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aasp.boletim@aasp.org.br
22 EDUCACIONAL/EVENTOS
24 BIBLIOTECA AASP
A reprodução, no todo ou parte, de matéria publicada
nesta edição do Boletim AASP só é permitida desde
que citada a fonte. 25 EXPEDIENTE
O posicionamento dos convidados desta edição não
necessariamente reflete o entendimento da AASP sobre
os temas pautados. 25 ÉTICA PROFISSIONAL
Associação sem fins lucrativos - Exercício da advocacia por
associação a seus associados ou a terceiros necessitados
A
Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº relação às obrigações da LGPD. Isso precisa ser corrigi-
13.709/2018), cujo teor produzirá efeitos do”, afirma Atheniense.
a partir de 16 de agosto de 2020, de- Para que esse regramento possa ser feito, sugere a
mandará um grande preparo técnico dos advogada especializada em Direito Digital Gisele Truzzi,
advogados. Os especialistas atenderão é preciso avaliar como ocorre o fluxo de informação
novos questionamentos legais e isso exigirá capacita- dentro do escritório, desde sua entrada, envolvendo
ção, além da atenção constante a ser dada à jurispru- todas as etapas de tratamento, até o descarte des-
dência, que deverá receber inúmeras novidades até ses dados.
que se assente, bem como a adequação às regras que Essa verificação também deve focar os tipos de
recairão sobre as pequenas, médias e grandes bancas informações coletadas, por exemplo, dados pessoais
de advogados. (sensíveis ou não), de saúde, biométricos e financeiros.
O preparo técnico para lidar com as novas regras “Havendo dados pessoais sensíveis, de saúde, biomé-
é uma das dicas dos especialistas consultados pela tricos ou financeiros, deverá atentar-se à forma de trata-
AASP, que participaram do evento organizado pela en- mento específica, conforme o art. 11 da LGPD”, explica
tidade: Principais aspectos da Lei Geral de Proteção a advogada.
de Dados. O dispositivo citado define as situações em que
pode ocorrer o tratamento e o fornecimento dos dados.
Abrangência geral Dentre as hipóteses, estão a permissão por consenti-
mento expresso do titular, a obrigação legal e a decisão
Antes de qualquer coisa é preciso lembrar que a judicial ou regulatória.
LGPD vale para todo e qualquer tipo de informação,
explica Alexandre Atheniense, advogado especialista Infraestrutura e rotina
em Direito Digital. Ele destaca que a lei engloba o trata-
mento de dados feito no Brasil ou qualquer coleta feita Definidas as regras, o próximo passo é analisar a
no país, mesmo que por empresas sediadas no exterior. infraestrutura do escritório e como está definido o flu-
A partir disso, o primeiro problema a ser sanado, se- xo de informações dentro da banca. O especialista em
gundo o advogado, é a informalidade que permeia as privacidade e proteção de dados Bruno Bioni destaca
relações das bancas com aqueles que não são seus ser preciso analisar qual o nível da segurança da infor-
clientes. Essa regra vale tanto para os prestadores de mação mantida pelo escritório e como é o controle de
serviços terceirizados, por exemplo, paralegais e técni- acesso a arquivos.
cos em TI, quanto para advogados e estagiários. Segundo ele, essas definições são importantís-
Essa informalidade deve ser substituída por con- simas, porque, incialmente, os dispositivos da LGPD
tratos, fixando as obrigações contratuais relativas à fi- deverão atingir a fiscalização, e os esforços devem
nalidade dos procedimentos que serão adotados com estar direcionados à percepção do nível de com-
cada informação obtida profissionalmente. É preciso prometimento a ser empreendido na adequação das
que tais contratos prevejam o uso de dados pseudoa- equipes internas às novas regras. Um bom começo
nonimizados, ou seja, aqueles que, de algum modo, pro- é focar na criação de políticas que gerem incidentes
piciam identificar a pessoa que originalmente forneceu de segurança e determinação de boas práticas na
as informações, e uma política quanto à sensibilidade circulação, no tratamento e no descarte adequado
desses dados, sem falar na limitação do acesso a cada das informações.
camada desse conjunto de informações. “É preciso criar uma cultura que garanta um ciclo de
“Normalmente há o termo de confidencialidade nos vida da informação. Uma vez que foi feita a coleta e o
contratos, mas não existe nenhum detalhamento com tratamento do dado, ele precisa ser descartado. O dado
Glossário
O que é LGPD?
A lei, que entra em vigor em
agosto de 2020, dita normas sobre
tratamento de dados digitais ou não
de pessoas físicas. A norma abrange
o tratamento de dados e a coleta
de informações no Brasil.
Como esses dados Quem são as pessoas Que tipos de tratamento Onde ficam esses dados?
circulam dentro que tratam esses de dados pessoais 1. Contas pessoais
da empresa? dados pessoais? são realizados? de e-mail,
1. Contratos, 1. Área de Recursos 1. Envio de mensagens, 2. Sistemas,
2. Fichas cadastrais, Humanos, 2. Arquivamento de 3. Bases de dados
3. E-mails, 2. Equipe de Marketing, conteúdos, na nuvem,
4. Boletos de pagamento, 3. Assistentes, 3. Anexação, 4. Servidores locais,
5. Documentos, 4. Recepcionistas, 4. Consulta, 5. Discos rígidos de
6. Processos, 5. Advogados, 5. Relatórios, desktops e notebooks,
7. Formulários on-line, 6. Prestadores de 6. Cópias em 6. Pendrives,
8. Arquivos de imagem, serviços, e dispositivos, 7. CDs,
vídeo e áudio. 7. Fornecedores. 7. Currículos, 8. DVDs,
8. Fichas cadastrais, 9. Backups.
9. Prontuários médicos.
Fiscalização e multas
• A fiscalização ficará a cargo da Agência Nacional de Proteção de Dados.
