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A segurança, do modo geral, implica a libertação de
ameaças, em relação aos valores centrais, sendo também comum associar
ao conceito com uma certa ausência de risco e previsibilidade e certeza
quanto ao futuro3.
2
paradigma de segurança trouxe mudanças significativas com grandes
acontecimentos, que obrigou a reformulação das estratégias de segurança
tanto no contexto interno como externo dos Estados.
Após os atentados de "11 de Setembro de 2001" 7 nos EUA,
forneceram-nos a convicção de que a segurança não é um assunto exclusivo
de, e para os Estados. "[...] Al-Qaeda 8, o principal actor neste evento não é
um Estado, nem está organizado de forma semelhante dos Estados, mas
procura maximizar o seu poder"9
3
E a segurança vinculada à noção de interesse nacional deve
ser entendida como a soma total dos interesses nacionais vitais de um
Estado. Assim, podemos considerar como Interesse Nacional Vital, aquele
pelo qual um Estado está disposto a ir à guerra em sua defesa, desse modo
o interesse nacional equivale a segurança nacional, que varia de um Estado
para outro12.
A Segurança Nacional pode ser definida como sendo: a
situação de garantia, individual, social e institucional que o Estado assegura
a toda Nação, para a perene tranquilidade de seu povo, pleno exercício dos
direitos e realização dos objectivos nacionais, dentro da ordem jurídica
vigente13.
12
DIAS, Reinaldo. Relações Internacionais: Introdução ao Estudo da Sociedade Internacional Global,
Editora Atlas. São Paulo – Brasil. Angola. 2010. P. 96
13
CRISTÓVÃO, António Lopes. Apontamentos de Introdução às Relações Internacionais. Instituto
Superior de Relaçõe Internacionais, Luanda, 2014. P. 11
14
https://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=31443:qual-a-diferenca-
entre-seguranca-de-estado-e-seguranca-nacional-lazarino-poulson&catid=11&lang=pt&Itemid=1072
acesso em 29 de Janeiro de 2020, as 12H54.
4
buscar obter novos conhecimentos capazes de favorecer vantagens
principalmente nos campos territorial, diplomático, económico,
geopolítico, com posições de prevalências, bem como actuações decisivas
em campos de batalhas visando o atendimento dos seus objectivos
nacionais15.
Existe uma origem mitológica da inteligência segundo a
qual Argus, que suplantou a "Hegemonia Micena", por volta do século XII
a.C, protegeu de diversas maneiras suas mensagens enquanto vivo e criou
uma rede eficaz de espiões16. Após a morte do Argus, Zeus, reconhecendo
os bons serviços prestados por ele na Terra e no Olimpo, o elevou
a “Patrono do Serviço de Inteligência”17
No entanto, a história dos serviços de inteligência tem a
sua origem "nos primórdios que constituem as civilizações quando a
característica de Inteligência começou a ser aplicada tanto em ações de
governabilidade, quanto em manter a segurança da sociedade, levando em
consideração os diferentes períodos de guerra e paz"18, ou seja, surge como
um simples instrumento de assessoriamento de estratégias, sobretudo
militares e com passar do tempo começou a ser utilizado como instrumento
de Estado.
Contexto histórico da Antiguidade Clássica retrata que no
Primeiro Império Universal (medos e persas), promovido por Ciro, o
Grande, Dario, “O Grande Rei”, organizou um corpo de espiões: “Os olhos
e os ouvidos do rei” para espionar os sátrapas19.
15
PAULA, Giovani de. (2013). Actividades de Inteligência de Segurança Pública: um modelo de
conhecimento aplicável aos processos decisórios para a Prevenção e Segurança no Trânsito. Tese (Pós-
graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, P. 35.
16
BRASIL, República Federativa do. Revista Braileira de Inteligência.
17
https://sites.google.com/site/executivointeligente/a-historia-da-inteligencia?tmpl (consultado em: 01 de
Outubro de 2019 às 13h 34 mim).
18
PEREIRA, Regina Célia Gomes. (2010). Contra Inteligência (Monografia de conclusão do Curso de
Pós-Graduação em Inteligência Estratégica). Universidade Gama Filho, Brasília. P. 19.
19
PAULA, Giovani de. (2013). Op. Cit. P. 36 a 37
5
Tanto no declínio quanto na ascensão, Roma dedicava
grande atenção à coleta de informações . Em grande destaque: “(...) Na
Roma Antiga era comum a presença de espiões atrás das cortinas para
ouvir segredos, sobretudo dos seus hóspedes. A inteligência foi um recurso
importante nas relações de poder. No entanto “(...) Apesar desse histórico,
os romanos só institucionalizaram a actividade de Inteligência e
espionagem no período do Império20.
Na Idade Média, o serviço de espionagem foi posto de lado,
devido à influência da Igreja e da Cavalaria, que o julgavam pecado. Mas,
volta a ganhar ênfase com o Renascimento21.
Fase em que as cortes europeias tornaram-se verdadeiros
centros de intrigas. Durante esse período, muitos ministros e diplomatas
foram responsáveis pela coleta de informações.
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna
ocorreram muitas conquistas para humanidade. Mudou-se a maneira de
pensar as coisas e as relações da vida, havendo muitos enfrentamentos e
disputas22. Em grande destaque estava à busca da verdade sobre as coisas e
explicações com fundamento científico dos fenômenos da vida e da
maneira de pensar o mundo e suas múltiplas relações, influenciado pelo o
movimento Iluminista.
