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CAPÍTULO I – A SEGURANÇA DE ESTADO E OS SERVIÇOS DE

INTELIGÊNCIA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

No processo da globalização houve desenvolvimento e a


redefinição teórica do conceito de segurança tanto no contexto interno e
externo, sobretudo nas Relações Internacionais, fruto das novas ameaças
que surgiram no ambiente internacional 1. No entanto, os Serviços de
Inteligência vão ser os instrumentos fundamentais utilizados pelos os
mesmos para garantir a Segurança Nacional quer seja no contexto interno
ou externo, para defender e prevenir a espionagem, e sobretudo, para o
estabelecimento e manutenção da segurança.

O presente capítulo dedicar-se-à em compreender os


conceitos sobre a segurança de Estado e os serviços de inteligência que
constituem abordagens necessárias para o nosso estudo, nomeadamente:
breve abordagem de segurança e a segurança de Estado, a segurança
nacional e os serviços de inteligencia, a evoluçao histórica dos serviços de
inteligência, fundamentos doutrinários dos serviços de Inteligência e por
fim, falar dos Serviços de Inteligência no contexto das Relações
Internacionais.

.1. Breves abordagens de segurança e a segurança do Estado

As Relações Internacionais (RI) actuais são marcadas por


diversos fenómenos. Uns são tradicionais e outros são recentes. O estudo
das Relações Internacionais Contemporâneas é marcado por fenómenos
tradicionais como a segurança2, trata-se de um conceito amplo e com vários
significados, mas é comum reconhecer-se que a segurança representa a
ideia de estar ou sentir-se seguro perante ameaça ou perigo.
1
SILVA, Caroline Targino. Et al. A evolução Teórica do Conceito de Segurança e a Percepção das Novas
Ameaças pela Região Andina e o Cone Sul. Pág.: 1
2
ZECA, Emílio Jovando. Relações Internacionais - Natureza, Paradigmas e Assuntos Transversais, Plural
Editores – Grupo Porto Editora. Angola. Dezembro 2013. P. 138

1
A segurança, do modo geral, implica a libertação de
ameaças, em relação aos valores centrais, sendo também comum associar
ao conceito com uma certa ausência de risco e previsibilidade e certeza
quanto ao futuro3.

Segundo Thomas Hobbes, o estado de natureza é


caracterizado pela guerra de todos contra todos, todo homem tem o direito
e o dever de fazer tudo, o que segundo a sua razão para servir e preservar a
sua vida contra os seus inimigos. No entanto, enquanto este direito natural
de todos os homens a todas as coisas se mantiver, não pode haver
segurança para nenhum homem, por mais forte e esperto que seja4

Então, o que hão de fazer os homens para sair do estado de


natureza ao Estado de sociedade, politicamente organizada?

A única saída que Hobbes consegue imaginar é através da


transferência da responsabilidade pela segurança de cada um para uma
autoridade superior, a quem se dá o direito exclusivo de utilizar a força
para impor a ordem. A esta autoridade superior Hobbes chamou
"Leviatham"5.
Surge o Leviatham como uma entidade soberana com a
"personifação da própria ordem jurídica, o somatório das suas próprias leis,
e por isso, identifica-se com direito, partindo do pressuposto que o Estado é
o direito como actividade normativa"6, para a manutenção da segurança do
Estado e da sociedade.
Mas, é necessário compreender que a natureza paradoxal do
processo de globalização, sendo o principal factor responsável pelo actual
3
ESCORREGA, Luis Carlos Falcão. A Segurança e os "Novos" Riscos e Ameaças: Perspectivas Várias,
Revista Militar Nº 2491/2192,
4
DO AMARAL, Diogo Freitas. Histórias das Ideias Políticas. Livraria Almeida – Coimbra, Portugal,
Setembro de 2001, pág.: 369 a 370
5
Leviatham: nome de um monstro biblico escolhido pelo Thomas Hobbes para simbolizar o Estado,
sendo este é uma organização política que exerce a sua autoridade sobre um território concreto
6
JUSTO, A. Santos. Introdução ao Estudo de Direito. Portugal: Coimbra Editora, 6ª Edição, Julho de
2012. Pág.: 91.

