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Ao início Messiaen dava “primazia à melodia”, que é “o elemento mais nobre da música”, no
entanto, o ritmo - “primeiro elemento essencial da música”, começa progressivamente a ganhar
mais relevo nas suas obras. O princípio básico da concepção rítmica de Messiaen é a irregularidade
rítmica. Messiaen dizia que na natureza nada é regular, desde as ondas do oceano ao vento. É
importante notar a forte ligação entre a natureza e Messiaen: ele trabalhava a composição
preferencialmente fora dos grandes centros urbanos, preferencialmente nas zonas montanhosas.
Paralelamente, o seu trabalho de transcrição de cantos de pássaros levava-o a passar muito tempo
em bosques e outros locais fora dos agregados urbanos, em horas “pouco recomendáveis” (nascer e
por do sol, quando os pássaros cantam mais, e melhor, segundo Messiaen).
Em Messiaen a barra de compasso não tem, o significado tradicional, servindo apenas para articular
o discurso, separar períodos musicais e pôr termo ao efeito dos acidentes. Muitas das figurações
rítmicas encontradas em Messiaen são emprestadas da métrica grega e também dos complexos
ritmos hindus. Muito frequentemente recorre a sequências de ritmos cuja duração (tendo como
referência a figura mais breve) são números primos (5, 7, 11, 13, etc.) - ou o uso no ritmo de
números com significado religioso (3 Santíssima Trindade, 4 cruz, 7 Criação).
Uma dada figuração rítmica ao longo duma obra de Messiaen é enriquecida e desenvolvida através
de técnicas específicas, tal como a técnica do valor acrescentado, técnica de aumentação/diminuição
rítmica, entre outras. A sobreposição de figuras rítmicas de características diversas, dá por vezes
origem a complexas combinações rítmicas – a poliritmia em Messiaen.
Ritmos não-retrogradáveis
trata-se de “um ritmo absolutamente fechado”. Messiaen diz haver várias equivalências de ritmos
não-retrogradáveis, na natureza, na arquitectura, fórmulas mágicas, etc. Estes ritmos partem de um
pressuposto semelhante ao dos modos de transposição limitada, ou seja traduzem limitações
temporais, num plano horizontal, da mesma forma que os modos de transposição limitada traduzem
limitações harmónicas, num plano vertical.
Por definição, um ritmo não-retrogradável simples, tem 3 valores de duração, todos os ritmos
divisíveis em 2 grupos retrogradáveis um em relação ao outro, com um valor central comum, são
ritmos não-retrogradáveis.
se dividirmos o ritmo em dois grupos, onde o valor central é comum, aos dois
grupos obtemos o seu retrógrado, logo o ritmo em si é um ritmo não-
retrogradável.
Amplificação X2
Redução /2
Personagens rítmicas
São células rítmicas com independência do som a elas associado, que podem variar (podem ser
notas de modos, acordes, etc.). São portanto células rítmicas, passíveis de sofrer diversos processos
de transformação.