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COLÉGIO IMPACTO – CURSOS TÉCNICOS E ENSINO PROFISSIONAL

MATERIAIS ELÉTRICOS
CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA
2º Semestre
MATERIAIS ELÉTRICOS

1 INTRODUÇÃO.

O dimensionamento e a especificação correta de materiais, equipamentos e


dispositivos constituem fatores determinantes no desempenho de uma instalação elétrica
industrial ou de potência.
Materiais e equipamentos não especificados adequadamente podem acarretar
sérios riscos à instalação, bem como comprometê-la sob o ponto de vista de
confiabilidade, além, é claro, dos prejuízos de ordem financeira com a paralisação
temporária de alguns setores de produção e no caso de subestações, corte no
fornecimento de energia de uma indústria, por exemplo, ou de um bairro inteiro,
deixando desta forma milhares de clientes da concessionária sem energia.
O que se pretende nesta disciplina, é fornecer ao futuro técnico, conhecimento
sobre diversos equipamentos que compõe o sistema elétrico, mais especificamente nas
áreas de transmissão e distribuição de energia elétrica, com uma visão teórica, técnica e
prática. Também fornecer elementos necessários básicos na especificação e
dimensionamento de equipamentos elétricos.

2 NORMAS.

2.1 Generalidades.

Normalização e unificação não são conceitos novos, mas reportam-se às origens


das primeiras comunidades humanas nas quais, quase inconscientemente, os homens
começaram a usar uma linguagem comum (primeiras unificações) e depois normas
comuns de convivência (primeiras normalizações).
Atualmente, no campo industrial, às palavras “normalização” e “unificação” são
atribuídas o seguinte significado:
- Normalização: entende-se o conjunto dos critérios de índole geral, com base
nos quais devem ser projetados, construídos e inspecionados os sistemas, as máquinas, a
aparelhagem ou os materiais objeto das próprias normas, com o fim de assegurar-lhes a
eficiência técnica e a segurança de funcionamento.
A normalização ajuda a:
- Organização do mercado;
- Constituição de uma linguagem única entre produtor e consumidor;
- Qualidade de produtos e melhores serviços;
- Orientar as concorrências públicas;
- Aumentar produtividade, com conseqüente redução dos custos de produtos e
serviços, a contribuição para o aumento da economia do país e o desenvolvimento da
tecnologia nacional.
- Unificação: entende-se o conjunto das prescrições que fixam para a máquina,
aparelho ou material objeto da unificação, uma gama restrita de tipos construtivos e de
dimensões entre infinitas possíveis, a fim de reduzir-lhes os custos, de facilitar o
aproveitamento das peças de reposição e de permitir a redução do estoque.

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2.2 A normalização no campo eletrotécnico.

O órgão oficial que prevê a normalização no campo elétrico no Brasil é a ABNT


- Associação Brasileira de Normas Técnicas.
As atribuições da ABNT são:
- estudar todos os problemas de caráter científico e técnico referentes aos
materiais, à maquinaria e aos aparelhos elétricos, além da execução das respectivas
instalações;
- reunir as normas relativas à produção, à instalação, provas e ao exercício dos
materiais, máquinas, aparelhos e instalações já referidas;
- assegurar, no âmbito da própria competência, a conexão com Associações de
normas estrangeiras e internacionais.

2.3 Associações Internacionais.

As associações internacionais dedicam-se à elaboração de normas que são


consideradas válidas para diversos países do mundo.
Qual a importância dessas normas?
Normas internacionais permitem que diferentes países utilizem a mesma
terminologia, a mesma simbologia, os mesmos padrões e procedimentos para produzir,
avaliar e garantir a qualidade dos produtos.
Por isso, a adoção das normas internacionais, além de exigir melhor qualificação
dos produtos, aperfeiçoa o sistema de “troca”, em vários mercados mundiais.
Uma das principais associações no mundo é a IEC - International
Electrotechnical Commission. Para atingir seu escopo, a IEC publica recomendações
internacionais que exprimem, nos limites mais amplos possíveis, um acordo
internacional sobre os assuntos tratados. Estas recomendações são destinadas a ajudar as
Associações Nacionais na elaboração das normas do país, harmonizar as prescrições
técnicas das várias nações e facilitar o intercâmbio de material elétrico.
Abaixo algumas das principais Associações Internacionais:
- A International Electrotechnical Commission ou Comissão Internacional de
Eletrotécnica (IEC) é uma organização internacional de padronização de tecnologias
elétricas, eletrônicas e relacionadas. Alguns dos seus padrões são desenvolvidos
juntamente com a ISO.
- American National Standards Institute ("Instituto Nacional Americano de
Padronização"), também conhecido por sua sigla ANSI, é uma organização particular
estado-unidense sem fins lucrativos e que tem por objetivo facilitar a padronização dos
trabalhos de seus membros.
- A ASTM - American Society for Testing and Materials é um órgão
americano de normalização de vários materiais, produtos, sistema e serviço.
- A NEMA – National Electrical Manufacturers Association é a maior
associação comercial nos Estados Unidos que representa os interesses dos fabricantes da
indústria elétrica.
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- DIN - Deutsches Institut für Normung (“Instituto Alemão para


Normatização”), é a organização nacional na Alemanha para padronização,
representante do ISO no país.
Normalmente, os fabricantes de equipamentos colocam a Associação e a norma
que seguiram para projetar e construir determinados equipamentos.

Veja nas imagens a seguir:

Foto da placa de identificação de um mecanismo de acionamento de um disjuntor de 15KV.


Note que o equipamento foi construído seguindo norma NBR-7118 da ABNT.

Foto de um medidor de rigidez dielétrica de óleos isolantes. Note que neste equipamento há três formas possíveis de
medição de rigidez dielétrica, conforme respectivas normas.

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Este é um site de um fabricante de equipamentos elétricos, note que está identificado que a chave seccionadora foi
projetada seguindo normas da ABNT, ANSI e IEC.

2.4 Elementos necessários para especificar.

Para se proceder à especificação de materiais e equipamentos, é necessário conhecer


os dados elétricos em cada ponto da instalação, bem como as características do sistema.
De modo geral, as grandezas mínimas que caracterizam um determinado equipamento
ou materiais podem ser assim resumidas:
- Tensão Nominal: é a tensão elétrica, normalmente expressa em volts (V) ou
quilovolts (kV), a que um determinado aparelho deve ser ligado para operar
corretamente. Este parâmetro é definido pelo fabricante do equipamento.
- Corrente Nominal: a corrente elétrica, normalmente expressa em ampères (A) ou
quiloampéres (kA), que será observada (ou medida) em um determinado aparelho,
quando este estiver operando adequadamente. Também é utilizada para expressar a
capacidade máxima de um determinado aparelho, sendo, portanto, um limite de corrente
elétrica que pode ser exigido do equipamento sem que este seja danificado. Este
parâmetro é definido pelo fabricante do equipamento.
- Freqüência Nominal: é uma grandeza física ondulatória que indica o número de
revoluções (ciclos, voltas, oscilações, etc.) por unidade de tempo. Ela é atribuída a um
aparelho pelo seu fabricante.

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- Potência Nominal: potência de entrada atribuída a um aparelho pelo seu


fabricante, quando o mesmo funciona sob tensão e freqüência nominais, na temperatura
normal e com carga normal ou na condição adequada de dissipação de calor.
• De um capacitor: potência reativa sob tensão e freqüência nominais, para a qual o
capacitor é projetado.
• De um enrolamento de transformador: valor de potência aparente atribuído ao
enrolamento e pelo qual é designado, nas condições prescritas na norma pertinente.
• De uma máquina elétrica: valor de potência útil incluindo na característica nominal
da máquina.
- Nível Básico de Impulso (NBI): também conhecida como Tensão Suportável de
Impulso (TSI) e Nível Básico de Isolamento, é o valor da crista de onda de impulso de
tensão máxima (normalizada) que, aplicada em dado equipamento elétrico, não produz
perfuração do isolamento nem descarga disruptiva no meio isolante externo. Em outras
palavras o NBI determina a suportabilidade de um equipamento em relação às
sobretensões de origem interna (surtos de manobra) e para sobretensões de origem
externa (descargas atmosféricas).

Exercícios de fixação:

1. Qual a importância de se conhecer os materiais elétricos existentes no mercado?

2. O que significa especificar um material ou equipamento elétrico?

3. O que é a normalização de um equipamento ou material?

4. Para que serve a unificação dos materiais elétricos?

5. Qual o órgão responsável pela normalização dos materiais elétricos aqui no


Brasil? E quais as suas funções.

6. Cite os elementos principais para se especificar um material elétrico?

7. O que é o Nível Básico de Impulso (NBI) e para que serve?

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3 TRANSFORMADORES ELÉTRICOS.

Transformadores têm a função de converter correntes alternadas de


determinadas tensões em outras de diferentes tensões. Simultaneamente, a corrente é
mudada.

3.1 Construção e Funcionamento.

O transformador se compõe, basicamente, de um núcleo de ferro, fechado, sobre


o qual estão montadas duas bobinas, isoladas entre si, veja:

O núcleo de ferro é constituído de determinado número de chapas de ferro


silicioso, isoladas em um dos lados. Pela laminação, as correntes parasitas são mantidas
pequenas. A liga de ferro-silício dá como resultado um material que apresenta elevada
permeabilidade e que perde o seu magnetismo logo após o desligamento da bobina
indutora.
Quando empregado em altas freqüências, a laminação não é suficiente. Neste
caso, é necessário empregar materiais magnéticos especiais, chamados de Ferrites, que
são isolantes elétricos.
A primeira bobina denominada enrolamento primário ou de entrada, recebe a
corrente alternada, que deve ser transformada. No núcleo se forma um campo
magnético, que constantemente varia, com o que as espiras de um segundo enrolamento,
denominado enrolamento secundário ou de saída, e são continuamente cortadas e, por
isto, aparece no mesmo, uma força eletromotriz. Segundo as leis da indução, a tensão
secundária que se forma, tal como a tensão de auto-indução, tem um sentido contrário à
tensão primária que a originou, isto é, a tensão secundária está defasada em relação à
tensão primária de 180°. Ligando-se uma carga, ou consumidor, o enrolamento
secundário também cria um campo magnético no núcleo (Φ2) de sentido contrário ao
campo magnético primário (Φ1). O fluxo total é, por isso, enfraquecido, e, com ele, a
tensão de auto-indução do enrolamento primário. Como resultado, a absorção da
corrente primária cresce com aumento de carga.
A grandeza da tensão secundária depende da relação entre o número de espiras
primárias e secundárias. Se o enrolamento secundário tem o mesmo número de espiras
do enrolamento primário, então a tensão em ambos os enrolamentos tem o mesmo valor
(relação entre espiras 1:1). Se o enrolamento secundário tem o dobro do número de

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espiras do enrolamento primário, a tensão secundária é duas vezes maior a que a tensão
primária (relação de espiras 1:2), então vale a relação:

U1 N1
U2 N2
U1=Tensão aplicada no primário
U2=Tensão aplicada no secundário
N1=Nº de espiras no primário
N2=Nº de espiras no secundário

Nos transformadores, as tensões variam na mesma proporção, como as espiras.

Como o transformador não possui partes móveis, aparecem apenas perdas de


aquecimento e no ferro. Por isto, este tipo de equipamento possui um bom rendimento.
Se forem desprezadas perdas de importância secundária, vale a relação: potência
primária P1= potência secundária P2. Quando a tensão secundária tem o dobro do valor
da tensão primária, então, para a mesma potência, a corrente secundária pode apenas ter
a metade do valor da corrente primária. Desta relação resulta que as correntes variam no
sentido inverso do número de espiras e ao valor da tensão aplicada, veja:

N1 I2 U1 I2
N2 I1 U2 I1

N1=Nº de espiras no primário


N2=Nº de espiras no secundário
I2=Corrente no secundário
I1=Corrente no primário
U1=Tensão aplicada no primário
U2=Tensão aplicada no secundário

Em transformadores, as correntes variam no sentido inverso do número de espiras.