2
paradigma de segurança trouxe mudanças significativas com grandes
acontecimentos, que obrigou a reformulação das estratégias de segurança
tanto no contexto interno como externo dos Estados.
Após os atentados de "11 de Setembro de 2001" 7 nos EUA,
forneceram-nos a convicção de que a segurança não é um assunto exclusivo
de, e para os Estados. "[...] Al-Qaeda 8, o principal actor neste evento não é
um Estado, nem está organizado de forma semelhante dos Estados, mas
procura maximizar o seu poder"9

Sendo assim, é notável que os estados não são os únicos


actores no cenário internacional, existem do mesmo modo outros actores
não estatais que dinamizam e influenciam o sistema.

Em síntese, actualmente a visão predominante do conceito


de segurança está ligado ao conceito de Segurança Nacional e outros meios
ou mecanismos utilizados pelos Estados.

.2. A Segurança Nacional e os Serviços de Inteligência


O substantivo “Segurança” e o adjectivo “Nacional” não se
unem ao acaso10. A Segurança nacional faz parte do cardápio existencial do
topo das preocupações, das discussões e das agendas nacionais, regionais e
mundial, de um modo específico das Relações Internacionais, porque faz
parte dos “Interesses Nacionais”11 dos Estados.
7
Os ataques ou atentados terrorista de 11 de Setembro de 2001 (às vezes referido apenas como 11 de
Setembro) foram uma série de ataques suicidas contra os Estados Unidos da América coordenados pela
organização fundamentalista de Al-Qaeda. Na manhã daquele dia, dezanove terroristas sequestraram
quatro aviões comerciais de passageiros e os mesmos colidiram intencionalmente dois aviões contra as
Torres Gêmeas do complexo Empresarial do World Trade Center, na cidade de Nova York, matando
todos a bordo e muitas pessoas que trabalhavam nos edifícios.
8
Al-Qaeda – (Al-Qaida ou Alcaida), cujo o significado é "A base" ou "O alicerce" é uma organização
fundamentalista islâmica internacional, fundada cerca de Agosto de 1988, por Osama Bin Laden.
9
DOS SANTOS, Álvaro Moreira. A Segurança e Globalização: A perspectivas dos criticos de segurança,
Revista Proelium X, 2016. P. 109.
10
COSTA, Frederico Carlos de Sá. Sobre o conceito de “Segurança Nacional”, Brasília, Janeiro, 2010. P.
124.
11
Os Interesses Nacionais são os grandes desígnios que devem ser preservados e salvaguardados para
garantir a sobrevivência da nação.

3
E a segurança vinculada à noção de interesse nacional deve
ser entendida como a soma total dos interesses nacionais vitais de um
Estado. Assim, podemos considerar como Interesse Nacional Vital, aquele
pelo qual um Estado está disposto a ir à guerra em sua defesa, desse modo
o interesse nacional equivale a segurança nacional, que varia de um Estado
para outro12.
A Segurança Nacional pode ser definida como sendo: a
situação de garantia, individual, social e institucional que o Estado assegura
a toda Nação, para a perene tranquilidade de seu povo, pleno exercício dos
direitos e realização dos objectivos nacionais, dentro da ordem jurídica
vigente13.

A Segurança Nacional atua no âmbito geral não só para


garantir a tranquilidade do seu povo, mas também para manter o status quo
do Estado tanto no contexto interno e externo. Deste modo, "a par das
Forças Armadas e da diplomacia, o Estado para garantir a segurança
nacional usa outros mecanismos, interessa-nos falar sobre a criação dos
serviços de inteligência e contra inteligência para defender, prevenir ou
evitar a espionagem ou atentados e para proteger informações
confidenciais"14.
No entanto, os Serviços de Inteligência constituem o ápice
do nosso trabalho.
.3. A Evolução Histórica dos Serviços de Inteligência no Mundo

Na necessidade de se contornar as incertezas, reduzir os


riscos, perigos e ameaças obrigou as sociedades desde tempos remotos a

12
DIAS, Reinaldo. Relações Internacionais: Introdução ao Estudo da Sociedade Internacional Global,
Editora Atlas. São Paulo – Brasil. Angola. 2010. P. 96
13
CRISTÓVÃO, António Lopes. Apontamentos de Introdução às Relações Internacionais. Instituto
Superior de Relaçõe Internacionais, Luanda, 2014. P. 11
14
https://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=31443:qual-a-diferenca-
entre-seguranca-de-estado-e-seguranca-nacional-lazarino-poulson&catid=11&lang=pt&Itemid=1072
acesso em 29 de Janeiro de 2020, as 12H54.

