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Para entender melhor o Cash Flow precisamos entender a sua origem: Demonstração
do Resultado e Balanço Patrimonial. O Cash Flow é a Demonstração da Origem e
Aplicação dos Recursos da Empresa.
Objetivo: As informações dos fluxos de caixa de uma entidade são úteis para
proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a
capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas
necessidades de liquidez. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários
exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem
como da época e do grau de segurança de geração de tais recursos.
Benefícios das Informações dos Fluxos de Caixa: A demonstração dos fluxos de caixa,
quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona
informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de
uma entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua
capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às
mudanças nas circunstâncias e oportunidades.
Informações históricas dos fluxos de caixa são freqüentemente usadas como indicador
do valor, época e grau de segurança dos fluxos de caixa futuros. Também são úteis
para verificar a exatidão das avaliações feitas, no passado, dos fluxos de caixa futuros,
assim como para examinar a relação entre a lucratividade e os fluxos de caixa líquidos
e o impacto de variações de preços.
Equivalentes de caixa: são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que
são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão
sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.
(b) o método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos
efeitos:
(iii) de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de
investimento ou de financiamento.
CIA. XYZ
Demonstração do Resultado (Milhares de R$)
2008 2009 2010
Receitas
Produto A 1.200,0 1.500,0 1.800,0
Produto B 900,0 1.000,0 1.100,0
Produto C 650,0 750,0 850,0
Produto D 500,0 600,0 700,0
Outros 50,0 50,0 50,0
Total das receitas 3.300,0 3.900,0 4.500,0
Despesas com Garantia -210,0 -250,0 -290,0
Garantia Produto A -120,0 -150,0 -180,0
Garantia Produto B -90,0 -100,0 -110,0
Despesas Financeiras-Empréstimos -62,0 -48,3 -91,0
Lucro Bruto
Produto A 480,0 675,0 900,0
Produto B 360,0 450,0 550,0
Produto C 130,0 187,5 255,0
Produto D 100,0 120,0 140,0
Outros 5,0 5,0 5,0
Lucro Bruto 1.075,0 1.437,5 1.850,0
Produto A 40,0% 45,0% 50,0%
Produto B 40,0% 45,0% 50,0%
Produto C 20,0% 25,0% 30,0%
Produto D 20,0% 20,0% 20,0%
Outros 10,0% 10,0% 10,0%
Lucro Bruto % 32,6% 36,9% 41,1%
Custos Indiretos
Pessoal -300,0 -350,0 -380,0
Outros -400,0 -300,0 -350,0
Devedores Duvidosos -100,0 -50,0 -80,0
Depreciação -150,0 -180,0 -192,0
Total dos Custos Indiretos -950,0 -880,0 -1.002,0
Resultado Operacional (EBIT) 125,0 557,5 848,0
Resultado Operacional (EBIT) % 3,8% 14,3% 18,8%
Receitas Financeiras 30,0 40,0 20,0
Despesas Financeiras -30,0 -35,0 -40,0
Resultado antes do I.R. 125,0 562,5 828,0
Provisão para Imposto de Renda -42,5 -191,3 -281,5
Resultado Líquido 82,5 371,3 546,5
Verificando o resultado dos anos de 2008, 2009 e 2010, a empresa aumentou suas
margens (Lucro Bruto) e aumentou consideravelmente o Resultado Operacional (EBIT).
Dá para perceber que o Gestor se preocupou bastante com o resultado, tomou as
medidas necessárias e deu certo: O EBIT em 2008 esta em 3,8% e em 2010 já atingiu a
marca de 18,8%. É uma performance incrível. A gestão foi eficiente neste aspecto.
Não podemos analisar uma empresa somente pelo resultado. Temos que analisar o
Balanço e principalmente o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (Cash Flow).
CIA. XYZ
Balanço Patrimonial (Milhares de R$)
2008 2009 2010 Variação %
2010 x 2008
ATIVO
Ativo Circulante
Caixa e Equivalente de Caixa 300,0 400,0 200,0 -33,3%
Contas a Receber 550,0 780,0 1.500,0 172,7%
Estoques 556,3 820,8 1.325,0 138,2%
Outros Ativos 100,0 120,0 150,0 50,0%
Total do Ativo Circulante 1.506,3 2.120,8 3.175,0 110,8%
Ativo Não Circulante
Contas a Receber Longo Prazo 100,0 80,0 100,0
Ativo Fixo
Máquinas e Equipamentos 620,0 648,0 691,2 11,5%
Prédios e Terrenos 930,0 972,0 1.036,8 11,5%
Total do Ativo Fixo 1.550,0 1.620,0 1.728,0 11,5%
Total do Ativo Não Circulante 1.650,0 1.700,0 1.828,0 10,8%
TOTAL DO ATIVO 3.156,3 3.820,8 5.003,0 58,5%
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Passivo Circulante
Empréstimos 620,4 483,3 909,6 46,6%
Contas a Pagar Fornecedores 370,8 492,5 441,7 19,1%
Provisão para Imposto de Renda 42,5 191,3 281,5 562,4%
Adiantamento de Clientes 630,0 750,0 870,0 38,1%
Total do Passivo Circulante 1.663,7 1.917,1 2.502,8 50,4%
Provisões 310,0 350,0 400,0 29,0%
Patrimônio Líquido
Capital 1.000,0 1.000,0 1.000,0
Lucros acumulados 100,0 182,5 553,8 453,8%
Resultado do exercício 82,5 371,3 546,5 562,4%
Total do Patrimônio Líquido 1.182,5 1.553,8 2.100,2 77,6%
TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 3.156,2 3.820,8 5.003,0 58,5%
Mas estas conclusões rápidas precisam ser mais conclusivas, portanto vamos analisar o
Demonstrativo do Fluxo de Caixa (Cash Flow).
