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6/12/2019 [Artigo] - A TEMÁTICA AMBIENTAL NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ANÁLISE DA PRÁXI…

ISSN 1678-0701
Número 68, Ano XVIII. Números ...
Junho-Agosto/2019.

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11/06/2019
A TEMÁTICA AMBIENTAL NA FORMAÇÃO
INICIAL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO
FÍSICA: UMA ANÁLISE DA PRÁXIS
CURRICULAR NA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE SERGIPE
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A TEMÁTICA AMBIENTAL NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFISSIONAL DE


EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ANÁLISE DA PRÁXIS CURRICULAR NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SERGIPE

Ms. Thaise Melo de Almeida Alves(1); Dr. Cae Rodrigues(2)

(1) Instituto Federal de Sergipe – Campus São Cristóvão; thaimelo@bol.com.br

(2) Departamento de Educação Física, Universidade Federal de Sergipe;


rodrigues.cae@gmail.com

Resumo

A pesquisa apresentada teve como objetivo analisar a contribuição dos cursos de


Educação Física (licenciatura e bacharelado) da Universidade Federal de Sergipe (UFS)
na preparação dos futuros profissionais da área para atuarem com a temática ambiental. O
corpus foi composto por questionários respondidos por docentes em exercício e discentes

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que já haviam cursado, pelo menos, 80% dos créditos totais do curso. Os dados foram
analisados a partir da análise de conteúdo. Conclui-se que a abordagem da temática
ambiental nos cursos de Educação Física da UFS possuem significativas limitações,
destacando-se os seguintes pontos: (a) se materializa por meio de ações pontuais ou pela
ação de docentes motivados por interesses próprios, não havendo ligação direta a
demandas institucionais/legais; (b) há interesse de maior inserção da temática, porém
essa ação ainda é muito limitada pela falta de conhecimento conceitual (o que inserir) e
estrutural (como inserir); (c) as ações mais significativas são realizadas em disciplinas
optativas e projetos de pesquisa, havendo a possibilidade do aluno passar pelo curso sem
ter contato mais aprofundado com a temática.

Palavras-chave: Educação ambiental; Currículo; Meio ambiente.

Abstract

The presented research aimed to analyze the contribution of the Physical Education
courses of the Federal University of Sergipe (UFS) in the preparation of future
professionals of the area to work with environmental themes. The corpus was composed of
questionnaires answered by lecturers of the course and students who had completed more
than 80% of the course. The data was analyzed using content analysis. Conclusions show
that the approach of environmental themes in Physical Education courses at UFS have
significant limitations, highlighting the following points: (a) it is materialized by means of
sporadic actions or by the action of lecturers motivated by personal interests, not having a
direct association to institutional/legal directives; (b) there is an interest of greater insertion
of these themes, but this action is still highly limited by the lack of conceptual knowledge
(what to insert) and structural knowledge (how to insert); (c) the most significant actions are
carried out by noncompulsory curricular units and research projects, being possible for the
student to go through the course without having more in-depth contact with the subject.

Key words: Environmental education; Curriculum; Environment.

Introdução

Entre as diversas conceptualizações e abordagens associadas à educação


ambiental (ver, como exemplo, SAUVÉE, 2005), a presente pesquisa foi elaborada a partir
das transformações no habitus de movimento de indivíduos em sua relação com a
natureza decorrentes das ações de educação ambiental, mais especificamente, ao que se
apresenta como educação ambiental nos currículos (ambientalização curricular) de
formação profissional (ensino superior). Nesse contexto, a disciplina Educação Física,
compreendida a partir de sua essência pedagógica sobre as relações corpo (ser humano)-

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mundo, é igualmente dotada de potencial transformador no que tange a contribuição para


a formação de sujeitos sensíveis à problemática socioambiental.

No âmbito das políticas públicas educacionais do Brasil, os Parâmetros


Curriculares Nacionais (PCN – BRASIL, 1998) constituem-se em proposições com foco na
transversalidade e interdisciplinaridade, especialmente pela proposição de temas
transversais, sendo essa uma proposta de integração das diferentes áreas do
conhecimento. Considerando a temática ambiental, abordada pelo tema transversal “meio
ambiente”, a proposta da transversalidade alerta para o fato de que a problemática
ambiental é fruto das relações socialmente construídas do ser humano com o mundo, com
base fundamentalmente utilitarista, movida pela obtenção de riqueza; sendo, assim, uma
problemática complexa e multifacetada, faz-se necessário que seja abordada pelas
diferentes áreas do conhecimento. Entendendo a problemática ambiental como fenômeno
socialmente construído, através, aliás, de uma relação desigual e injusta, percebe-se a
necessidade de reflexão acerca da formação de uma cultura ambiental. Assim, a dimensão
socioambiental no campo da educação, aqui, mais especificamente, da Educação Física,
deverá ir além dos jogos, esportes tradicionais, esportes na natureza, ginástica, luta, lazer,
dança, atividades rítmicas e conhecimentos sobre o próprio corpo, sendo possível, através
dos conteúdos específicos da Educação Física, contribuir para a incorporação de
sentidos e valores para a construção de relações que resultam em modos de vida
sustentáveis, processo ao qual denominamos de educação ambiental.

A premissa para os estudos das sinergias entre a educação ambiental e a


Educação Física se baseia, fundamentalmente, sob a ótica de que o corpo em movimento
carrega em si a potencialidade contínua e constante de criação de novos significados ao
mundo (base fundamental da Ciência da Motricidade Humana, do filósofo português
Manuel Sérgio – ver SERGIO, 2003; RODRIGUES; ZOBOLI; CALAZANS, 2018); ao
transferirmos essa premissa à experiência do movimento na/com a natureza, abre-se um
campo potencial de estudos para a compreensão de como nossas intencionalidades e
interações em movimento (motricidade) transformam nosso habitus de movimento,
considerando-se, essencialmente, as relações estéticas-éticas-políticas com a natureza
(RODRIGUES, 2018). Tais estudos permitem questionamentos que estão diretamente
alinhados a objetivos que perpassam diferentes conceptualizações de educação
ambiental: representações da cultura ambiental que se manifestam em diferentes tipos de
experiência na natureza (possibilitando análises em relação ao objetivo de formação de
uma cultura ambiental desenvolvida localmente e compartilhada globalmente); e os
alcances da teoria ou do discurso ambiental em contextos da prática (possibilitando
análises em relação ao objetivo da práxis).