4
buscar obter novos conhecimentos capazes de favorecer vantagens
principalmente nos campos territorial, diplomático, económico,
geopolítico, com posições de prevalências, bem como actuações decisivas
em campos de batalhas visando o atendimento dos seus objectivos
nacionais15.
Existe uma origem mitológica da inteligência segundo a
qual Argus, que suplantou a "Hegemonia Micena", por volta do século XII
a.C, protegeu de diversas maneiras suas mensagens enquanto vivo e criou
uma rede eficaz de espiões16. Após a morte do Argus, Zeus, reconhecendo
os bons serviços prestados por ele na Terra e no Olimpo, o elevou
a “Patrono do Serviço de Inteligência”17
No entanto, a história dos serviços de inteligência tem a
sua origem "nos primórdios que constituem as civilizações quando a
característica de Inteligência começou a ser aplicada tanto em ações de
governabilidade, quanto em manter a segurança da sociedade, levando em
consideração os diferentes períodos de guerra e paz"18, ou seja, surge como
um simples instrumento de assessoriamento de estratégias, sobretudo
militares e com passar do tempo começou a ser utilizado como instrumento
de Estado.
Contexto histórico da Antiguidade Clássica retrata que no
Primeiro Império Universal (medos e persas), promovido por Ciro, o
Grande, Dario, “O Grande Rei”, organizou um corpo de espiões: “Os olhos
e os ouvidos do rei” para espionar os sátrapas19.

15
PAULA, Giovani de. (2013). Actividades de Inteligência de Segurança Pública: um modelo de
conhecimento aplicável aos processos decisórios para a Prevenção e Segurança no Trânsito. Tese (Pós-
graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, P. 35.
16
BRASIL, República Federativa do. Revista Braileira de Inteligência.
17
https://sites.google.com/site/executivointeligente/a-historia-da-inteligencia?tmpl (consultado em: 01 de
Outubro de 2019 às 13h 34 mim).
18
PEREIRA, Regina Célia Gomes. (2010). Contra Inteligência (Monografia de conclusão do Curso de
Pós-Graduação em Inteligência Estratégica). Universidade Gama Filho, Brasília. P. 19.
19
PAULA, Giovani de. (2013). Op. Cit. P. 36 a 37

5
Tanto no declínio quanto na ascensão, Roma dedicava
grande atenção à coleta de informações . Em grande destaque: “(...) Na
Roma Antiga era comum a presença de espiões atrás das cortinas para
ouvir segredos, sobretudo dos seus hóspedes. A inteligência foi um recurso
importante nas relações de poder. No entanto “(...) Apesar desse histórico,
os romanos só institucionalizaram a actividade de Inteligência e
espionagem no período do Império20.
Na Idade Média, o serviço de espionagem foi posto de lado,
devido à influência da Igreja e da Cavalaria, que o julgavam pecado. Mas,
volta a ganhar ênfase com o Renascimento21.
Fase em que as cortes europeias tornaram-se verdadeiros
centros de intrigas. Durante esse período, muitos ministros e diplomatas
foram responsáveis pela coleta de informações.
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna
ocorreram muitas conquistas para humanidade. Mudou-se a maneira de
pensar as coisas e as relações da vida, havendo muitos enfrentamentos e
disputas22. Em grande destaque estava à busca da verdade sobre as coisas e
explicações com fundamento científico dos fenômenos da vida e da
maneira de pensar o mundo e suas múltiplas relações, influenciado pelo o
movimento Iluminista.
“(...) Grande parte dessas mudanças implicou em conquistas
para a humanidade, obtidas também com enfrentamentos e disputas, não se
podendo olvidar da importância das atividades de inteligência nesse
contexto23.

