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1.

GUAMÁN POMA – NUEVA CRONICA Y BUEN GOBIERNO

A obra “Nueva Cronica y Buen Gobierno” de Felipe Guamán Poma de Ayala está
dividida em três partes, a primeira apresenta a história de seu povo, ele divide em dois
períodos: andina incaica e pré-incaica. A segunda parte narra a conquista espanhola e
descreve a vida colonial durante as primeiras décadas do régime espanhol. A terceira é onde o
autor apresenta conselhos ao rei sobre um governo que respeitasse os direitos dos nativos.
Em sua obra contíguo à escrita teremos os desenhos feitos pelo autor, estes desenhos
sempre vêm com o título e o tema que está sendo tratado na imagem, em sua maioria seguem
a cronologia do livro.
Nos desenhos concernentes ao período colonial, teremos o índio inserido neste regime
de maneira a fazer parte dele e não divergir dos ensinamentos empregados pelos
colonizadores. O índio sempre é representado seguindo os ensinamentos empregados pelos
espanhóis, principalmente ao que diz respeito à religião.
A técnica empregada nos desenhos, explicita a visão andina dualista, entre direita
(Hanan) e esquerda (Hurín). Na representação do mapa-múndi é evidente o emprego desta
visão e a sua divisão é de acordo com a realidade andina: mapa-múndi dividido em quatro
partes (Chinchaysuyo, Antisuyo, Collasuyo, Contisuyo), colocando Cuzco no centro.
Apesar da influência andina em seus desenhos, eles são bem diferenciados das
pinturas dos povos incas, que possuíam um caráter simbólico. Os incas faziam uso de pinturas
simbólicas que eram interpretadas por pessoas especificas denominadas amautas, estes
memorizavam as histórias contidas nas pinturas e narravam ao povo, desta maneira se
preservava a memória.
Guamán Poma sofreu em grande parte a influência europeia realista em seus desenhos,
eles apresentam caráter descritivo e são um testemunho da realidade daquele mundo. Não
excetuando aqueles em que ocorre combinação de realismo e de simbolismo e outros ainda
que de maneira inovadora são um arquivo visual para a conservação da tradição oral indígena.
A necessidade de imagens em sua obra pode ser interpretada por motivos diversos,
inclusive pelo fato de que Guamán Poma vem de uma tradição onde não havia um tipo de
escrita avançada, já que os incas utilizavam quipus e figuras. Sendo assim uma tradição sem
escrita tem grande influência sobre o autor, que não confia totalmente na palavra para
expressar suas ideias.
Guamán Poma mescla em sua obra fundamentos adquiridos na colônia, através da
educação recebida pelo seu meio irmão, que era sacerdote, da absorção da cultura espanhola e
dos ensinamentos jesuítas.
As ordens evangelistas faziam uso da imagem com fins didáticos, reproduziam regras
abstratas através de imagens que pudessem ser facilmente compreendidas e se baseavam em
preceitos da Antiguidade Clássica, que atrelava palavra à imagem para serem retidas com
mais facilidade pela memória.
Portanto, Guamán Poma obteve uma instrução calcada pela escolástica e temas
concernentes ao uso da imagem, inclusive à tradição grega que foi algo introduzido pelos
padres em seus métodos de aprendizagem e evangelização
Outro fator a ser considerado é que o autor não manejava tão perfeitamente o
espanhol, então utiliza muito sabiamente os desenhos em sua obra como forma de
compensação para ser compreendido por seu leitor.
A sua obra é escrita como uma carta destinada ao rei da Espanha, mas em muitos
episódios podemos perceber que o autor se dirige a um público mais amplo, como se o seu
destinatário não fosse somente o rei. Isto é um indicio das pretensões do autor de que
futuramente sua obra fosse publicada. Partindo desta premissa, seus desenhos adquirem um
valor comunicativo, pois atingiria um público amplo e diverso, que iria desde analfabetos em
espanhol até letrados que ignoram os males causados pelo regime colonial espanhol.
A este público a imagem passaria uma mensagem instantânea e chocante, fácil de ser
captada a respeito da realidade da colônia, bem como as suas concepções políticas e sua ânsia
por uma autonomia e respeito aos índios dentro do regime espanhol.
Porém, somente a imagem não alcançaria o intuito do autor, que considera a letra
escrita como um ato civilizatório. Assim ele mescla imagem e palavra para alcançar o seu
objetivo.
Guamán Poma, incorpora o conhecimento da colônia ao conhecimento indígena. Toma
para si o livro, advento do espanhol, e o utiliza como instrumento para deixar registrada a
memória incaica e reivindicar um bom governo para seu povo até então massacrado.

