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“É tempo de empatia”: os vizinhos que organizam redes solidárias

Renata Monteiro, 14/03/2020, Portugal


Não são bilhetes para pedir que a porta do prédio se mantenha fechada.
Antes, estes vizinhos querem dizer que a porta deles está aberta para quem precisar
de uma ida às compras ou de uma palavra amiga. É só bater - e manter a distância
de segurança. A ideia “já contagiou muitas pessoas, e isso é que importa”.
Inês é a vizinha do 2º andar, Ivo mora um andar acima. Os dois vivem em
prédios erguidos em cidades diferentes, mas a designer digital e o especialista em
marketing tiveram a mesma ideia. E se as portas dos dois apartamentos estão fechadas,
eles querem que os vizinhos saibam que “ninguém é uma ilha” — e que as portas
facilmente se abrem (respeitando todos os cuidados durante o período de isolamento
social aconselhado para conter a pandemia de covid-19). Foi esta a frase escolhida
por Inês Pais, 32 anos, para terminar o bilhete escrito à mão que colou com durex no
prédio em Lisboa, onde vive sozinha há seis anos.
“Comecei a trabalhar em casa por sugestão da minha empresa e como sei que
há pessoas mais isoladas no meu prédio, lembrei-me que poderia ajudar, uma vez
que, até prova em contrário, estou numa situação mais favorável do que eles, caso adoeça”, conta por telefone. “Se calhar,
os meus vizinhos não precisam, ou não querem pedir ajuda, mas há de haver muitos outros que talvez queiram ou
precisem. Eu moro sozinha e gostaria, se precisasse, que alguém o fizesse por mim também. ”
No prédio de Ivo Conceição, 36 anos, “não há ninguém que esteja muito alarmado”. Depois de bater à porta dos
outros moradores, “mantendo sempre o mínimo de um metro de distância aconselhado”, deixou a mensagem nas paredes:
“Estamos disponíveis para ajudar com a aquisição de bens de primeira necessidade (supermercado, farmácia…), uma vez
que nós podemos nos deslocar de carro dentro da cidade. Desta forma, evitam-se deslocamentos desnecessárias por parte
de quem tem de ficar mais resguardado”, escreveu.
Ivo já levou dois pedidos da farmácia. Como agradecimento por um deles, recebeu “uma caixinha de chocolates”.
Para “evitar trocas de dinheiro e confusões com trocos”, ele vai começar uma conta corrente, um modelo copiado das
mercearias de bairro que, por estes dias, em Setúbal (cidade de Portugal), ainda continuam abertas. “São pessoas que
estão excluídas do acesso ao MB WAY e ao Paypal, por isso, enquanto posso e porque não são somas muito elevadas,
facilito. Falando sempre uns com os outros, o que é muito importante. O objetivo é toda a gente estar segura e confortável”,
explica.
A preparar esse cenário, e depois de conhecidos e desconhecidos se voluntariarem espontaneamente nos
comentários de uma publicação com mais um bilhete no seu Facebook pessoal, ele está criando uma rede informal de
vizinhos solidários - e a ligá-los a pessoas que o contatam, preferencialmente por mensagem, com pedidos de ajuda.
“Estamos fazendo isto de forma muito caseira, mas muito moderada”, assegura, acrescentando que procuram manter o
distanciamento social e deixar as compras à porta.
Os bilhetes deixados nos prédios já voaram para os bairros, cidades e redes sociais. As redes informais
multiplicam-se por várias partes do país. Em vez de grupos no WhatsApp com 30 pessoas ou no Facebook com 200
mil, Graziela Sousa está a juntando pequenos grupos de controle local em cerca de 15 bairros de Lisboa. “Pode ser útil
saberem que existe um contato na sua vizinhança a quem possam pedir ajuda, ou uma palavra de incentivo. Isto é para
toda a gente, porque não sabemos os efeitos do isolamento. Dar esperança é o mínimo”, acredita a gestora de projetos e
professora na Faculdade de Arquitetura. “Pensei em pessoas que, como eu, vivem sozinhas e querem algum contato,
por não terem muitas pessoas na rede de proximidade. Este é o momento da empatia”, resume.

Texto disponível em: https://www.publico.pt/2020/03/14/p3/noticia/tempo-empatia-vizinhos-organizam-redes-solidarias-1907771/ -


Acessado em: 18/03/2020

Empatia
• Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria
nas mesmas circunstâncias.
• Aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da
maneira como ele aprende etc.
• [Psicologia] Identificação de um sujeito com outro; quando alguém, através de suas próprias especulações
ou sensações, se coloca no lugar de outra pessoa, tentando entendê-la.

AGORA É SUA VEZ!


Você já se colocou no lugar do outro em alguma situação? Já tentou imaginar como a outra pessoa se
sente e pensa?
Aprender a se colocar no lugar do outro e ser empático pode ser a chave para ter sucesso nas relações,
uma vez que isso lhe permite aprender com a experiência do outro, compartilhar a tua, crescer juntos, oferecer
apoio e ser humilde no dar e receber. Além disso, se colocar no lugar do outro é importante, pois lhe faz
compreender as dificuldades que possam existir e assim diminuir conflitos.

TRABALHO:
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ALGUÉM E SE COLOCOU NO LUGAR DESSA PESSOA. O QUÊ VOCÊ FEZ? NÃO ESQUEÇA DE
COLOCAR NOME E TURMA PARA ENTREGAR PARA PROFESSORA NA VOLTA ÀS AULAS.

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