3.2 Características de Funcionamento.

A corrente em vazio de um transformador vem a ser aquela corrente primária,


que circula quando o enrolamento secundário está sem carga (= 5 a 15 % da corrente
nominal). A potência útil absorvida em vazio representa praticamente as perdas no
ferro. Pela denominação de corrente de curto-circuito, é indicada a corrente primária,
que flui no instante do curtocircuito do enrolamento secundário.
Por tensão de curto-circuito, qualifica-se a tensão que faz circular a corrente
nominal, através do enrolamento, quando um outro enrolamento é curto-circuitado
(normalmente, de 3 a 10% da tensão nominal). A potência útil medida neste instante
corresponde, praticamente, às perdas no enrolamento (= perdas no cobre).

A tensão de indução, gerada num enrolamento transformador, depende:

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1. Do número de espiras (N);


2. Da freqüência (f);
3. Do fluxo magnético, onde Φ=BxA (Φ=fluxo magnético em Maxwell,
B=densidade de fluxo em Gauss e A= seção transversal em cm2.

O cálculo da tensão induzida é feito segundo a seguinte equação:

4,44 max . f N1
U1 8
(Volt)
10

Ou por transformação:

U 1 108
N1 (espiras)
4,44 max . f

3.3 Tipos de Perdas.

Os transformadores reais apresentam perdas no material dos enrolamentos e perdas


no ferro núcleo magnético.
As perdas no material dos enrolamentos se subdividem em:
- Perdas na resistência ôhmica dos enrolamentos: são perdas que surgem pela
passagem de uma corrente (I) por um condutor de determinada resistência (R), estas
perdas são representadas por I2R e dependem da carga aplicada no transformador.
- Perdas parasitas no condutor dos enrolamentos: são perdas produzidas pelas
correntes parasitas induzidas nos condutores das bobinas, pelo fluxo de dispersão, são
perdas que dependem da corrente (carga), do carregamento elétrico e da geometria dos
condutores. Para resolver o problema de dispersão de fluxo devemos colocar as duas
bobinas na mesma perna do núcleo, uma sobre a outra. Veja as figuras abaixo:

Dispersão do fluxo no núcleo Bobinas uma sobre a outra

As perdas no núcleo têm origem em dois fatores: perda por histerese e perdas por
correntes de Foucault (ou correntes parasitas).
- Perdas por histerese: se referem à energia perdida pela inversão do campo
magnético no núcleo à medida que a corrente alternada de magnetização aumenta e

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diminui e muda de sentido. Elas são as maiores responsáveis pelas perdas no núcleo dos
transformadores.
As perdas por histerese são minimizadas através de tratamento térmico apropriado
nas chapas de ferro-silício. As chapas são assim construídas de maneira a terem
propriedades magnéticas melhores segundo uma direção preferida. Sua permeabilidade
magnética nesta direção pode ser cerca de duas vezes maior que nas chapas de tipo
clássico, sendo as perdas no ferro reduzidas. Tais chapas são do tipo grão “orientado”.
A estrutura cristalina dessas chapas é orientada de modo que a direção de mais fácil
magnetização seja sensivelmente paralela à direção de laminação. Para obter chapas de
cristais orientados a mesma é submetida, quando à temperatura de recozimento, a um
campo magnético que tem a virtude de orientar os pequenos cristais que a constituem.
Este tratamento é normalmente aplicado em chapas com percentagem de silício superior
a 3%, mas não muito superior, visto esta técnica dispensar o emprego de elevadas
percentagens por chegar, por outra via, aos mesmos ou melhores resultados.
- Correntes de Foucault: resulta das correntes induzidas que circulam no material
do núcleo. As correntes de Foucault são minimizadas construindo os núcleos com
chapas finas e isolando-as, aumentado a resistência no caminho das correntes e,
portanto, reduzindo sua magnitude e conseqüentemente as perdas. Se as lâminas não
forem colocadas apropriadamente elas tenderão a vibrar, contribuindo também para os
ruídos do transformador ou motor. A espessura das chapas deverá ser tanto menor
quanto maior for a freqüência da variação do fluxo ou, o que é o mesmo, quanto maior
for a freqüência da corrente criadora deste fluxo. A espessura atualmente mais
empregada para as chapas magnéticas é de 0,35 mm, empregando-se, no entanto, chapas
de até 0,6 mm.

3.4 Transformadores de Potência.

Até o momento conhecemos o funcionamento de um transformador monofásico


na sua teoria. A seguir, serão analisados aspectos construtivos e práticos de
transformadores de potência trifásicos, devido à quase sua total utilização em sistemas
industriais e sistemas de potência no Brasil.
Como já vimos Transformador é um equipamento de operação estática que por
meio de indução eletromagnética transfere energia de um circuito, chamado primário,
para um ou mais circuitos denominados, respectivamente, secundário e terciário, sendo,
no entanto, mantida a mesma freqüência, porém com tensões e correntes diferentes.
Para que os aparelhos consumidores de energia elétrica sejam utilizados com
segurança pelos usuários, é necessário que se faça sua alimentação com tensões
adequadas, normalmente inferiores a 500 V.
No Brasil, as tensões nominais, aplicadas aos sistemas de distribuição
secundários das concessionárias de energia elétrica, variam em função da região. No
Nordeste, a tensão padronizada é de 380V entre fases e de 220V entre fase e neutro. Já
na Região Sul, a tensão convencionalmente utilizada é de 220V entre fases e 127V entre
fase e neutro. No entanto, em alguns sistemas isolados, são aplicadas tensões diferentes
destas, como exemplo, a de 110V.
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Em um sistema elétrico, os transformadores são utilizados desde as usinas de


produção, onde a tensão gerada é elevada a níveis adequados para permitir a
transmissão econômica de potência, até os grandes pontos consumo, onde a tensão é
reduzida a nível de subtransmissão e de distribuição, alimentando as redes urbanas e
rurais, onde novamente é reduzida para, enfim, ser utilizada com segurança pelos
usuários do sistema, conforme já mencionado.
Os transformadores são adjetivados em função da posição que ocupam no
sistema, podendo ser transformadores de distribuição, transformadores elevadores ou
abaixadores, de transmissão, de medição e proteção entre outros.

3.4.1 Características.

Nos transformadores pequenos, o calor desenvolvido internamente é retirado


pelo ar circundante. Entretanto, transformadores para potências elevadas ou tensões
elevadas, para melhorar a isolação e a refrigeração, são imersos em óleo isolante, e o
transformador é dito "transformador em óleo". O transformador é colocado dentro de
um tanque, cuja parede externa possui radiadores de calor, para melhorar as condições
de refrigeração. Como o líquido isolante se dilata quando aquecido, há necessidade de
um espaço livre no tanque para esta expansão. Em transformadores de potência acima
de 2000KVA, o óleo aquecido é, por vezes, refrigerado mediante a sua retirada do
tanque por meio de bomba, e passado por refrigeradores esfriados com água.
O comando do transformador é feito por meio de disjuntores. Na ligação de alta
tensão, a separação do transformador da rede deve ser feita por um seccionador, que
torne visível a separação ou abertura. Seccionadores não podem ser manobrados sob
carga.

3.4.2 Transformadores Trifásicos.

Um transformador trifásico é constituído por três transformadores monofásicos


iguais, colocados em um mesmo circuito magnético, conforme figura abaixo:

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A montagem dos três transformadores em um mesmo circuito magnético é


possível porque, sendo as tensões primárias idênticas e defasadas entre si 1/3 de período
(120º), os fluxos magnéticos das colunas são obrigatoriamente iguais e defasados entre
si de 120º, sendo sua soma igual a zero.

Desta maneira, circula em cada perna do circuito magnético apenas o fluxo


criado pela respectiva bobina primária, sem que haja alguma resultante da soma de
fluxos estranhos. O comportamento de um transformador trifásico é o mesmo de cada
um de seus componentes monofásicos.

3.4.3 Esquema de ligação dos Transformadores Trifásicos.

As bobinas primárias e secundárias de um transformador trifásico podem ser


ligadas tanto em montagem estrela como em triângulo. Porém, qualquer que seja a
montagem escolhida, cada bobina primária deve ser alimentada por sua tensão nominal.
Conseqüentemente, cada bobina secundária fornecerá sempre a mesma tensão. Daí, a
escolha da montagem das bobinas de um transformador trifásico depende de suas
tensões nominais e das tensões das redes ás quais deve ser ligado o transformador.
Exemplo de ligação de transformador trifásico (triangulo/estrela) cuja tensão
nominal das bobinas primárias é 220V e das secundárias é 127V.

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Este é só um exemplo de ligação de um transformador trifásico, porém existem


diversas combinações de ligação, dependendo do sistema a que será ligado.

3.5 Características construtivas de um transformador trifásico de distribuição.

3.5.1 Parte Ativa.

Chamamos de parte ativa do transformador, ao conjunto formado pelos


enrolamentos, primário e secundário, e pelo núcleo. Porém, sem dispositivos de
prensagem e calços, a parte ativa não pode constituir um conjunto mecanicamente
rígido, capaz de suportar condições adversas de funcionamento. Na figura anterior se vê
a parte ativa de um transformador trifásico com todos os componentes.

3.5.2 Núcleo.

O núcleo é constituído por um material ferromagnético, que contém em sua


composição o silício, que lhe proporciona características excelentes de magnetização e
perdas. Porém, este material é condutor e estando sob a ação de um fluxo magnético
alternado, dá condições do surgimento de correntes parasitas. Para minimizar este
problema, o núcleo, ao invés de ser uma estrutura maciça, é construído pelo
empilhamento de chapas finas, isoladas entre si.

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Estas chapas de aço, durante sua fabricação na usina, recebem um tratamento


especial com a finalidade de orientar seus grãos. É este processo que torna o material
adequado à utilização em transformadores, devido à diminuição das perdas específicas.

3.5.3 Enrolamentos.

Os enrolamentos, primários e secundários, são constituídos de fios de cobre,


isolados com esmalte ou papel, de seção retangular ou circular.
O secundário, ou, dependendo do caso, BT, geralmente constitui um conjunto
único para cada fase. São dispostos concentricamente com o secundário ocupando a
parte interna e conseqüentemente o primário a parte externa, por motivos de isolamento
e econômicos, uma vez que é mais fácil de "puxar" as derivações.
Chamamos de derivação, aos pontos, localizados no enrolamento primário,
conectados ao comutador.

3.5.4 Dispositivos de Prensagem, Calços e Isolamento.

Para que o núcleo se torne um conjunto rígido, é necessário que se utilize


dispositivos de prensagem das chapas. São vigas dispostas horizontalmente, fixadas por
tirantes horizontais e verticais. Devem ainda estar projetadas para suportar o comutador,
os pés de apoio da parte ativa, suporte das derivações e ainda o dispositivo de fixação da
parte ativa ao tanque.
Os calços são usados em vários pontos da parte ativa e tem várias finalidades.
Servem para constituir as vias de circulação de óleo, para impedir que os enrolamentos
se movam como apoio da parte ativa, e outras. Os materiais dos calços são vários e
dentre eles podemos destacar o papelão (Presspan), o fenolite e a madeira.

3.5.5 Comutador de Derivações.

A maioria dos transformadores trifásicos possui o comutador de derivações, às


vezes também conhecido com comutador de Tapes.
Os comutadores de derivações oferecem, dentro de certos limites, variar o
número de espiras que constituem o enrolamento primário. Como exemplo citamos um
transformador de tensão nominal de 13800V, os tapes disponíveis são 12600V, 13200V
e 13800V.
É importante lembrar que é constante o produto da tensão e corrente no
primário e secundário.
Este aparato, na maioria dos transformadores de baixa potência dever ser
manobrado com o transformador desconectado da rede de alimentação. Já os
transformadores de grande porte podem vir dotados com comutadores de derivações sob
carga, ou seja, varia-se o número de espiras com o transformador fornecendo corrente.

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Placa de um transformador de distribuição

Comutador de derivações (chapinhas) através de conexões

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Comutador de Tapes externo.