Além disso, um dos objetivos das abordagens ambientais críticas compartilhado


pela perspectiva crítica de Educação Física é a busca pela superação da perspectiva
positivista, no sentido de contribuir para a construção de uma ação (pedagógica) calcada
na interação dialógica, capaz de estimular o desenvolvimento ético, estético e sensível do
pensamento e das ações. Nesse sentido, argumenta-se por uma formação da Educação
Física que consiga ir além dos seus conteúdos tradicionais, de modo a contrapor a
perspectiva meramente esportiva. Porém, de acordo com os estudos de Domingues (2011)
e de Domingues, Kunz e Araújo (2011), a herança dessa perspectiva tradicional fundada

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no treinamento de habilidades, aptidão física e esportiva ainda prevalece nos currículos de


formação em Educação Física. Desafiando essa realidade, a inserção de abordagens
ambientais na formação da Educação Física poderia contribuir para a formação de sujeitos
com atitudes ecológicas diante do mundo, ou seja, um caminhar em direção do “sujeito
ecológico”, que, segundo Carvalho (2011), são os sujeitos que cultivam as ideias e
sensibilidades ecológicas em sua prática educativa, que incorporaram o conhecimento
crítico e a mudança de atitude acerca do meio em que vivem.

Compreendendo as possibilidades de encontro entre a Educação Física e os


objetivos da educação ambiental, a presente pesquisa teve como tema a “ambientalização
curricular na formação inicial em Educação Física”, com foco nos cursos de licenciatura e
bacharelado da Universidade federal de Sergipe-UFS, ou seja, cursos que objetivam a
formação de profissionais para atuação em contextos escolares e em espaços não
escolares associados à área de Educação Física. Como problema, a pesquisa respondeu
a seguinte questão: como a formação em Educação Física da Universidade Federal de
Sergipe (UFS), cursos de licenciatura e bacharelado, tem contribuído para a preparação
dos discentes para atuarem com a temática ambiental? A amplitude da pesquisa nas duas
áreas de formação, licenciatura e bacharelado, justifica-se pela necessidade de se ampliar
o entendimento sobre o alcance do processo da inserção da temática ambiental em
diversos espaços de educação (formais, informais e não formais; ou escolares e não
escolares).

Considerando a questão apresentada, a pesquisa teve como objetivos específicos:


(a) analisar como os docentes dos cursos de Educação Física da UFS contribuem, por
meio de suas práticas pedagógicas, para a preparação dos discentes para atuarem com a
temática ambiental; (b) buscar a compreensão dos discentes sobre como a temática
ambiental é desenvolvida em sua formação inicial nos cursos de Educação Física da UFS;
(c) compreender como a temática ambiental se materializa nos currículos dos cursos de
Educação Física da UFS. Para apresentar os resultados da pesquisa, o manuscrito foi
organizado da seguinte maneira: (a) descrição dos procedimentos metodológicos da
pesquisa; (b) apresentação de dados representativos da amostra total, seguido de
discussão dos dados a partir de análises interpretativas do conteúdo, sempre buscando
relações com a literatura existente (publicada) sobre a temática abordada; (c)
considerações finais, seção na qual são apresentadas as principais conclusões da
pesquisa. Entre os principais resultados, destacamos: (a) se materializa por meio de ações
pontuais ou pela ação de docentes motivados por interesses próprios, não havendo
ligação direta a demandas institucionais/legais; (b) há interesse de maior inserção da
temática, porém essa ação ainda é muito limitada pela falta de conhecimento conceitual (o
que inserir) e estrutural (como inserir); (c) as ações mais significativas são realizadas em
disciplinas optativas e projetos de pesquisa, havendo a possibilidade do aluno passar pelo
curso sem ter contato mais aprofundado com a temática.

Procedimentos metodológicos

A pesquisa foi realizada na Universidade Federal de Sergipe – UFS


(Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos), localizada no munícipio
de São Cristóvão. A amostra contemplou dois grupos distintos, porém

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entrelaçados no que se refere ao objeto da pesquisa: (a) docentes em exercício


que ministram as disciplinas componentes da matriz curricular dos cursos de
formação em Educação Física da UFS – licenciatura e bacharelado; (b)
discentes dos cursos de formação em Educação Física da UFS, licenciatura e
bacharelado, que já tivessem cursado, pelo menos, 80% dos créditos totais do
curso.

A pesquisa foi dividida nas seguintes etapas (para um relato mais detalhado das
etapas da pesquisa, ver ALVES, 2017): (a) levantamento bibliográfico de fontes primárias
que abordam as relações entre as temáticas: formação profissional; educação física; meio
ambiente; currículo;

(b) levantamento, juntamente à coordenação do Departamento de Educação Física


da UFS (DEF-UFS), da (i) estrutura curricular do curso, (ii) ementas das disciplinas
regulares da grade curricular, (iii) horários de aula e respectivas salas de aula para o
corrente semestre de todos os docentes do curso e (iv) dados sobre discentes
matriculados no curso que já haviam cursado, pelo menos, 80% dos créditos necessários
para finalização do curso; os dados levantados mostraram 42 alunos da licenciatura e 22
alunos do bacharelado nessa condição, totalizando uma amostra de 62 alunos;

(c) coleta de dados: entrega de questionário aberto a todos os docentes do DEF-


UFS, sendo solicitada a devolução dos questionários respondidos no prazo máximo de
uma semana; entrega e coleta de questionários abertos respondidos pelos alunos do DEF-
UFS que já haviam cursado, pelo menos, 80% dos créditos para finalização de sua
graduação; os discentes responderam os questionários em tempo cedido pelos
professores durante suas aulas. O questionário respondido pelos docentes foi composto
por oito questões, sendo uma objetiva e as demais subjetivas, além de uma questão inicial
para levantamento de dados sobre a formação docente; o questionário respondido pelos
discentes foi composto por doze questões, sendo duas objetivas e as demais subjetivas.
Apesar de possuírem perguntas diferentes, ambos os questionários alinhavam-se aos
objetivos gerais e específicos da pesquisa (questionários podem ser visualizados em
ALVES, 2017). Do total almejado para a amostra, apenas um docente se negou
verbalmente a fazer parte da pesquisa; em relação aos discentes, participaram da
pesquisa 61 discentes, sendo 33 (54,1%) do curso de bacharelado e 28 (45,9%) do curso
de licenciatura. Os preceitos éticos da pesquisa foram cumpridos, incluindo a solicitação
formal para participação na pesquisa por meio de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.

