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Professora: Pauletti Rocha

Engenheira Agrônoma
Mestre em Agronomia
Doutoranda em Solo e Água
CRISE HÍDRICA
 MITO OU REALIDADE??

 1934 (EUA) – Dust Bowl – fenômeno


climático que durou 10 anos.
 A rápida substituição da vegetação nativa por
culturas agrícolas associado às más práticas
de manejo do solo produziu gigantescas
tempestades de areia.
 2015 (Brasil) – Crise econômica, seca
prolongada, aumento no consumo de água e
energia e a extensa substituição da cobertura
florestal nativa por monocultivos,
pastagens, mal uso do solo entre outros
problemas, fizeram que os reservatórios
entrassem em colapso.
Empresas perdem US$ 2,5 bilhões em 2015 com
crise hídrica global
EUA: o que fizeram?
 Governo criou um Serviço de Proteção ao Solo.
 Contratou 3 milhões de jovens para recuperar
parte da vegetação nativa e reformar campos
agrícolas.
 Em 9 anos plantaram 3 bilhões de árvores e
recuperaram mais de 240 mil hectares de
vegetação nativa.
 Hoje: investem cerca de US$ 6 bilhões/ano em
programas de restauração ecológica e melhoria das
práticas agrícolas.
Brasil: o que tem sido feito?
 Algumas experiências em andamento.
 Pacotes de incentivos para realizar o reflorestamento de
nascentes e matas ciliares.
 Projeto Nascentes (SP, MG, RJ, DF)
 Projeto Produtor de Água

 Tem sido suficiente?


 Mudança nas políticas públicas
 Maior conscientização sobre a importância do uso
racional dos recursos naturais.
Estudo Hidrológico
Coleta de dados
 Dados disponíveis em órgãos oficiais que permitam a
caracterização climática, pluviométrica, fluviométrica,
meteorológica e geomorfológica da região de interesse
do projeto.
 A rede hidrográfica abrangida pelo projeto,
contendo o traçado da rodovia, cidades, rios,
estradas e ferrovias existentes.

 Principais obras hidráulicas existentes ou


projetadas que possam influir nos estudos
hidrológicos, como barragens a montante e jusante
da rodovia, canalizações e dragagens.

Disponibilidade de água
Irrigação
• “É a técnica de suprimento artificial de água às
plantas, no momento certo e na quantidade certa,
para que a espécie vegetal possa expressar todo o
seu potencial produtivo”.

• Sem esquecer da qualidade da água a ser aplicada.


Drenagem
 É uma técnica que permite controlar o excesso de
água eventualmente presente no solo, para
permitir o processo de aeração, a movimentação de
máquinas e evitar a salinização.
Histórico
• Antigas civilizações já produziam em regiões
áridas através da Irrigação.

• Necessidade de Irrigação ou Irrigação


complementar – 55% das áreas continentais.

• Cerca de metade da população do planeta


depende de produtos irrigados (+ de 6 bilhões
de pessoas).
 A história da irrigação se confunde na maioria
das vezes, com a história da agricultura e da
prosperidade econômica de inúmeros povos.

 Muitas das antigas civilizações se originaram


em regiões áridas, onde a produção só era
possível com o uso da irrigação.
4.000 a.C  Mesopotâmia 
canais de irrigação
Percepção:
 Os “povos” começaram a perceber que quando
semeavam em terras que ainda estavam úmidas
por causa de alguma inundação recente, as
plantas brotavam com mais facilidade e a
colheita era bem maior.

 Início da “Agricultura”
 Extrativista (nômades)
 Cultivadores (fixação)
3.000 a.C  Egípcios
 No Egito Antigo, às margens do Rio Nilo, tem-
se o registro de que foi a primeira obra de
“engenharia” relacionada à irrigação.

 Foi quando o Faraó Ramsés III ordenou a


construção de diques, represas e canais que
melhoravam o aproveitamento das águas do
Rio Nilo.
Representação: Rio Nilo
Jardins Suspensos da Babilônia
Jardins Suspensos da Babilônia
 Muito se especula sobre suas possíveis formas e
dimensões, mas nenhuma descrição detalhada
ou vestígio arqueológico foi encontrada, exceto
um poço fora do comum que parece ter sido
usado para bombear água.

 Construídos pelo rei Nabucodonosor II, para


agradar e consolar sua esposa preferida Amitis,
que vivia com saudades dos campos e florestas
de sua terra.
 Também chamados de Jardins Suspensos de
Semiramis, foram construídos no século VI a.C,
no sul da Mesopotâmia, na Babilônia.

 Os terraços foram construídos um em cima do


outro e eram irrigados pela água bombeada do
Rio Eufrates. Nesses terraços estavam plantadas
árvores e florestas tropicais e alamedas de altas
palmeiras.
Tela: Martin Heemskerck
Índia/China
 Índia - Relatos da prática da irrigação – Rio
Ganges

 China: imensa
população – cultivo do
arroz nas montanhas –
mecanismo de elevação e
distribuição da água.
México e América do Sul
 Irrigação foi desenvolvida pelas civilizações
Maias e Incas (a mais de 2000 anos)

Túneis com 3000 anos conduzem água das


Irã 

montanhas para as planícies.