Transformador de distribuição “Verde”

3.5.6 Buchas.

São os dispositivos que permitem a passagem dos condutores dos enrolamentos


ao meio externo. São constituídos basicamente por:
a) Corpo isolante: de porcelana vitrificada;
b) Condutor passante: de cobre eletrolítico ou latão;
c) Terminal: de latão ou bronze;
d) Vedações: de borracha e papelão hidráulico;
As formas e as dimensões variam com a tensão e a corrente de operação.

3.5.7 Tanque.

Destinado a servir de invólucro da parte ativa e de recipiente do líquido isolante,


subdivide-se em três partes:
a) Lateral;
b) Fundo;
c) Tampa.
Todas estas partes são de composição e espessuras normalizadas.
Neste invólucro encontramos os suportes para poste (até 225 kVA), suportes de
roda (300 à 500 kVA), ganchos ou olhais de suspensão, sistema de fechamento da
tampa, janela de inspeção, dispositivos de drenagem e amostragem do líquido isolante,
conector de aterramento, furos de passagem das buchas, radiadores, visor de nível de
óleo e placa de identificação.

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3.5.8 Radiadores.

Todo o calor gerado na parte ativa se propaga através do óleo e é dissipado no


tanque (tampa e sua lateral). As elevações de temperatura do óleo e dos enrolamentos
são normalizadas e devem ser limitadas para evitar a deteriorização do isolamento e do
óleo.
Dependendo da potência do transformador, a área da superfície externa poderá
ser insuficiente para dissipar este calor, então é necessário aumentar a área de
dissipação. Para tal usam-se radiadores que poderão ser de tubos ou elementos.
Em transformadores com potência elevada utilizam-se ventiladores nos
radiadores para auxiliar a refrigeração e em alguns casos até mesmo bombas para fazer
circular óleo.

3.6 Paralelismo de Transformadores.

Para ligarmos transformadores monofásicos ou trifásicos em paralelo, devemos


observar que os mesmos possuam:
1) A mesma tensão nominal primária (estando os dois primários ligados à
mesma fonte de corrente).
2) A mesma relação de transformação (as f.e.m. secundárias devem ser iguais
para evitar qualquer circulação de corrente entre os enrolamentos).
3) A mesma tensão de curto-circuito (se estes não forem iguais, o
transformador de menor impedância fornecerá mais potência).
4) A mesma potência nominal (admite-se uma diferença máxima de 40%).
5) Mesmo Deslocamento Angular, ou seja, nos transformadores trifásicos,
devido às diversas combinações de montagens (estrela ou triângulo) de seus
enrolamentos, é possível que, para a ligação em paralelo, não encontremos, no
secundário, bornes de mesmo potencial. Dizemos, então, que os transformadores
possuem DESLOCAMENTOS ANGULARES diferentes, sendo impossível sua ligação
em paralelo.
Além destes requisitos, devemos ligar entre si no secundário, os bornes
homólogos (de mesmo potencial), para evitar a circulação de uma corrente de curto-
circuito entre as bobinas dos transformadores.

3.7 Potência nominal.

É a potência que o transformador fornece continuamente a uma determinada


carga, sob condições de tensão e freqüências nominais, dentro dos limites de
temperatura especificados por norma. A determinação da potência (Aparente) nominal
do transformador em função da carga que alimenta é dada pela equação:

P V I 3 (VA)

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3.8 Líquido isolante.

Basicamente os transformadores se classificam quanto ao meio isolante como:


transformadores a seco e transformadores imersos em óleo isolante. Os transformadores
a seco são empregados mais especificamente em instalações de prédios de habitação ou
em locais de alto risco para a vida das pessoas e do patrimônio. São construídos em
geral com resina de epóxi.
Vamos detalhar um pouco mais a respeito do líquido isolante, pois a grande
maioria dos transformadores possui como meio isolante o óleo.
O líquido isolante nos transformadores tem a função de transferir o calor gerado
pelas panes internas do equipamento para as paredes do tanque e dos radiadores que são
resfriadas naturalmente ou por ventilação forçada, fazendo com que o óleo volte
novamente ao interior retirando calor e passando ao exterior, num ciclo contínuo
segundo o fenômeno de convecção.
O óleo mineral para transformador deve apresentar uma alta rigidez dielétrica e
excelente fluidez além de manter as suas características naturais praticamente
inalteradas perante temperatura elevadas.
O óleo mineral é inflamável e, portanto, cuidados devem ser tomados na
instalação de transformadores. No caso de projetos industriais de produtos de alto risco
de incêndio usando-se transformadores a óleo, estes devem ser localizados distantes e
fora da área de risco.
Existe, entretanto, um tipo de líquido isolante, chamado ascarel cujas
propriedades elétricas se assemelham às do óleo mineral com a vantagem de não ser
inflamável. Devido ao seu alto poder de poluição, está proibida a sua utilização no
território nacional.
Quando for estritamente necessária a instalação de transformadores não
inflamáveis devem ser especificados transformadores a seco ou a silicone.
Os óleos podem ser do tipo mineral (parafínico ou naftênico) e vegetal.
Atualmente existem projetos de transformadores com óleo vegetal que é
decomposto em 45 dias enquanto o óleo mineral em 15 anos, porém a sua utilização
ainda está lenta.

Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 18


MATERIAIS ELÉTRICOS

3.9 Transformadores de grande porte.

Indicador de
nível de óleo

Tanque de
Buchas expansão

Relé
Radiadores Buchholz

Registro
Respirador com
secador de ar

Tubo de
explosão
Termômetros

Buchas BT

Comutador de
derivações
Ventiladores

Painel de
comando

Os transformadores de Potência, (também chamados de transformadores de


Força) de grande porte utilizado em subestações de concessionárias e usinas geradoras
de energias são providos de elementos que exercem proteção e supervisão dos mesmos.
Isto porque são equipamentos de alto custo e grande importância para o sistema. Um
transformador de 25MVA pode custar até R$1,5 milhões.
Existem também acessórios complementares que auxiliam no funcionamento

Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 19


MATERIAIS ELÉTRICOS

dos transformadores que são sensíveis a variação de corrente e temperatura ambiente.

Exercícios de fixação:

1. Qual a função do transformador, e quais os tipos existentes?

2. O que compõe um transformador, faça um desenho?

3. Qual a função do núcleo de ferro no transformador?

4. Sabendo que o transformador em questão será ligado em uma rede de 220Volts


no seu primário, e o seu número de espiras no primário será de 1340 voltas. Qual
será a tensão no secundário, se o número de espiras é de 560?

5. Quais as perdas em um transformador?

6. Qual a relação entre o número de espiras e a corrente elétrica nas bobinas de um


transformador?

7. O que é a corrente em vazio de um transformador?

8. Defina o que é tensão de curto-circuito de um transformador?

9. Quais as perdas de um transformador?

10. Detalhe o que são as perdas por Histerese. E as perdas por Foucault?

11. Qual a principal diferença entre os transformadores de baixa potência e os


transformadores de alta potência?

12. Como podem ser ligadas as bobinas de um transformador trifásico?

13. O que é a parte ativa do transformador trifásico?

14. Para que serve os comutadores de derivações no transformador trifásico?

15. O que são as buchas do transformador trifásico e como são constituídos.

16. Qual a importância dos radiadores nos transformadores trifásicos?

17. Para que serve o paralelismo de transformadores e quais os cuidados que


devemos ter?

18. Qual a função dos líquidos isolantes encontrado nos transformadores trifásicos?

Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 20


MATERIAIS ELÉTRICOS

3.10 Elementos de proteção e supervisão.

1)Relé “Buchholz” – também conhecido como relé de gás, tem a finalidade de


sinalizar o painel de controle e/ou acionar o equipamento de proteção quando há
presença de gases no interior do transformador, em geral devido à perda de isolação
(curto interno).
O relé de gás é montado na parte intermediária do tubo de conexão, entre o
tanque do transformador e o tanque de expansão. É provido de flutuadores que, ao
serem atingidos pelas bolhas de gás, provocam o fechamento de 2 contatos elétricos
responsáveis pelo acionamento do circuito de sinalização e ainda podem permitir a
abertura do disjuntor de proteção do transformador. São utilizados normalmente em
unidades superiores a 750KVA.
2)Termômetros – indicam a temperatura do enrolamento e do óleo, através de
sensores e contatos podem acionar um alarme, a proteção para abertura do disjuntor, ou
ainda regular a partida dos ventiladores.
3)Indicador de nível de óleo – instalado no tanque de compensação, indica de
maneira indireta que o tanque principal do transformador está completo. Tem um
“micro-switch”, que tanto pode acionar um alarme como levar um sinal a um relé de
bloqueio.

3.11 Acessórios complementares de um transformador.

1) Ventiladores – são similares aos ventiladores comuns e auxiliam o


resfriamento do óleo contido nos radiadores.
2) Tanque de compensação (Expansão) – tanque complementar cuja
finalidade é manter o tanque principal totalmente cheio de óleo, compensando a falta ou
o excesso de óleo no tanque principal, gerados pela variação de temperatura e atuando
como elemento aliviador de pressão.
3) Painel de comando – constitui numa caixa metálica afixada no tanque
principal, contendo os mecanismos de comando manual e automático, disjuntores de
proteção dos motores dos ventiladores e placa de identificação dos equipamentos
auxiliares.
4) Respirador com secador de ar – recipiente contendo sílica-gel, que tem a
função de reter a umidade do ar que vai para o tanque de compensação. A cor azul
indica que ela está com capacidade de reter umidade e a cor rosa indica que a sílica-gel
está saturada e deve ser trocada. A passagem de umidade para o tanque de
compensação é altamente prejudicial para o perfeito funcionamento do transformador.

4 PÁRA-RAIOS.

O pára-raios basicamente é um equipamento utilizado para descarregar


sobretensões.
Mas quando se fala em pára-raios o que vem a mente? Uma haste aterrada apontada
Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 21
MATERIAIS ELÉTRICOS

para o céu esperando uma descarga atmosférica? Não é somente isto, existe uma
infinidade de tipos de pára-raios. Podemos encontrar pára-raios para proteção de
edificações (sistema Franklin e Gaiola de Faraday) para proteção de instalações
elétricas de baixa tensão (varistores, supressores de surtos) e para sistemas de média e
alta tensão (pára-raios a resistor não linear).
Este último “Pára-Raios a Resistor Não-Linear” será o objeto de nosso estudo. É
um equipamento utilizado na proteção de sistemas de distribuição e transmissão de
energia elétrica, contra surtos de tensão tanto interno como externo.

4.1 Pára-Raios a resistor não-linear.

As linhas de transmissão e redes aéreas de distribuição urbanas e rurais são


extremamente vulneráveis às descargas atmosféricas que, em determinadas condições,
podem provocar sobretensões elevadas no sistema (sobretensões de origem externa),
ocasionando a queima de equipamentos, tanto os da companhia concessionária como os
do consumidor de energia elétrica.
Para que se protejam os sistemas elétricos dos surtos de tensão, que também
podem ter origem durante manobras de chaves seccionadoras e disjuntores
(sobretensões de origem interna) são instalados equipamentos apropriados que reduzem
o nível de sobretensão a valores compatíveis com a suportabilidade desses sistemas.
Esses equipamentos protetores contra sobretensões são denominados pára-raios.
Os pára-raios são utilizados para proteger os diversos equipamentos que
compõem uma subestação de potência ou simplesmente um único transformador de
distribuição instalado em poste. Os pára-raios limitam as sobretensões a um valor
máximo. Este valor é tomado como o nível de proteção que o pára-raios oferece ao
sistema.

