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ETSO001-13

Circuitos Elétricos
e Fotônica

Fibras Ópticas

2020.1 1
Histórico – Como guiar a luz?
John Tyndall
mostrou que a
luz poderia ser
1854 guiada num feixe 1952
de água fino
(trajetória curva)

1880

Narinder Kapany inventou a fibra


óptica (núcleo e casca)

Fibroscópio:
transmissão de
Alexander Graham Bell
imagens com feixe
desenvolveu o “fotofone”:
1950 de fibras puramente
modulação de
de vidro (altas
um feixe de luz pela voz
perdas)

http://www.fiber-optics.info/history https://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=F69tWoZa4ic#t=119 2
Histórico – Como guiar a luz?
1960

Invenção do Laser
Conexão do laser com
fibras ópticas:
1990
comunicações ópticas:
fibras com atenuação
100.000 x mais
informação que micro- de 0,16dB/km
1966 ondas A luz não “escapa”
da fibra. A iluminação
Charles Kao e George
só pode ser vista nas
Hockham (STC) : fibras de
extremidades.
silício de alta pureza
(prêmio Nobel de 2009)

1970
Corning Glass Works: produção de
fibras ópticas de quartzo de baixas
perdas (atenuação=20dB/km)

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GUIA DE ONDA (Waveguide)

Componente óptico feito de um material dielétrico envolvido por outro


material dielétrico de menor índice de refração. A luz é guiada através do
meio de maior índice via reflexão interna total.

GEOMETRIAS:
(a) planar (“slab”)
(b) tipo fita (“strip”)
(c) fibra (“fiber”)

ÓPTICA INTEGRADA
Guias de onda são utilizados para
fabricação de dispositivos, transmissão e
recepção de dados.
Combinação de componentes ópticos e
eletrônicos sobre um mesmo substrato. TRANSMISSOR E
RECEPTOR ÓPTICO

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FIBRAS ÓPTICAS
Fibras Óticas: guias de onda normalmente feitos de sílica fundida (SiO2)
ou plástico transparente.

Núcleo: índice de refração n1, diâmetro 2a.


Casca: índice de refração n2, diâmetro 2b.

 Para que a luz possa ser guiada, n2 < n1.(múltiplas reflexões internas)
Aplicações: comunicações, medicina, sensores óticos, iluminação, etc.

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FIBRAS ÓPTICAS VERSUS LINHAS DE TRANSMISSÃO
CONVENCIONAIS (FIOS DE COBRE)

VANTAGENS
Desempenho
 Maior capacidade de transmissão de dados (“data rates”)
 Baixas perdas de sinal (Pequena atenuação)
 Propagação através de longas distâncias sem
necessidade de amplificação do sinal

Não irradia sinais // Imunidade à interferência eletromagnética (EMI)


Dificuldade de “espionagem” de informação; Maior segurança
Isolação elétrica (não tem componentes condutores/metálicos)
Não necessita aterramento / Livre de faíscas e descargas elétricas
Sistemas leves e de tamanhos reduzidos
Resistente à radiação e corrosão

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FIBRAS ÓPTICAS VERSUS LINHAS DE TRANSMISSÃO
CONVENCIONAIS (FIOS DE COBRE)

DESVANTAGENS
Necessidade de Conversores: Sinais ópticos ⇔ Sinais elétricos
Núcleos das fibras apresentam dimensões reduzidas (particularmente
fibras monomodo, utilizadas para transmissão de sinais a longas distâncias)

 Necessidade de sistemas mecânicos de precisão (maior custo)


para:
a) Inserir a luz na fibra;
b) Fazer a conexão entre duas fibras (necessidade de
alinhamento perfeito entre os núcleos)

AS VANTAGENS DAS FIBRAS ÓPTICAS SUPERAM DE LONGE AS


DESVANTAGENS

 Sistemas de comunicação com fibras são cada vez mais comuns


e estão substituindo os sistemas convencionais para transmissão de
voz, vídeo e dados.

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Estrutura Típica de Fibra Óptica

Estrutura básica = Núcleo +


Casca
 Frágil; pode ser quebrada
com relativa facilidade

Estrutura de reforço mecânico


 Composta de camadas de
silicone e diferentes
resinas plásticas

Camada externa de poliuretano

Injeção de luz dentro da fibra

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TIPOS DE FIBRAS ÓPTICAS

(a) Fibra MULTIMODO com perfil de índice de refração tipo degrau (ID)
(b) Fibra MULTIMODO com perfil de índice de refração gradual (GRIN)
(c) Fibra MONOMODO com perfil de índice de refração tipo degrau (ID)

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Fibras Óticas – Perfil Degrau

 No interior da fibra, apenas os raios de luz que incidem com


ângulo maior (ou igual) ao ângulo crítico (θc) sofrem reflexão
total e podem ser guiados pela fibra.
Raios cujos ângulos de incidência são menores que θc serão
perdidos na casca por refração.