2. COMENTARIOS REALES – INCA GARCILASO DE LA VEGA

Garcilaso de La Vega, era filho de uma princesa inca e de um capitão de família ilustre
na Espanha, viveu entre dois mundos e parecia querer assumir em sua obra o papel de
mediador, pois ele defende a cultura indígena, ao mesmo tempo em que defende a
colonização espanhola. Para assumir esta imagem de mediador ele tenta amenizar o conflito,
desenvolvendo em sua escrita uma história que justifique ambos os lados.
Sua obra seguirá uma trajetória para colocar o império inca em uma posição
privilegiada, desta maneira ele narra o principio dos tempos como uma região sem lei,
habitada por uma infinidade de povos bárbaros e então com os ensinamentos do primeiro
imperador inca estes povos passam a viver de maneira civilizada como uma grande nação. Ele
ressalta em diversos momentos a cultura que possuía o povo inca, para demonstrar que não
era um povo sem lei e sem Deus.
O autor denota ainda que ao doutrinar aqueles povos bárbaros o império inca ajudou
os espanhóis, transformando aqueles povos selvagens em pessoas civilizadas e desta maneira
quando os espanhóis assumiram o controle foi menos custoso impor a evangelização aos
índios.
Ao colocar os fatos como um projeto arquitetado por Deus, ele se mostra a favor da
dominação e conversão dos índios e situa o mundo inca não em contraposição a conquista,
mas como um mundo que estava sendo preparado para conquista, pois somente ela traria o
verdadeiro Deus aos índios. A estratégia de trazer os fatos ao plano da divinização ameniza e
propicia uma aceitação para conseguir entender os desencontros que permeiam sua própria
história.
Ao longo da narrativa o autor adquire diversos pontos de vista, de inca a índio, de
mestiço nobre a espanhol fiel à coroa e se considera apto em múltiplas escritas, enaltecendo
sua história como figura que transita entre os dois mundos: seu lado materno e seu lado
paterno. Apesar de assumir diversas posições, seus diversos matizes acabam convergindo na
figura de mestiço.
Garcilaso circula entre dois mundos e tenta amenizar os relatos a respeito da
colonização, mas ele próprio é marginalizado em ambos mundos e não supera seus próprios
conflitos: a negação de seu pai à sua mãe, ao colocá-la em posição de esposa ilegítima, a
derrota do povo de sua mãe, a deposição da família materna e descaso com sua linhagem.
Garcilaso se prende a um discurso nostálgico, é aquele que foi acolhido na infância
pelo lado materno, por toda a simbologia da oralidade inca e a fascinação de suas velhas
estórias, pelo quechua, apresentado como “la légua que mamé en la leche”, para depois ser
introduzido naquele mundo de seu pai, entre “armas e caballos”, um mundo que de certa
forma também parecia fasciná-lo.
Ele glorifica suas duas linguagens, seu lado paterno através dos conquistadores e o
lado materno através do império inca, mas a glória que ele dá a um anula a que é dada ao
outro e este enobrecimento vem amalgamado de angústia.
Garcilaso ao longo de sua obra, vai se autoconstruindo e se fragmento para tentar
legitimar sua narrativa e principalmente sua condição de mestiço, já que seu lado mestiço se
apresenta como única maneira de apaziguar o conflito.
O que torna a sua prosa tão ambígua é a tentativa de colocar seus conflitos em um
plano que seja aceitável, digno para ele e para suas estirpes.
Vive em constante busca de uma imagem que o conforte e que o defina e ao fim se
encontra malogrado em suas invectivas, pois volta à realidade e percebe que não há refugio
para o mestiço.