20
GONÇALVES, Joanisval Brito. (2008). O Controle da Actividade de Inteligência em Regimes
Democráticos: Os Casos de Brasil e Canadá. Tese (Tese de Doutoramento em Relações Internacionais) -
Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Brasília. P. 22 e 37
21
LAITARTT, Geovaldri Maciel. LIMANA, Régis André Silveira. Sistema e Política Nacional de
Inteligência, Palhoça Editora, 2011. P. 18
22
Op. Cit. P. 18
23
PAULA, Giovani de. (2013). Op. Cit. P.

6
Na Idade Contemporânea, deixaram de ser desenvolvidas
empiricamente, pelo Estado e evoluíram para contar com estruturas e
metodologias próprias, passando ali a ser formalmente reconhecidas, não
mais como contribuintes ocasionais e voltadas exclusivamente às questões
militares, e sim como parte integral e imprescindível da estrutura decisória
dos Estados24.
Actualmente, as actividades de inteligência extrapolaram os
limites e a condição de suporte à política externa dos Estados:
globalizaram-se, modernizaram os seus conceitos e passaram a ser
concebidas como vital importância à consecução dos objectivos
estratégicos de todas as organizações, sejam elas de natureza Pública ou
Privada25.

.4. Os Fundamentos doutrinário dos Serviços de Inteligência


Os fundamentos doutrinário dos serviços de inteligência
entende-se como conjunto de princípios que servem de base para a
compreensão e desenvolvimento da actividade de inteligência, composta
por diversos níveis.
Sendo assim, segundo Sherman Kent descreve a inteligência
sob três facetas: Inteligência como produto (conhecimento produzido),
como organização e como actividade ou processo.
A inteligência como produto é o resultado do processo de
produção de conhecimentos e que tem como cliente o tomador de decisão
de diferentes níveis; como organização às estruturas funcionais que têm
como missão primordial a obtenção de informações e produção de
conhecimento de inteligência; como actividade são os meios pelos quais
certos tipos de informação são requeridos, reunidos (por meio de coleta ou

24
RÊGO, Cláudio Andrade (Organizador). Doutrina e Método da Escola Superior de Inteligência, 4ª
edição. Antecipar. Belo Horizonte. 2011. P. 30.
25
Idem. P. 30.

7
busca), analisados e difundidos, e, ainda, os procedimentos para a obtenção
de determinados dados, em especial aqueles protegidos.26
A actividade de inteligência se divide em dois grandes
seguimentos ou ramos: a Inteligência que consiste na actividade que produz
e difundem conhecimento aos decisionsmakers e a Contra Inteligência que
actua na área de proteção, ou seja, prevenção, detecção, obstrução e
neutralizações das possíveis acções hostis que constituem ameaça de
interesse institucional e social de um Estado.
A atuação dos serviços de inteligência e contra inteligência
consiste no processamento de informações sobre temas estratégicos,
produzindo relatórios de inteligência para orientar a tomada de decisões
dos governantes, sobre as questões geopolíticas, ameaças terroristas,
espionagem estrangeira e avaliações de riscos.
1.4.1. Funções dos serviços de Inteligência
Os serviços de Inteligência desempenham genericamente
quatro grandes funções: a primeira é obter por meios secretos e depois
analisar toda a informação que os políticos não podem adquirir por
métodos convencionais; a segunda função dos serviços secretos é a contra
espionagem; a terceira função destes serviços é a desinformação que é
iludir o adversário e o inimigo quanto as verdadeiras intenções do Estado; a
quarta e a última função é a operação secreta ou guerra política em que o
Estado intervém clandestinamente na política interna de outros Estados
para apoiar outros aliados ou combater um regime hostil27.
1.4.2. Fontes dos serviços Inteligência
A inteligência obtém as suas informações relevantes para o
processo de tomada de decisão dos políticos através de dois tipos de fontes:

26
GONÇALVES, Joanisval Brito. Actividade de Inteligência e Legislação Correlata, Editora Impectus, 5ª
edição revista e actualizada, Brasil, P. 7 a 8.
27
SILVA, Sérgio Vieira da. Introdução às relações Internacionais. Escolar Editora, Portugal – Lisboa,
2012, P. 155 a 156.

