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ARBITRARIEDADE E ICONICIDADE:
UMA ABORDAGEM SUCINTA
O texto resenhado é um dos capítulos que compõe o livro Manual de Linguística. Obra
voltada para estudantes, principalmente de letras e áreas afins, e que se propõe a introduzir
informações a respeito da ciência linguística, bem como estimular a investigação da
linguagem.
Logo no inicio deste capítulo, os autores fazem uma breve explanação a respeito de
arbitrariedade e iconicidade do signo linguístico, com o intuito de guiar o leitor que ainda não
está habituado a estes termos. Primeiramente, apresentando reflexões acerca das ideias que
abrangem estes dois termos na Grécia Antiga, através dos diálogos de Crátilo, Hermógenes e
Sócrates, depois conceituando os dois termos.
Depois, trazem estes termos para a discussão moderna, citando o linguista suíço
Ferdinand de Saussure que foi o precursor da investigação e inauguração do que seria a
ciência Linguística, que constituiria “um ramo de uma ciência maior: a semiologia ou
semiótica, a ciência dos signos”.
Para construir a linha de raciocino, os autores vão explanar nesta segunda parte do
texto, conceitos concernentes ao tema, como a noção de signo na visão da semiótica, com
Charles Sanders Peirce, filósofo norte-americano.
Assim, a semiótica será abordada no âmbito da linguagem e da comunicação,
destrinchando a definição de signos em “símbolo, índice e ícone”.
Símbolo é apresentado como algo que estabelece uma relação entre dois elementos,
índice possui uma relação mais natural entre seu significado e ícone apresenta propriedades
que se assemelham ao objeto a que se refere, sendo que nos dois últimos há um nível menor
de arbitrariedade.
O texto apresenta alguns exemplos que são cruciais para o entendimento destes
conceitos, como a cruz sendo o símbolo do cristianismo, nuvens negras como índice de chuva
iminente e fotografia de um individuo como sua representação icônica.
Após esta introdução a semiótica, o foco será redirecionado nesta parte do texto para
os estudos linguísticos, mais precisamente para Saussure, que lançou os pilares destes
estudos.
Tanto para o leitor iniciante, quanto para aquele que precisa revisar, esta obra se revela
um achado precioso, pois trata de conceitos que são ao mesmo tempo básicos e fundamentais
acerca da Linguística, guiando este leitor a uma compreensão plena das terminologias.
No entanto, é interessante frisar que os autores não expõe o tema como um tratado
completo e terminado, eles conceituam, trazem as informações e de certo modo demonstram
um posicionamento, mas deixam claro que as linhas de pensamento variam e questões que
envolvem a linguagem são ainda hoje polêmicas.
Para frisar esta ideia o último paragrafo apresenta diversas questões que estão longe de
atingirem um consenso:
“De que forma o homem codifica o universo à sua volta? Qual a relação entre a
mente humana e a linguagem, e entre esta e a cultura? É possível analisar a linguagem sem
levar em conta os aspectos associados ao seu uso em situações concretas de comunicação?”
O texto tem inicio e fim com as mesmas indagações acerca dos mistérios em torno da
linguagem, da sua relação com o mundo, e do funcionamento da mente humana. E para não
calar com respostas prontas os autores, de maneira inteligente, devolvem as perguntas ao
leitor.