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Fibras Óticas: Abertura Numérica

2θ a
ar

Abertura numérica

NA ≤ 1 θ a = arcsin( NA) Ângulo de aceitação

NA pequeno

NA grande

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Fibras Óticas: Abertura Numérica

Raios Guiados

http://www.invocom.et.put.poznan.pl/~invocom/C/P1-9/swiatlowody_en/p1-1_1_2.htm 12
Fibras Óticas: Abertura Numérica

Raios não-guiados

Ângulo Crítico

http://www.invocom.et.put.poznan.pl/~invocom/C/P1-9/swiatlowody_en/p1-1_1_2.htm 13
Fibras Óticas: Abertura Numérica
NA varia de 0,1 (fibras monomodo) a 0,5 (fibras multimodo com
perfil gradual)

Variação correspondente dos ângulos de aceitação : de 6º a 30º

 Quanto maior NA : mais fácil é a penetração da luz na fibra, mas o


número de modos de propagação é maior, a banda de passagem é
menor e a atenuação é maior.

 Quanto menor NA , menor o número de modos de propagação, a


banda de passagem é mais larga, mas o acoplamento da luz na fibra
é mais difícil.

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ÍNDICES DE REFRAÇÃO n1 e n2

 As fibras usadas em comunicação óptica são feitas de vidros de


sílica fundida de altíssima pureza

Pequenas mudanças no índice de refração são feitas através da


adição de dopantes, como germânio, boro ou titânio, por exemplo.

As diferenças entre os índices ( n1 − n2 ) são usualmente pequenas.

Por exemplo: n1 = 1,46 e n2 = 1,45

Neste caso:

Abertura numérica: NA = n12 − n22 = 0,17 e θ a = 9,8 graus

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Vídeo introdutório
http://ocw.mit.edu/resources/res-6-005-understanding-lasers-
and-fiberoptics-spring-2008/fiberoptics-fundamentals/
CONECTORES DE FIBRAS ÓPTICAS
Permitem rápido acoplamento entre os núcleos de duas fibras.
 Existe grande variedade de conectores. As principais diferenças entre
eles são suas dimensões e métodos de acoplamento mecânico.

SC
CONECTOR FC ST

 Quando as fibras são conectadas, seus


núcleos são pressionados um contra o outro,
minimizando as perdas de acoplamento.

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JUNÇÃO DE FIBRAS ÓPTICAS
 “Mechanical Splice” - Junção (emenda) de duas (ou mais) fibras que
são precisamente alinhadas e mantidas unidas em um suporte mecânico
apropriado de modo a acoplar a luz entre as fibras.

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ANÁLISE DE FIBRAS ÓPTICAS

 Diâmetro da fibra é grande comparado ao


comprimento de onda λ da energia radiante →
pode ser usada a Óptica Geométrica (raios)

Diâmetro da fibra é da ordem de grandeza de λ


→ natureza ondulatória da luz deve ser
considerada – Óptica Física ou Ondulatória

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Modos de Propagação de ondas guiadas

Propagação dos campos EM no espaço livre: ondas TEM


(transversal eletromagnética→ campos EM ortogonais entre
si e perpendiculares à direção de propagação

Propagação de campos EM em guias de onda: modos de


propagação são determinados a partir das equações de
Maxwell impondo-se condições de contorno (geometria, tipo
de material, etc...)→ conjunto de ondas guiadas de maneira
estável pelo guia→ configuração de campos EM que se
repete ao longo do guia a cada λ

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Modos de Propagação de ondas guiadas

Modos Sigla Característica


Transversal TEM Campos E e H sem
eletromagnético componentes na direção de
propagação (Ez = Hz =0)

Transversal elétrico TE Campo E sem componentes


na direção de propagação
(Ez =0)

Transversal TM Campo H sem componentes


magnético na direção de propagação
(Hz =0)

Híbrido HE ou EH Campos E e H com


componentes na direção de
propagação (Ez ≠ 0 , Hz ≠ 0)

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Distribuição dos campos eletromagnéticos no núcleo da fibra óptica