4.2 Funcionamento do Pára-Raios.

Os pára-raios modernos são constituídos de várias intermitências, ou


centelhadores, em bloco com matérias de resistência não linear, envolvidos por
Porcelana ou Silicone (Poliméricos). A função da intermitência é proporcionar o início
do centelhamento quando a onda de sobretensão atinge certo valor especificado,
protegendo, com margem adequada, o equipamento para frente de onda e, ainda,
interrompendo a corrente de 60 Hz o mais rápido possível (de preferência em menos de
0,5 ciclo). Outra característica da intermitência é a de não descarregar
desnecessariamente quando o sistema é submetido à sobretensões previstas (caso de
curto fase-terra, por exemplo).
A função da resistência não-linear é a de oferecer baixa resistência para o surto
atmosférico e alta resistência para a corrente subseqüente de curto-circuito, que é
corrente de freqüência fundamental (60hz) que segue após o caminho inicialmente
aberto pela sobretensão atmosférica. Assim, depois do pára-raios ter escoado a corrente
de surto para a terra, o resistor não linear aumenta de valor, diminuindo a corrente de
curto-circuito de tal maneira que a intermitência seja capaz de interromper a corrente
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MATERIAIS ELÉTRICOS

em menos de meio ciclo. De maneira geral, um bom pára-raios deve desempenhar as


seguintes funções:
- Proteger os equipamentos contra sobretensões, com margem de segurança
adequada;
- Limitar a corrente subseqüente de 60 Hz a um baixo valor;
- Eliminar a operação dos equipamentos de proteção de sobrecorrente, evitando
a redução da continuidade do serviço.

4.3 Partes Componentes do Pára-Raios.

Atualmente existem dois elementos de características não-lineares capazes de


desempenhar as funções anteriormente mencionadas a partir dos quais são construídos
os pára-raios: carbonato de silício e óxido de zinco.

4.3.1 Pára-Raios de Carboneto de Silício (Sic).

Os pára-raios de carboneto de silício (SiC) são aqueles que utilizam como


resistor não-linear o carboneto de silício e têm em série com este um centelhador
formado por vários gap's (espaços vazios). Esses pára-raios são constituídos
basicamente das seguintes partes:
1) Resistores não-lineares – são blocos cerâmicos feitos de material refratário,
química e eletricamente estáveis. Esse material é capaz de conduzir altas correntes de
descarga com baixas tensões residuais. Entretanto, o resistor não-linear oferece uma alta
impedância à corrente subseqüente. São formados de carboneto de silício, que apresenta
um coeficiente de temperatura negativo, isto é, sua condutibilidade aumenta com a
temperatura. Também os resistores não-lineares podem ser fabricados de óxido de
zinco, como veremos adiante.
2) Centelhador série - é constituído de um ou mais espaçadores entre eletrodos,
dispostos em série com os resistores não-lineares, e cuja finalidade é assegurar, sob
quaisquer condições, uma característica de disrupção regular com uma rápida extinção

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MATERIAIS ELÉTRICOS

da corrente subseqüente, fornecida pelo sistema. O centelhador série pode ser


considerado como uma chave de interrupção da corrente que segue a corrente de
descarga do pára-raios (corrente subseqüente), quando esta passa pelo ponto zero
natural do ciclo alternado.
3) Desligador automático - é constituído de um elemento resistivo colocado em
série com uma cápsula explosiva protegida por um corpo de baquelite. O desligador
automático é projetado para não operar com a passagem da corrente de descarga e da
corrente subseqüente. Sua principal utilidade é desligar o pára-raios defeituoso da rede
através da sua auto-explosão. Adicionalmente, serve como indicador visual de defeito
do próprio pára-raios. É necessário que a curva de atuação tempo X corrente do
desligador automático seja compatível com as curvas características de atuação dos
elementos de proteção do sistema. Estes dispositivos são disponíveis somente nas
unidades de média tensão.
4) Protetor contra sobrepressão - é um dispositivo destinado a aliviar a
pressão interna devido a falhas ocasionais do pára-raios e cuja ação permite o escape
dos gases antes que haja o rompimento da porcelana e provoque danos à vida e ao
patrimônio.
5) Mola de compressão – fabricada em fio de aço de alta resistência mecânica,
tem a função de reduzir a resistência de contato entre os blocos cerâmicos.

4.3.2 Pára-Raios de Óxido de Zinco (ZnO).

São assim denominados os pára-raios que utilizam como resistor não-linear o


óxido de zinco e, ao contrário dos pára-raios de carboneto de silício, não possuem
centelhadores série, e nem todos possuem desligadores automáticos. Estes pára-raios
são constituídos basicamente das seguintes partes:
1) Resistores não-lineares – são blocos cerâmicos compostos à partir de uma
mistura de óxido de zinco, em maior proporção, e outros óxidos metálicos como o
antimônio, o manganês, o bismuto e o cobalto. Basicamente funciona eletricamente
igual ao SiC, porém apresenta algumas vantagens técnicas e operacionais:
- Não existe corrente subseqüente nos pára-raios ZnO;
- Apresentam maior capacidade de absorção de energia;

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MATERIAIS ELÉTRICOS

- Por não possuírem centelhadores, a curva de atuação dos pára-raios ZnO não
apresenta transitórios.
2) Corpo de porcelana – é constituído de uma peça cerâmica no interior da qual
estão instalados os varistores de óxido metálico.
3) Corpo polimérico – os invólucros poliméricos são constituídos de borracha
de silicone com diversas variedades de propriedades químicas na sua formação,
dependendo da tecnologia de cada fabricante.
O pára-raios com invólucro polimérico tem como vantagem a ausência de vazios
no seu interior, como ocorre com pára-raios com corpo de porcelana, sem contar com
alta capacidade hidrofóbica do seu corpo polimérico.

4.4 Contador de descargas.

Os contadores de descargas são para uso em pára-raios tipo estação. São


utilizados para registrar número de descargas ocorridas no equipamento. Podem ser
fornecidos com ou sem miliamperímetro para medição de corrente de fuga. Possuem
também como opcional o fornecimento de uma saída para ligação de instrumentos de
medição.

Pára-raios
138KV

Contador de
descargas

5 CHAVE FUSÍVEL.

Chave fusível é um equipamento destinado a proteção de sobrecorrentes de


circuitos primários, utilizados em redes aéreas de distribuição urbana e rural e em
pequenas subestações de consumidor e de concessionária. É dotado de um elemento
fusível que responde pelas características básicas de sua operação. As chaves fusíveis
são denominadas também corta-circuitos e são fabricadas em diversos modelos para
diferentes níveis de tensão e corrente.
Veja alguns tipos de chaves fusíveis existentes:

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MATERIAIS ELÉTRICOS

1) Chave fusível unipolar com isolador de corpo único – são chaves


utilizadas em sistemas de distribuição e sua corrente nominal não ultrapassa 200A. Veja
o desenho a seguir:

2) Chave fusível unipolar com isolador tipo pedestal – esta chave possui dois
isoladores tipo pedestal e são apoiados numa base metálica que também tem a função de
fixar a chave na estrutura da rede de distribuição ou subestação. São normalmente
utilizadas em subestações e possuem um NBI mais elevado em relação à chave com
isolador de corpo único.

3)Chave Fusível Religadora – é destinada a proteção de redes aéreas de


distribuição contra curtos-circuitos transitórios. Principalmente indicadas para aplicação
no alimentador tronco ou nas derivações importantes do mesmo. A troca de um simples
elo fusível em locais de difícil acesso, devido a grandes distância ou estradas
intransitáveis ou ainda de equipes de manutenção não disponíveis no momento
necessário, faz elevar o tempo de interrupção e conseqüentemente o custo da mesma. A
chave religadora reduz a severidade do defeito quanto ao tempo de retorno do
fornecimento de energia elétrica. É composta de três chaves fusíveis na qual a corrente
do sistema flui apenas pela primeira chave do conjunto (1ª da esquerda). No caso de um
curto-circuito, o fusível da primeira chave se funde, ocasionando a queda do porta-

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MATERIAIS ELÉTRICOS

fusível (cartucho) que aciona o mecanismo de transferência da corrente para a chave


central. Permanecendo o defeito, o processo se repete, transferindo o fluxo de corrente
para terceira chave.
No caso de defeito transitório haverá apenas a operação da primeira chave e a
religação do circuito pela chave central.

5.1 Ferramenta de abertura com carga (Load Buster).

As chaves fusíveis não devem ser operadas em elevada carga, devido à


inexistência de um sistema de extinção de arco elétrico. Algumas concessionárias
estabelecem aos seus profissionais que a abertura somente será possível se a corrente
elétrica for inferior a 5A numa rede de 13,8KV. No entanto com a utilização da
ferramenta de abertura com carga pode-se operar a chave com circuito em plena carga,
respeitando-se, neste caso, os limites da ferramenta mencionada.
Esta ferramenta, conhecida também como Load Buster, consiste em um sistema
que é acoplado aos terminais da chave fusível. Sua operação pode ser compreendida nas
figuras abaixo. Ao operar o equipamento, a corrente elétrica é desviada para a câmara
de extinção do Load Buster, desta forma eliminando o arco.

Load Buster Operação do Load Buster

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MATERIAIS ELÉTRICOS

5.2 Cartucho ou Porta-Fusível.

É o elemento principal e ativo da chave fusível. Consiste em um tudo de fibra de


vidro ou fenolite, onde internamente deste será passado o elo fusível e preso em suas
extremidades. É dotado de um revestimento interno que, além de aumentar a robustez
do tubo, se constitui na substância principal que gera, em parte, os gases destinados à
interrupção do arco. Quando ocorre a queima do elo fusível, o cartucho se desprende do
contato fixo e cai, ficando suspenso pela articulação inferior da chave, desta forma
servindo como sinalização da queima do mesmo. Abaixo uma foto de um fusível
queimado.

Cartucho caído,
fusível
queimado

Estrutura com três chaves fusíveis

5.3 Elo Fusível.

É um elemento metálico (cordoalha) no qual é inserida uma parte sensível a


correntes elétricas elevadas, fundindo-se e rompendo-se num intervalo de tempo
inversamente proporcional à grandeza da referida corrente.
O elemento fusível é constituído de uma liga de estanho e representa a parte
fundamental do elo fusível.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

Exercícios de fixação:

1. Para que serve os elementos de proteção e supervisão de um transformador de


grande porte?

2. Os transformadores de grande porte são utilizados onde?

3. O que é o Relé “Buchholz”?

4. Qual a função do pára raios nas linhas elétricas?

5. O que são os Pára raios a resistor não-linear?

6. Para que serve a chave fusível?

7. Quais são os componentes principais de uma chave fusível?

8. Como funciona a chave fusível religadora?

9. O que é uma chave do tipo Load Buster. E como ela funciona?

10. O que é o elo fusível?

6 DISJUNTORES.

O disjuntor é um dos mais importantes equipamentos da área elétrica,


essencialmente da eletrotécnica. São equipamentos para proteção de circuitos elétricos
de baixa, média, alta e extra-alta tensão, contra curtos-circuitos, sobrecargas e entre
outros tipos de anomalias no circuito a que estão ligados, dependendo é claro, das
características para que forem projetados. Sua evolução vem acontecendo
gradativamente ao longo dos anos.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

Todos os tipos de disjuntores, independente da classe de tensão, atuam conforme


curvas para que foram projetados. Estas curvas são a relação de tempo de desligamento
em função da corrente elétrica que circula pelo mesmo.
Veja abaixo alguns tipos de disjuntores de baixa tensão:
- Disjuntor padrão NEMA para residências (normalmente pretos);
- Disjuntor padrão IEC (mini-disjuntores);
- Disjuntor Diferencial Residual (DR);
- Disjuntor-Motor (curto-circuito e sobrecarga, exerce a função do fusível).
Para média, alta e extra-alta tensão os disjuntores se diferem principalmente pelo
meio de extinção de arco elétrico e pelo tipo de mecanismo de acionamento. São de
grande importância no sistema elétrico de potência e na proteção de redes elétricas de
distribuição de energia e, portanto serão objetos de estudos neste capítulo.

