Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MESTRADO ACADÊMICO
São Luís - MA
2020
JUSTIFICATIVA:
1
A análise estrutural é diferente de cada uma dessas duas atitudes. Não se satisfaz com uma
pura descrição da obra, nem com sua interpretação em termos psicológicos ou sociológicos, ou
mesmo filosófica. Em outros termos, a análise estrutural da literatura coincide (em grandes
linhas) com a teoria da literatura, com a poética. Seu objeto é o discurso literário mais do que a
literatura real. O objetivo desse estudo não é mais articular uma paráfrase, um resumo
argumentado da obra concreta, mas propor uma teoria da estrutura e do funcionamento do
discurso literário, apresentar um quadro dos possíveis literários, dos as obras literárias
existentes aparecem como casos particulares realizados. (Todorov, 2006, p. 80)
utilizar como referência para sua própria noção de narrativa literária a proposta
de Greimas2, buscando bases para sua ideia de identidade narrativa.
2
A primeira ambição do modelo é fundamentar o inventário dos papeis actanciais, cuja lista
parece puramente contingente, em algumas características universais da ação humana. E, se
não podemos proceder a uma descrição exaustiva das possibilidades combinatórias da ação
humana no nível de superfície devemos encontrar no próprio discurso o principio de construção
em seu nível profundo. Greimas segue aqui uma sugestão do linguista francês Lucien Tesnière,
segundo o qual a frase mais simples já é um pequeno drama que implica um processo, atores
e circunstâncias. Esse três componentes sintáticos geram as classes dos verbo, dos nome (dos
que participam do processo) e dos advérbios. E essa estrutura de base faz da frase “um
espetáculo que o homo loquens proporciona a si mesmo”. (Tempo e narrativa tomo II pagina
57)
OBJETIVOS:
4
... Os corpos físicos e as pessoas que somos, segundo essa hábil estratégia, são tais
particulares básicos, no sentido de que não se pode identificar seja lá o que for sem remeter
em caráter último a um ou outro desses dois tipos de particulares. (Ricoeur, 1990, p. 06)
5
A primazia assim dada ao mesmo com relação ao si é o especialmente ressaltada pela noção
cardinal de reidentificação. Na verdade, não se trata apenas de garantir que se esteja falando
da mesma coisa, mas sim que seja possível identifica-la como a mesma coisa, mas que seja
possível identificá-la como a mesma coisa na multiplicidade de suas ocorrências. (Ricoeur,
1990, p.08)
6
A teoria dos particulares básicos cruza pela segunda vez com a da autoreferência por ocasião
da função que a primeira atribui aos demonstrativos, no sentido do termo, e entre estes aos
pronomes pessoais, adjetivos e possessivo; mas expressões são tratadas como indicadores de
particularidades, portanto como instrumentos de referência identificadora. Apesar dessas
interpenetrações entre duas abordagens linguísticas, na abordagem referencial não há a
preocupação de saber se a referência a si mesmo, implicada na situação de interlocução ou no
uso dos demonstrativo, faz parte da significação dada a coisa à qual se faz referência a título
da pessoa. (RICOEUR, 1990, P. 07).
colocando em segundo plano a consciência. No projeto filosófico de Ricoeur
essa tese sustenta a sua tendência de oposição quanto a Metafísica.
8
Embora queira levantar essa questão em relação à nossa experiência humana comum, há,
contudo uma certa vantagem em manter diante de nossa mente a imagem de um mundo
puramente auditivo, a imagem de uma experiência muito mais restrita do que a que de fato
temos, pois isso pode ajudar a dar-nos um sentido continuo de estranheza do que, de fato,
fazemos; e queremos manter vivo esse sentido de estranheza para ver se efetivamente o
enfrentamos e o removemos, em vez somente perdê-lo ou suprimi-lo. (STRAWSON, 1959,
p125)
felicidade e tristeza, pois embora esses estados sejam comuns eles são
sensações individuais que se manifestam para outro apenas por meio de
comunicação sensorial. Essa possibilidade de enunciação de si permite além
de caracterizações psicológicas também especificações físicas permitindo a
transmissão de características que particularizam um indivíduo. Strawson nos
diz “[...] comumente falamos de nós mesmos, em algumas das coisas que
comumente nos atribuímos. São de muitas espécies, atribuímo-nos ações e
intenções” (STRAWSON. 1950 p.125). Ricoeur no terceiro tópico intitulado Os
corpos e as pessoas ainda no primeiro estudo propõem que na perspectiva de
Strawson há uma manifestação do Si-mesmo a partir de uma referência
identificadora.
10
[...] Assim, se a semântica da ação esbarrar na questão da relação entre ação e o agente,
talvez não seja apenas porque uma ontologia adversa, a do acontecimento anônimo, faça
obstáculo à identificação da pessoa como particular básico, mas também porque asdrição crie
para semântica da ação um problema que está mal equipada para resolver. A pragmática
oferecerá socorro mais eficaz?
PROPOSTA METODOLÓGICA
A metodologia utilizada para a presente pesquisa é de caráter teórico-
bibliográfico. Será feito, então, um levantamento das obras de Paul Ricoeur,
visando analisar os aspectos da filosofia, da semântica e da hermenêutica
buscando o percurso que o autor trilhou na construção da “identidade
narrativa”. Como se sabe a base conceitual do autor é bastante vasta, será
necessária uma leitura minuciosa de suas principais obras. As principais obras
que serão analisadas para o prosseguimento dessa pesquisa são: O Si-mesmo
como o outro (1991), Tempo e narrativa I, II e III. Para a compreensão das
obras do autor a pesquisa busca suporte em comentadores e também do
diálogo de Arendt com outros filósofos como, por exemplo, Strawson, Récanati
dentre outros que fazem parte de sua vasta gama de referências.
CRONOGRAMA
PERÍODO/ATIVIDADE TRIMESTRES
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º
Redação inicial x x x
Exame de Qualificação x
Redação final x x
REFERÊNCIAS (provisória):
O si mesmo como outro - Paul Ricoeur; tradução Ivone C. Benedetti – 1ª ed.
– São Paulo – SP; Editora WMF Martins Fontes, 2014;
Tempo e narrativa tomo III – Paul Ricoeur; tradução Roberto Leal Ferreira,
Campinas – SP; Papirus, 1997;