CIA. XYZ
Demonstração do Fluxo de Caixa - Método Indireto
Cash Flow - (milhares de R$)
Fluxo de Caixa das 2009 2010 REF.
Atividades Operacionais
Operações:
Resultado Operacional (EBIT) 557,5 848,0 1
Depreciação 180,0 192,0 2
Provisões 40,0 50,0 3
Total das Operações 777,5 1.090,0 4
Financeiro:
Receitas Financeiras 40,0 20,0 5
Despesas Financeiras -35,0 -40,0 6
Total de Receitas e Despesas Financeiras 5,0 -20,0
Provisão para Imposto de Renda -191,3 -281,5 7
Capital de Giro Circulante
Contas a Receber -230,0 -720,0 8
Outros Ativos -20,0 -30,0 9
Contas a Receber Longo Prazo 20,0 -20,0 10
Estoques -264,6 -504,2 11
Empréstimos -137,1 426,3 12
Contas a Pagar Fornecedores 121,7 -50,8 13
Provisão para Imposto de Renda 148,8 90,3 14
Adiantamento de Clientes 120,0 120,0 15
Total do Capital de Giro Circulante -241,3 -688,4 16
Investimentos -250,0 -300,0 17
Total do Cash Flow Operacional 100,0 -200,0 18
Caixa e Equivalente de Caixa
Caixa e Equivalente de Caixa 100,0 -200,0
Total do Caixa e Equivalente de Caixa 100,0 -200,0 19
A análise do Cash Flow deve ser feita mensalmente, pois são indicadores onde o gestor
deve atuar para ir corrigindo as distorções.
No Demonstrativo do Cash Flow referente ao ano de 2010 acima coloquei ao lado de
cada valor um número de referência onde irei comentar minhas conclusões como
segue:
Quantidade de Dias
Quandidade de dias no ano A 365
Giro do Contas a receber B 3,00
Quandidade de dias (A / B) 122
Quantidade de Dias
Quandidade de dias no ano A 365
Giro do Estoque B 2,00
Quandidade de dias no Estoque (A / B) 183
O Estoque está girando duas vezes ao ano, ou seja, existem 183 dias de
produtos no estoque. Este item merece atenção e também depende da política
da Empresa. O gestor deve analisar a situação do estoque e administrar da
melhor maneira possível. Sempre olhando a empresa como um todo e o
quanto este item está afetando o Cash Flow. Deve tomar medidas para não
comprometer a estrutura financeira da Empresa.
12. Empréstimos: Está com valor positivo, o que significa um aumento do
endividamento no valor de 426 milhões em 2010 comparando com 2009. Este
item está sendo a principal fonte de financiamento da Empresa. Veja o índice
de endividamento geral abaixo:
CONCLUSÃO:
Vou falar agora sobre um novo conceito de indicador que pode ser utilizado pelas
empresas para acompanhar o movimento do caixa.
Trata-se do CCC (Cash Conversion Cycle), ou seja, quanto tempo o dinheiro leva para
retornar ao Caixa.
Este indicador é muito utilizado nas Empresas Européias, mas é pouco conhecido no
Brasil.
É fácil de aplicar utilizando uma planilha Excel e pode ser verificado mensalmente para
acompanhamento. Algumas empresas incluem como Bonus aos seus gerentes para
atingir metas de redução da quantidade de dias da movimentação do dinheiro. É
indicado para os executivos que são responsáveis pelas Contas a Receber e gestão do
estoque.
Estes dois itens (Contas a Receber e Estoque) que afetam diretamente o Caixa são
muito sensíveis para uma empresa e devem ser verificados e controlados
mensalmente. Existem outros meios para controlar este item, mas o controle do “CCC”
é importante, pois é possível ter uma visão bem mais clara da quantidade de dias que
o dinheiro está demorando para se converter em Caixa. Dá uma visão mais ampla da
Empresa.
Segue abaixo um demonstrativo do cálculo do CCC que você pode adotar em sua
Empresa.
CIA. XYZ
Working Capital and CCC (Thousand R$)
2008 2009 2010
ATIVO
Ativo Circulante
Contas a Receber 550,0 780,0 1.500,0
Estoques 556,3 820,8 1.325,0
Outros Ativos 100,0 120,0 150,0
Total do Ativo Circulante 1.206,3 1.720,8 2.975,0
Ativo Não Circulante
Contas a Receber Longo Prazo 100,0 80,0 100,0
Total do Ativo Não Circulante 100,0 80,0 100,0
TOTAL DO ATIVO (A) 1.306,3 1.800,8 3.075,0
PASSIVO
Passivo Circulante
Contas a Pagar Fornecedores 370,8 492,5 441,7
Adiantamento de Clientes 630,0 750,0 870,0
Total do Passivo Circulante (B) 1.000,8 1.242,5 1.311,7
A quantidade de dias que o dinheiro está demorando a se converter em Caixa deve ser
analisada em comparação com anos anteriores e com metas pré-estabelecidas. No
caso, a quantidade de dias saltou de 33 dias em 2008 para 141 dias em 2010. Esta
variação mostra claramente que a política da Empresa é de financiar os clientes.
Se a Empresa optar por colocar como objetivo e bonificação aos seus executivos, por
exemplo, uma redução de 10% na quantidade de dias, este controle vai ser muito
eficiente além de envolver e comprometer os executivos com a administração da
Empresa.