6.1 Generalidades.

Equipamento destinado à manobra, à proteção e o restabelecimento de circuitos


primários. É capaz de interromper grandes potências de curto-circuito durante a
ocorrência de um defeito.
Sempre devem ser instalados acompanhados da aplicação dos relés respectivos,
que são os elementos responsáveis pela detecção das correntes elétricas do circuito que,
após analisadas por sensores previamente ajustados, podem enviar ou não a ordem de
comando para a sua abertura. Um disjuntor instalado sem os relés correspondentes
transforma-se apenas numa excelente chave de manobra, sem qualquer característica de
proteção.
A função principal de um disjuntor é interromper as correntes de defeito de um
determinado circuito durante o menor espaço de tempo possível. Porém, os disjuntores
são também solicitados a interromper correntes de circuitos operando a plena carga e
em vazio, e a energizar os mesmos circuitos em condições de operação normal ou em
falta.
O disjuntor é um equipamento cujo funcionamento apresenta aspectos bastante
singulares. Opera, continuamente, sob tensão e corrente de carga muitas vezes em
ambientes muito severos, no que diz respeito à temperatura, à umidade, à poeira, etc.
Em geral, após longo tempo nestas condições, às vezes até anos, é solicitado a operar
por conta de um defeito no sistema. Neste instante, todo o seu mecanismo, inerte até
então, deve operar com todas as suas funções, realizando tarefas tecnicamente difíceis,
em questão de décimos de segundo.
Quando um disjuntor desliga através de um circuito de proteção a corrente que
passa pelo disjuntor é da ordem de dezenas de milhares de ampères.
Na ordem cronológica de construção de disjuntores surgiram primeiramente os
disjuntores a grande volume de óleo. Devido ao seu baixo poder de interrupção estão
sendo gradativamente abandonados desde o advento dos disjuntores a pequeno volume
de óleo. Os disjuntores a vácuo vêm gradativamente ganhando mercado no segmento de
média tensão em substituição aos disjuntores a pequeno volume de óleo. Os disjuntores
a Hexafluoreto de Enxofre (SF6) em geral, apresentam preços mais elevados que os
Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 30
MATERIAIS ELÉTRICOS

disjuntores a vácuo e concorrem no segmento de média e alta tensão. A interrupção da


corrente dá-se no interior de um recipiente estanque que contém SF6 a uma pressão
aproximada de 6 bar.
O princípio de interrupção dos disjuntores a óleo, em geral, está na absorção da
energia que se forma durante a abertura dos seus contatos. Uma parte do óleo em torno
do arco se transforma em gases, notadamente o hidrogênio, o acetileno e o metano,
provocando uma elevada pressão na câmara hermeticamente fechada proporcional ao
valor da corrente interrompida. Essa pressão gera um grande fluxo de óleo dirigido
sobre o arco extinguindo-o e devolvendo a rigidez dielétrica ao meio isolante. O fluxo
de óleo atua sobre o arco em jato transversal para correntes muito elevadas de
interrupção ou jato axial para pequenas correntes capacitivas ou indutivas. Os gases,
formados durante uma operação de interrupção de corrente novamente se condensam
deixando muitas vezes pequenos resíduos.
Uma das funções principais dos dispositivos de extinção de arco é desionizar a
zona de interrupção quando a corrente atinge o ponto zero do ciclo alternado, evitando-
se que haja formação de um novo arco principalmente quando a abertura do circuito se
dá na presença de correntes capacitivas.
Cabe alertar que em projetos industriais não devem ser admitidos relés de
religamento no acionamento de disjuntores, esta função normalmente é utilizada pelas
concessionárias de energia. Desde que se efetue o desligamento do disjuntor a equipe de
manutenção da indústria deve identificar a causa, sanar o defeito para depois
restabelecer o circuito.
A capacidade de interrupção de um disjuntor está ligada diretamente à sua
tensão de serviço. Assim, se um disjuntor estiver operando num circuito cuja tensão seja
inferior a sua tensão nominal, a sua capacidade de interrupção será, proporcionalmente,
reduzida.

6.2 Princípio do arco elétrico.

O arco elétrico é um fenômeno que ocorre quando se separam dois terminais de


um circuito que conduz determinada corrente de carga, de sobrecarga ou de defeito.
Pode ser definido também como um canal condutor, formado num meio fortemente
ionizado, provocando um intenso brilho e elevando, consideravelmente, a temperatura
do meio em que se desenvolve. Na abertura do disjuntor, ao se proceder o afastamento
total dos contatos, observa-se a formação do arco que precisa ser extinto o mais
rapidamente possível, de sorte a evitar a fusão dos contatos.
Como princípio básico para a extinção de um arco elétrico qualquer, é
necessário que se provoque o seu alongamento por meios artificiais, reduza-se a sua
temperatura e substitua-se o meio ionizado entre os contatos por um meio isolante
eficiente que pode ser o ar, o óleo ou o gás, o que permite, assim, classificar o tipo do
meio extintor, conseqüentemente, as características construtivas dos disjuntores.

Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 31


MATERIAIS ELÉTRICOS

6.3 Componentes básicos de um disjuntor.

Os disjuntores são constituídos basicamente de:


1) Isolamento - material sólido ou líquido cuja finalidade é isolar a parte
energizada, que conduz à corrente, da parte externa.
2) Contato fixo e contato móvel - são peças de metal condutor cuja finalidade é
fechar ou abrir contato para passagem de corrente elétrica. Estando estas peças
separadas, significa que o disjuntor está desligado e, portando, não é possível a
passagem da corrente elétrica. Estando estas partes engatadas, dizemos que o disjuntor
está ligado, possibilitando a passagem da corrente.
3) Mecanismo de acionamento - é um mecanismo cuja finalidade é movimentar
o contato móvel, desligando ou ligando o disjuntor. Este mecanismo pode ser a ar
comprimido, hidráulico, mola ou solenóide.
4) Câmara de extinção - semelhante a uma caixa, esta câmara envolve o
contato fixo e o contato móvel com a finalidade de abafar o arco elétrico resultante do
desligamento da corrente elétrica.
5) Painel de comando - constitui-se em uma caixa de ferro afixada no disjuntor,
contendo os mecanismos de comando.

6.4 Classificação e tipos de disjuntores.

Os disjuntores podem ser classificados de acordo com seu tipo construtivo e de


acordo com o aspecto de isolação e extinção do arco elétrico.
Quanto ao aspecto construtivo, existem três tipos de disjuntores:

1) Disjuntor extraível, para instalação abrigada em cubículos, na baixa tensão;

2) Disjuntor para instalação ao tempo, constituído de tanque cilíndrico de aço;

3) Disjuntor para instalação ao tempo, constituído de colunas de porcelana, com


aspecto externo semelhante ao de uma bucha.

Quanto à isolação e extinção de arco elétrico, vejam os principais tipos:

1) Disjuntor GVO (grande volume de óleo), que utiliza o óleo como isolante
entre a parte energizada e a carcaça, e para extinção do arco elétrico formado durante o
seu desligamento. No caso dos disjuntores a grande volume de óleo (GVO), os contatos
fixos e móveis estão imersos no óleo e por estarem mais distantes, o tempo de
desligamento é relativamente maior do que no disjuntor de pequeno volume de óleo.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

2) Disjuntor PVO (pequeno volume de óleo), que utiliza o óleo sob pressão
para extinção do arco elétrico. O isolamento entre a parte energizada e a carcaça é feita
por material de fibra e/ ou porcelana. Neste tipo de disjuntor, PVO, o óleo é "soprado"
sob pressão entre os contatos, para extinção do arco elétrico, tendo uma atuação mais
rápida que o GVO. Este tipo de disjuntor pode ser encontrado na alta e na baixa tensão,
e mesmo em disjuntores extraíveis.

Foto de um disjuntor PVO extraível.

3) Disjuntor a ar comprimido, cujo meio extintor e isolante do arco elétrico é o


ar seco sob pressão. Sabemos que o ar seco é isolante e, sob compressão, o seu poder de
isolação aumenta.
4) Disjuntor a SF6 (gás Hexatluoreto de Enxofre), sendo este gás o meio
utilizado para extinguir o arco elétrico e para isolamento das partes energizadas.

Colégio Impacto – CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA – 2º SEMESTRE 33


MATERIAIS ELÉTRICOS

Câmara de
extinção

Isolador de
suporte
Base de
suporte
Painel de
comando

Esquema estrutural de um disjuntor 145KV

Disjuntor 145KV instalado em campo

5) Disjuntor a sopro magnético, no qual os efeitos de um imã são utilizados


para extinguir o arco elétrico.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

6) Disjuntor a vácuo, onde ampolas com elevado nível de vácuo fazem a


extinção do arco elétrico.

Buchas

Ampolas a
vácuo

Barramento

Foto interna de um disjuntor a vácuo

Entretanto, seja qual for o seu tipo construtivo ou mecanismo de isolação e


extinção do arco elétrico, a função básica do disjuntor é a mesma, ou seja, interromper a
passagem de grandes valores de corrente.

Exercícios de fixação:

1. O que é um arco elétrico?

2. Defina um disjuntor do tipo Termomagnético?

3. Quais os principais elementos de um disjuntor?

4. O que é a curva de atuação do disjuntor?

5. O que é um disjuntor GVO?

6. O que é um disjuntor a ar comprimido?

7. que é um disjuntor a SF6?

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MATERIAIS ELÉTRICOS

7 TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC).

Os transformadores de corrente são equipamentos que permitem aos


instrumentos de medição e proteção funcionarem adequadamente sem que seja
necessário possuírem correntes nominais de acordo com a corrente de carga do circuito
ao qual estão ligados. Na sua forma mais simples eles possuem um primário, geralmente
de poucas espiras, e um secundário, no qual a corrente nominal transformada é, na
maioria dos casos, igual a 5A. Dessa forma, os instrumentos de medição e proteção são
dimensionados em tamanhos reduzidos com as bobinas de corrente constituídas de fios
de pouca quantidade de cobre.
Os transformadores de corrente são utilizados para suprir aparelhos que
apresentam baixa resistência elétrica, tais como amperímetros, relés, medidores de
energia, de potência, etc.
Os TC’s transformam, através do fenômeno de conversão eletromagnética,
correntes elevadas, que circulam no seu primário, em pequenas correntes secundárias,
segundo uma relação de transformação.
A corrente primária a ser medida, circulando nos enrolamentos primários, cria
um fluxo magnético alternado que faz induzir as forças eletromotrizes Ep e Es
respectivamente, nos enrolamentos primário e secundário.
Dessa forma, se nos terminais primários de um TC, cuja relação de
transformação nominal é de 20, circular uma corrente de 100A, obtém-se no secundário
a corrente de 5A, ou seja: 100/20 = 5A.
O TC opera com tensão variável, dependente da corrente primária e da carga
ligada no seu secundário. A relação de transformação das correntes primária e
secundária é inversamente proporcional à relação entre o número de espiras dos
enrolamentos primário e secundário.
O enrolamento primário é constituído de fio grosso para suportar altas correntes,
possuindo poucas espiras ou até mesmo uma espira. O enrolamento secundário é
constituído de fio fino capaz de suportar baixas correntes, possuindo muitas espiras.

Os TC’s estão divididos em dois tipos fundamentais: transformadores de


corrente para serviço de medição e transformadores de corrente para serviço de
proteção.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

7.1 Transformador de Corrente para serviço de medição.

Os Transformadores de Corrente para serviço de medição devem ser projetados


para assegurar a proteção aos aparelhos a que estão ligados (amperímetros, medidores
de energia: kWh, kVArh, etc.). Durante a ocorrência de um curto-circuito é necessário
que a corrente no secundário do TC não aumente na mesma proporção da corrente
primária. Por efeito de saturação do núcleo magnético, a corrente é limitada a valores
que não danifiquem os aparelhos, normalmente quatro vezes a corrente nominal.

Transformadores de corrente de uma medição em BT (220V)

7.2 Transformador de Corrente para serviço de proteção.

São equipamentos a que devem ser conectados os relés de proteção do tipo ação
indireta, ou simplesmente relés secundários. Devem retratar fielmente as correntes de
curto-circuito. Sendo essas correntes múltiplas da corrente nominal, é importante que o
TC não sofra os efeitos da saturação.

7.3 Valores nominais que caracterizam um TC.

Vejam alguns dados importantes que constam das placas dos TC's:
a) Corrente nominal e relação nominal – segundo a ABNT as correntes
primárias nominais e as relações nominais são especificadas conforme tabela abaixo. As
relações nominais são baseadas na corrente secundária nominal de 5A, podendo
encontrar correntes de 1A, 10A, etc., mas geralmente é de 5A.
O calculo da relação de transformação do TC será:
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MATERIAIS ELÉTRICOS

I1
RTC
I2

Exemplo: Um TC de 600/5A terá uma relação de transformação de 120, ou seja,


quando estiver circulando no primário uma corrente de 120A, no secundário circulará
1A.