(d) análise dos dados coletados: como método de análise foi utilizado a Análise de
Conteúdo, que visa obter, através de procedimentos sistemáticos e objetivos, a descrição
do conteúdo das mensagens, permitindo a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 2011). As etapas da
análise de conteúdo constituem-se em: (a) pré-análise, caracterizada pela organização e
exploração do material, incluindo leituras flutuantes e elaboração de hipóteses que
fundamentam a interpretação; (b) decodificação dos dados, que são os tratamentos dos
resultados, ou seja, o processo de análise interpretativa; (c) categorização, que consiste
na classificação dos elementos segundo suas semelhanças (BARDIN, 2011). O corpus de

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análise foi constituído pelos questionários respondidos pelos docentes e discentes do


DEF/UFS que fizeram parte do estudo.

Apresentação dos dados e discussão preliminar

Apresentaremos nessa seção o resultado da análise sobre o corpus de pesquisa,


considerando os questionários aplicados aos docentes (primeira parte) e os questionários
aplicados aos discentes (segunda parte). Considerando a grande amplitude da análise
original da pesquisa e as limitações de caracteres da presente publicação, focaremos a
discussão em pontos de maior relevância, considerando-se os objetivos da pesquisa. A
apresentação completa dos dados, incluindo todo o corpus (questionários respondidos),
todo o conjunto de unidades de significado destacados do corpus (análise interpretativa),
representações quantitativas (valores percentuais) e ilustrações gráficas dos resultados
pode ser consultado em Alves (2017).

Apresentação dos dados e discussões preliminares sobre questões respondidas pelos


docentes em exercício do DEF-UFS

A análise dos dados sobre a formação inicial dos docentes mostra que
todos os 9 docentes da licenciatura possuem graduação em Educação Física –
Licenciatura Plena; no bacharelado, dos 13 docentes participantes da
pesquisa, 12 possuem graduação em Educação Física – Licenciatura Plena e 1
possui graduação em Medicina. Levando em consideração o ano de conclusão
da graduação dos docentes, percebemos que a maioria (55%) conclui sua
graduação anteriormente à criação dos principais documentos que legitimam a
inserção da temática ambiental nos currículos, por exemplo, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), documento pelo qual o meio ambiente
é incluído como tema transversal no currículo da educação básica, e a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA – BRASIL, 1999), pela qual “a
Educação Ambiental passa a ser componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma interdisciplinar e
transdisciplinar, em todos os níveis e modalidade do processo educativo, em
caráter formal e não-formal” (p.01). Outro marco legal importante, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental – DCNEA (BRASIL, 2012)
foram publicadas pela resolução n.2, de 15 de junho de 2012, ano em que
todos os docentes já haviam terminado suas graduações. Essa constatação é
importante, pois permite a observação de que, na época em que os docentes
fizeram suas graduações, ainda não existiam os marcos legais para a inclusão
das questões ambientais nos conteúdos e práticas da Educação Física,
incluindo no âmbito do ensino superior.

Referente aos dados sobre a pós-graduação, todos os docentes da


licenciatura possuem Mestrado e Doutorado em Educação; já no bacharelado,
há uma boa diversidade de áreas de estudo, por exemplo (considerando
Mestrado e Doutorado): Ciência do Desporto (6); Educação Física (5),
Educação Física e Cultura (1), Ciências da Atividade Física (1), Farmacologia
(1); Ciências Médicas (1), Metodologia da Saúde (1); Educação (1), Ciências

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(1), Educação Física e Esporte (1). Visto que, historicamente, o curso de


licenciatura em Educação Física tem como propósito principal a formação para
atuação profissional no âmbito da educação escolar, o padrão de pós-
graduações dos docentes da licenciatura em Educação é condizente. Ainda
assim, a constatação de que 100% dos Mestrados e Doutorados desses
docentes sejam em Educação é surpreendente, considerando que os
concursos para professores de Educação Física normalmente exigem a
formação em Educação Física ou “áreas afins”, podendo compreender uma
larga escala de cursos diferentes. Já no bacharelado, que historicamente tem
como propósito principal a formação profissional para atuação em espaços não
escolares (academias, clubes, hotéis, etc.), não é surpreendente a diversidade
de áreas de pós-graduação realizadas pelos docentes. De maneira geral, o que
podemos observar nos dados apresentados é uma especialização acadêmica
no bacharelado mais relacionada ao esporte e ao campo da saúde, enquanto
na licenciatura a especialização é muito mais voltada para a área de educação.

