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TAPETES CONTADORES
Inspiradas no projecto “RACONTE-TAPIS”
Um atrevimento de
Fernanda Raposo
Introdução
Tereu rei da Trácia casou com Procne. Esta viveu feliz durante algum tempo
e teve um filho chamado Itys. Como era muito ligada à sua irmã Filomena,
sentia muita a sua falta. Tereu resolveu ir a Atenas buscar Filomena para
fazer companhia a Procne.
No caminho de regresso, seduziu-a e prendeu-a, cortando-lhe a língua para
que não pudesse contar o que tinha acontecido. Quando chegou a casa
disse à mulher que Filomena tinha morrido na viagem. Procne ficou muito
abalada e triste.
Entretanto, Filomena no seu cativeiro teceu um tapete contando a história da
malvadez do cunhado e enviou-o secretamente à irmã.
Quando Procne viu o tapete arquitectou um plano para salvar a irmã: na
festa de Dionísio, quando as mulheres são livres de sair, libertou-a.
Então juntas planearam a vingança: mataram o filho da Procne, Itys e
serviram-no assado a Tereu. Quando este descobriu que tinha comido o
filho, tentou matar as duas irmãs. Estas fugiram ajudadas pelos deuses do
Olimpo que transformaram Procne em rouxinol, cujo lindo canto é de tristeza
pela perda do filho, e Filomena em andorinha, por não ter língua para cantar.
O gabeh iraniano
É um tapete persa tribal tecido à mão muito
original. Confeccionado pelos povos nómadas
do Irão que nutrem a paixão pela história e
tradição, seguem técnicas, características,
costumes e tradições herdados de seus
antepassados preservando a arte milenar de
tecer o tapete Gabeh há mais de 3500 anos.
A arpillería
Surgiu no Chile em 1974, de uma forma meio clandestina,
logo depois do golpe de Pinochet. Esta colagem de
tecidos era usada como um meio original de denúncia
contra os desmandos, torturas e assassinatos da
ditadura. Assim, mães, esposas, irmãs e filhas dos
desaparecidos e encarcerados utilizavam desde
pedaços de suas próprias roupas até couro, lã, cobre e
seus próprios cabelos para compor e fazer circular
anonimamente os “quadros falantes”.
O quilt
A palavra quilt provem do latim "culcita", uma espécie de
colchão ou almofadão enchido com um material macio e
quente (penas, lã ou cabelos) e usado para se deitar ou
cobrir. Os quilts típicos apresentam grandes desenhos
em tecidos ricamente coloridos em tons escuros. O
resultado é quase sempre pesado e vivo. No passado as
camadas destes quilts eram geralmente de lã de
carneiro ou lençóis reaproveitados.
Projecto Raconte-Tapis.
Em 1988, em França, a educadora Clotilde Hammam e o
seu filho, o artesão Tarak Hammam, criaram o projecto
Raconte-Tapis. Inspiraram-se na tradição popular
milenar de contar histórias com tapetes ou painéis de
tecido, com o objectivo de estimular a leitura.
Criaram assim, tapetes contadores de histórias em que
através de um tapete tendo por base o chão aparece
uma narrativa onde texto e têxtil são irmãos gémeos,
nascidos do empenho de transformar natureza em
cultura, cuja trama envolve palavra e tecido. Das
palavras e mãos do contador, personagens feitos de
tecido vivem as suas aventuras sobre um cenário
cheio de cores, texturas e volume. São
cuidadosamente manipulados e centrados num
tapete colorido. O tapete é instrumento lúdico, é o
cenário, o livro que vive e está ali para a experiência
de qualquer um.
É com base neste projecto que apresento este
atrevimento:
Janeiro 2011
Fernanda Raposo
Histórias em construção e outras
na forja:
9- MEJUTO, Eva, A casa da Mosca Fosca