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IDP - Instituto Brasiliense de Direito Público

Aluno: Rafael Luiz dos Santos Menezes Silva

RA: 1721125

Turma: 202/1°Semestre

Antígona

A história de Antígona é a continuação da história do rei Édipo, que matou o próprio pai e
casou-se com a mãe. Narra a tragédia que recai sob seus quatro filhos (Antígona, Polinice,
Islemia e Etéocles). Através dos diálogos descobrimos que Polinice brigou com Etéocles, fugiu
para uma cidade inimiga e voltou com um exercito para conquistar Tebas. Polinice e Etéocles
acabam se matando na luta pelo poder após a morte de Édipo. Creonte, tio de Antígona, então
assume o poder e estabelece um decreto de que ninguém poderá sepultar o corpo de Polinice,
dando início a trama. Na cultura grega antiga, os mortos viveriam uma segunda vida no
subterrâneo, porém os que não eram enterrados estavam condenados a vagar eternamente, o
que explica toda determinação de Antígona para sepultar seu irmão. Antígona dá a noticia a sua
irmã Islemia. Islemia tenta convencer Antígona a não fazer nada e, nessa parte, reforça como
as famílias eram estruturadas, sempre com um homem como chefe da família e responsável
pelas decisões:

Convém não esquecer ainda que somos mulheres, e, como tais, não podemos
lutar contra homens; e, também, que estamos submetidas a outros, mais
poderosos, e que nos é forçoso obedecer a suas ordens

Vale resaltar que a religião era única para cada família, sendo cada família uma associação
religiosa. A autoridade paterna derivou da religião, tendo o pai como chefe e sacerdote, além
de único com decisão política (junto aos outros chefes das famílias). O conceito de família era
ligado com a religião não importando então os laços sanguíneos e afetivos, afetando inclusive
o direito da época. O filho que renúnciava ao culto, ou a filha que mais tarde iria se casar e
participaria de outro culto não teriam direito a herança.Após discutir com sua irmã, Antígona
decide que irá desobedecer as ordens de Creonte e dará o sepultamento merecido para seu
irmão, mesmo que isso custe sua vida . Para Antígona, cumprir a tradição do sepultamento era
um dever, que se não cumprido, resultaria em uma dívida para com os deuses.

Uma coisa é certa: Polinice era meu irmão, e teu também, embora recuses o
que te peço. Não poderei ser acusada de traição para com o meu dever

Creonte então é comunicado, por um guarda, de que o corpo de Polinice foi sepultado e todos
os ritos realizados. Irritado, revela que há insatisfações, por parte do povo, com algumas de suas
ordens:

Mas, das ordens que hei dado tem havido, desde algum tempo, cidadãos que
as ouvem de má vontade, e, logo que delas têm conhecimento, murmuram
contra mim, sacodem a cabeça, às ocultas, em sinal de desacordo, e não querem
sujeitar-se, como convém, à minha autoridade.

Vale notar que apesar de Antígona ser a única a desrespeitar a lei, toda a sociedade aprova sua
conduta, chegando a falar que Antígona deveria receber louros pela sua ação. A fala de Creonte
demonstra que o povo de Tebas possuía um direito anterior, natural, arraigado nos costumes do
povo e, que ao ser confrontado, despertava resistência por parte da população. Isso fica mais
claro quando Hémon conversa com Creonte e quando Antígona é levada à Creonte.

Após montar uma armadilha, os guardas conseguem capturar Antígona e a levam para Creonte,
que a interroga, indagando se ela sabia da lei e porque havia desobedecido. A resposta de
Antígona corrobora a ideia de um direito pré-estabelecido, que estaria acima das leis do rei

Sim, porque não foi Júpiter que a promulgou; e a Justiça, a deusa que habita
com as divindades subterrâneas jamais estabeleceu tal decreto entre os
humanos; nem eu creio que teu édito tenha força bastante para conferir a um
mortal o poder de infringir as leis divinas, que nunca foram escritas, mas são
irrevogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje, são eternas, sim! E
ninguém sabe desde quando vigoram!

Apesar da argumentação, Creonte permanece inflexível e disposto a puni-la. Entra em cena


Hémon, filho de Creonte e esposo de Antígone, para tentar convencer seu pai a desistir da ideia,
seja pelo bom senso, seja reforçando que o povo de Tebas pensava diferente de Creonte, porém
Creonte continuou firme, recorrendo a sua autoridade. Creonte então, manda seguirem ao
destino para a morte de Antígona, ela será enterrada viva assim como Danaé e o filho de Drias.
Tirésias, um advinho, chega para avisar Creonte que uma desgraça caíra sobre ele por causa de
suas resoluções.

Tirésias é capaz de fazer Creonte mudas de ideia. Creonte então decide ele mesmo ir libertar
Antígona

Eu próprio, que ordenei a prisão de Antígona, irei libertá-la! Agora, sim, eu


creio que é bem melhor passar a vida obedecendo as leis que regem o mundo

Nesse momento, Creonte parece perceber que há leis superiores, que regem o mundo, uma

ordem natural que não deve ser quebrada. Porém era tarde demais, Antígona e Hémon já haviam
se matado. Corifeu diz que é a justiça dos Deuses. Logo após chega o mensageiro avisando que
a esposa de Creonte também se matou. Creonte entra em desespero e começa a desejar a morte,
encerrando assim a história como uma tragédia.

O foco da tragédia consiste no embate entre uma lei positivada e uma lei natural, levantando
questões sobre a autoridade política do rei. Questões sobre o limite do Estado, do direito
positivo, sobre as leis do direito natural, as leis não escritas.

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