Você está na página 1de 2

Os Jogos Teatrais e a Zona de

Desenvolvimento Proximal

Jogos e atividades teatrais são importantes ferramentas nos processos de interação entre
indivíduos e para a estimulação das funções psicológicas das crianças em suas diferentes
manifestações cognitivas. Segundo Vigotski, o desenvolvimento do pensamento infantil se
dá na interação social e individual, quando articulam afetivo e o cognitivo.

Antes de estar inserida no ambiente escolar, a criança internaliza vivências familiares, na


com amigos na rua e outros espaços de convivência. A teatralidade é presença
espontânea no universo infantil e pode ser vista como brincadeira lúdica: o faz de conta,
as brincadeiras de imitação seus professores, de seus pais, de desenvolvimento de
papéis e interações. O lúdico está sempre presente nos jogos teatrais com o uso da
imaginação, com a criatividade e com a liberdade de expressão.

Durante o processo de desenvolvimento, a criança percebe que certas ideias,


comportamentos e sentimentos primeiramente são externos e depois se internalizam, por
isso a interação com o outro deve ser valorizado. Participando de atividades teatrais, a
criança começa a voltar o olhar para suas ações, analisando-as e construindo capacidade
crítica suficiente para refletir, repensar e aprimorar ações futuras. Estas atividades deixam
claro para ela quem ela é ou pode vir a ser.

Na escola, o papel do educador é propiciar meios de acesso ao conhecimento, é ele o


principal mediador. A oportunidade surge nas aulas de teatro, dança, música e artes
visuais, desenvolvendo o potencial artístico de cada aluno, buscando nos elementos já
internalizados soluções e ampliando seu desenvolvimento cognitivo.

Para determinar a relação real entre a capacidade de aprender e o processo de


desenvolvimento, Vigotski aponta a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que se
encontra entre o nível de desenvolvimento real (aquilo que a criança já internalizou) e a
capacidade potencial de aprendizado (o que ela ainda irá aprender). Esses níveis são
determinantes para avaliarmos o processo de desenvolvimento da criança.

A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não


amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão,
mas que estão presentes em estado embrionários.
O jogo teatral entra neste processo como estímulo para a espontaneidade, observação,
percepção, relacionamento com o outro e imaginação, atuando na zona de
desenvolvimento proximal. O professor é o mediador do conhecimento e das atividades,
transmitindo a segurança necessária para o desenvolvimento dos jogos e das
brincadeiras ao grupo, que na interação entre os membros estabelece novos rumos para
se atingir a ZDP. Através dos jogos, novas aprendizagens se internalizam, deixando de
serem potenciais e se tornando reais.

Vigotski lembra que a criação teatral infantil não deve imitar ou reproduzir as formas do
teatro adulto (quando estas se baseiam em repetição ou imitação de algo realizado por
outro), uma vez que empobrece o processo criativo infantil, que tem suas características
particulares. Para as crianças, devem-se considerar as peças, jogos, elementos
compostos ou propostos por elas mesmas.

REFERÊNCIAS:

VIGOTSKI, Levi. Imaginação e criação na infancia. São Paulo: Ática, 2009. 135 p.
CHAIKLIN, Seth. A zona de desenvolvimento próximo na análise de Vigotski sobre
aprendizagem e ensino. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 16, n. 4, p.659-675, Não é
um mês valido! 2011. Fluxo Contínuo. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
73722011000400016>. Acesso em: 10 nov. 2019.

Você também pode gostar