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DECIFRANDO O CASH FLOW

Por: Theodoro Versolato Junior

Para entender melhor o Cash Flow precisamos entender a sua origem: Demonstração
do Resultado e Balanço Patrimonial. O Cash Flow é a Demonstração da Origem e
Aplicação dos Recursos da Empresa.

O Resultado da Empresa é a Origem dos recursos.

A movimentação do Balanço Patrimonial (Saldo final x Saldo inicial) mostra onde os


recursos foram aplicados.

Concluindo com a movimentação do Caixa no período.

Conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, na edição do Pronunciamento


técnico CPC 03, segue abaixo o objetivo, benefícios, definições e divulgação da
Demonstração do Fluxo de Caixa:

Objetivo: As informações dos fluxos de caixa de uma entidade são úteis para
proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a
capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas
necessidades de liquidez. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários
exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem
como da época e do grau de segurança de geração de tais recursos.

Benefícios das Informações dos Fluxos de Caixa: A demonstração dos fluxos de caixa,
quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona
informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de
uma entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua
capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às
mudanças nas circunstâncias e oportunidades.

As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a


entidade gerar recursos dessa natureza e possibilitam aos usuários desenvolver
modelos para avaliar e comparar o valor presente de futuros fluxos de caixa de
diferentes entidades.

A demonstração dos fluxos de caixa também melhora a comparabilidade dos


relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os
efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas
transações e eventos.

Informações históricas dos fluxos de caixa são freqüentemente usadas como indicador
do valor, época e grau de segurança dos fluxos de caixa futuros. Também são úteis
para verificar a exatidão das avaliações feitas, no passado, dos fluxos de caixa futuros,
assim como para examinar a relação entre a lucratividade e os fluxos de caixa líquidos
e o impacto de variações de preços.

Definições: Os seguintes termos são usados neste Pronunciamento, com os


significados abaixo especificados:

Caixa: Compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis.

Equivalentes de caixa: são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que
são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão
sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.

Fluxos de caixa: são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa.

Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade


e outras atividades diferentes das de investimento e de financiamento.

Atividades de investimento: são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo


prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa.

Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e


na composição do capital próprio e no endividamento da entidade, não classificadas
como atividade operacional.

Divulgação de Fluxos de Caixa das Atividades Operacionais: A entidade deve divulgar


os fluxos de caixa das atividades operacionais, usando:

(a) o método direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e


pagamentos brutos são divulgados; ou

(b) o método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos
efeitos:

(i) das transações que não envolvem caixa;

(ii) de quaisquer deferimentos ou outras apropriações por competência sobre


recebimentos ou pagamentos operacionais passados ou futuros; e

(iii) de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de
investimento ou de financiamento.

Vamos iniciar comentando e analisando o Resultado, Balanço, Cash Flow e um


conceito que não é muito utilizado no Brasil: o CCC (Cash Conversion Cycle) que mede
a quantidade de dias que o dinheiro leva para retornar ao Caixa. Para isto, segue
abaixo as Demonstrações Financeiras: Demonstração do Resultado, Balanço
Patrimonial, Demonstração do Fluxo de Caixa (Cash Flow) e Demonstração do Cálculo
do CCC (Cash Conversion Cycle).

Segue abaixo o resultado desta empresa (demonstrativo abaixo).