• Em caso de vazamento, ou quando for solicitado, o controlador deverá
demonstrar que os dados foram obtidos segundo as regras da LGPD.
• Caberá aos agentes de tratamento fazer um inventário detalhado de como
a lei interfere em suas atividades.
• A Agência Nacional de Proteção de Dados poderá aplicar as seguintes
penalidades em caso de descumprimento:
1. Advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas;
ILUSTRAÇÕES:FREEPIK
Prevenção de crimes de
lavagem de dinheiro
O corregedor-geral da Justiça editou o Provimento
nº 88/2019, a fim de dispor sobre a política, os pro- das novas regras do Sistema Nacional de Adoção.
cedimentos e os controles a serem adotados pelos Acesse o link https://api.tjsp.jus.br/Handlers/Handler/
notários e registradores visando à prevenção dos FileFetch.ashx?codigo=115563 e consulte a íntegra
crimes de lavagem de dinheiro, previstos na Lei nº do comunicado.
9.613, de 3/3/1998, e do financiamento do terroris-
mo, previsto na Lei nº 13.260, de 16/3/2016, e dá ou-
tras providências. Implantação do Portal da
Defensoria Pública
Seguro-garantia judicial e A Secretaria da Primeira Instância, por meio do
Comunicado SPI nº 46/2019 (Processo SPI nº
fiança bancária 2017/55009), comunica aos advogados e advogadas
Por meio do Ato Conjunto TST.CSJT.CGJT nº 1/2019, que, em razão da implantação do Portal da Defensoria,
o Conselho Superior da Justiça do Trabalho dispôs so- serão excluídas as filas de remessa e recebimento
bre o uso do seguro-garantia judicial e fiança bancária de processo à Defensoria Pública, sendo que even-
em substituição a depósito recursal e para garantia da tuais processos existentes nessas filas deverão ser
execução trabalhista. As regras previstas nesse Ato encaminhados, por cada unidade judiciária, para a fila
Conjunto aplicam-se à fiança bancária para garantia de “Ag. Análise do Cartório – Urgente”, na qual deverão
execução trabalhista ou para substituição de depósito ser examinados individualmente para o correto en-
recursal, observadas as peculiaridades do respectivo caminhamento, ou para que, em caso de estarem em
instrumento. Veja a que se aplica o seguro-garantia no mais de uma fila, seja desde já removida a cópia nesta.
link https://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/TST/Atos/ Para tanto, estarão disponíveis nestas filas dois novos
Ato_Conj_TST_CSJT_CGJT_01_19.html. botões de atividade (“Encaminhar para Ag. Análise do
Cartório – Urgente” e “Remover Cópia”), que ficarão
disponíveis pelo prazo de 60 dias, após o quê, serão
as filas desativadas. Comunica, ainda, que as dúvidas
Sistema Nacional de Adoção
de procedimentos deverão ser encaminhadas para
Por meio do Comunicado CG nº 1.817/2019 o e-mail institucional spi.diagnostico@tjsp.jus.br.
(Processo nº 2019/130461), a Corregedoria-Geral Fica expressamente revogado o Comunicado SPI
da Justiça fez publicar, no Diário Oficial, a íntegra nº 44/2017.
Federal a Mulher para a ação de divórcio, se- de cursos de informática, lan houses,
paração, anulação de casamento ou cibercafés e congêneres a garanti-
dissolução de união estável nos ca- rem acesso às pessoas com deficiên-
Perdimento de bens sos de violência e para tornar obriga- cia visual.
LEI Nº 13.886/2019 tória a informação às vítimas acerca
Conversão da Medida Provisória da possibilidade de os serviços de as- Produtos de origem animal
nº 885/2019 sistência judiciária ajuizarem as ações
e vegetal
Altera a Lei nº 7.560, de 19/12/1986, mencionadas; e altera a Lei nº 13.105,
de 16/3/2015 (Código de Processo LEI Nº 6.401/2019
que cria o Fundo de Prevenção,
Recuperação e de Combate às Civil), para prever a competência do Dispõe sobre tratamento simplifica-
Drogas de Abuso e dispõe sobre os foro do domicílio da vítima de violên- do e diferenciado quanto a inspeção,
bens apreendidos e adquiridos com cia doméstica e familiar para a ação fiscalização e auditoria sanitárias de
produtos de tráfico ilícito de drogas ou de divórcio, separação judicial, anula- estabelecimentos de pequeno por-
atividades correlatas; a Lei nº 10.826, ção de casamento e reconhecimento te processadores de produtos de
de 22/12/2003, que dispõe sobre re- da união estável a ser dissolvida, para origem animal e vegetal no Distrito
gistro, posse e comercialização de determinar a intervenção obrigatória Federal, e dá outras providências.
armas de fogo e munição, sobre o do Ministério Público nas ações de
Sistema Nacional de Armas (Sinarm); família em que figure como parte víti-
Feiras livres e permanentes
a Lei nº 11.343, de 23/8/2006, que ma de violência doméstica e familiar, e
para estabelecer a prioridade de tra- LEI Nº 6.402/2019
institui o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas (Sisnad), pres- mitação dos procedimentos judiciais Altera a redação da Lei nº 4.748, de
creve medidas para prevenção do em que figure como parte vítima de 2/2/2012, que dispõe sobre a regula-
uso indevido, atenção e reinserção violência doméstica e familiar. rização, a organização e o funciona-
social de usuários e dependentes de mento das feiras livres e permanentes
drogas, estabelece normas para re- Neoplasia maligna – prazo no Distrito Federal, e dá outras
pressão à produção não autorizada providências.