Japão  Barragens de terra construídas para


irrigar arroz.
EUA
 Já era praticada pelos índios a 100 a.C;
 A irrigação desenvolveu-se devido ao apoio do governo,
fornecendo crédito e técnicos especializados para a
construção da infra-estrutura de distribuição e
armazenamento de água;
 Após a 2ª Guerra Mundial – a agricultura irrigada
expandiu-se rapidamente;
 Nós últimos anos a expansão das áreas tem diminuído
bastante – função dos preços baixos das commodities.
Israel
 A agricultura seria impossível sem irrigação – solos
pedregosos, ausência severa de chuvas e um único
rio perene, o Jordão;

 Aproveitamento extremamente racional da água –


construção de imenso aqueduto, extração de água
dos mananciais subterrâneos e aplicação de
modernos processos científicos no uso econômico
da água.
 O desenvolvimento de várias civilizações antigas pode
ser traçado através do sucesso da irrigação;
 Impactos:
 Suprimento de alimentos
 Aumento de população

 Através da irrigação foi possível estabelecer uma fonte


mais estável de alimentos, fibras e suportar o
crescimento populacional.
A prática da irrigação

 Com o contínuo crescimento demográfico, a


humanidade se viu “obrigada”a praticar a
irrigação, tanto para suplementar as chuvas
nas regiões úmidas, como para tornar
produtivas as zonas áridas e semi-áridas.
Brasil 1589
 O Brasil, dotado de grandes áreas
agricultáveis localizadas em regiões
úmidas, não baseou sua agricultura na
irrigação, embora haja registro de que
em 1589, os Jesuítas já praticavam a
irrigação na antiga Fazenda Santa Cruz,
no Estado do Rio de Janeiro.
 Área irrigada no Brasil foi praticamente
inexpressiva até meados dos anos 60.

 Década de 70 e 80  investimento em
projetos públicos de irrigação com a
construção de barragens e implantação de
perímetros públicos de irrigação.
Perímetros Irrigados: Codevasf
 A partir da segunda metade da década de 60 -
concentração de investimentos federais no Vale do Rio
São Francisco, para criação de infraestrutura de
irrigação e geração de energia elétrica, provocou novos
investimentos voltados para o fortalecimento da
infraestrutura sócioeconômica.

 CODEFASF – Companhia de Desenvolvimento dos


Vales do São Francisco e Parnaíba.
Região Semi-árida
 Região com
deficiência hídrica;

 Necessidade de
irrigação para a
produção vegetal.
Região Semi-árida
Canais de irrigação
Perímetro irrigado: parcelas
Necessidade de Revitalização
Transposição do Rio São Francisco
 O Projeto de Integração do Rio São Francisco
com Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional é um empreendimento do
Governo Federal, sob a responsabilidade do
Ministério da Integração Nacional.
Transposição do Rio São Francisco
 Tem objetivo de assegurar oferta de água
para 12 milhões de habitantes de 390
municípios do Agreste e do Sertão dos
estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio
Grande do Norte.
Obras da transposição
Canais já comprometidos...???
BRASIL: desafios da irrigação
 Nordeste – clima seco, problemas de salinidade da
água e poucos rios perenes;

 Restante do país – má distribuição pluviométrica e


outros fatores;

 A irrigação no Brasil depende de fatores climáticos;


Regiões:
 Nordeste - Semi-árido: técnica necessária para a
realização de uma agricultura racional, pois os níveis de
chuva são insuficientes para suprir a demanda hídrica;

 Sul, Sudeste e Centro Oeste: considerada como técnica


complementar de compensação da irregularidade das
chuvas;
 Amazônia – há excesso de chuvas, aqui há a necessidade
de retirar a água - Drenagem
Vantagens da Irrigação
• Aumento da produtividade;
• Permite maior eficiência no uso de fertilizantes;
• Permite obter duas ou mais colheitas, em um só ano, em
mesma área, ou seja, o uso intensivo do solo;
• Diminui a sazonalidade dos produtos;
• Permite introduzir culturas caras, minimizando o risco do
investimento;
• Possibilita o cultivo em regiões onde o cultivo em sequeiro
seria impossível;
• Emprega grande quantidade de mão-de-obra no campo.
• ...
Limitações:
 Alto custo inicial;
 Falta de mão de obra especializada;
 Disponibilidade de água;
 Disponibilidade de energia;
 Disponibilidade de equipamentos;
 Condições de relevo;
Importância e Desafios: irrigação
 Produção e qualidade dos alimentos;
 Custos de implantação e manutenção;
 Eficiência no uso dos métodos de irrigação*;
 Qualificação de mão-de-obra;
 Impactos Ambientais (contaminação);
 Gestão de Recursos Hídricos;
 Conhecimento da Legislação sobre Recursos Hídricos.
Requisitos para eficiência da irrigação
 Uma irrigação eficiente envolve 3 pontos:
 Quando irrigar?
 Quanto de água aplicar?
 Como irrigar?

 Manejo adequado implica em conhecer a


relação: solo-água-planta-atmosfera.
 A irrigação é uma prática agrícola que requer uma
perfeita distribuição de água no solo;

 A irrigação não deve ser vista apenas como uma


técnica utilizada para eliminar os riscos de perdas
ocasionadas por estiagens ou secas prolongadas.

 Vista como uma prática que possibilita ganhos de


produção/produtividade.
Sucesso da atividade agrícola:
 Variedades adaptadas à região;
 Espaçamentos de plantio adequados;

 Adubação que satisfaça as condições de alta


produtividade;
 Eficiente manejo fitossanitário;

 Controle de erosão;

 Aplicação correta da água de irrigação;

 Colheita e a comercialização.
• Tais atividades não podem ser consideradas isoladas
e devem ser de domínio por parte do irrigante.

• Lembre-se que: irrigar não é o mesmo que molhar


plantas.

• Saber quais os períodos críticos de consumo de


água.

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