CIA. XYZ
Demonstração do Resultado (Milhares de R$)
2008 2009 2010

Receitas
Produto A 1.200,0 1.500,0 1.800,0
Produto B 900,0 1.000,0 1.100,0
Produto C 650,0 750,0 850,0
Produto D 500,0 600,0 700,0
Outros 50,0 50,0 50,0
Total das receitas 3.300,0 3.900,0 4.500,0
Despesas com Garantia -210,0 -250,0 -290,0
Garantia Produto A -120,0 -150,0 -180,0
Garantia Produto B -90,0 -100,0 -110,0
Despesas Financeiras-Empréstimos -62,0 -48,3 -91,0
Lucro Bruto
Produto A 480,0 675,0 900,0
Produto B 360,0 450,0 550,0
Produto C 130,0 187,5 255,0
Produto D 100,0 120,0 140,0
Outros 5,0 5,0 5,0
Lucro Bruto 1.075,0 1.437,5 1.850,0
Produto A 40,0% 45,0% 50,0%
Produto B 40,0% 45,0% 50,0%
Produto C 20,0% 25,0% 30,0%
Produto D 20,0% 20,0% 20,0%
Outros 10,0% 10,0% 10,0%
Lucro Bruto % 32,6% 36,9% 41,1%
Custos Indiretos
Pessoal -300,0 -350,0 -380,0
Outros -400,0 -300,0 -350,0
Devedores Duvidosos -100,0 -50,0 -80,0
Depreciação -150,0 -180,0 -192,0
Total dos Custos Indiretos -950,0 -880,0 -1.002,0
Resultado Operacional (EBIT) 125,0 557,5 848,0
Resultado Operacional (EBIT) % 3,8% 14,3% 18,8%
Receitas Financeiras 30,0 40,0 20,0
Despesas Financeiras -30,0 -35,0 -40,0
Resultado antes do I.R. 125,0 562,5 828,0
Provisão para Imposto de Renda -42,5 -191,3 -281,5
Resultado Líquido 82,5 371,3 546,5

Verificando o resultado dos anos de 2008, 2009 e 2010, a empresa aumentou suas
margens (Lucro Bruto) e aumentou consideravelmente o Resultado Operacional (EBIT).
Dá para perceber que o Gestor se preocupou bastante com o resultado, tomou as
medidas necessárias e deu certo: O EBIT em 2008 esta em 3,8% e em 2010 já atingiu a
marca de 18,8%. É uma performance incrível. A gestão foi eficiente neste aspecto.

Não podemos analisar uma empresa somente pelo resultado. Temos que analisar o
Balanço e principalmente o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (Cash Flow).

Segue abaixo o demonstrativo do Balanço Patrimonial:

CIA. XYZ
Balanço Patrimonial (Milhares de R$)
2008 2009 2010 Variação %
2010 x 2008
ATIVO
Ativo Circulante
Caixa e Equivalente de Caixa 300,0 400,0 200,0 -33,3%
Contas a Receber 550,0 780,0 1.500,0 172,7%
Estoques 556,3 820,8 1.325,0 138,2%
Outros Ativos 100,0 120,0 150,0 50,0%
Total do Ativo Circulante 1.506,3 2.120,8 3.175,0 110,8%
Ativo Não Circulante
Contas a Receber Longo Prazo 100,0 80,0 100,0

Ativo Fixo
Máquinas e Equipamentos 620,0 648,0 691,2 11,5%
Prédios e Terrenos 930,0 972,0 1.036,8 11,5%
Total do Ativo Fixo 1.550,0 1.620,0 1.728,0 11,5%
Total do Ativo Não Circulante 1.650,0 1.700,0 1.828,0 10,8%
TOTAL DO ATIVO 3.156,3 3.820,8 5.003,0 58,5%
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Passivo Circulante
Empréstimos 620,4 483,3 909,6 46,6%
Contas a Pagar Fornecedores 370,8 492,5 441,7 19,1%
Provisão para Imposto de Renda 42,5 191,3 281,5 562,4%
Adiantamento de Clientes 630,0 750,0 870,0 38,1%
Total do Passivo Circulante 1.663,7 1.917,1 2.502,8 50,4%
Provisões 310,0 350,0 400,0 29,0%
Patrimônio Líquido
Capital 1.000,0 1.000,0 1.000,0
Lucros acumulados 100,0 182,5 553,8 453,8%
Resultado do exercício 82,5 371,3 546,5 562,4%
Total do Patrimônio Líquido 1.182,5 1.553,8 2.100,2 77,6%
TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 3.156,2 3.820,8 5.003,0 58,5%

Ao analisarmos o Balanço Patrimonial já podemos observar alguns pontos que devem


ser analisados mais detalhadamente:

Comparando o ano de 2010 com 2008.

O Caixa reduziu 33%

Contas a Receber aumentou 173%

Estoque também aumentou 138%


Os empréstimos aumentaram 47%

Os adiantamentos de Clientes comprometem 19% da receita (870,0/4.500,0)

Mas estas conclusões rápidas precisam ser mais conclusivas, portanto vamos analisar o
Demonstrativo do Fluxo de Caixa (Cash Flow).