Entrando no âmbito das questões abertas do questionário, inicialmente foi


perguntado aos docentes se desenvolviam, de alguma maneira, a problemática ambiental
ou questões ambientais específicas nas disciplinas que ministravam, solicitando-se que
descrevessem conteúdos e métodos no caso de resposta positiva. Dos 22 docentes que
responderam o questionário, 9 responderam positivamente (5 [38,5%] do bacharelado e 4
[44,4%] da licenciatura – as porcentagens apresentadas serão sempre referentes ao total
das amostras específicas na licenciatura e no bacharelado; por exemplo, nesse primeiro
caso, o número de docentes do bacharelado que afirmaram desenvolver a problemática
ambiental ou questões ambientais específicas nas disciplinas que ministravam [5]
representa 38,5% da amostra total de docentes do bacharelado que responderam ao
questionário [13]). No bacharelado, 3 docentes especificaram a disciplina na qual
desenvolvem questões ambientais: (a) Doc15 na disciplina Ética e Esporte (não descreveu
conteúdos e métodos desenvolvidos); (b) Doc18 na disciplina Fisiologia do Exercício II
(conteúdo: impacto de se realizar exercício em condições ambientais [calor, frio, humidade]
e ambientes poluídos; metodologia: aulas expositivas); (c) Doc19 na disciplina Ginástica
Rítmica (GR) (confecção de materiais reciclados para a ginástica rítmica, associando esse
elemento à temática ambiental; porém, ressaltou que não é um tema específico, apenas
ensina como pode confeccionar aparelhos alternativos de GR utilizando materiais
encontrados na natureza). Em relação aos docentes que não especificaram a disciplina:
(a) Doc10 afirmou que desenvolve a temática pela relação com a saúde; (b) Doc22
respondeu que aborda a temática pelo conteúdo “envelhecimento ativo e meio ambiente”,
sendo o conteúdo abordado em dois momentos: 1. Na discussão sobre o conceito de
saúde e SUS; 2. Nas relações entre sujeito e ambiente na perspectiva de empoderamento
dos sujeitos.

Na licenciatura, 3 docentes especificaram a disciplina na qual desenvolvem


questões ambientais: (a) Doc8, na disciplina Metodologia das Lutas (pelo conceito de
homem e meio ambiente); (b) Doc3, na disciplina Educação Física, Filosofia e Corpo
(apesar do docente afirmar que a temática é abordada muito pouco); (c) Doc9 na disciplina
Educação Física e Meio Ambiente (conteúdos: construção histórica; correntes e
abordagens para a práxis da educação ambiental; sinergias possíveis e limitações no

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encontro entre o campo ambiental e da educação ambiental; metodologia: desconstrução


e reconstrução dos pré-conceitos que os indivíduos trazem de suas experiências
relacionadas ao campo ambiental; dinâmicas; produção de material; produção intelectual;
pesquisa de campo; laboratórios de jogos); e nas disciplinas Teorias do Lazer, e Educação
e Ludicidade (conteúdo: temática ambiental relacionada ao campo do lazer; mesma
metodologia).

Em relação aos docentes que responderam que não desenvolvem a


problemática ambiental em suas disciplinas: no bacharelado - (a) Doc14
respondeu que, apesar de não abordar a temática, tem consciência de sua
importância; (b) Doc21 falou que não aborda a temática ambiental diretamente,
porém afirma que tem realizado atividades de atletismo na natureza; na
licenciatura - (a) Doc2 afirmou que a temática ambiental não é abordada de
forma específica, mas como trabalha com o uso pedagógico do cinema
percebe que alguns filmes tocam no assunto; (b) Doc7 respondeu que na
disciplina Esporte e Mídia os alunos tomaram a iniciativa de trazer a temática
ambiental nos trabalhos desenvolvidos na disciplina.

Observa-se que a maior parte dos docentes não aborda a temática ambiental em
suas aulas; e os que dizem abordar não apresentaram, na maior parte dos casos, os
conteúdos e métodos utilizados. Tal observação reforça a conclusão de outras pesquisas
que sinalizam para a pouca inserção da temática ambiental nos currículos do ensino
superior, assim como a fragilidade na apropriação da temática ambiental nos casos em
que o tema é supostamente desenvolvido (o trabalho de Rodrigues [2013] apresenta uma
relação de pesquisas que chegam a essa mesma conclusão). Importante observar, no
entanto, como transparece nos discursos dos docentes a compreensão da importância da
inserção da questão ambiental em suas práticas pedagógicas. Mesmo os docentes que
afirmaram não abordar a temática em suas disciplinas vislumbram algumas ações que
poderiam ser associadas às questões ambientais. Tais relatos nos levam a compreender
que, devido aos saberes adquiridos pela docência e pelas experiências de vida, os
docentes encontram estratégias pedagógicas para fazer interconexões com a temática. De
acordo com Tardif (2014), esse entendimento pode ser chamado de saberes experienciais,
adquiridos no âmbito da prática da profissão docente e que não provem das instituições de
formação nem dos currículos, pois não se encontram sistematizados em doutrinas ou
teorias. São saberes práticos que se integram à prática pedagógica, formando um conjunto
de representações a partir das quais os professores interpretam, compreendem e orientam
sua profissão e sua prática cotidiana em todas as suas dimensões.

A questão seguinte discutida com os docentes foi em relação às dificuldades da


inserção da temática ambiental no currículo da formação inicial em Educação
Física. Com 89% dos docentes na licenciatura e 61.5% no bacharelado
afirmando ter dificuldades na inserção da temática ambiental em suas aulas, as
principais dificuldades apontadas foram: (a) dificuldades na logística (teoria e prática) para
inserção da temática ambiental nos currículos de Educação Física; (b) percepções
equivocadas sobre os conceitos do campo ambiental; (c) dificuldade para definir uma
educação ambiental para a Educação Física; (d) o fator transdisciplinar da temática; (e) a

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carência da temática ambiental na formação de professores que atuam hoje no ensino


superior.

A dificuldade na “logística” para inserção da temática ambiental nos currículos de


Educação Física apontada pelos professores, ao menos no que se refere à teoria, é um
problema que transborda sobre outras dificuldades apontadas pelos docentes -
percepções equivocadas sobre os conceitos do campo ambiental; dificuldade para definir
uma educação ambiental para a Educação Física. Sobre isso, Sauvé e Orellana (2001)
afirmam que o meio ambiente não possui um consenso em torno de uma definição clara e
única, sendo o ambiente “uma realidade tão complexa que escapa a qualquer definição
precisa, global e consensual” (p. 276). Se, por um lado, essa complexidade se desdobra
como um problema, por outro pode ser considerado um caminho, na medida em que a
discussão pode ser levada para a sala de aula, permitindo aos próprios alunos construírem
suas percepções e definições sobre os conceitos do campo ambiental, tanto a partir dos
conhecimentos já construídos no campo ambiental, como a partir de novas construções
que podem ser feitas no encontro desses conhecimentos com as particularidades da
Educação Física.