para exames
e ao tráfico ilícito de drogas, define
LEI Nº 13.896/2019
crimes; a Lei nº 9.503, de 23/9/1997
Descarte de bicicletas
(Código de Trânsito Brasileiro); a Lei Altera a Lei nº 12.732, de 22/11/2012,
nº 8.745, de 9/12/1993, que dispõe LEI Nº 6.403/2019
para que os exames relacionados ao
sobre a contratação por tempo de- diagnóstico de neoplasia maligna se- Dispõe acerca da criação no Distrito
terminado para atender à neces- jam realizados no prazo de 30 dias, no Federal de locais que estimulem o
sidade temporária de excepcional caso em que especifica. descarte consciente e solidário de
interesse público; e Lei nº 13.756, bicicletas que se encontrem sem uso.
de 12/12/2018, que dispõe sobre o
Fundo Nacional de Segurança Pública
Período de
(FNSP), sobre a destinação do produ- defeso – aviso-prévio ESTADUAL
to da arrecadação das loterias e so- DECRETO Nº 10.080/2019
bre a promoção comercial e a modali- Altera o Decreto nº 8.424, de
dade lotérica denominada apostas de
quota fixa, para acelerar a destinação
31/3/2015, que regulamenta a Lei nº Goiás
10.779, de 25/11/2003, para dispor
de bens apreendidos ou sequestra-
sobre a concessão do benefício de
dos que tenham vinculação com o Medicamentos gratuitos
seguro-desemprego, durante o perío-
tráfico ilícito de drogas. LEI Nº 20.614/2019
do de defeso, ao pescador profissio-
nal artesanal que exerce sua atividade Torna obrigatória a divulgação dos
Proteção ambiental exclusiva e ininterruptamente. medicamentos distribuídos gratui-
LEI Nº 13.887/2019 tamente à população pelo Sistema
Único de Saúde (SUS).
Altera a Lei nº 12.651, de 25/5/2012,
que dispõe sobre a proteção da vege- Distrito Federal
tação nativa e dá outras providências.
Integração da Pessoa Maranhão
CPC e Lei Maria da com Deficiência
Penha – alteração LEI Nº 6.399/2019 Carteira de vacinação –
LEI Nº 13.894/2019 matrícula escolar
Altera a Lei nº 4.317/2009, que insti-
LEI Nº 11.133/2019
Altera a Lei nº 11.340, de 7/8/2006 tui a Política Distrital para Integração
(Lei Maria da Penha), para prever da Pessoa com Deficiência, consolida Dispõe sobre a obrigatoriedade da
a competência dos Juizados de as normas de proteção e dá outras apresentação da carteira de vacina-
Violência Doméstica e Familiar contra providências, para incluir a obrigação ção no ato da matrícula escolar.
Produção de
provas: WhatsApp,
Facebook, e-mail
A
Constituição Federal tutela, em seu art. 5º, caput, inciso X, as garan-
tias da intimidade e da vida privada, e, no inciso XII do mesmo dispo-
sitivo, assegura a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas.
As conversas realizadas através de e-mail ou por meio de aplicativos
como WhatsApp e Facebook, entre outros, também estão acobertadas pela
proteção da intimidade e da vida privada, pois o envio de uma mensagem a
um destinatário determinado, tal qual ocorre com a correspondência escrita,
é um processo de comunicação reservado, que não está aberto a terceiras
pessoas, sejam outros indivíduos, sejam autoridades. O sigilo da correspon-
dência é, como já dizia Ada Pellegrini Grinover, antes mesmo da nossa atual
Constituição Federal, “uma expressão do direito à intimidade, genericamen-
te entendido”.1
No âmbito infraconstitucional, a inviolabilidade da intimidade, da vida pri-
vada, bem como das comunicações privadas armazenadas, como as men-
sagens enviadas por WhatsApp, Facebook e e-mails, está protegida pela Lei
Federal nº 12.965/2014, conhecida como Marco Civil da Internet.
Havendo a proteção da inviolabilidade das mensagens eletrônicas, as
conversas apenas podem ser obtidas e utilizadas em procedimento criminal
com autorização judicial, a qual deve, atendendo aos mandamentos do inci-
so IX do caput do art. 93 da Constituição, fundamentar a sua necessidade,
sopesando, de um lado, as garantias do indivíduo (intimidade, vida privada,
sigilo da correspondência) e, de outro, o interesse da sociedade na eficácia
da persecução penal (correta reconstrução histórica dos fatos).
Contudo, diferentemente do que ocorre com as comunicações telefôni-
cas, não é possível se proceder à interceptação do processo de comunica-
ção das mensagens eletrônicas, dada a ressalva da parte final do inciso XII
do caput do art. 5º da Constituição. Somente é possível a busca e apreen-
são do aparelho telefônico, mediante autorização judicial específica, a partir
FOTO: DIVULGAÇÃO
dos tribunais
Pequena quantidade de drogas desacompanhada de petrechos
típicos da mercancia. In dubio pro reo. Declaração, ex officio, de
nulidade dos áudios extraídos do aparelho telefônico apreendido
sobre o tema em poder do réu, pela autoridade policial, sem autorização judicial.
Ofensa à inviolabilidade do sigilo das comunicações. Pedido de
nas decisões absolvição do crime previsto no art. 16, parágrafo único, inciso I,
da Lei nº 10.826/2003. Impossibilidade. Autoria e a materialidade
a seguir do delito encontram-se comprovadas de forma robusta. Dosimetria
redimensionada de ofício. Recurso conhecido e provido em parte.