CIA. XYZ
Demonstração do Fluxo de Caixa - Método Indireto
Cash Flow - (milhares de R$)
Fluxo de Caixa das 2009 2010 REF.
Atividades Operacionais

Operações:
Resultado Operacional (EBIT) 557,5 848,0 1
Depreciação 180,0 192,0 2
Provisões 40,0 50,0 3
Total das Operações 777,5 1.090,0 4
Financeiro:
Receitas Financeiras 40,0 20,0 5
Despesas Financeiras -35,0 -40,0 6
Total de Receitas e Despesas Financeiras 5,0 -20,0
Provisão para Imposto de Renda -191,3 -281,5 7
Capital de Giro Circulante
Contas a Receber -230,0 -720,0 8
Outros Ativos -20,0 -30,0 9
Contas a Receber Longo Prazo 20,0 -20,0 10
Estoques -264,6 -504,2 11
Empréstimos -137,1 426,3 12
Contas a Pagar Fornecedores 121,7 -50,8 13
Provisão para Imposto de Renda 148,8 90,3 14
Adiantamento de Clientes 120,0 120,0 15
Total do Capital de Giro Circulante -241,3 -688,4 16
Investimentos -250,0 -300,0 17
Total do Cash Flow Operacional 100,0 -200,0 18
Caixa e Equivalente de Caixa
Caixa e Equivalente de Caixa 100,0 -200,0
Total do Caixa e Equivalente de Caixa 100,0 -200,0 19

É preciso analisar o Cash Flow pela ótica do Caixa.

Os valores que aparecem com sinal positivo ( + ) significam aumento do Caixa e


conseqüentemente os valores que aparecem com sinal negativo ( - ) significam
redução do caixa.

A análise do Cash Flow deve ser feita mensalmente, pois são indicadores onde o gestor
deve atuar para ir corrigindo as distorções.
No Demonstrativo do Cash Flow referente ao ano de 2010 acima coloquei ao lado de
cada valor um número de referência onde irei comentar minhas conclusões como
segue:

1. Resultado Operacional (EBIT) – Indica o quanto o resultado operacional


contribuiu positivamente para o Cash Flow como origem dos recursos.
2. Depreciação – aqui aparece com sinal positivo para reverter o valor negativo
que está incluído no resultado operacional uma vez que a depreciação não faz
parte do Cash Flow
3. Provisões: São as provisões previstas no IFRS que não revertem em Caixa.
Aparecem com sinal positivo para reverter o mesmo valor que está incluído no
Resultado Operacional (EBIT).
4. Total das Operações: É o resultado das operações que geram Caixa.
5. Receitas Financeiras: Receitas financeiras que geraram Caixa
6. Despesas Financeiras: Despesas financeiras que afetaram o Caixa
negativamente.
7. Provisão para Imposto de renda no resultado: Enquanto provisão não afeta o
Caixa. O efeito no Caixa é o resultado desta linha (Provisão) menos o valor da
linha 14 – Provisão para Imposto de Renda que está no Passivo.
8. Contas a Receber: Neste caso aparece com sinal negativo, pois está afetando
negativamente o Caixa. Este ponto é muito importante observar o quanto
deixou de entrar no Caixa. Significa que as Contas a Receber aumentaram 720
milhões em 2010 quando comparado com 2009. É preciso muita atenção neste
item. Se as Contas a receber não são bem administradas, a conseqüência é o
aumento de empréstimos, como se pode observar no item 12. É preciso
analisar mais profundamente fazendo o seguinte cálculo: Giro de contas a
receber = (Vendas em 12 meses/Contas a Receber)
Significa quantas vezes o Contas a Receber está girando.