Sobre as dificuldades de logística em relação à prática, se compreendermos o


ambiente como o conjunto ou a “forma” de tudo aquilo com o qual nos relacionamos,
limitar a prática pedagógica em relação às questões ambientais a práticas em ambientes
distantes e remotos seria reduzir a compreensão de ambiente, bem como a própria prática
pedagógica, fortalecendo a visão de que para abordar a temática ambiental seria
necessário estar na “natureza”, sendo essa compreendida apenas como áreas “verdes”.
Essa compreensão limitada de ambiente pode dificultar o entendimento mais amplo das
relações ser humano-meio ambiente (ver, por exemplo, MORIN, 1996 - epistemologia da
complexidade; e RODRIGUES, 2018 - ecomotricidade), assim como a definição de uma
abordagem ambiental para a Educação Física focada nas relações entre o corpo e o meio
ambiente, contrastando nossas ações cotidianas e a construção de nossas representações
de natureza; uma abordagem mais próxima do mundo-vida de cada indivíduo (associando-
se à ideia da “leitura do mundo” – FREIRE; MACEDO, 1994), que tem cotidianidade
(AVANZI, 2004), que não seja limitada a questões pertinentes à conservação de uma
natureza distante, bela e frágil, concordando com Rodrigues (2010, p.504):

[...] o contato esporádico do ser humano com a natureza não é o


suficiente para justificar uma mudança de comportamento perante as
questões ambientais, uma vez que este indivíduo está cotidianamente
envolvido por um contexto imerso nos valores de uma sociedade que
segue a lógica do capital, ou seja, da produção e do consumo. Isso
significa que, apesar da reconhecida importância da criação desses
laços afetivos entre o ser humano e a natureza, uma abordagem que
objetiva, pela sensibilização, a admiração por uma natureza bela, a
preservação de uma natureza frágil ou ainda o respeito por uma
natureza distante, não só é demasiada simplista como pode na
verdade reforçar a visão fragmentária entre ser humano e natureza,
notoriamente uma das principais causas da crise ambiental
contemporânea.

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Outra dificuldade mencionada foi a carência da temática ambiental na formação de


professores que atuam hoje no ensino superior. Esse fator sinaliza para a urgência de uma
reformulação curricular, como também para a necessidade da criação de cursos de
formação continuada e especialização na área ambiental. Porém, a formação não se reduz
ao treinamento e à capacitação; envolve a transformação das práticas educativas,
implicando análises e reflexões dos professores sobre suas próprias ações pedagógicas a
fim de (re)construir conhecimentos, atitudes e estratégias de ensino (NÓVOA, 1995).
Dessa forma, a reformulação seria na estrutura curricular e na reflexão sobre a própria
prática docente, de modo a permitir a implementação da temática ambiental de maneira
integrada.

O fator inter/transdisciplinar da temática ambiental foi compreendido pelos


docentes como sendo outro elemento limitante da inserção da temática ambiental em suas
aulas. Esse entendimento também tem sido motivo de diversas discussões no meio
acadêmico, envolvendo os campos ambiental e curricular. Entende-se por
interdisciplinaridade a interação entre duas ou mais disciplinas que dialogam, provocando
intercambio e, consequentemente, um enriquecimento recíproco, buscando-se na
transdiciplinaridade uma modalidade de relação entre as disciplinas (RODRIGUES, 2008)
que nasce no encontro dos campos do saber e se produz a partir da abertura das
fronteiras disciplinares (SANTOMÉ, 1998). O que podemos identificar nas respostas dos
docentes foi a falta da abertura dessas fronteiras, ou seja, a dificuldade de diálogo no
interior de uma mesma instituição ou departamento (evidência disso foi a falta de
conhecimento de pelo menos 5 docentes [identificado nos discursos] do DEF-UFS sobre a
existência de uma disciplina [optativa] que desenvolve a temática ambiental - Educação
Física e Meio Ambiente - no próprio departamento). A falta de diálogo revela que a
estrutura curricular tem contribuído para o isolamento entre os docentes, fechando-os em
suas disciplinas e em “ilhas” acadêmicas, contradizendo, aliás, a própria ideia de
“universidade”. Logo, a inter/transdiciplinaridade almejada pela temática ambiental torna-se
algo distante, uma vez que o diálogo é uma das condições para sua materialização.

Sobre a percepção dos docentes sobre possibilidades para abordar a


temática ambiental em suas aulas no sentido da transdiciplinaridade e da
interdisciplinaridade, apenas um docente (da licenciatura) respondeu não ver
possibilidades. Entre os diversos conteúdos e abordagens apresentados pelos
docentes como possibilidades para a inserção da temática ambiental em suas aulas, o que
mais se repete é a perspectiva de uma abordagem por meio do esporte, sendo
apresentadas várias adjetivações: esporte na natureza, esporte de aventura, esporte
radicais, esporte urbanos. A “aventura” como experiência no esporte ou na atividade física
tem sido uma diferenciação quando relacionado ao esporte convencional. Em tese, as
“atividades de aventura” estariam ligadas a sensações de risco, vertigem, controladas pela
emoção e, em muitos casos, em congraçamento com a natureza. Nesse debate,
encontramos na literatura algumas outras propostas como: AFAN - Atividade Física de
Aventura na Natureza (BETRÁN; BETRÁN, 2006), Prática Corporais de Aventura (INÁCIO,
2006), Esportes Radicais (UVINHA, 2004), Esportes na Natureza (DIAS, 2007), entre
outras (PIMENTEL, 2013). Frente à diversidade de propostas, Rodrigues (2015b) explica
que as terminologias categorizadas no Brasil são geralmente definidas de acordo com a
motivação que a experiência proporciona: aventura, lazer, esporte, existindo uma

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quantidade tão grande de terminologias que se torna difícil encontrar um número


significativo de artigos que usam a mesma terminologia, muito menos similaridades em
seu arcabouço teórico. Essa falta de consenso na terminologia pode ser percebida nas
respostas de alguns docentes.