I. No que tange à autoria do crime insculpido no art. 16, parágrafo único, inciso I, da Lei
nº 10.826/2003, o conjunto probatório carreado é perfeitamente convincente quan-
to à prática delitiva pelo apelante, mormente em razão da prova testemunhal colhida
no decorrer da instrução criminal, cujos termos não só descrevem todo o iter criminis
como também deixam estreme de dúvidas a subsunção da sua conduta ao tipo penal.
II. Consectariamente, diante do quanto esposado, vislumbra-se a robustez do acervo
probatório coligido nos autos no que tange ao tipo penal ora analisado, estampado
no art. 16, parágrafo único, inciso I, da Lei nº 10.826/2003, razão pela qual, neste par-
ticular, a sentença objurgada deve permanecer incólume. III. Por outro vértice, impen-
de consignar que, efetivamente, os depoimentos testemunhais trazidos ao bojo do
processo pecam pela fragilidade no que concerne à busca da Nulidade constatada. Provas inadmissíveis.
verdade real, deles não se extraindo, de maneira límpida, a cul- Desentranhamento dos autos. Recurso em habeas
pabilidade do réu no que tange ao crime de tráfico de drogas. corpus provido.
IV. Ora, conforme extrai-se dos depoimentos, os milicianos
foram unânimes em salientar que, inobstante encontrarem 1. Esta Corte Superior de Justiça considera ilícita o acesso
pequena quantidade de droga na residência do apelante, não aos dados do celular e das conversas de WhatsApp extraí-
foi encontrado qualquer petrecho típico de mercancia de en- das do aparelho celular apreendido em flagrante, quando
torpecentes. V. Aliado a tal fator, acrescenta-se que os poli- ausente de ordem judicial para tanto, ao entendimento de
ciais militares partiram em diligência para a casa do apelante que, no acesso aos dados do aparelho, se tem a devassa
em razão de, tão somente, este haver sido surpreendido, em de dados particulares, com violação à intimidade do agente.
rodovia pública, na posse de uma moto sem placa de identi- Precedentes: RHC nº 89.981-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares
ficação e com numeração de chassi suprimida. Portanto, não da Fonseca, 5ª T., DJe de 13/12/2017; RHC nº 51.531-RO,
houve quaisquer indícios de que aquele estivesse pratican- Rel. Ministro Nefi Cordeiro, 6ª T., DJe de 9/5/2016. No caso,
do tráfico de entorpecentes. VI. Vale acentuar que o réu, em a obtenção dos dados telefônicos do recorrente se deu
juízo (mídia audiovisual, fl. 108), negou peremptoriamente a em violação de normas constitucionais e legais, a revelar a
autoria do crime de tráfico de drogas, declarando-se, apenas, inadmissibilidade da prova, nos termos do art. 157, caput, do
simples usuário. VII. De fato, existe forte temor, nesse contex- Código de Processo Penal, de forma que devem ser desen-
to, de se violentar a justiça e a verdade. Assim, 0,68 g de co- tranhadas dos autos, bem como aquelas derivadas, deven-
caína e de 27 g de maconha, por si sós, não têm o condão de do o magistrado de origem analisar o nexo de causalidade
configurar mercancia ilícita, especialmente quando inexistem e eventual existência de fonte independente, nos termos do
elementos coadjuvantes outros que apontem nessa direção, art. 157, § 1º, do Código de Processo Penal. Recurso ordi-
restando evidente, pois, a fragilidade do arcabouço proba- nário em habeas corpus provido para reconhecer a ilicitude
tório. A dúvida, é princípio consabido, sempre é sopesada a da colheita de dados dos aparelhos telefônicos (conversas
favor do réu. VIII. Por outro viés, quanto às gravações obtidas de WhatsApp), sem autorização judicial, devendo menciona-
do aparelho telefônico apreendido do apelante pela autori- das provas, bem como as derivadas, ser desentranhadas dos
dade policial, acostadas à fl. 34, imperioso esclarecer que o autos, competindo ao magistrado de origem analisar o nexo
seu teor é confuso e dúbio. Dessa forma, à saciedade, não de causalidade e eventual existência de fonte independente,
possui o valor probante necessário a justificar uma eventual nos termos do art. 157, § 1º, do Código de Processo Penal.
condenação. Não obstante, ainda se a prova aqui discutida Recurso em Habeas Corpus nº 73.998-SC
(gravações extraídas do aparelho telefônico) fosse relevante,
STJ - 5ª Turma
é entendimento assentado no STJ de que, “por se encontrar
Relator: Min. Joel Ilan Paciornik
em situação similar às conversas mantidas por e-mail, cujo
Julgamento: 6/2/2018
acesso é exigido com prévia ordem judicial, a obtenção de
Votação: unânime
conversas mantidas pelo programa WhatsApp, sem a devida
autorização judicial, revela-se ilegal” (ementa abaixo citada).
Portanto, o entendimento dos tribunais superiores é firme no
sentido de que são inaproveitáveis como prova mensagens Apelação criminal. Art. 33 da Lei nº 11.343/2006.
de WhatsApp advindas de celular apreendido sem prévia Preliminar de nulidade da prova obtida por meio
ordem judicial, razão pela qual as referidas fotos (à fl. 34), obti- do aplicativo WhatsApp. Rejeição. Acesso ao
das ilicitamente pela autoridade policial, devem ser conside- celular autorizado pela ré. Pleito de absolvição
radas nulas e, por conseguinte, desentranhadas dos autos, por insuficiência de provas quanto à autoria
pois viciadas. Precedente desta Turma. IX. Nesse diapasão, delitiva. Conjunto probatório apto a fundamentar
desclassifico a conduta do recorrente para a figura típica pre-
a condenação, baseada, inclusive, na confissão da
vista no art. 28 da Lei nº 11.343/2006. Outrossim, levando
em linha de conta o disposto no art. 48 e seguintes da Lei nº
ré e no depoimento judicial de policiais. Tráfico de
11.343/2006, reconhecida está a competência do Juizado drogas na modalidade de aquisição. Consumação.