3. COMENTARIOS REALES – GARCILASO DE LA VEGA

… no escribiré novedades que no se hayan oído, sino las mismas cosas que los historiadores
españoles han escrito de aquella tierra y de los Reyes de ella y alegaré las mismas palabras de ellos
donde conviniere, para que se vea que no finjo ficciones en favor de mis parientes, sino que digo lo
mismo que los españoles dijeron. Sólo serviré de comento para declarar y ampliar muchas cosas que
ellos asomaron a decir y las dejaron imperfectas por haberles faltado relación entera. Otras muchas
se añadirán que faltan de sus historias y pasaron en hecho de verdad, y algunas se quitarán que
sobran, por falsa relación que tuvieron, por no saberla pedir el español con distinción de tiempos y
edades y división de provincias y naciones, o por no entender al indio que se la daba o por no
entenderse el uno al otro, por la dificultad del lenguaje. Que el español que piensa que sabe más de
él, ignora de diez partes las nueve por las muchas cosas que un mismo vocablo significa y por las
diferentes pronunciaciones que una misma dicción tiene para muy diferentes significaciones, como
se verá adelante en algunos vocablos, que será forzoso traerlos a cuenta.
Demás de esto, en todo lo que de esta república, antes destruida que conocida, dijere, será contado
llanamente lo que en su antigüedad tuvo de su idolatría, ritos, sacrificios y ceremonias, y en su
gobierno, leyes e costumbres, en paz y en guerra, sin comparar cosa alguna de éstas a otras
semejantes que en las historias divinas y humanas se hallan, ni al gobierno de nuestros tiempos,
porque toda comparación es odiosa. El que las leyere podrá cotejarlas a su gusto, que muchas hallará
semejantes a las antiguas, así de la Santa Escritura como de las profanas y fábulas de la gentilidad
antigua. Muchas leyes y costumbres verá que parecen a las de nuestro siglo, otras muchas oirá en
todo contrarias. De mi parte he hecho lo que he podido, no habiendo podido lo que he deseado. Al
discreto lector suplico reciba mi ánimo, que es de darle gusto y contento, aunque las fuerzas ni el
habilidad de un indio nacido entre los indios y criado entre armas y caballos no puedan llegar allá.
(GARCILASO, I, I, cap. XIX)

O fragmento que será analisado se trata de uma espécie de justificativa do livro, pois
neste fragmento ele explicita que sua narração não trará grandes novidades em comparação às
outras já escritas, mas ampliará e ajustará o que já foi dito a fim de corrigir os erros advindos
do desconhecimento da língua do índio, o quechua.
Este fragmento foi retirado do primeiro livro dos “Comentarios Reales”, nesta
primeira parte do livro o autor se dedica a valorização do quechua como meio de
conhecimento da historia dos incas.
Poderíamos dizer que o autor assume um caráter linguístico para analisar o quechua,
algo que até então era novo para escritas historiográficas. Garcilaso diferentemente dos outros
autores que já haviam escrito a respeito das Américas, quer trazer a tona outra perspectiva de
análise.
Garcilaso assume este papel, pois se acha gabaritado para narrar esta historia, nascido
nas Américas, filho de uma princesa inca, que desde novo teve acesso à tradição oral dos
incas, como ele narra no livro, que sua infância foi permeada por relatos de seus parentes
maternos e as primeiras ficções que fizeram parte de sua vida advém da língua falada, de
narrações em quechua.
A grande inovação que este autor apresenta em posição a outras obras escritas por
espanhóis é o conhecimento da língua, assim a língua será a ferramenta para mostrar a
verdadeira história, trazer à tona tudo o que até então estava encoberto ou dito de maneira
errônea.
As manifestações religiosas dos incas eram tidas como obras do demônio, de bárbaros
que não conheciam o verdadeiro Deus, sua língua mal interpretada e seus vocábulos
corrompidos, soma-se a isso o fato de que não possuíam a escrita, o que os tornavam
totalmente sem voz.
O autor usa a língua para desmistificar a sociedade inca, demonstrar sua noção de
ética, sua riqueza poética e sacralizar suas crenças, não para substituir o cristianismo ou o
regime espanhol, o que ele almeja é demonstrar os diversos aspectos desta sociedade, como o
autor exemplifica: “su idolatria, ritos, sacrifícios y ceremonias, y en su gobierno, leyes y
costrumbres, ne paz y en guerra”. .
Seu projeto é antes de tudo corrigir o que já havia sido dito sem o devido
entendimento, pois os espanhóis que pensavam que compreendiam o índio, ignoravam tudo
que advinha do índio. Desvelar esta sociedade como ele diz “antes destruída que conocida”,
de maneira racional e com o apoio linguístico para dar verossimilhança ao relato.
Os seus argumentos aparentemente filológicos trazem à tona um caráter de resistência
diante das imposições dos colonizadores, pois ao explicitar as digressões feitas pelos
espanhóis ao quechua, Garcilaso traça sua critica um tanto velada, a violência colonizadora
que destrói e transgride para impor sua vontade.
O autor pretende também trazer a sociedade ao esplendor através da língua, restaurar a
sociedade, restaurando a língua, como evidencia SUBIRATS: “Así acaba dando a Garcilaso
la sensación de creer y querer hacer creer que, por definir la palabra, se tiene ya la cosa, o
incluso se la puede dar por restablecida.” (1994, p. 226)
O que não foi escrito de maneira explicita por diversas questões, inclusive pelo fato de
Garcilaso viver na Espanha que possuía uma estrutura inquisitorial cristã, foi posto em
questão através da perversão da língua.
No fragmento analisado ele põe em questão que seu intuito não é a comparação, o que
ele parece buscar é a aproximação da sociedade inca à espanhola, não para igualar, mas para
facilitar a aceitação por parte dos seus leitores, advindos de uma sociedade com crenças tão
diversas.
O autor acreditava que através de sua escrita ele poderia deixar registrado a memória
histórica incaica e que este império alcançaria um reconhecimento similar ao que possuía a
Antiguidade grega no mundo Ocidental, que manteve sua memória cultural com os textos
escritos.
O seu propósito é impedir a destruição da memória e desintegração da sociedade e de
todo aquele imaginário relacionado à sua oralidade. O resgate da língua é o resgate de sua
grandeza.
Segundo SUBIRATS, parafraseando o conceito da Gramática de Nebrija: “El declive
del esplendor político, económico y militar de las naciones ha estado acompañado de una
degeneración de la lengua.” (1994, p. 236). Fazendo uso desta premissa, Garcilaso almeja
traçar um caminho inverso à conquista e destruição, trazendo a língua ao conhecimento.
A conquista aniquilou toda forma de representação da sociedade inca e através do
conhecimento da língua se faria um resgate deste conhecimento perdido. A língua oral
legitimada e assinalada através da escrita que é a única capaz de conservar a historicidade
incaica. Portanto a sua escrita pretende não somente restaurar a cultura inca e mostrar seus
matizes como também deixar o seu legado da historia inca.