De acordo com Pimentel (2013) e Rodrigues (2015b), o não


estabeleciemto de um acordo terminológico dificulta determinar o objeto a ser
estudado, dificultando encontar uma identitade precisa do objeto, pois a
terminologia nos ajuda a categorizar as experiências na natureza e a entender
as relações ser humano-meio ambiente. Além disso, diante de tantas outras
práticas realizadas na natureza, como: caminhar, correr, jogar, apenas
contemplar a natureza, práticas que não são necessariamente esportivas,
tornou-se necessário pensar em conceito mais abrangente. Uma perspectiva
nesse sentido seria a da Ecomotricidade, nomenclatura utilizada por Rodrigues
(2015b; 2018) na qual o foco seria a intencionalidade à interação com o meio
ambiente; desse modo, o contexto da Ecomotricidade é definido não pelo tipo
de interação com o meio (esportiva, aventura, contemplativa, artística,
recreativa, educativa, etc.), mas pela própria intencionalidade do indivíduo em
interagir com a natureza.

Outra questão debatida com os docentes foi a necessidade, ou não, de


uma disciplina específica para abordar a temática ambiental. Essa questão tem
sido uma discussão recorrente no campo ambiental e da educação, ao ponto
de existir duas visões opostas bem estruturadas, tanto em termo de
argumentos, como de volume de pessoas que a apoiam: uma visão defende a
criação de uma disciplina específica; outra, a manutenção da transversalidade
da temática. Diante das respostas dos docentes nessa pesquisa, a maioria
entende que deveria existir uma disciplina específica para abordar a temática,
especialmente devido à quantidade de conteúdos do campo, à falta de
entendimento sobre a temática e à pertinência da temática. Os docentes que
não concordam argumentam que uma disciplina resultará em um dualismo e
reducionismo sobre a temática. O fato mais interessante para a análise nessa
questão é como os pontos destacados pelos docentes, tanto defendendo um
lado como o outro da questão, se aproximam das discussões gerais que vêm
acontecendo no próprio campo ambiental. Essa é mais uma evidência de como
as questões e discussões do campo ambiental acabam sendo reproduzidas em
outros campos e espaços, inclusive acadêmicos, processo conhecido como
“ambientalização” (LOPES, 2006), ou, no caso específico de quando tais
questões são incorporadas pelos currículos, “ambientalização curricular”
(RODRIGUES, 2013; 2015a).

Também perguntamos aos docentes se consideram que as disciplinas


do atual currículo dos cursos de Educação Física contemplam as demandas
sociais vigentes no que tange à problemática ambiental. Como resultado,
tivemos duas respostas positivas, 17 negativas e 3 afirmações de que isso
dependeria da ação do docente responsável pela disciplina. A percepção dos
docentes sobre essa questão é importante, uma vez que entendemos o

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currículo como um conjunto de conhecimentos socialmente validados, que


foram selecionados e organizados no contexto escolar mediante conflitos e
lutas entre tradições e diferentes concepções sociais; nesse contexto, a
educação ambiental surge como uma demanda a “novas” necessidades das
sociedades contemporâneas e, dessa maneira, passa a fazer parte das
disputas curriculares (ambientalização curricular), sendo sua inserção
justificada em vista da necessária formação de sujeitos capazes de atuar em
uma sociedade que legitima, cada vez mais, a questão ambiental como
significativa nas mais diversas e variadas esferas sociais (LOPES, 2006).

Diante das respostas dos docentes ao questionamento sobre a


adequação do atual currículo às demandas da temática ambiental, percebemos
que a maioria dos docentes entende que o currículo da Educação Física, tanto
no bacharelado como na licenciatura, deveria inserir a temática, porém
admitem que os atuais currículos não contemplam a temática. Frente a essa
realidade constatada pelos docentes, destacam-se as iniciativas que buscam
oferecer caminhos possíveis para a transformação em relação à
ambientalização curricular, por exemplo, a Rede ACES (JUNYENT; GELI;
ARBAT, 2003), ou a proposta de Payne e Rodrigues (2012), que revisa e
amplia o escopo da Rede ACES incluindo referenciais do norte global. Mesmo
considerando possíveis críticas aos métodos e resultados apresentados por
essas propostas, ou a outras similares, importante reconhecer que apresentam
caminhos possíveis para a superação de uma carência presente – a inserção
da temática ambiental nas instituições de educação superior e a formulação de
metodologias de análise para avaliar o grau de ambientalização dos cursos em
ensino superior.

A penúltima questão abordada no questionário foi sobre a potencial


participação do docente em projetos de extensão ou de pesquisa que abordam
a temática ambiental. Dos 22 docentes, 9 (3 do bacharelado e 6 da
licenciatura) afirmaram ser responsáveis por algum projeto que aborda a
temática ambiental. Diante das respostas mais detalhadas (ver ALVES, 2017),
identificamos que a maior parte dos docentes apresentou como abordagens
ambientais ações pontuais (realizadas em um determinado dia), sendo a
exceção um docente que desenvolve um projeto com foco mais específico e
contínuo nas questões ambientais (o mesmo docente que oferece a disciplina
optativa “Educação Física e Meio Ambiente”). Importante ressaltar que a
conceptualização de ambientalização curricular envolve não só a grade
curricular (disciplinas ministradas), mas também os projetos de pesquisa, assim
como outras ações que permitem a participação dos alunos no âmbito da
instituição, por exemplo, programas e ações de extensão. Esse pode ser um
caminho interessante para o desenvolvimento de novas ações de
ambientalização curricular, uma vez que os projetos de pesquisa e de extensão
geralmente não estão condicionados às ementas dos currículos tradicionais da
área de Educação Física, muitas vezes sendo elaborados a partir de interesses
diversos de pesquisa dos docentes do programa.