Modo HE11 Modo TE01

Modo EH11 Modo HE31


Modo TM01

____ campo elétrico


- - - - campo magnético

Modo HE21

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Modos de Propagação
 Determinação dos campos E e H no interior de uma fibra
As ondas guiadas satisfazem as equações de Maxwell e as condições de
contorno
As soluções devem ser finitas e oscilatórias no núcleo e devem anular-se
no infinito
As componentes Ez e Hz devem ser contínuas na interface
núcleo-casca
r < a: soluções do tipo Jl (x) – funções de Bessel de primeiro tipo e ordem l
r > a: soluções do tipo K2(x) – funções de Bessel modificadas de segundo tipo

Funções de Bessel de primeiro tipo

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Modos de Propagação
Modos de Propagação
Modos de Propagação
Os modos de propagação na fibra são rotulados como LPl,m
(linearmente polarizados)→ combinação de outros modos (TE, TM,
EH ou HE)
 Os modos mantêm a mesma distribuição transversa de iluminação
e polarização ao longo da fibra.
Exemplos de distribuição de intensidade luminosa de alguns
modos LP

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Modos de Propagação LPl,m

l= metade do no de
máximos que
ocorrem para
0<φ<2π

m=no de máximos
na linha radial entre
0e∞

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Modos de Propagação LPl,m
Irradiância dos m
modos LPlm:
A geração de
modos numa
 ur 
I lm = I 0 J l2   sin 2 (lφ ) fibra depende
 a  do ângulo de
incidência da
I0= irradiância luz.
máxima
r, φ - variáveis l l= metade do no de
cilíndricas máximos que
l – ordem da função ocorrem para
de Bessel 0<φ<2π
a - raio da fibra
u 2 = k12 − β 2 m=no de máximos
na linha radial entre
2π n1 2π 0e∞
k1 = β=
λ λ

http://physics.bgu.ac.il/COURSES/LAB_E/OpticalFibers/OpticalFibers.html 28
Modos de Propagação – Solução Geométrica
Após sofrer duas reflexões, as frentes de onda estão em fase.

Em ângulos para os quais a condição de auto consistência é


satisfeita (distribuição transversa de iluminação ao longo da fibra é
constante), as ondas interferem construtivamente e criam um
padrão (modo) que não muda ao longo de z.

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Parâmetro V
V é o Parâmetro de Frequência Normalizada, que governa o
número de modos que se propaga em uma fibra, e suas respectivas
constantes de propagação. Depende da geometria e dos parâmetros
de fabricação da fibra e do comprimento de onda da fonte de luz:
λ0: comprimento de onda no vácuo
2a: diâmetro do núcleo
NA: abertura numérica π 2
V= a.NA
λ0
Quando V ≤ 2,405 apenas um modo pode ser guiado (modo
fundamental: LP01 → fibra monomodo)

2,405 é o primeiro zero da função de Bessel J0(x) (primeiro tipo e


ordem 0)

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Parâmetro V

V= a.NA
λ0

 Primeiro zero da função de Bessel J0(2,405) = 0;


 Parâmetro V de corte dos 5 primeiros modos:
LP01: Vcorte = 0
LP11: Vcorte = 2,4
LP21 e LP02: Vcorte = 3,8
LP31: Vcorte = 5,1.
 Se V >> 2,4, o número de modos que se propagam
por uma fibra ID é aproximadamente Nm ≈ V 2/2.

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Índice de Refração efetivo e Parâmetro V
neff – índice de refração efetivo. n1<neff<n2 (n1>n2) Fornece a velocidade de
propagação da luz em cada modo.
Cada modo de propagação tem seu parâmetro Vc, denominado frequência de
corte, abaixo do qual não há a propagação do modo.
Primeiro modo fundamental Vc=0 Segundo modo : Vc= 2,405

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Índice de Refração efetivo e Parâmetro V

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Parâmetro V e Modos LP

Modo LP Modos transversais ou híbridos V


LP 01 HE 11 0

LP 11 HE 21, TE 01, TM 01 2,405

LP 21 HE 31, EH 11 3,832

LP 02 HE 12 3,832

LP 31 HE 41, EH 21 5,136

LP 12 HE 22, TE 02, TM 02 5,520

LP 41 EH 31, HE 51 6,380

http://www.invocom.et.put.poznan.pl/~invocom/C/P1-9/swiatlowody_en/p1-1_1_3.htm 34
Parâmetro V
2π 2π
V= a.NA = a. n12 − n22
λ0 λ0

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Fibras Ópticas - Distorções

Diminui a taxa de
transmissão de informação

Necessidade de estações
repetidoras para amplificar
o sinal

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Dispersão Intermodal
Modos de menor ordem correspondem aos raios que
se propagam com pequeno ângulo com relação ao
eixo da fibra, portanto, sofrem menos reflexões e
como consequência percorrem um caminho óptico
menor. Propagação de vários modos causa distorção
em informação codificada na forma de pulsos.