Especial Criminal para processar e julgar o presente feito, a Tradição do entorpecente. Desnecessidade.
fim de aplicar os benefícios previstos na Lei nº 9.099/1995. X. Dosimetria da pena. Pleito de aplicação da
Ademais, no que tange ao delito insculpido no art. 16, pará- causa de diminuição de pena do § 4º, art. 33,
grafo único, inciso I, da Lei nº 10.826/2003, redimensiona-se da Lei nº 11.343/2006 em seu patamar máximo.
a pena, de ofício, para três anos de reclusão, além do paga- Descabimento. Improvimento do recurso.
mento de dez dias-multa, devendo ser cumprida no regime
aberto, a qual deve ser substituída por duas restritivas de di- I. A apelante foi condenada pela prática da conduta descri-
reito, a serem estabelecidas pelo Juízo da Execução Penal, ta no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, à pena de dois anos e
conferindo ao presente acórdão força de alvará de soltura, seis meses de reclusão, em regime aberto, substituída por
salvo se por outra razão o requerente estiver custodiado. duas penas restritivas de direitos e ao pagamento de 250
dias-multa, cada um na razão de 1/30 do salário mínimo. II.
Apelação nº 0000258-35.2016.8.05.0066-BA Rejeitada a preliminar de nulidade da prova obtida por meio
TJBA - 1ª Câmara Criminal do aplicativo WhatsApp, uma vez que houve consentimen-
Relator: Des. Abelardo Paulo da Mata Neto to de acesso por parte da proprietária do aparelho celular às
Julgamento: 8/5/2018 mensagens nele contidas. Além disso, não houve a extração
Votação: unânime dos dados do celular, nem mesmo foram juntados aos autos
“prints” da conversa visualizada, sendo que a condenação
baseou-se em outros elementos de prova, colhidos sob o
crivo do contraditório. III. No mérito, o pleito absolutório não
Recurso em habeas corpus. Tráfico de drogas. merece guarida, pois a alegada insuficiência de provas quan-
Nulidade processual. Provas obtidas por meio to à autoria delitiva fenece diante do conjunto probatório
de telefone celular apreendido. Mensagens de colacionado aos autos, como a confissão da apelante, o de-
WhatsApp. Inexistência de autorização judicial. poimento da menor com quem foram encontradas as drogas
da Lei nº 11.343/2006 impõe sua aplicação na fração má- expressão de riso, bem como o fato de ter a ofendida afirma-
xima (2/3). O delito do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 do que tinha dúvidas se ele realizaria as ameaças, e somente
não é crime hediondo ou equiparado, mas delito comum. Em registrou a ocorrência policial 13 dias após os fatos, o que
respeito ao princípio da individualização da pena, é possível inviabiliza a alegação de medo, impedem a condenação do
a fixação de regime diverso do fechado e a substituição da apelante, devendo ser efetivada a absolvição por observân-
pena privativa de liberdade a qualquer tipo de crime, hedion- cia ao princípio do in dubio pro reo. 3. Preliminar rejeitada.
do ou não, conforme as decisões do Pleno do STF (HC nº Recurso conhecido e provido para absolver o réu.
111.840-ES e HC nº 97.256-RS), cuja observância é obriga- Apelação nº 20160610009678A-PR
tória (Reclamação nº 4.335-AC, j. 20/3/2014).
TJDFT - 3ª Turma Criminal
Apelação Criminal nº 1.0647.18.005225-8/001-São
Relator: Des. João Batista Teixeira
Sebastião do Paraíso-MG
Julgamento: 24/4/2018
TJMG - 1ª Câmara Criminal Votação: unânime
Relator: Des. Flávio Batista Leite
Julgamento: 16/7/2019
Votação: unânime Apelação criminal. Roubo majorado. Nulidade do
processo. Preliminar rejeitada. Absolvição por
ausência de provas. Impossibilidade. Condenação
Revisão criminal. Homicídio qualificado. Prova mantida. Fração de aumento de penas. Redução.
nova. Autoria do crime atribuída a terceira pessoa.
Transcrições de conversas mantidas via aplicativo Não há falar em nulidade processual por violação do sigilo
WhatsApp. Produção unilateral. Ausência de das comunicações telefônicas, pois o exame de conversas
ou fotos do aplicativo WhatsApp, por ocasião da prisão em
prova pré-constituída submetida ao crivo do
flagrante e apreensão do aparelho telefônico, não constitui
contraditório. Necessidade de ação de justificação. interceptação telefônica. Ademais, não há necessidade de
Revisional improcedente. autorização judicial prévia, porque a verificação das mensa-
1. A alegação, por si só, de que terceira pessoa teria pratica- gens decorre da apuração da prática de crime. A palavra da
do o crime, com base em conversas mantidas em aplicativo vítima – firme e coerente – que reconhece o apelante como
contendo afirmações unilaterais do requerente, sua esposa autor do crime de roubo majorado, aliada a outros elemen-
e familiares a indicar o suposto autor, não é apta a anular o tos de convicção, forma alicerce suficiente para sustentar
acórdão que se pretende rescindir, pois carece de embasa- um decreto condenatório. A mera indicação do número de
mento probatório nos autos submetido ao crivo do contradi- majorantes não é suficiente para a exasperação das penas
tório. 2. Ausente prova pré-constituída de que o requerente em 1/2, exigindo-se fundamentação idônea, nos termos da
não cometeu o crime de homicídio qualificado pelo qual foi Súmula nº 443 do STJ. Provimento parcial ao recurso é me-
condenado, mas terceira pessoa, incabível o acolhimento da dida que se impõe.