8
As fontes abertas: constituem o conjunto de meios disponíveis que
fornecem informações, incluem rádios, jornais, televisão, recepções
diplomáticas, debates académicos, entre outros eventos abertos ao públicos
em geral; As fontes fechadas da inteligência são a espionagem, operações
secreta e acções dissimuladas, todas elas condenadas pelo Direito
Internacional Público, sobretudo no Artigo 9.º da Convenção de Viena
sobre as relações Diplomáticas e consulares de 1961 e 1963,
respectivamente28.

1.4.3. Ciclo de Inteligência


O ciclo de inteligência constitui-se como um conjunto de
etapas e processos que vão da identificação das necessidades do cliente até
a entrega do produto final, sendo que suas etapas variam de acordo com a
definição conceitual adotada.
De acordo com Cepik, as descrições convencionais do ciclo
de inteligência destacam até dez passos ou etapas que caracterizam está
actividade: requerimentos institucionais, planeamento, gestão de meios
técnicos de recolha de informação, recolha de informação a partir das
diversas fontes, produção de relatórios, informes e estudos, disseminação
dos produtos, consumo pelos tomadores de decisão e avaliação ou
feedback.29

28
ZECA, Emílio Jovando. Op. Cit. P. 184.
29
Cfr., BRITO, Vladimir de Paula. (2011). O Papel Informacional dos Serviços-Secretos, Dissertação
(Pós-graduação em mestre em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais Escola de
Ciência da Informação. Belo Horizonte, p. 37 a 40.

9
1.4 Os Serviços de Inteligência no contexto das Relações Internacionais

Os serviços de inteligência no seio da conjuntura


internacional advém dos mecanismos da cooperação internacional, com o
surgimento de novos paradigmas que afectam os Estados, e sobretudo, para
a materialização dos objectivos do interesse nacional no plano
internacional.

Por isso, “justifica-se que se atribua a estes serviços a


primazia de tratamento em matéria de instrumentos privilegiados da
política externa, em destaque estão a Diplomacia e os Serviços de
Inteligência ou Secretos”30 considerando-os como “meios de acção e
operacionalização da política externa, com vista a alcançar os objectivos
traçados”31.

A Inteligência e as Relações internacionais são dois temas


que têm estado relacionados ao longo de muito tempo, mas a inteligência
tem muitas limitações devido à sua natureza secreta, no entanto, tem dado
um grande e importante contributo para o estudo das Relações
Internacionais32.

Com a evolução da globalização às mudanças e à


consistência das ameaças à segurança internacional, nomeadamente: o
terrorismo internacional, a corrupção, os crimes cibernéticos, tráfico

30
SILVA, Sérgio Vieira da. Op. Cit. P. 155.
31
ZECA, Emílio jovando. Op. Cit. P. 127.
32
HENRIQUES, João Manuel Nunes. (2017). Os Serviços de Informações nos Sistemas Democráticos –
Supervisão e Controlo da Actividade das Agências de Informações, Tese (Tese de Doutoramento em
Relações Internacionais) – Faculdade de Ciências Sociais e Humana da Universidade de Nova Lisboa.
Portugal – Lisboa. P. 54.

10
internacional, branqueamento de capitais, a biopirataria e outros. Deste
modo “a inteligência assume larga importância dentro da política
internacional, tendo sempre em consideração que as novas ameaças exigem
uma imediata adaptação das estratégias e dos meios de defesa”33.

A cooperação internacional tem como objetivo minimizar


incertezas e disponibilizar às agências encarregadas da aplicação da lei,
modernos e métodos de atuação das actividades de inteligência, que já não
se restringem ao território nacional, extrapolando nossas fronteiras e se
interconectando com o mundo.

O estudo das Relações Internacionais permite a interação entre


os Estados e outros actores no cenário internacional. Logo, a teoria da
interdependência surge fundamentalmente com objectivo de explicar a
necessidade dos Estados cooperarem para solucionar e satisfazer os
interesses comuns no cenário internacional.

33
Idem. P. 54

11

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