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Tempo de atraso máximo entre modos
 Fibra multimodo de índice em degrau (ID)

Tempo de atraso entre o raio axial e o raio incidente com


máximo ângulo (θa): n  n 
∆t = th − ta = 1
 l 1
−l
c  n2 
Atraso de tempo/comprimento (limite prático na banda de
modulação do sinal a ser transmitido):
(Este atraso de tempo não pode exceder ∆t n1  n1 
a distância entre os bits de informação) =  − 1
l c  n2 

Raio axial

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Desafio

 Calcule qual poderá ser a máxima taxa de transmissão B (bits/s) (< 1/∆t)
imposta pela dispersão intermodal para um sistema de comunicação que
utilize fibras ópticas com um comprimento l= 10km, e tais que:

a) n1= 1,5 e n2=1


b) n1= 1,5 e n2=1,497

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Desafio

 Calcule qual poderá ser a máxima taxa de transmissão B (bits/s) (< 1/∆t)
imposta pela dispersão intermodal para um sistema de comunicação que
utilize fibras ópticas com um comprimento l= 10km, e tais que:

a) n1= 1,5 e n2=1


b) n1= 1,5 e n2=1,497

Resposta:

a) B< 0,04Mb/s
b) B< 10Mb/s

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Dispersão Intermodal
Ocorre em fibras Multimodo
Menor para fibras de índice gradual (raios de maior
percurso propagam com maior velocidade- menor n )

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Dispersão Cromática
 Ocorre em fibras Multimodo e Monomodo
 Um pulso ótico nunca é monocromático.
 É formado por uma soma (integral) de diversos
comprimentos de onda λ.
 Há diferentes velocidades para cada componente de λ.
 Consequência: alargamento temporal do pulso
Efeito pode ser minimizado com o uso de fontes de espectro
estreito Ex.: diodo laser

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Atenuação em Fibras
 Caracterizada pelo coeficiente de atenuação α [dB/km]
A potência ótica da luz decresce com a distância como
resultado de absorção e espalhamento.
1 POUT
POUT: Potência da luz na saída da fibra α = − 10 log10
L PIN
PIN: Potência da luz na entrada da fibra {
T
L: Comprimento da fibra em km

A relação entre α e T está ilustrada ao lado


para L = 1 km. Uma atenuação de 3 dB/km,
por exemplo, corresponde a T = 0,5, enquanto
10 dB/km é equivalente a T = 0,1 e 20 dB/km
corresponde a T = 0,01.

αL

POUT = PIN 10 10

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Causas da Atenuação em Fibras de Vidro
 Absorção: energia luminosa absorvida pelo núcleo (absorção
intrínseca na faixa de ultra-violeta e infra-vermelho: devido a
impurezas como íons metálicos e íons OH-)

Espalhamento: parte da energia luminosa é convertida em


modos e/ou comprimentos de onda que não se propagam bem
pela fibra (Rayleigh, Mie, Brillouin, Raman)

Curvaturas ou Efeitos geométricos: causam incidência dos raios


com ângulo menor que o ângulo crítico → a reflexão total deixa
de ocorrer e parte da energia luminosa é irradiada.

Guia de onda: projeto da fibra deve garantir que a maior parte


da potência luminosa esteja confinada no núcleo, e que a casca
tenha espessura adequada e composta por material de baixas
perdas.

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Janelas de Transmissão em fibras de vidro
1,31 µm e 1,55 µm

• near infrared
0,7 a 5µm
• mid infrared
5 a 40µm
• far infrared
40 a 350µm

Dependência do coeficiente de atenuação α da sílica com o comprimento de


onda λ0. Há um mínimo local em 1,3 μm (α = 0,3 dB/km) e um mínimo absoluto
em 1,55 μm (α ≈ 0,16 dB/km).

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Questões
1- Uma fibra ótica é usada para transmitir luz com comprimento de onda
1550 nm. Os índices de refração do núcleo e da casca são, respectivamente, n1 =
1,49 e n2 = 1,47. O diâmetro do núcleo é de 50 μm.
a) Calcule a abertura numérica da fibra. b) Determine se a fibra é multimodo ou
monomodo. Resp.: 0,24; multimodo

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Questões
2- Dois pedaços de fibras ópticas, cada um com 1km de comprimento e 5dB de
perda total são emendados. A emenda adiciona uma perda de 1dB ao conjunto.
Sabendo-se que a potência de entrada é de 2mW, calcule a potência de saída do
conjunto. Resp.: 0,16mW

47
Questões

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Questões
4- Determine o valor máximo do raio da fibra descrita no item anterior para que
ela apresente comportamento monomodo. Resp.: 1,3µm

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