pretensão revisional para sua absolvição. 3. Inviável a instau- Apelação Criminal nº 1.0114.16.002243-9/001-Ibirité-MG
ração, de ofício, da justificação criminal, eis que o julgador,
pelo princípio da inércia e da imparcialidade, não pode atuar TJMG - 3ª Câmara Criminal
em favor das partes, cabendo a elas e seu representante le- Relator: Des. Antônio Carlos Cruvinel
gal ajuizar demanda adequada e própria, com a produção das Julgamento: 2/7/2018
provas que julgar pertinentes. 4. Ação julgada improcedente. Votação: unânime
Revisão Criminal nº 0700139-75.2019.8.07.0000-DF
TJDFT - Câmara Criminal Penal. Tráfico de drogas. Preliminar. Recorrer em
Relator: Des. Demétrius Gomes Cavalcanti liberdade. Descabimento. Preliminar suscitada
Julgamento: 24/6/2019
pelo segundo apelante de nulidade da prova
Votação: unânime
obtida por meio ilícito. Ocorrência. Violação
de direito fundamental. Desconsideração
da prova. Necessidade. Mérito. Absolvição/
Penal e Processual Penal. Violência doméstica
desclassificação. Impossibilidade. Autoria
contra ex-namorada. Ameaça. Preliminar de
e materialidade comprovadas. Alteração da
nulidade por cerceamento de defesa e produção
pena-base. Inviabilidade. Art. 42 da Lei nº
de provas. Oportunidade de contraditório. Inércia.
11.343/2006. Qualidade e grande quantidade de
Rejeição. Pleito de absolvição. Ausência de
droga. Reconhecimento da atenuante inominada.
comprovação da data das mensagens de cunho
Inviabilidade. Art. 33, § 4º, da Lei de Tráfico.
ameaçador. Registro da ocorrência vários dias
Descabimento. Dedicação a atividade criminosa
após os fatos. Temor não comprovado. In dubio
evidenciada e réu portador de maus antecedentes.
pro reo.
Alteração do regime e substituição da pena
1. Rejeita-se a preliminar de nulidade por cerceamento de corporal por restritivas de direitos. Impossibilidade.
defesa e produção de provas, se o print das mensagens en- Penas fixadas acima de quatro anos. Recorrer
viadas via WhatsApp foi juntado ainda no inquérito policial e em liberdade. Inviabilidade. Isenção de custas.
o réu, citado, não se encarregou de impugná-lo ou produzir Efeito da condenação. Juízo da execução.
provas em sua defesa. 2. Declarações da ofendida no sen-
Recurso desprovido.
tido de que o apelante enviou-lhe mensagens por meio de
WhatsApp, afirmando que ia arrebentar sua cara, e a man- 1. O pedido de recorrer em liberdade deve ser rejeitado,
dou para o inferno, sem comprovação da data, e conside- mantendo-se o acautelamento da apelante. 2. Necessário
rando que as respostas às ameaças deram-se com ironia e é o afastamento da prova colhida mediante violação de
acesso às mensagens de celular, sem a devida autoriza- Penal e Processo Penal. Embargos infringentes.
ção judicial, constata-se que não é caso de anular o feito e Alegação de ilicitude da prova relativa à
desconstituir a condenação levada a efeito, uma vez que o degravação de conversas mantidas por meio
decreto condenatório, além disso, apoiou-se em outros ele- do aplicativo WhatsApp por ofender o direito
mentos comprobatórios. Precedentes do STJ. Ademais, o
fundamental que prega a inviolabilidade do sigilo
depoimento do policial S. afirmou que foi autorizada, pelos
réus, a verificação dos aparelhos celulares. Não bastasse,
de comunicação. Degravações que, além de não
a própria apelante C. afirmou em seu interrogatório judicial guardarem qualquer vínculo com o tema de fundo
que autorizou o policial a verificar o seu aparelho celular. desta relação processual penal, sequer foram
Preliminar. Nulidade. Inocorrência. mencionadas na denúncia e não serviram de base
O juízo de origem indeferiu o pedido de expedição de ofício para a exaração de édito penal condenatório.
à concessionária da rodovia, sob o seguinte fundamento: Alegação de ofensa aos princípios do contraditório
“Indefiro o pedido feito pela defesa dos réus F. e C., uma vez e da ampla defesa em razão de que laudo
que a sequência de passagens dos veículos já foi elucida- pericial (confirmativo da contrafação) teria sido
da pelos depoimentos dos policiais rodoviários federais, e a colacionado aos autos em momento processual
defesa, por sua vez, não trouxe qualquer elemento que pu-
inoportuno. Inocorrência de qualquer mácula ao
desse infirmar a versão dada por estes policiais”. A diligência
pleiteada pela defesa corretamente foi indeferida pelo juízo devido processo legal.
