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RA:1721125
Turma:202/1°Semestre
CHÂTELET, François et al. História das ideias políticas: a gênese do pensamento político.
A sociedade romana, nos primeiros séculos, era constituída por classes sociais bem definidas,
separadas num sistema hierárquico determinado pelo nascimento, fortuna e domicílio da
pessoa. Eram divididos em: patrícios, clientes, plebeus e escravos.
Os patrícios eram descendentes dos fundadores e cada família era chefiada pelo pater familae
que, no âmbito familiar, era juiz, rei e sacerdote. Somente os patrícios possuíam direitos,
porque eram considerados cidadãos romanos apenas aqueles que seguiam a religião da cidade.
Quando necessário, os pater famílias se reuniam para discutir os problemas da cidade, sendo
essa a origem do senado romano. Os clientes eram estrangeiros, portanto, sem cidadania. Os
plebeus eram pessoas que fixavam residência em roma, porém não possuiam direitos e
dedicavam-se ao comércio, agricultura e artesanato. Os escravos eram considerados objetos e
eram comprados e vendidos como mercadoria e seus proprietários tinham sobre eles o poder
de vida e morte. O rei era ao mesmo tempo chefe de Estado e chefe religioso, porém não
cabia ao rei criar o direito, mas aplica-lo segundo a vontade dos deuses.
A base do direito romano em seu início era a família e a religião, sendo que o conceito de
família não era sanguíneo e sim religioso. A herança, por exemplo, não era devida a filha pois
aquela nunca seria a líder do culto familiar. O direito romano excluia aqueles que não eram
cidadãos, e apenas os pater familae eram cidadãos. Plebeus não poderiam contrair matrimônio
ou se unir ao exército, consequentemente, não poderiam participar do saque. Com a
implementação da república, o cargo de rei deixou de ser hereditário e passou a ser exercido
por dois cônsules indicados pelo povo e aconselhados pelo senado romano, composto pelos
pater famílias. A estrutura político-administrativa da república era formada pelo senado, pela
magistratura, que era exercida pelos cônsules, pretores e pelas assembléias do povo
(conhecida como comitiá). Por volta de 540 A.c Sérvio Túlio estendeu aos pebleus o direito
de participar das votações nas assembléias populares, porque depois de algumas guerras, o
efetivo do exército estava baixo.
Com a expansão de Roma, o direito arcaíco e voltado para a classe dos patrícios já não
correspondiam com a nova realidade. Houve a criação da lei das doze tábuas, importante
porquanto as leis do período monárquico não se adaptavam mais à República, que necessitava
de um direito que servisse tanto aos plebeus quanto aos patrícios. Mais tarde surgiu um novo
direito, o direito pretoriano, mais flexível e influenciado também por costumes e conceitos
trazidos pelos estrangeiros que comerciavam em roma. Essa nova realidade, trazida com a
expansão das fronteiras e o intercâmbio cultural fez com que o direito romano fosse se
globalizando, deixando de ser voltado para os patrícios e se tornando num direito
internacional jus gentium. Enquanto o jus civile tinha como fonte os usos e costumes
tradicionais, o jus gentium era fundamentado no direito natural. Cícero foi quem definius os
príncipios que serviram de fundamento para uma roma ecumênica, inspirado nos estóicos
Panécio e Possidônio.