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OBSERVATÓRIO BATISTA
Lourenço Stelio Rega este upgrade de Cristianismo também salvar, como também, sendo imperfeitas vida. Talvez, por isso, seja possível notar
acabou por transformar a vida cristã em (Is 64.6), não conseguem alcançar os certo grau de infância espiritual no am-
Assim como já se fez um upgrade uma espécie de ritual que o fiel procu- elevados ideais de Deus. biente eclesiástico (I Co 3.1-3; Hebreus
de Deus para a versão 2.0, é possível ra praticar para conquistar as bênçãos Por outro lado, o cristão versão 2.0 5.11ss). Ler a Bíblia, orar, que sejam fru-
observar que, ao longo do tempo, tem de Deus ou mesmo para evitar o seu não cultua necessariamente, mas vai ao to de insaciável sede de comunhão com
surgido uma nova versão do que seja castigo. Assim, participar de eventos ou culto como iria a um show artístico para Deus. Participar no culto público seja
um cristão. de cultos, ter um tempo diário para ler entretenimento, para ouvir uma boa mú- produto de uma vida diária de adoração
O que torna alguém cristão? Hoje ser certo número de capítulos da Bíblia, orar sica, uma mensagem animadora ou de no altar de Deus (Rm 12.1).
cristão acabou se reduzindo a “ir à Igre- a Deus, para muitos crentes, seria uma autoajuda. Se tudo correu bem, conclui Que o sentido mercantilista seja
ja”, mas me pergunto: “Se Cristo morreu espécie de meio de conquistar o favor de que o culto foi uma bênção, inspirador, substituído pelo ato de dar delibera-
por sua Igreja, nesta perspectiva ele mor- Deus ou para evitar ter pesadelos à noite se não, foi maçante e o pregador foi um damente com alegria, sem restrições
reu por tijolos, madeira e equipamento ou nas finanças pessoais. Uma espécie “enrolão”. Mas também poderá haver de quantidade, pois, afinal, ser cristão
eletrônico?”. Nós não somos a Igreja? de negociata com Deus. aquele impulso de ir ao culto como se é negar-se a si mesmo e devolver tudo
Igreja passou a ser um local, não mais Ao longo do tempo pode ter sido lan- fosse uma missa evangélica, um sacra- a Deus, a quem pertencemos. É re-
gente salva pelo precioso sangue de Je- çado “versões beta” deste tipo de Cristia- mento. Se for, será abençoado, se não conhecer nossas imperfeições e nos
sus Cristo. “Ir à Igreja”, para muito crente, nismo e incutindo-se na mente do cris- for, pode esperar o castigo de Deus. En- sentimos agasalhados pela Sua graça,
passou a ser um ritual. Se for, é abençoa- tão que ele poderia, com seus próprios tão é melhor ir. Domingo deixou de ser nos entregando a Ele como Seus instru-
do, se não for, é castigado. Desse mesmo esforços, agradar a Deus vivendo um dia de descanso e celebração, passando mentos, canais de Seu poder, de Seus
modo, ser cristão tem sido trabalhar na Cristianismo de obras em uma relação a ser dia do cansaço e de agitação. atributos.
Igreja. Quanto mais trabalho, mais sou de trocas. É a herança pragmática dos Precisamos reconquistar a perspecti- Que haja o reconhecimento do desa-
abençoado, mais cresço na vida cristã. precursores que conseguiu reduzir Cris- va bíblica em nossa concepção de Cris- fio de se viver piedosamente com volun-
Mas também se tem reduzido o ser tianismo em trabalho, atividades, pro- tianismo de modo que ser membro da tariedade e senso de alegria e realização,
cristão a ir aos cultos, ter certa crença gramas, estruturas e eventos, deixando Igreja, trabalhar, contribuir para a Igreja, em vez de obrigação e negociata com
ou ideologia, contribuir, em especial para de lado a sua essência, mas também a ir aos cultos, sejam fruto de uma vida Deus (I Tm 6.6).
ser recompensado por Deus numa espé- teologia da Graça que indica que nossas íntima aos pés de nosso Proprietário Je- Nada mais do que sermos meros
cie de relação mercantil. Por outro lado, obras não apenas não servem para nos sus Cristo e não agente produtivo desta cristãos versão 1.0, a versão original. n