de origem. Como bem observou o mm. juízo de origem, tal A despeito de existirem trechos transcritos pela Polícia Civil
prova, ante o teor dos depoimentos prestados em juízo, pe- do Estado de São Paulo-SP de comunicações mantidas pelo
los policiais federais, mostrou-se mesmo desnecessária, e o embargante com terceiras pessoas mediante o uso do apli-
juízo de origem fundamentou o indeferimento, não se poden- cativo WhatsApp sem que houvesse ordem judicial autoriza-
do falar em cerceamento de defesa. Precedentes do STJ. tiva para o afastamento do sigilo, tais excertos não serviram
Tráfico ilícito de entorpecentes. como elementos de convicção a permitir qualquer conclu-
Absolvição. Impossibilidade. Existência de prova boa, firme e são acerca da imputação contida nesta relação processual
robusta para lastrear o decreto condenatório. penal (que se cinge à inferência se o embargante cometeu
Crime de porte ilegal de arma de fogo. o crime de moeda falsa em 1º/6/2016) justamente por não
Reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 40, se relacionarem com qualquer aspecto que se encontra sob
inciso IV, da Lei Federal nº 11.343/2006. Recursos de ape- julgamento. Sequer a denúncia ofertada nesta senda faz um
lação parcialmente providos para reduzir as penas impostas átimo de alusão a tais expedientes. Ainda que fosse assen-
a D. e I. tada eventual ocorrência de ilicitude a recair sobre as degra-
Apelação Criminal vações, a teor do art. 157 do Código de Processo Penal, na
nº 0001430-85.2017.8.26.0294-Jacupiranga-SP redação conferida pela Lei nº 11.690, de 9/6/2008, seria de-
feso anuir-se à conclusão requerida pelo embargante, qual
TJSP - 2ª Câmara de Direito Criminal seja a de que seria caso de prolação de édito penal absolutó-
Relator: Des. Alex Zilenovski rio em seu favor, tendo em vista que o regramento legal afeto
Julgamento: 15/7/2019 ao regime jurídico da prova ilícita impõe, tão somente, o de-
Votação: unânime sentranhamento daquilo que foi produzido ao arrepio da le-
gislação de regência (sem vinculação a eventual prolação de
provimento judicial absolutório). Todas as partes (com espe-
Apelação criminal. Tráfico de substância cial destaque à defesa) tiveram oportunidade para se mani-
entorpecente e associação para o tráfico (arts. 33 e festar acerca do laudo pericial que foi juntado, primeiramente,
35, ambos da Lei nº 11.343/2006). em uma versão xerocopiada e, posteriormente, em seu ori-
ginal, o que tem o condão de espancar qualquer ilação no
Preliminar de licitude da prova constituída a partir das in- sentido de que teria havido ofensa ao devido processo legal
formações armazenadas no celular do réu ... (aplicativo do (e aos seus corolários: ampla defesa e contraditório). O art.
WhatsApp), sem autorização judicial ou permissão do agente. 156 do Código de Processo Penal, na redação conferida pela
Não acolhimento. Acesso aos dados dos celulares sem au- Lei nº 11.690, de 9/6/2008, faculta ao magistrado, de ofício,
torização de ... e/ou judicial, nem decorrente do cumprimento determinar, no curso da instrução ou antes de proferir o ato
de mandado de busca e apreensão. Violação da intimidade. sentencial, a realização de diligências imprescindíveis para a
Ofensa ao art. 5º, inciso X, da CF. Provas obtidas por meio solução da questão que lhe foi trazida a julgamento, de modo
ilícito. Precedentes do STJ e desta câmara. Mérito. que plenamente possível a determinação de juntada do lau-
Tráfico de drogas. Pleito condenatório. do pericial nos termos em que decidido em primeiro grau de
Inviabilidade. Manutenção da absolvição por insuficiência jurisdição. Negado provimento aos embargos infringentes.
probatória. Réu não foi encontrado em posse de drogas. Embargos Infringentes e de Nulidade
Conteúdo extraído do celular não pode ser utilizado como nº 0006683-56.2016.4.03.6181-SP
elemento de convicção.
Associação para o tráfico. Pleito condenatório. TRF-3ª Região - 4ª Seção
Inviabilidade. Não demonstração do vínculo de estabilidade Relator: Des. Fausto de Sanctis
entre duas ou mais pessoas para a prática do crime previsto Julgamento: 21/2/2019
no art. 33 da lei de entorpecentes. Manutenção da absolvi- Votação: maioria
ção. Recurso conhecido e improvido.
Apelação Criminal nº 201800333343-SE
TJSE - Câmara Criminal
Relator: Des. Diógenes Barreto
Julgamento: 21/2/2019
Votação: unânime
PARTE 27
FOTO: DIVULGAÇÃO
TRABALHADOR
HIPERSUFICIENTE
TÍTULO IV
DO CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes
interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos con-
tratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Parágrafo único - A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóte-
ses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância
sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível supe-
rior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefí-
cios do Regime Geral de Previdência Social.
Apontamentos
por Maria Luiza Benhame 611-A e B, mas de outros artigos celetistas e
do art. 104 do Código Civil citado como fonte
de controle dos instrumentos coletivos e, por
O
parágrafo único do art. 44 da extensão, de tais contratos individuais do hi-
CLT cria a figura do empregado persuficiente (art. 8º, § 3º, CLT).
“hipersuficiente”. O art. 104 estabelece como seus requisi-
Segundo a nova sistemática legal, o con- tos: o agente capaz, a forma prevista ou não
tratado entre tal trabalhador e seu emprega- vedada por lei e o objeto lícito. E, dentre os
dor terá a mesma validade e eficácia de um requisitos de validade do negócio jurídico, es-
instrumento coletivo, na forma do art. 611-A tão a ausência de vícios da vontade e vícios
da CLT. Vale dizer, as mesmas matérias ali in- sociais, que sempre devem ser considerados
dicadas poderiam ser objeto de livre pactua- pois podem ocasionar a nulidade do negócio.