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Finalmente, questionamos os docentes em relação a sua percepção


sobre a importância da temática ambiental para a formação inicial na Educação
Física. Apesar da unânime resposta dos docentes reconhecendo a importância
da temática ambiental, a maioria dos docentes afirmou não abordar a temática,
alguns alegando, inclusive, não encontrar espaço para a discussão na atual
estrutura de currículo. Isso comprova a afirmação de Rosalem e Barolli (2010)
e de Rodrigues (2013; 2015c) de que a transversalidade da educação
ambiental ainda não conseguiu se inserir no âmbito do ensino superior. As
poucas inserções da temática nos currículos se apresentam, mais comumente,
como disciplinas optativas, sendo boa parte delas fruto do esforço de pessoas
que possuem uma motivação pessoal para o desenvolvimento da temática
(história de vida, formação, etc.). Dessa forma, ao mesmo tempo em que há
um entendimento que legitima a inserção da temática ambiental por todas as
disciplinas do currículo, esta pode não ocorrer de maneira adequada em lugar
nenhum, ainda mais se considerados os parâmetros estabelecidos para essa
inserção por propostas como a da Rede ACES (JUNYENT; GELI; ARBAT,
2003) ou a de Payne e Rodrigues (2012).

Apresentação dos dados e discussões preliminares sobre questões


respondidas pelos discentes do DEF-UFS

A análise dos dados sobre o ano de ingresso dos discentes no curso de


Educação Física evidenciou que os discentes do bacharelado têm ano de
ingresso entre 2007 e 2013 e os discentes da licenciatura entre 2010 e 2013
(Gráfico 1).

Gráfico 1: dados referentes ao ano de ingresso dos discentes do DEF-UFS que participaram
da pesquisa.

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Fonte: gráfico elaborado pelos autores com base em pesquisa de campo.

A pergunta inicial aos discentes questionou se o curso de Educação


Física deveria abordar a temática ambiental. Dos 61 discentes que
responderam o questionário, 53 responderam positivamente (29 do
bacharelado [87,9%] e 24 da licenciatura [85,7%]). As justificativas para as
respostas positivas apresentadas pelos discentes do bacharelado demonstram
uma compreensão de que a abordagem dessa temática deverá prepará-los
para atuar com os esportes radicais, ampliando o campo de conhecimento e
atuação. Compreendendo que as atividades ao ar livre possam ser
incorporadas ao currículo, manifestam a ideia de que a preservação é
importante para todo ser vivo. Há também referência ao crescimento da
visibilidade do tema, de maneira geral, devendo, assim, haver mais vivências
sobre o tema no curso. Analisando as respostas dos discentes da licenciatura,
observa-se que possuem uma compreensão mais voltada para a escola,
reconhecendo a legalidade dos processos de ambientalização curricular ao
citarem as Diretrizes Curriculares Nacionais, bem como o entendimento da
importância do professor para ampliar o conhecimento e o olhar sobre o meio
ambiente. Fazendo um comparativo entre as respostas dadas pelos discentes
e as respostas dadas pelos docentes em questão similar, observamos
semelhanças no que se refere à abordagem da temática, sendo o esporte
(radical; na natureza) sempre mencionado. Os discentes de ambos os cursos
que entenderam que a temática ambiental não deveria ser abordada no curso
atribuem essa opinião, essencialmente, ao fator infraestrutura, corroborando
com o entendimento de alguns docentes quando limitam a prática do conteúdo
ambiental à logística de execução.

Vale salientar que há um desconhecimento por parte dos entrevistados


sobre as diferenças de significado entre “preservar” e “conservar”. De acordo
com Diegues (2000), a essência da conservação dos recursos é o uso
adequado e criterioso dos recursos naturais. Entretanto, a essência da corrente
oposta, a preservação, pode ser descrita como a reverência à natureza
selvagem, como algo intocado, cuja pretensão é proteger a natureza contra o
desenvolvimento moderno, industrial e urbano. O esporte radical (ou qualquer
que seja sua adjetivação), ao ser praticado na natureza, estaria interferindo,
modificando o estado natural da natureza. A “atividade” enquanto conteúdo
ligado à temática ambiental deverá ser um instrumento capaz de despertar os
meios para uma relação adequada com a natureza, nesse caso, despertando a
necessidade por uma conservação ambiental. Importante também destacar a
crítica contrária à visão de que as atividades na natureza são um meio propício
para despertar a consciência ambiental, especialmente a partir de estudos que
discutem o impacto dos esportes na natureza no próprio meio, não só em
megaeventos esportivos na natureza, nos quais o impacto e consequente
degradação dos espaços naturais fica mais evidente (LAMARTINE, citado por

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DOMINGUES, 2011), mas também na própria construção da ideia de “uso” da


natureza para essas atividades, reforçando a visão dualista entre ser humano
(usuário) e natureza (local/produto) (RODRIGUES, 2012b).

A segunda questão apresentada aos discentes indagava se já haviam


cursado alguma disciplina no curso de Educação Física na qual a temática
ambiental havia sido contemplada. Dos 61 discentes, 16 (5 [15,2%] do
bacharelado e 11 [39,3%] da licenciatura) responderam positivamente. Apesar
da maioria dos discentes responderem não ter cursado disciplinas que
abordam a temática ambiental, revelaram ter ciência da existência de
disciplinas optativas nos cursos de licenciatura e bacharelado que abordam a
temática. Esse dado revela uma contradição, uma vez que, ao mesmo tempo
em que a maior parte dos discentes afirmou em questionamento anterior que a
temática ambiental deve ser abordada no curso (é relevante), não fizeram a
opção pelas disciplinas optativas existentes no curso que abordam a temática.
Outra observação importante: considerando a resposta anterior dos docentes
sobre a abordagem da temática ambiental em suas disciplinas, em algumas
das apontadas pelos docentes como disciplinas nas quais a temática é
abordada, não houve esse reconhecimento por parte dos discentes.
Entendemos que, nesses casos, a abordagem ambiental ainda é muito tímida,
não proporcionando aos discentes uma experiência acadêmica na qual sejam
capazes de fazer conexões da temática ambiental junto ao conteúdo das
disciplinas. As disciplinas nas quais os discentes identificaram a temática
ambiental foram, em geral, apenas aquelas nas quais os docentes
apresentaram maior aprofundamento da temática (especialmente, a disciplina
optativa “Educação Física e Meio Ambiente”).