Vejam o cálculo abaixo:


Giro do Contas a receber 2010
Receita A 4.500,0
Contas a Receber B 1.500,0
Giro do Contas a receber (A / B) 3,00

Quantidade de Dias
Quandidade de dias no ano A 365
Giro do Contas a receber B 3,00
Quandidade de dias (A / B) 122

No ano de 2010 as Contas a Receber giraram 3,0 vezes, ou seja, um prazo


médio de 122 dias.
A quantidade de dias no Contas A Receber é relativo, pois depende de cada
empresa. Neste caso, pelo demonstrativo do Cash Flow podemos observar que
esta política de prazo em contas a receber está afetando negativamente o
Caixa da Empresa. O gestor optou pelos empréstimos e adiantamento de
clientes para financiar as contas a receber. Neste caso podemos observar que
os juros sobre empréstimos estão alocados no resultado operacional. Como o
resultado operacional aumentou ao longo dos anos, podemos concluir que foi
uma atitude planejada. O importante é saber a correta interpretação dos dados
do Balanço e tomar medidas preventivas antes que haja um colapso financeiro
na empresa.
9. Outros ativos: Está com valor negativo, o que significa que houve aumento nas
contas a receber de outros ativos.
10. Contas a Receber Longo Prazo: Está com valor negativo, significa que houve
aumento nas contas a receber longo prazo.
11. Estoques: está com sinal negativo, significando um aumento nos estoques de
504 milhões em 2010 quando comparado com 2009. É preciso fazer uma
análise mais detalhada para verificar o giro do estoque com o seguinte cálculo:
Giro do Estoque = (Custo de Mercadorias Vendidas de 12 meses/Estoque)
Segue abaixo o cálculo do Giro do Estoque:

Giro do Estoque 2010


Vendas (+) 4.500,0
Lucro Bruto (-) 1.850,0
Custo de Mercaorias Vendidas ( = A) 2.650,0
Estoque B 1.325,0
Giro do Estoque (A / B) 2,00

Quantidade de Dias
Quandidade de dias no ano A 365
Giro do Estoque B 2,00
Quandidade de dias no Estoque (A / B) 183
O Estoque está girando duas vezes ao ano, ou seja, existem 183 dias de
produtos no estoque. Este item merece atenção e também depende da política
da Empresa. O gestor deve analisar a situação do estoque e administrar da
melhor maneira possível. Sempre olhando a empresa como um todo e o
quanto este item está afetando o Cash Flow. Deve tomar medidas para não
comprometer a estrutura financeira da Empresa.
12. Empréstimos: Está com valor positivo, o que significa um aumento do
endividamento no valor de 426 milhões em 2010 comparando com 2009. Este
item está sendo a principal fonte de financiamento da Empresa. Veja o índice
de endividamento geral abaixo:

Indice de endividamento geral 2010


Ativo Total 5.003,0
Patrimônio Líquido -2.100,2
Provisões -400,0
Sub Total A 2.502,8

Ativo Total B 5.003,0


Indice de endividamento geral (A / B) 0,50
Significa que a Empresa está utilizando 50% de capital de terceiros.
É o tipo de gestão que a Empresa escolheu para alavancar as vendas, tomando
empréstimos e aumentando o prazo de Contas a Receber, no exemplo, esta
política vem dando resultado, pois mesmo com os juros sobre empréstimos
alocados no resultado operacional, o EBIT teve um desenvolvimento positivo
ao longo dos anos, porém necessita de acompanhamento constante nos pilares
financeiros da Empresa: Contas a Receber, Estoques, Empréstimos,
Fornecedores e Adiantamentos de Clientes.
13. Contas a Pagar Fornecedores: Está com valor negativo, significa que a empresa
está reduzindo o prazo para fornecedores em 2010 quando comparado com
2009. Uma alternativa é negociar maior prazo com os fornecedores para
compensar a política da Empresa que tem prazos de contas a receber elevado.
O aumento do prazo a pagar aos fornecedores seria outra fonte de
financiamento da empresa.
14. Provisão para imposto de renda (Passivo): esta provisão só afetará o Caixa
quando houver pagamento.
15. Adiantamento de Clientes: Está com sinal positivo, aumentando o caixa e sendo
uma fonte de financiamento.
16. Total do Capital de Giro Circulante: é a soma de todos os valores que afetaram
o Caixa antes dos investimentos. No caso está afetando negativamente em 688
milhões em 2010 quando comparado com 2009.
17. Investimentos: aparece com sinal negativo, afetando negativamente o caixa,
pois são os investimentos no imobilizado.
18. Total do Cash Flow Operacional: Total dos valores que afetaram o Caixa, neste
caso está afetando o caixa negativamente.
19. Total do Caixa e Equivalente do caixa: Valor líquido do efeito no Caixa. Este
valor deve ser igual ao Total do Cash Flow Operacional.