ção entre as partes. No entanto, o art. 611-A Importante é que tal negociação não im-
não pode ser interpretado sem a contrapar- plique renúncia de direitos, o que, mesmo na
tida do art. 611-B, pelo que podemos dizer esfera coletiva, é vedado. Assim, os contratos
que, a princípio, o empregado hipersuficiente e/ou suas alterações devem demonstrar real
poderia negociar qualquer matéria trabalhis- transação com vantagens a ambas as partes.
ta, ainda que in pejus, com exceção das maté- As alterações devem ser muito cuidadosas,
rias dispostas no art. 611-B da CLT. em face do art. 468 da CLT, que resta inaltera-
No entanto, tal artigo, ao contrário do que do e veda alterações prejudiciais do contrato
parece, traz várias implicações e exige inter- de trabalho, não se sabendo ainda como a
pretação cuidadosa, à luz não só dos arts. jurisprudência irá se firmar nesse aspecto.
A reforma
FOTO: DIVULGAÇÃO
das regras
previdenciárias e
a judicialização
A
promessa de economia oficial, quer por decisão própria, quer
dos recursos públicos pelo desemprego ou pela informali-
e de redução da quan- dade nas contratações, o que resulta
tidade de processos em queda na arrecadação e agrava a
distribuídos não deve situação da Previdência.
se confirmar. Isso porque o texto da “Geramos um problema econômico
nova lei previdenciária é “desconexo, quando retiramos benefícios. Em 73%
prolixo e complexo”, segundo a ad- dos municípios brasileiros, os valores
vogada Adriane Bramante, presiden- pagos em benefícios previdenciários
te do Instituto Brasileiro de Direito superam os montantes recebidos do
Previdenciário. fundo de participação dos municípios.
“Há problemas na regra de transi- Não temos pessoas se formalizando
ção do cálculo, no valor da pensão nos empregos, e a possibilidade de
por morte, nos benefícios imprevi- aumentar essa informalidade é ain-
síveis, que deveriam ter um cálculo da maior.”
diferenciado, mas seguirão um mo- Confira a entrevista abaixo:
delo extremamente prejudicial”, afir-
mou a especialista em entrevista à QUAL O BALANÇO QUE PODEMOS FAZER
Associação dos Advogados (AASP). SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA?
A reforma é necessária. Isso é indiscutível. Mas
Destaca, ainda, que as pessoas têm a proposta aprovada traz mais retrocessos do
se afastado da Previdência Social que avanços. Há problemas na regra de transição
PROMOÇÃO
• Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) INSCRIÇÃO
Associado R$ 100,00 R$ 100,00
EXPOSIÇÃO
• Osvaldo Pires G. Simonelli Estudante R$ 120,00 R$ 120,00
Não associado R$ 240,00 R$ 240,00
PROMOÇÃO
• Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) INSCRIÇÃO
COORDENAÇÃO Associado R$ 100,00 R$ 100,00
• Bruno Burini Estudante R$ 120,00 R$ 120,00
• Fábio Peixinho Gomes Corrêa
• Heitor Vitor Mendonça Sica Não associado R$ 240,00 R$ 240,00
PROMOÇÃO
• Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) INSCRIÇÃO
Associado R$ 50,00 R$ 50,00
EXPOSIÇÃO
• André Luiz Marques Estudante R$ 60,00 R$ 60,00
Não associado R$ 120,00 R$ 120,00
PROMOÇÃO
• Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) INSCRIÇÃO
Associado R$ 75,00 R$ 75,00
COORDENAÇÃO
• Bruno Freire e Silva Estudante R$ 90,00 R$ 90,00
Não associado R$ 180,00 R$ 180,00
Ética Profissional
NOVOS
ISADORA ARAUJO BATISTA MIKAELI STARKOWSKI GUIMARAES
ISADORA MARQUES DEPIZOL MILENA RAFAELA MACIEL SOUZA
JACQUELINE ANDRESSA LUI MYLENA GABRIELLE R. DAVOGLIO
INTEGRANTES
JAIME DA VEIGA JUNIOR NATALIA CAMARGO
JANAINA DE CASSIA SILVA NATALIA PEREIRA B. C. CAIAFFA
JAQUELINE DE SOUZA PINHEIRO NATALIA STEPHANIE SILVA
JESSICA GUALBERTO SANTA ROSA NATHALIA ARQUES DE OLIVEIRA
da AASP do mês
JOAO ARTHUR PEREIRA DE MELLO NATHALIE ZIOLI ROMO MARTINS
JOAO FELIPE B. V. MATHIAS NAYARA RAMOS DE OLIVEIRA
JOAO FRANCISCO CANDIDO NEIL ALESSANDRO MEDEIROS SILVEIRA
de outubro de 2019
JOAO MARCOS FERREIRA DE SOUZA NEILA SOUZA CABRAL KOIFFMANN
JOAO PAULO DA SILVA PINHEIRO NICELIA BARRETO IRINEU
JOAO VITOR BARROS MARTINS DE SOUZA ORLANDO BARRETO B. T. LIMA
JOAO VITOR DOS SANTOS OSCAR LINEU MENDES
OSVALDO ESTRELA VIEGAZ
Aproveitamos para trazer nesta edição os JORGE LUIZ DA SILVA
JOSE AUGUSTO DE OLIVEIRA OSWALDO DE MOURA JUNIOR
novos associados da AASP, expressando JOSE CARLOS DE ARAUJO OTAVIO HENRIQUE DE SOUSA LIMA
OTAVIO JORGE ASSEF
JOSE LUIZ DA SILVA
OBS.: FOI MANTIDA A GRAFIA DOS NOMES, SEM SINAIS GRÁFICOS COMO ACENTOS, CONFORME CONSTAM DO CADASTRO DE ASSOCIADOS.
FECHAMENTO DESTA EDIÇÃO: 22/11/2019, ÀS 17H30