A relação de espiras será:

N2
RE
N1

A relação de corrente é inversa a relação de espiras:

N1 I2
N2 I1

b) Nível de Isolamento – é definido com base na classe de tensão de serviço no


circuito no qual o TC será conectado. Deve-se considerar a tensão máxima de serviço;

c) Freqüência nominal - as freqüências nominais são de 50 e/ou 60 Hz;

d) Carga nominal - segundo a ABNT as cargas nominais são designadas pela


letra "C" seguida pelo número de volt-ampéres (V.A.) em 60Hz, com corrente nominal
5A, e fator de potência normalizado. Entende-se por carga a ser instalada no secundário
do TC, todos os instrumentos que envolvem a grandeza corrente, mais os cabos de
ligação (por exemplo, desde o TC até o painel de instrumento). A somatória dessas
cargas não deve ultrapassar a carga especificada na placa do TC. As cargas são
designadas segundo as normas ABNT (brasileira) e ANSI (americana).

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Vejamos alguns exemplos e equivalência entre normas:

ABNT ANSI
C2,5 B-O,1
C5,O B-0,2
C12,5 B-O,5
C25 B-1.0
C50 B-2.O
C100 B-4.0
C200 B-8.0

Por exemplo, se tomarmos a carga C100, daríamos a seguinte interpretação:


carga máxima admitida de 100 volt-ampères (V.A.). Essa carga equivale na norma
ANSI a B-4.0, que interpretada significa: B – Burdem (carga-impedância) e 4.0 é o
valor de Z. Portanto, temos como carga máxima 4.0Ω de impedância, que são os
mesmos 100V.A. na norma brasileira.
e) Polaridade - para os TC's que alimentam aparelhos de medida de energia é de
extrema importância o conhecimento da polaridade, devido à necessidade da ligação
correta das bobinas desses instrumentos. Diz-se que um TC tem polaridade subtrativa se
a corrente que circula no primário do terminal P1 para P2 corresponde a uma corrente
secundária circulando no instrumento de medida do terminal S1 para S2, conforme
mostrado na figura abaixo. Normalmente os TC's têm os terminais dos enrolamentos
primário e secundário de mesma polaridade postos em correspondência conforme pode
ser observado na figura.
Se para uma corrente Ip circulando no primário de P1 para P2 corresponder uma
corrente secundária no sentido inverso ao indicado na Figura abaixo, diz-se que o TC
tem polaridade aditiva.

Polaridade subtrativa

f) Fator térmico nominal – é o fator pelo qual deve ser multiplicada a corrente
nominal primária de um TC, para se obter a corrente primária máxima que o

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transformador deve suportar, em regime permanente, operando em condições normais,


sem exceder os limites de temperatura especificados para sua classe de isolamento.
Segundo a ABNT esse fator pode ser 1,0; 1,20; 1,30; 1,50 e 2.0.
g) Corrente térmica nominal - é definida como sendo o valor eficaz da
corrente primária simétrica que o transformador pode suportar por um determinado
tempo (normalmente 1,0 segundo) com o enrolamento secundário curto-circuitado, sem
exceder os limites de temperatura especificados para sua classe de isolamento.
h) Corrente dinâmica nominal - é definida como sendo o maior valor eficaz da
corrente primária que o transformador deve suportar durante determinado tempo
(normalmente 0,1 segundo), com o enrolamento secundário curto-circuitado, sem
danificar mecanicamente devido às "forças eletromagnéticas existentes.

7.4 Classe de exatidão nominal.

Os TC’s de medição e proteção possuem classes de exatidão diferentes:


a) Classe de exatidão para TC’s de medição – É importante que esses
transformadores retratem fielmente a corrente a ser medida. As classes de exatidão para
os TC’s de medição são: 0,3; 0,6; e 1,2%. Conhecida as classes de exatidão, um TC
poderia ser especificado da seguinte maneira:
- 0,3 C – 50 - segundo a ABNT;
- 0.3 B – 2 - segundo a ANSI.
O TC é o mesmo, apenas a norma que é diferente.

b) Classe de exatidão para TC’s de proteção – Segundo a ABNT os TC’s para


serviços de relés são enquadrados em uma das seguintes classes de exatidão:

- 2,5 (erro percentual até 2,5%);


- 10 (erro percentual até 10%).

Os TC's de proteção mantém sua exatidão desde a corrente nominal até uma
corrente cujo valor é dado pelo produto da corrente nominal pelo fator de sobrecorrente
nominal. O fator de sobrecorrente mais utilizado é 20, sendo que existem ainda outros
fatores, como 10 e 5. Segundo a ANSI os TC's, para serviço de relés são enquadrados
em apenas uma classe de exatidão: 10 (erro percentual até 10%). Anteriormente à norma
ANSI também normalizava a classe 2,5.
Os TC's para serviço de relés são classificados, quanto a impedância nas duas
classes seguintes:
Transformador classe B - é um TC cujo enrolamento secundário apresenta
reatância desprezível.
Transformador classe A - é um TC cujo enrolamento secundário apresenta
reatância que não pode ser desprezada.´
Exemplos de designação (dados de placa):

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Norma ABNT

1) B2,5 F20 C10O


Transformador para proteção, classe baixa impedância, classe de exatidão 2,5%,
fator de sobrecorrente F20 e carga de 100 volt-ampéres (V.A.).
2) A10 F20 C50
Transformador para proteção, classe alta impedância, classe de exatidão 10%,
fator de sobrecorrente F20, carga de 50 volt-amperes (V. A.).

Norma ANSI

1) 2,5 L 400
Transformador para proteção, classe baixa impedância, (do inglês LOW - baixa),
tensão secundária máxima 400 volts.
2) 10 H 200
Transformador para proteção, classe alta impedância (do inglês HIGH - alta),
tensão secundária máxima 200 volts.

Observações:
a) As especificações 1 e 2 na norma ANSI, são as mesmas especificações 1 e 2,
respectivamente, na norma ABNT.
b) As especificações 1 e 2 na norma ANSI, são especificações na norma antiga.
A especificação atual será à mudança das "letras "L" e "H" por "C" e "T",
respectivamente.

7.5 Comparação com os Transformadores de Força.

É muito comum, ao estudar um transformador de corrente, fazer analogia com os


transformadores de força. Existem de fato, muitas semelhanças entre ambos. A principal
reside no fato de que ambos dependem fundamentalmente do mecanismo da indução
magnética. Em termos de operação, existem diferenças consideráveis:
1) Num transformador de força, a corrente que circula no primário é função
direta da corrente que circula no secundário;
2) Num transformador de corrente, a corrente que circula no enrolamento
primário independe da corrente do enrolamento secundário, uma vez que o enrolamento
primário é conectado em série com o circuito.

7.6 Secundário do TC nunca deve ficar aberto.

Quando o primário de um TC está alimentado, o seu secundário nunca deverá


ficar aberto. Caso necessite retirar o instrumento do secundário do TC, este enrolamento
deverá ser curto-circuitado através de um fio condutor de baixa impedância, um fio de
cobre, por exemplo, ou utilizar a Chave de Aferição, caso tenha instalado no circuito.
Vejamos as razões desta precaução: a corrente I1 é fixada pela carga ligada ao circuito
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MATERIAIS ELÉTRICOS

externo, se I2 = 0, isto é, secundário aberto, não haverá o efeito desmagnetizante desta


corrente e a corrente de excitação I0 passará ser a própria corrente I1, originando em
conseqüência um fluxo Φ muito elevado no núcleo.
Conseqüências desta imprecaução:
a) Aquecimento excessivo causando a destruição do isolamento, podendo
provocar contato do circuito primário com o secundário e a terra;
b) Uma F.e.m. induzida E2 de valor elevado, com eminente perigo para o
operador;
c) Mesmo que o TC não danifique, este fluxo Φ elevado corresponderá uma
magnetização forte no núcleo, o que alterará as suas características de funcionamento e
precisão. Por este motivo, nunca se usa fusíveis no secundário dos TC’s.

7.7 Simbologia.

7.8 Ligação trifásica.

Os TC's nos circuitos trifásicos são ligados em estrela para alimentação de


instrumentos de medição e relés de proteção. Alguns casos especiais são ligados em
triângulo para alimentação de relés de proteção.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

TC de 138KV
com isolação a
base de epóxi

Coluna de
porcelana para
sustentação do TC

Estrutura de
sustentação do
conjunto

8 TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP).

Transformador de potencial (TP) é o transformador, cujo enrolamento primário é


colocado em derivação com um circuito elétrico, que se destina a reproduzir no seu
circuito secundário, a tensão do seu circuito primário com sua posição fasorial
substancialmente mantida em uma proporção conhecida e adequada para uso com
instrumentos de medição, controle ou proteção. A figura abaixo representa
esquematicamente o TP.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

O TP tem N1 > N2, dando assim no secundário uma tensão U2 < U1. Os TP's são
projetados e construídos para uma tensão secundária nominal padronizada em 115 volts,
sendo a tensão primária nominal estabelecida de acordo com a tensão entre fases do
circuito em que o TP será ligado.
Os TP's devem ter seu ponto de funcionamento muito próximo à condição de
funcionamento a vazio. São projetados e construídos para suportarem uma sobretensão
de até 10% em regime permanente, sem que nenhum dano lhes seja causado.
Como os TP's são empregados para alimentar instrumentos de alta impedância
(voltímetros, bobinas de potencial de wattímetros, bobinas de potencial de medidores de
energia elétrica, relés de tensão etc.), a corrente I2 é muito pequena, por isto são
transformadores de potência que funcionam quase em vazio.

8.1 Ligação dos TP's.

Os TP's a serem ligados entre fase e neutro são construídos para terem como
tensão primária nominal a tensão entre fases do circuito dividida por 3 , e como tensão
secundária nominal 115/ 3 volts ou 115 volts aproximadamente, podendo ainda ter
estas duas possibilidades de tensões ao mesmo tempo por meio de uma derivação,
conforme figura abaixo:

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MATERIAIS ELÉTRICOS

8.2 Relações de um TP.

a) Relação nominal – é a que especifica (relação nominal indicada pelo


fabricante na placa do TP), sendo a relação da tensão nominal primária para tensão
nominal secundária.

U1
RTP
U2

b) Relação de espiras – é a relação do número de espiras do enrolamento


primário para o número de espiras do enrolamento secundário.

N1
RTE
N2

8.3 Valores nominais que caracterizam um TP.

a) Tensão primária nominal e relação nominal - a relação normalizada é


selecionada para uma tensão igual ou imediatamente superior a tensão de serviço;
Exemplos:
230.000 / 3
, portanto relação é = 2000:1
115 / 3

230.000 / 3
, portanto relação é = 1200:1
115 / 3

b) Nível de isolamento - a seleção da classe de tensão de isolamento de um TP


depende da máxima tensão de linha do circuito;
c) Freqüência nominal - as freqüências nominais para TP são 50Hz e/ou 60Hz;
d) Carga nominal - é a potência aparente em V.A., indicada na placa do
transformador, com a qual o mesmo não ultrapassa os limites de sua classe de exatidão.
e) Classe de exatidão – os TP’s são enquadrados em uma das seguintes classes
de exatidão: 0,3; 0,6; 1,2. Tanto pela norma ABNT quanto ANSI cada classe de
exatidão engloba uma faixa de erro de relação e erro de fase.
f) Potência térmica nominal – é a máxima potência que o TP pode fornecer em
regime permanente sob tensão e corrente nominal, sem exceder os limites de
temperatura especificados.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

8.4 Ligações Trifásicas.

9 BUCHAS DE PASSAGEM.

Buchas de passagem são elementos isolantes próprios para instalação em


cubículos metálicos ou de alvenaria e em equipamentos diversos, cuja finalidade é
permitir a passagem de um circuito de um determinado ambiente para outro.
Além dos componentes normais, as buchas podem ser equipadas com outros
recursos auxiliares, tais como transformadores de corrente, chifres metálicos para
disrupção de tensões impulsivas, etc.