CONCLUSÃO:

Após análise pode-se concluir que a política de gestão da Empresa é utilizar


empréstimos bancários e adiantamento de clientes para financiar o capital de giro da
empresa.

Os juros sobre empréstimos estão incluídos no resultado operacional, mesmo assim o


lucro bruto e o EBIT aumentaram, portanto a política está sendo eficiente.

A Empresa aumentou os prazos das contas a receber para incrementar as vendas (o


que é possível notar pelo aumento das vendas ao longo dos anos analisados).

É preciso uma verificação constante nos itens: Contas a Receber, Estoques,


Empréstimos, Fornecedores e adiantamentos de Clientes, pois são itens sensíveis à
influências externas e afetam diretamente o Cash Flow da Empresa.

CCC – CASH CONVERSION CYCLE

Vou falar agora sobre um novo conceito de indicador que pode ser utilizado pelas
empresas para acompanhar o movimento do caixa.

Trata-se do CCC (Cash Conversion Cycle), ou seja, quanto tempo o dinheiro leva para
retornar ao Caixa.

Este indicador é muito utilizado nas Empresas Européias, mas é pouco conhecido no
Brasil.

É fácil de aplicar utilizando uma planilha Excel e pode ser verificado mensalmente para
acompanhamento. Algumas empresas incluem como Bonus aos seus gerentes para
atingir metas de redução da quantidade de dias da movimentação do dinheiro. É
indicado para os executivos que são responsáveis pelas Contas a Receber e gestão do
estoque.

Estes dois itens (Contas a Receber e Estoque) que afetam diretamente o Caixa são
muito sensíveis para uma empresa e devem ser verificados e controlados
mensalmente. Existem outros meios para controlar este item, mas o controle do “CCC”
é importante, pois é possível ter uma visão bem mais clara da quantidade de dias que
o dinheiro está demorando para se converter em Caixa. Dá uma visão mais ampla da
Empresa.

Segue abaixo um demonstrativo do cálculo do CCC que você pode adotar em sua
Empresa.

CIA. XYZ
Working Capital and CCC (Thousand R$)
2008 2009 2010

ATIVO
Ativo Circulante
Contas a Receber 550,0 780,0 1.500,0
Estoques 556,3 820,8 1.325,0
Outros Ativos 100,0 120,0 150,0
Total do Ativo Circulante 1.206,3 1.720,8 2.975,0
Ativo Não Circulante
Contas a Receber Longo Prazo 100,0 80,0 100,0
Total do Ativo Não Circulante 100,0 80,0 100,0
TOTAL DO ATIVO (A) 1.306,3 1.800,8 3.075,0
PASSIVO
Passivo Circulante
Contas a Pagar Fornecedores 370,8 492,5 441,7
Adiantamento de Clientes 630,0 750,0 870,0
Total do Passivo Circulante (B) 1.000,8 1.242,5 1.311,7

TOTAL "WORKING CAPITAL" (A-B) 305,4 558,3 1.763,3

TOTAL DAS RECEITAS (12 MESES) 3.300,0 3.900,0 4.500,0

• How to calculate Cash Conversion Cycle?


• Como Calcular o Ciclo de Conversão em Caixa?

• CCC = 360 / (Sales / Working Capital)


• CCC = 360 / (Receita / Capital de Giro)

2008 2009 2010

(A) 360,0 360,0 360,0

Receita (B) 3.300,0 3.900,0 4.500,0

Working Capital (C) 305,4 558,3 1.763,3

CCC (Cash Conversion Cycle) dias A / (B / C ) 33,3 51,5 141,1

=- Number of days between a company´s outlay of cash and cash collection


=- Número de dias que o dinheiro leva para retornar ao caixa
CONCLUSÃO:

A quantidade de dias que o dinheiro está demorando a se converter em Caixa deve ser
analisada em comparação com anos anteriores e com metas pré-estabelecidas. No
caso, a quantidade de dias saltou de 33 dias em 2008 para 141 dias em 2010. Esta
variação mostra claramente que a política da Empresa é de financiar os clientes.

Se a Empresa optar por colocar como objetivo e bonificação aos seus executivos, por
exemplo, uma redução de 10% na quantidade de dias, este controle vai ser muito
eficiente além de envolver e comprometer os executivos com a administração da
Empresa.

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