“(...) Grande parte dessas mudanças implicou em conquistas
para a humanidade, obtidas também com enfrentamentos e disputas, não se
podendo olvidar da importância das atividades de inteligência nesse
contexto23.
20
GONÇALVES, Joanisval Brito. (2008). O Controle da Actividade de Inteligência em Regimes
Democráticos: Os Casos de Brasil e Canadá. Tese (Tese de Doutoramento em Relações Internacionais) -
Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Brasília. P. 22 e 37
21
LAITARTT, Geovaldri Maciel. LIMANA, Régis André Silveira. Sistema e Política Nacional de
Inteligência, Palhoça Editora, 2011. P. 18
22
Op. Cit. P. 18
23
PAULA, Giovani de. (2013). Op. Cit. P.
6
Na Idade Contemporânea, deixaram de ser desenvolvidas
empiricamente, pelo Estado e evoluíram para contar com estruturas e
metodologias próprias, passando ali a ser formalmente reconhecidas, não
mais como contribuintes ocasionais e voltadas exclusivamente às questões
militares, e sim como parte integral e imprescindível da estrutura decisória
dos Estados24.
Actualmente, as actividades de inteligência extrapolaram os
limites e a condição de suporte à política externa dos Estados:
globalizaram-se, modernizaram os seus conceitos e passaram a ser
concebidas como vital importância à consecução dos objectivos
estratégicos de todas as organizações, sejam elas de natureza Pública ou
Privada25.
24
RÊGO, Cláudio Andrade (Organizador). Doutrina e Método da Escola Superior de Inteligência, 4ª
edição. Antecipar. Belo Horizonte. 2011. P. 30.
25
Idem. P. 30.
7
busca), analisados e difundidos, e, ainda, os procedimentos para a obtenção
de determinados dados, em especial aqueles protegidos.26
A actividade de inteligência se divide em dois grandes
seguimentos ou ramos: a Inteligência que consiste na actividade que produz
e difundem conhecimento aos decisionsmakers e a Contra Inteligência que
actua na área de proteção, ou seja, prevenção, detecção, obstrução e
neutralizações das possíveis acções hostis que constituem ameaça de
interesse institucional e social de um Estado.
A atuação dos serviços de inteligência e contra inteligência
consiste no processamento de informações sobre temas estratégicos,
produzindo relatórios de inteligência para orientar a tomada de decisões
dos governantes, sobre as questões geopolíticas, ameaças terroristas,
espionagem estrangeira e avaliações de riscos.
1.4.1. Funções dos serviços de Inteligência
Os serviços de Inteligência desempenham genericamente
quatro grandes funções: a primeira é obter por meios secretos e depois
analisar toda a informação que os políticos não podem adquirir por
métodos convencionais; a segunda função dos serviços secretos é a contra
espionagem; a terceira função destes serviços é a desinformação que é
iludir o adversário e o inimigo quanto as verdadeiras intenções do Estado; a
quarta e a última função é a operação secreta ou guerra política em que o
Estado intervém clandestinamente na política interna de outros Estados
para apoiar outros aliados ou combater um regime hostil27.
1.4.2. Fontes dos serviços Inteligência
A inteligência obtém as suas informações relevantes para o
processo de tomada de decisão dos políticos através de dois tipos de fontes:
26
GONÇALVES, Joanisval Brito. Actividade de Inteligência e Legislação Correlata, Editora Impectus, 5ª
edição revista e actualizada, Brasil, P. 7 a 8.
27
SILVA, Sérgio Vieira da. Introdução às relações Internacionais. Escolar Editora, Portugal – Lisboa,
2012, P. 155 a 156.
8
As fontes abertas: constituem o conjunto de meios disponíveis que
fornecem informações, incluem rádios, jornais, televisão, recepções
diplomáticas, debates académicos, entre outros eventos abertos ao públicos
em geral; As fontes fechadas da inteligência são a espionagem, operações
secreta e acções dissimuladas, todas elas condenadas pelo Direito
Internacional Público, sobretudo no Artigo 9.º da Convenção de Viena
sobre as relações Diplomáticas e consulares de 1961 e 1963,
respectivamente28.
28
ZECA, Emílio Jovando. Op. Cit. P. 184.
29
Cfr., BRITO, Vladimir de Paula. (2011). O Papel Informacional dos Serviços-Secretos, Dissertação
(Pós-graduação em mestre em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de
Ciência da Informação. Belo Horizonte, p. 37 a 40.
9
1.4 Os Serviços de Inteligência no contexto das Relações Internacionais
30
SILVA, Sérgio Vieira da. Op. Cit. P. 155.
31
ZECA, Emílio jovando. Op. Cit. P. 127.
32
HENRIQUES, João Manuel Nunes. (2017). Os Serviços de Informações nos Sistemas Democráticos –
Supervisão e Controlo da Actividade das Agências de Informações, Tese (Tese de Doutoramento em
Relações Internacionais) – Faculdade de Ciências Sociais e Humana da Universidade de Nova Lisboa.
Portugal – Lisboa. P. 54.
10
internacional, branqueamento de capitais, a biopirataria e outros. Deste
modo “a inteligência assume larga importância dentro da política
internacional, tendo sempre em consideração que as novas ameaças exigem
uma imediata adaptação das estratégias e dos meios de defesa”33.
33
Idem. P. 54
11