9.1 Principais tipos de buchas.

a) Buchas de passagem para uso exterior - são as buchas em que os dois


terminais estão expostos ao meio exterior. Os detalhes construtivos são encontrados na
figura. Sua aplicação é restrita a casos especiais, tais como a alimentação de
transformadores de força separados por barreiras corta-fogo construídas em concreto
armado.

b) Buchas de passagem para uso interior - são as buchas em que os dois


terminais estão contidos num ambiente abrigado não-sujeito às intempéries. Este tipo de

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MATERIAIS ELÉTRICOS

bucha é constituído de um isolador, em geral, de superfície lisa ou ligeiramente


corrugada, atravessada longitudinalmente por um vergalhão maciço de cobre
eletrolítico, ou alumínio em alguns casos. São destinadas à instalação em ambientes
abrigados, como na passagem de cubículos adjacentes de subestações em alvenaria ou
na passagem entre módulos de subestação em invólucro metálico. Podem ser
construídas com isoladores de porcelana vitrificada ou em resina epóxi. A figura abaixo
mostra o detalhe construtivo do primeiro tipo mencionado.

c) Buchas de passagem para uso interior-exterior - são buchas em que um dos


terminais está exposto ao meio ambiente abrigado, enquanto o outro está instalado ao
tempo. Esse tipo de bucha de passagem é constituído de isolador para uso ao tempo, isto
é, dotado de saias apropriadas, e de outro isolador, em geral de superfície lisa ou
ligeiramente corrugada, próprio para instalação abrigada. São atravessadas por um
vergalhão maciço de cobre eletrolítico ou de alumínio que permite a continuidade
elétrica entre os ambientes considerados.
São destinadas à instalação em subestações em alvenaria em que o ramal de
ligação é aéreo, possibilitando a continuidade entre os condutores externos do ramal
com os barramentos de descida fixados internamente. Também são utilizadas em
cubículos metálicos, permitindo a sua alimentação por um circuito aéreo.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

d) Buchas para uso em equipamentos - são as buchas em que um terminal fica


exposto ao meio ambiente, normalmente próprio para operação ao tempo, e o outro
voltado para o interior do equipamento, geralmente cheio de óleo mineral isolante. São
exemplos de buchas para equipamentos as buchas terminais de alta tensão de
transformadores de potência, as buchas de reatores, reguladores, seccionadores,
religadores, etc.
Essas buchas são normalmente construídas de porcelana vitrificada, no interior
da qual se atravessa longitudinalmente um vergalhão de cobre eletrolítico ou de
alumínio. A parte da porcelana voltada para o meio ambiente é dotada de saias e
apresenta características elétricas para operação ao tempo. Já a parte montada no
interior do tanque do equipamento é normalmente lisa ou ligeiramente corrugada.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

e) Buchas de passagem capacitivas - também conhecidas como buchas


condensivas, são aquelas na qual o condutor metálico está instalado no interior do
isolador de porcelana e envolvido com materiais especiais, com a finalidade de
assegurar a distribuição uniforme das linhas de campo elétrico. Desta forma, evita-se a
ionização do ar na região do flange, onde são fixadas à estrutura de sustentação. Essas
buchas são próprias para instalação em equipamentos em que o nível de tensão é muito
elevado.

9.2 Distância de Escoamento.

Representa a distância mais curta ou a soma das distâncias mais curtas ao longo
do contorno da superfície externa do invólucro isolante, entre a parte metálica condutora
e o ponto de terra, normalmente aquele que serve de suporte à bucha.
Na próxima figura pode-se perceber, através de uma linha cheia, o contorno
mencionado, que caracteriza a distância de escoamento considerada. Como todo corpo
isolante está sujeito à deposição de elementos poluentes sobre a sua superfície, as
buchas devem possuir distâncias de escoamento adequadas para o ambiente em que
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MATERIAIS ELÉTRICOS

serão instaladas. Tomando com base a relação entre a distância de escoamento nominal
em milímetros e a tensão correspondente, os valores mínimos de distância de
escoamento específica previstos pela NBR 5034 são:
- para atmosferas ligeiramente poluídas: 16 mm/kV;
- para atmosferas medianamente poluídas: 23 mm/kV;
- para atmosferas fortemente poluídas: 29 mm/kV;
- para atmosferas extremamente poluídas: 35 mm/kV.

10 CHAVE SECCIONADORA.

Segundo a NBR 6935, chave é um dispositivo mecânico de manobra que na


posição aberta assegura uma distância de isolamento, e na posição fechada mantém a
continuidade do circuito elétrico nas condições especificadas.
A mesma norma define o seccionador como sendo um dispositivo mecânico de
manobra capaz de abrir e fechar um circuito, quando uma corrente de intensidade
desprezível é interrompida, ou restabelecida, quando não ocorre variação de tensão
significativa através dos seus terminais. É também capaz de conduzir correntes sob
condições normais do circuito e, durante um tempo especificado, correntes sob
condições anormais, tais como curtos-circuitos.
Por interruptor se entende o dispositivo mecânico de manobra capaz de fechar e
abrir, em carga, circuitos de uma instalação sem defeito, com capacidade adequada de
resistir aos esforços decorrentes.
Já o seccionador interruptor é o dispositivo definido como interruptor e que,
além de desempenhar esta função, é capaz de, na posição aberta, garantir a distância de
isolamento requerida pelo nível de tensão do circuito. Os seccionadores são utilizados
em subestações para permitir manobras de circuitos elétricos, sem carga, isolando
disjuntores, transformadores de medida, de proteção e barramentos. Também são
utilizados em redes aéreas de distribuição urbana e rural com a finalidade de seccionar
os alimentadores durante os trabalhos de manutenção ou realizar manobras diversas
previstas pela operação. Os seccionadores podem ser fabricados tanto em unidades
monopolares como em unidades tripolares.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

A operação dos seccionadores com o circuito em carga provoca desgaste nos


contatos e põe em risco a vida do operador. Porém, podem ser operados quando são
previstas, no circuito, pequenas correntes de magnetização de transformadores de
potência e reatores, ou ainda, correntes capacitivas.
Os seccionadores podem ainda desempenhar várias e importantes funções dentro
de uma instalação, ou seja:
- manobrar circuitos, permitindo a transferência de carga entre barramentos de
uma subestação;
- isolar um equipamento qualquer da subestação, tais como transformadores,
disjuntores, etc., para execução de serviços de manutenção ou outra utilidade;
- propiciar o by-pass de equipamentos, notadamente dos disjuntores e
religadores da subestação.

10.1 Partes mais importantes.

a) Circuito principal - compreende o conjunto das partes condutoras inseridas


no circuito que a chave tem por função abrir ou fechar.
b) Circuitos auxiliares e de comando - são aqueles destinados a promover a
abertura ou fechamento da chave.
c) Pólos - é a parte da chave, incluindo o circuito principal, sem o suporte
isolante e a base, associada exclusivamente a um caminho condutor eletricamente
separado e excluindo todos os elementos que permitem a operação simultânea.
d) Contatos - compreendem o conjunto de peças metálicas destinado a assegurar
a continuidade do circuito, quando se tocam.
e) Terminais - são as partes condutoras da chave, cuja função é fazer a ligação
com o circuito da instalação.
f) Dispositivo de operação - é aquele através do qual se processa a abertura ou
fechamento dos contatos principais do seccionador.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

São os mais diversos os tipos de construção das chaves seccionadoras,


dependendo da finalidade e da tensão do circuito em que serão instaladas.
Os seccionadores podem ser constituídos de um só pólo (chaves seccionadoras
unipolares, próxima foto) ou de três pólos, (chaves seccionadoras tripolares, foto
acima). Os seccionadores tripolares são dotados de mecanismo que obriga a abertura
simultânea dos três pólos, quando impulsionado manualmente ou por ação de um motor.

Sec. unipolar 15KV Sec. unipolar 34,5 KV

Chave tripolar
de by-pass

Regulador de
tensão

Manúbrio de
operação da
chave

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MATERIAIS ELÉTRICOS

11 CONDUTORES ELÉTRICOS.

Condutor de energia é o meio pelo qual se transporta potência desde um


determinado ponto, denominado fonte ou alimentação, até um terminal consumidor.
O metal de maior utilização em condutores elétricos para sistemas de potência é
o alumínio, devido ao seu baixo custo de mercado, quando comparado com o cobre,
intensamente empregado nas instalações prediais comerciais e industriais.
Até o ano de 1950 a isolação dos cabos de alta tensão era constituída de papel
impregnado em óleo isolante. Nessa época foram desenvolvidos os cabos de isolação
extrudada fabricados de materiais sintéticos de natureza polimérica.
De todos os materiais isolantes estudados destacaram-se, pelos aspectos técnicos
e econômicos, o cloreto de polivinila (PVC) e o polietileno (PE). Praticamente, os dois
compostos foram utilizados na mesma época.
Tanto o cloreto de polivinila como o polietileno perdem as suas características
básicas quando submetidos a temperaturas superiores a 70°C. Para elevar o nível de
temperatura de operação desses compostos, foram desenvolvidos materiais termofixos,
obtidos por processos químicos de reticulação de suas moléculas, mediante a utilização
de agentes que realizam as ligações entre as moléculas adjacentes de carbono-carbono,
impedindo o deslocamento intermolecular que é característico dos compostos
termoplásticos. Em decorrência dessa tecnologia, a isolação desses condutores pode
operar a temperaturas bem mais elevadas, atingindo o valor em regime contínuo de
90°C. No entanto, é necessário saber que a elevação de temperatura de operação dos
condutores acarreta uma elevação de perdas por efeito Joule que, dependendo do tempo
de uso diário da instalação, significarão inesperados valores na conta de energia elétrica.

11.1 Cabo de energia isolado alta tensão, classe 15KV.

Atualmente os cabos primários isolados mais comumente utilizados em


instalações elétricas industriais são os de cobre com isolação à base de PVC, de
polietileno reticulado ou, ainda os de borracha etileno-propileno.
Os cabos isolados da classe de tensão de 15 kV são constituídos de um condutor
metálico revestido de uma camada de fita semicondutora por cima da qual é aplicada a
isolação. Uma segunda camada de fita semicondutora é aplicada sob a blindagem
metálica que pode ser composta de uma fita ou de fios elementares. Finalmente, o cabo
é provido de uma capa externa de borracha normalmente o PVC.
A primeira fita semicondutora é responsável pela uniformização do campo
elétrico radial e transversal, distorcido pela irregularidade da superfície externa do
condutor. A segunda fita semicondutora tem a finalidade de corrigir o campo elétrico
sobre a superfície da isolação devido às irregularidades da blindagem metálica
sobreposta a esta isolação. A blindagem metálica destina-se a garantir o escoamento das
correntes de defeito para a terra. Já a capa externa do cabo tem a função de agregar a

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MATERIAIS ELÉTRICOS

blindagem metálica e dotar o cabo de uma proteção mecânica adequada, principalmente


durante o puxamento no interior de dutos.
O esforço provocado pelo campo elétrico se distribui na camada isolante de
forma exponencial decrescente, atingindo o máximo na superfície interna da isolação e
o mínimo na superfície externa da mesma. Para que haja uniformidade do campo
elétrico a camada isolante deve estar livre de impurezas ou bolhas, pois caso contrário,
estas estariam funcionando em série com a isolação.

Algumas especificações importantes na aquisição de um cabo de alta tensão:


- seção nominal em mm2 ou AWG (pouco usado);
- classe de tensão;
- natureza do material condutor (cobre ou alumínio);
- material de isolação;
- material da capa de proteção;
- tensão suportável de impulso.

11.2 Cabos de baixa tensão.

Os condutores isolados são constituídos de fios de cobre mole em que a


resistência mecânica à tração não é fator preponderante. Podem mais comumente ser
assim construídos:
a) Fios e cabos com encordoamento simples - quando o condutor é formado
por um único fio ou por duas ou mais camadas de fios (coroas) de mesma seção
transversal concêntricas a um fio.

b) Cabos redondos com encordoamento compacto - são aqueles resultantes da


compactação do cabo de encordoamento simples através de uma matriz, reduzindo a sua
seção transversal e os espaços existentes entre os fios. Essa formação, no entanto, leva o
cabo a uma maior rigidez e, conseqüentemente, à dificuldade no seu manuseio.

