constituinte derivado reformador; são implicitamente irreformável a norma constitucional que prevê as
limitações expressas(CF,art.60), pois se diferente fosse, a proibição expressa poderia desaparecer, para
só posteriormente, desaparecer, por exemplo, as cláusulas pétreas. Além disto, observa-se a
inalterabilidade do titular do Poder Constituinte derivado-reformador, sob pena de também afrontar a
Separação dos Poderes da República.
LEIS COMPLEMENTARES: mesmo processo das leis ordinárias, mas tem duas diferenças: a)a
primeira é material, uma vez que só poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente
prevista na Constituição Federal enquanto todas as outras matérias deverão ser objeto de lei ordinária.
A constituição reserva as matérias cuja regulamentação devam ser realizadas por Lei Complementar;
b) a segunda é de natureza formal e diz respeito ao processo legislativo, na fase de votação. Enquanto
o Quorum para aprovação de Lei ordinária é de maioria simples(CF,art.47), para aprovação de Lei
Complementar é de maioria absoluta(CF,art.69), ou seja, na Câmara(513 deputados) a maioria absoluta
é de 257 e no Senado(81 Senadores) a maioria absoluta é de 41 Senadores.
**LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA: Se porventura a matéria, disciplnada por lei cujo
processo observado tenha sido o da Lei Complementar, não seja daquelas que a Carta Magna exige
essa modalidade legislativa, os dispositivos que tratam dela se têm como dispositivo de lei ordinária e,
logo, podem ser revogados por Lei Ordinária, sem qualquer desrespeito ou inconstitucionalidade, em
face da hierarquia das leis.O fato de determinada norma ser aprovada por maioria absoluta, quando a
Constituição requer maioria simples, não obsta a que a norma de natureza ordinária a altere(STF-ADC-
1-1-DF,Plenário-Rel. Min. Moreira Alves:Lex JSTF 214/108). Ora, não pode o Congresso Nacional,
como Poder derivado, fazer prevalecer sua vontade, impondo-a ao Poder Originário que atribuira
competência formal(limitação expressa formal) legislativa por lei ordinária e não complementar(a
menos que haja alteração constitucional, por Emenda Constitucional).
**Espécies Normativas(CF,art.59), que não têm participação, no processo legislativo de sua
elaboração, do Presidente da República e, logo, sem veto e nem sansão: Emendas Constitucionais,

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Decretos Legislativos, Resoluções. Nas Emendas Constitucionais, não existe a participação do
Presidente da república na fase constitutiva do processo legislativo de uma Emenda Constitucional,
uma vez que o titular do poder constitucional derivado reformador é do Poder Legislativo, não
havendo necessidade de sanção ou veto ,pois que logo que aprovada pelas duas casas seguirá
diretamente à fase complementar para promulgação e publicação. Nos Decretos Legislativos, porque
são espécies normativas de competência exclusiva do Congresso Nacional(CF,art.49), cujo
procedimento não é tratado pela Constituição, cabendo ao próprio Congresso discipliná-lo. Nas
Resoluções, que são atos do Congresso nacional ou de qualquer de suas Casas, pelos mesmos motivos
dos Decretos Legislativos.
TRATADOS E ATOS INTERNACIONAIS: 1ª fase: compete privativamente ao Presidente da
República celebrar todos os tratados, convenções e atos internacionais(CF,art.84,VIII); 2ª Fase:
competência do Congresso Nacional(CF,art.49,I), deliberando e aprovando através de Decreto
Legislativo, devidamente promulgado pelo Presidente do Senado Federal e publicado; 3ª Fase: edição
de Decreto do Presidente da República, promulgando o ato ou tratado, devidamente ratificado pelo
Congresso Nacional e é nesse momento que adquire executoriedade interna a norma inserida pelo ato
ou tratado, podendo, inclusive, ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade. Os Tratados e as
Convenções Internacionais só serão incorporados ao nosso Sistema Jurídico após ratificação pelo
Congresso Nacional, por meio de instrumento introdutor de norma(Decreto legislativo) e após por
Decreto do Presidente da República promulgando o Ato ou Tratado.

6. O CÓDIGO CIVIL E SUAS DIVISÕES.


O Código Civil brasileiro comporta duas grandes divisões: Parte geral e Parte especial. E é
antecedido pela Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-lei 4.675 de 04/set/1942).
A Parte Geral do CC contém preceitos aplicáveis aos institutos disciplinados na Parte Especial e
se divide em TRÊS (03) LIVROS:
a) Livro I (arts. 1º a 78), que cuida da TEORIA DAS PESSOAS, isto é, do sujeito do direito:
define a personalidade civil, a capacidade para o exercício dos direitos, a personalidade
jurídica e o domicílio;
b) Livro II (arts. 79/103), trata da CLASSIFICAÇÃO DOS BENS, isto é, do objeto do direito
e;
c) Livro III (arts. 104/232), cuida da teoria dos fatos e atos jurídicos, isto é, da relação jurídica,
da Decadência e Prescrição e da matéria atinente à Prova.

A Parte Especial do Código Civil divide-se em SEIS (06) LIVROS: a) Livro I: Direito das
Obrigações: Livro II: Direito de Empresa; Livro III: Direito das Coisas; Livro IV: Direito de
Família; Livro V: Direito das Sucessões e; LIVRO COMPLEMENTAR (das disposições finais
e transitórias).

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