4. EL CARNERO – JUAN RODRÍGUEZ FREYLE

A primeira parte da obra El Carnero de Juan Rodríguez Freyle tem um caráter


histórico e se dedica ao passado indígena, seus governos, guerras, costumes, mitos e
cerimonias. Também relata a guerra entre Guatavita e Bogotá, a chegada dos espanhóis e a
derrota de Bogotá para os espanhóis. Trata da conquista do que viria a ser chamado de Novo
Reino de Granada, seus primeiros habitantes, bem como a fundação da cidade de Santa Fé de
Bogotá.
A primeira vez em que ele escreve a respeito do mito de “El Dorado” é no capitulo II,
onde ele se dedica, entre outros temas, a tratar da nomeação de caciques e reis e da origem do
nome “El Dorado”.
Em sua descrição o nome “El Dorado”, surgiu de um ritual para nomear o herdeiro
que seria senhor e príncipe daqueles povos indígenas. Em seu relato ele descreve que o
herdeiro escolhido era enfeitado e desnudo e em sua pele era passado um pó de ouro.
Adornado desta maneira era levado em uma balsa, também ornamentada e repleta de ouro e
esmeraldas para oferecimento ao seu Deus. Esta balsa parava em meio a uma lagoa e ao fundo
desta lagoa era atirado todo o tesouro que continha na balsa.
O autor acrescenta ainda que este mito induziu diversos espanhóis a procurar as tais
lagoas em busca deste tesouro e que muitos deles perderam sua vida e não encontraram o que
tanto almejavam.
A segunda parte do livro irá tratar do funcionamento da colônia de Santa Fé e da vida
de seus habitantes. Esta parte possui um cunho novelista, devido à maneira com que Freyle
narra acontecimentos, tramas e intrigas destes habitantes.
Tais histórias foram confeccionadas através de diversas fontes, muitas delas foram
resgatadas de casos penais reais. Outras foram baseadas em textos do Frei Pedro Simón e Juan
de Castellanos e de relatos orais do neto do cacique Guatavita e de outros informantes
desconhecidos. Ademais do próprio testemunho de Freyle que presenciou muitos fatos
ocorridos no período.
Desta maneira, documentos e testemunhos são convertidos em uma mescla de ficção e
realidade, que demonstram o funcionamento do governo colonial e a vida de todos que
completavam o quadro colonial daquele período.
Cada relato apresentará um acontecimento diferente, de modo que estes relatos
adquirem um caráter de contos, nesta segunda parte o autor vai se dedicar a explorar mais os
assuntos concernentes à baixeza humana, como traição, assassinatos e diversos assuntos
relacionados.
Um de seus temas preferidos para denotar a vileza humana se dá através da figura
feminina e a partir deste esboço feminino teremos os traços de sua misoginia, que não falará
mal simplesmente da mulher em todas suas esferas, mas deixará explicito os males ligados a
uma mulher bela:

¡Oh hermosura! Los gentiles la llamaron de dádiva breve de naturaleza, y


quebradiza, por lo presto que se pasa y las muchas cosas con que se quiebra
y pierde. También la llamaron lazo disimulado, porque se cazaba con ella las
voluntades indiscretas y mal consideradas. Yo les quiero ayudar un poquito.
La hermosura es flor que mientras más la manosean, o ella se deja manosear,
más pronto se marchita.” (FREYLE, 1979, p. 223)

A mulher só é motivo de desenganos devido ao seu poder de persuasão, como fica


evidente em um dos relatos em que uma mulher chamada Inês instiga seu amante Pedro
Bravo, para que este assassine o marido dela:
De todo dio parte el don Pedro a la doña Inés, la cual le espoleaba el ánimo a
que lo concluyese. En esto acabó esta mujer de echar el sello de su
perversidad; y Dios nos libre, señores, cuando una mujer se determina y
pierde la vergüenza y el temor de Dios, porque no habrá maldad que no
cometa, ni habrá crueldad que no ejecute; porque a trueque de gozar sus
gustos, perderá el cielo y gustará de penar en el infierno para siempre.”
(FREYLE, 1979, p. 223, 224)

Neste relato Freyle deixa claro que muito embora a mulher não cometa o assassinato, é
ela quem vai armar para que se conclua, persuadindo seu amante, desta maneira em sua
concepção ela é dona de um poder de persuasão quase demoníaco sobre o homem.
Em cada relato teremos um aspecto moralizante, pois o autor sempre apresenta uma
espécie de conselho, no caso das mulheres ele alude aos possíveis desenganos ao se deixar
levar pelos encantos femininos, quanto mais o homem se deixa levar por um mulher mais ele
se afunda.
A sua misoginia, portanto não se manifesta contra todas as mulheres, mas contra
aquelas que usam de sua beleza de forma luxuriosa para alcançar seus desejos.
Este ideal de relacionar a mulher à perdição do homem advém de sua trajetória moral
e de sua instrução escolástica, que encontra na Bíblia e em postulados aristotélicos suporte
para muitos de suas invectivas.
Em cada relato ficará evidente seu caráter moral, onde o autor apresenta suas ideias
ético-religiosas, que ao mesmo que lhe propugnam credibilidade, também lhe isentam de
possíveis críticas, preservando sua moral intacta.
Em muitos casos veremos que não é a mulher de fato, a causa dos desenganos e
maldades diversas, mas sim o ambiente que cerca este personagens, um ambiente impregnado
por corrupção, vingança, inveja, ódio, luxuria, e desejo de poder, como evidencia FREYLE:

“¡Oh mujeres! No quiero decir mal de ellas, ni tampoco de los hombres; pero estoy por decir que
hombres y mujeres son las dos más malas sabandijas que Diós crió.” (1979, p. 202)

Portanto, o alavanque para esta atmosfera maligna que o cerca e que acaba se tornando
tema para maioria destes contos da segunda parte do livro, é a própria essência humana.

BIBLIOGRAFIA

Nueva_coronica_1 Y BUEN GOBIERNO


Nueva_coronica_2
Nueva Corónica_Prólogo (PEASE, Franklin)

Guaman Poma - Guaman Poma de Ayala y el arte de la memoria... - (LOPEZ-BARALT,


Mercedes)
Guaman Poma - Guaman Poma_ testigo del mundo andino - Prólogo (GONZALEZ, Carlos)
Guaman Poma - La crónica de Índias como texto cultural... - (LOPEZ-BARALT. Mercedes
Garcilaso - Garcilaso_la armonía desgarrada. In_Escribir en el aire - (CORNEJO-POLAR,
Antonio)
Inca Garcilaso - El inca, hombre em prisma. In_Lectura Crítica de la Literatura Americana -
(DURAND, José)
La Harmonía del Nuevo Mundo. El continente vacío. La conquista del Nuevo Mundo y la
conciencia moderna. Eduardo subirats. 1994

EL CARNERO
El Carnero_J. R. Freyle - Lecturas de El Carnero - (De MORA, Carmen)

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