Em geral, os cabos singelos apresentam os seguintes tipos de encordoamento:

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MATERIAIS ELÉTRICOS

seções de 1,5 a 6 mm = encordoamento redondo normal:


seções superiores a 6 mm=encordoamento redondo compactado.

Os cabos são em geral isolados com dielétricos sólidos cujo comportamento


térmico e mecânico está classificado a seguir.
a) Termoplásticos - são materiais isolantes que ao serem submetidos a uma
elevação de temperatura se mantém em estado sólido até 120°C, tornando-se pastosos e
finalmente líquidos se esta sofrer acréscimos sucessivos.
O dielétrico termoplástico mais comumente utilizado é o cloreto de polivinila
(PVC).
b) Termofixos - são materiais isolantes que ao serem submetidos a temperaturas
elevadas acima do seu limite, se carbonizam, sem passarem pelo estado líquido.
Comparativamente ao isolamento termoplástico o dielétrico termofixo permite para uma
mesma seção transversal de um condutor uma capacidade nominal de corrente
significativamente superior.
Os dielétricos termofixos mais comumente utilizados são o polietileno reticulado
(XLPE) e a borracha etilenopropileno (EPR).
Muito se tem discutido sobre as vantagens de um ou outro isolante. Os cabos
isolados em EPR são mais flexíveis do que aqueles isolados em XLPE. Outras
vantagens são anuladas quando se está trabalhando em tensão secundária.
Algumas especificações importantes na aquisição de um cabo de baixa tensão:
- seção nominal em mm2 ou AWG (pouco usado);
- classe de tensão;
- natureza do material condutor (cobre ou alumínio);
- material de isolação;
- material da capa de proteção;
- tipo (isolado, nu, unipolar, tripolar, quadripolar).

12 MUFLAS TERMINAIS PRIMÁRIAS E TERMINAÇÕES.

É um dispositivo destinado a restabelecer as condições de isolação da


extremidade de um condutor isolado quando este é conectado a um condutor nu ou a um
terminal para ligação de equipamento. As muflas têm a finalidade de garantir a deflexão
do campo elétrico, obrigando que os gradientes de tensão radial e longitudinal se
mantenham dentro de determinados limites.
Há uma grande variedade de muflas ou terminações. Porém, as mais antigas são
as muflas constituídas de um corpo de porcelana vitrificada com enchimento de
composto elastomérico e fornecidas com kit que contém todos os materiais necessários
à sua execução. Este tipo de mufla pode ser singelo ou trifásico. O primeiro destina-se
às terminações dos cabos unipolares (muflas terminais singelas), enquanto o segundo
tipo é utilizado em cabos tripolares (muflas terminais trifásicas). Podem ser utilizadas
tanto ao tempo quanto em instalações abrigadas. A figura abaixo mostra a parte externa
de mufla singela e seus componentes internos e externos.
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MATERIAIS ELÉTRICOS

Atualmente, as terminações constituídas de material contrátil a quente (através


de maçarico com controle de chama) ou a frio (aplicado diretamente sobre o cabo) têm
sido utilizadas com muito sucesso em substituição às tradicionais, porém eficientes,
muflas de corpo de porcelana. A simplicidade emenda e a facilidade de sua execução,
além da compatibilidade de preço, fazem das terminações contráteis um produto
altamente competitivo. Atualmente as terminações ganharam o mercado substituindo
praticamente o uso das muflas convencionais.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

Muflas

13 INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO – AMPERÍMETRO E VOLTÍMETRO.

Neste capítulo, estudaremos os dois principais equipamentos de medida da área


elétrica, o Amperímetro e o Voltímetro. Estes equipamentos podem ser encontrados de
diversas formas de construção: em multímetros analógicos ou digitais, em formato para
painéis elétricos, redondos ou quadrados, mas o princípio de funcionamento é o mesmo,
indiferente da forma construída.

13.1 Analógicos e Digitais.

Normalmente, quando falamos de instrumentos de medição, sempre há a


menção: "é analógico ou digital"? Normalmente, estamos nos referindo a forma com
que a medição, e conseqüente indicação, é feita.
Os modelos analógicos têm como vantagem uma boa fidelidade de medição,
mesmo sob presença de harmônicas e outras interferências no circuito que se deseja
medir. Já os digitais possuem a vantagem de uma melhor visualização, principalmente
os que utilizam LCD (liquid cristal display) com back light (luz de fundo).

13.2 Recomendações Gerais.

Antes de fazer suas medições, estude bem tanto o circuito quanto o instrumento
que você irá utilizar. Muitas vezes, utilizamos o instrumento certo, porém configurado e
parametrizado de forma incorreta e acabamos por danificar tanto o instrumento de
medição quanto o circuito a ser medido. Lembre-se também que uma corrente de cerca

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MATERIAIS ELÉTRICOS

de 60mA passando pelo seu corpo é o suficiente para o comprometimento da sua vida.
Na dúvida, não faça a medição.

13.3 Amperímetro.

O amperímetro é um equipamento utilizado para fazer a medição da intensidade


do fluxo da corrente elétrica que passa através da seção transversal de um condutor (fio)
tanto em sistemas de corrente contínua como em sistemas de corrente alternada. A
unidade de medida usada é o Ampère (A).
Um amperímetro sempre deve ser conectado em série ao sistema, como é
ilustrado abaixo.

A resistência interna do amperímetro é extremamente pequena, o que significa


que ele não interfere na resistência equivalente do circuito, indicando uma corrente
próxima a aquela que realmente existe no circuito. Quando estamos trabalhando em um
circuito de corrente alternada, não devemos nos preocupar com a polaridade do
amperímetro, isto é, tanto faz qual cabo conectaremos em cada parte do circuito. No
entanto, ao trabalharmos em corrente contínua, devemos nos ater ao sentido da corrente.
A corrente sempre deve entrar no amperímetro pelo seu pólo positivo (+, normalmente
indicado pela cor vermelha) e sair pelo seu pólo negativo (-, normalmente indicado pela
cor preta).
O principal erro ao se utilizar um amperímetro é efetuar a medição em paralelo,
não em série. O resultado disto é um curto-circuito, evidenciado pela carbonização de
alguns pontos e a possível queima da proteção do equipamento ou mesmo de seu
fusível. Vamos entender melhor o que acontece ao conectarmos o amperímetro em
paralelo a um circuito F+N, com 127V nominais. A resistência interna do amperímetro,
como dito anteriormente, é extremamente baixa.
Por exemplo, um amperímetro de painel tem resistência interna de 0,02 ohms.
Pela lei de ohm, teremos uma tensão de 127Vc.a. com uma resistência de apenas 0,02
ohms, o que nos daria absurdos 6350A. passando pelo amperímetro. Obviamente
dispositivos de segurança irão atuar, sejam eles fusíveis, dispositivos internos do
instrumento ou até mesmo o disjuntor do quadro da instalação em questão.
Na melhor das hipóteses, teremos apenas de substituir o fusível do equipamento.
Na pior, podemos danificar não só o equipamento, mas também o circuito que estamos
medindo ou até mesmo sofrer algum choque elétrico, principalmente em casos de tensão
mais elevada.
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13.4 Tipos de Amperímetros.

1) Amperímetros analógicos – os amperímetros analógicos utilizam também o


mesmo princípio dos voltímetros descoberto por Christian Hans Oersted em 1820, que
diz que uma corrente elétrica ao passar por um fio cria um campo magnético que exerce
uma força numa bobina que a faz rodar; esta bobina está presa a um ponteiro que
também se move, permitindo assim a medição da corrente numa escala graduada. O
amperímetro analógico nada mais é do que um galvanômetro adaptado para medir
correntes de fundo de escala maiores que a sua própria corrente de fundo de escala.
São ligados em série com o circuito de corrente, apresentando uma pequena
resistência interna. Instrumentos de ferro móvel são fabricados para correntes de até
150A, enquanto os de bobina móvel são executados para medir correntes de apenas
alguns ampères.

2) Amperímetro Digital - apresentam o valor numérico num visor. Os


amperímetros digitais têm um funcionamento completamente diferente do anterior.
Estes não contêm nenhuma bobina a mover-se e, na verdade, funcionam como
voltímetros, pois medem a queda de tensão numa resistência interna e, dividem-na pelo
respectivo valor desta resistência e indicam, deste modo, a corrente que a atravessa.

3) Alicate Amperímetro - suponhamos que queremos medir a corrente de uma


das fases que alimentam o circuito interno de uma residência ou de algum motor que
não possa ser desligado naquele momento. Neste tipo de situação, utilizamos o alicate
amperímetro, que é um sensor de corrente que é colocado em volta do cabo que se
deseja medir, e, através de um sensor com base no efeito hall, é feita a medição da
corrente da linha, tanto contínua quanto alternada.

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MATERIAIS ELÉTRICOS

13.5 Medição de altas correntes.

Os instrumentos ditos até o momento, exceto o alicate amperímetro, são


equipamentos de medição direta, ou seja, a corrente do circuito circula pelo
equipamento. Porém, quando a corrente é muito elevada precisamos utilizar alguns
equipamentos no auxilio da medição: o Transformador de Corrente para CA e o
Derivador de Corrente (Shunt) para CC. Vejam os exemplos:

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13.6 Voltímetro.

O voltímetro é um equipamento que realiza a medição da diferença de tensão


elétrica entre dois pontos num circuito, geralmente usa a unidade Volt (V). Existem
quatro tipos de voltímetros: os de bobina móvel, ferro móvel, eletrostático e digital. Os
primeiros três são analógicos. O princípio físico que está por detrás do funcionamento
dos primeiros dois voltímetros, foi descoberto pelo físico dinamarquês Christian Hans
Oersted em 1820 e diz que uma corrente elétrica a passar por um fio cria um campo
magnético. O voltímetro de bobina móvel tem um retificador no seu circuito para
assegurar que a corrente contínua flua através dele, gerando assim um campo magnético
que induz movimento numa bobina que está presa a um ponteiro que também se move,
permitindo assim a medição da tensão numa escala graduada. Nos voltímetros de ferro
móvel é um ímã que tem uma agulha a ele fixada, funcionando, de resto, de igual modo
ao tipo anterior. O Problema destes dois tipos de voltímetro é o fato de requererem
corrente proveniente do circuito onde estão a medir a tensão, influenciando desta forma
a medição.
O voltímetro eletrostático é um sistema com um par de terminais elétricos. A
parte móvel encontra-se ligada a uma mola. A posição de equilíbrio do ponteiro é
determinada quando a força de origem eletrostática equilibra a força da mola. São
voltímetros de verdadeiro valor eficaz, isto é medem o valor eficaz da tensão
independentemente da sua forma de onda. São caracterizados por uma impedância
interna extremamente elevada.
Finalmente, com o aparecimento dos computadores, os semicondutores e
circuitos integrados tornaram possível o aparecimento dos voltímetros digitais. Estes
comparam a tensão medida com a sua tensão interna de referência; a diferença entre as
duas tensões controla o visor digital.

Voltímetro Analógico Voltímetro Digital

13.7 Medição de Altas Tensões.

Para realizar medições de tensões elevadas precisamos utilizar o TP, já estudado


no capítulo 8, veja o exemplo de como é realizada a medição:

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MATERIAIS ELÉTRICOS

Exercícios de fixação:

1. O que são os TC e para que serve?

2. O que é um TC para serviço de medição?

3. O que são os valores nominais que irão caracterizar um TC?

4. O que são os TP e para que serve?

5. Como é feita a ligação dos TP’s?

6. O que são as buchas de passagem?

7. O que são as chaves seccionadoras e quais as suas principais partes?

8. Quais as características dos cabos isolados de alta tensão classe 15kV?

9. O que são e para que servem as muflas?

10. Descreva as principais características dos amperímetros?

11. Descreva as principais características dos voltímetros?

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