A pergunta seguinte questionou se haveria disciplinas já existentes no


curso nas quais a temática ambiental pudesse ser abordada. Dos 61 discentes,
48 (24 [72,7%] do bacharelado e 24 [85,7%] da licenciatura) responderam
positivamente. A maioria dos discentes que respondeu positivamente à questão
compreende que deveria existir uma disciplina específica para abordar a
temática, havendo a percepção de que a temática também poderia ser
abordada em outras disciplinas já existentes do currículo. Nesse sentido,
percebe-se um entendimento coincidente com a percepção da maior parte dos
docentes do curso.

Pela indicação das disciplinas já existentes nas quais a temática


ambiental poderia ser desenvolvida, também é possível observar (novamente)
como há uma estreita relação entre as possibilidades de abordagem da
temática ambiental na Educação Física com os esportes (dos mais diversos).
As respostas também reforçaram a compreensão preservacionista de natureza
dos discentes, tendo como exemplo mais claro a repetição da palavra
“preservação”. Em relação a essa constatação, Loureiro (2009) afirma que a
educação ambiental deve ser entendida enquanto uma práxis social que
contribua para o processo de construção de uma sociedade crítica, pautada na
atuação política consciente, mediadora de interesses, conflitos e na construção

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de uma ética que se afirme como ecológica. Entendemos que a Educação


Física possui potencialidades para mediar essas relações, uma delas sendo
através da capacidade de oferecer em sua prática pedagógica vivências e
experiências do corpo com as mais diversas “naturezas”, superando a
dicotomia antropocêntrica comumente resultante da visão preservacionista.

Perguntamos também aos discentes se estavam realizando ou se já


haviam realizado estágios acadêmicos e, no caso de resposta positiva, se
tiveram alguma experiência com a temática ambiental no estágio. Dos 61
discentes, 43 (23 [69,7%] do bacharelado e 20 [71,4%] da licenciatura)
responderam que estavam tendo ou já tiveram vivências de estágio. Fica bem
evidente pelas respostas a essa questão a grande diferença entre os objetivos
de formação dos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física. Os
estágios dos discentes da licenciatura foram realizados nas instituições
escolares da rede municipal, em escolas particulares e no PIBID – Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Já no bacharelado, devido à
especificidade de atuação profissional em espaços não-escolares, os discentes
realizaram estágios em academias, na própria Universidade, na Academia da
Cidade (programa de parceria idealizado pela Universidade Federal de
Sergipe, Prefeitura Municipal de Aracaju e Secretaria de Saúde) e no Hospital
Universitário. Independente das diferenças entre os cursos, o estágio é um
importante indicativo se (e de quais maneiras) a temática ambiental aparece
nos campos de atuação dos discentes em formação.

Os resultados revelaram que a maioria dos discentes não teve


experiência com a temática ambiental em seus estágios. Entre os discentes
que afirmaram que tiveram experiências com a temática ambiental durante o
estágio, de maneira geral, não souberam descrever qual foi a abordagem
metodológica utilizada, apenas relacionando a temática ao fator “local”, estando
a natureza ao seu dispor. Entendemos que essa compreensão reforça a visão
utilitarista de natureza, na qual essa é compreendida como mero cenário ou
meio para algo, visão que não sustenta alicerces para possíveis
transformações de paradigma na relação ser humano-natureza.

Além dos estágios, perguntamos aos discentes se já atuam


profissionalmente na área de Educação Física e, em caso de respostas
positivas, se abordam a temática ambiental em sua prática profissional. Dos 61
discentes, 21 (15 [45,5%] do bacharelado e 6 [21,4%] da licenciatura)
responderam que já atuam profissionalmente na área, sendo que 5 (2 [6,1%]
do bacharelado e 3 [10,7%] da licenciatura) afirmaram abordar a temática
ambiental em sua prática profissional. Entre os discentes que afirmaram não
abordar a temática, alegam como motivo principal não terem conhecimento
suficiente, mesmo alguns apontando que gostariam de trabalhar com a
temática. Entre a minoria que afirmou abordar a temática ambiental em suas
práticas profissionais, as ações parecem ser, na maior parte, esporádicas e
quase sempre representando uma visão técnica e utilitarista da natureza
(reforçando o cenário encontrado na análise dos estágios), especialmente

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voltada para a saúde, havendo repetição nas expressões “aproveitar”, “utilizar”,


“aperfeiçoar”. A Educação Física, por ser uma área do conhecimento que tem
como objeto o corpo e o movimento corporal, tendo como conteúdo os
elementos da cultura corporal (jogo, dança, esporte, lutas, ginastica, etc.),
possui um potencial elevado para a emergência de questionamentos que
podem resultar em reconstruções nas relações corpo-ambiente. Nesse sentido,
é dotada de potencialidades para contribuir com as discussões acerca de uma
ressignificação das relações corpo (ser humano)-natureza (meio ambiente), em
contextos escolares e não-escolares, contribuindo para o surgimento de um
habitus ambiental (RODRIGUES, 2018). No entanto, a constatação do pouco
questionamento sobre a temática ambiental pelos futuros profissionais da área,
tanto nas disciplinas como nos primeiros contatos com o campo de atuação
(estágio e primeiros empregos), revela como há poucos indícios que sinalizem
o atual desenvolvimento desse potencial da área.

A pergunta seguinte indagou se os discentes tinham conhecimento ou


participavam de algum projeto de pesquisa ou extensão na Educação Física
que abordasse a temática ambiental. Dos 61 discentes, 57 (32 [97%] do
bacharelado e 25 [89,3%] da licenciatura) afirmaram não participar e não ter
conhecimento de projetos de pesquisa ou extensão que abordam a temática
ambiental no programa. Quando analisamos a percepção dos discentes sobre
os projetos de pesquisa e de extensão, observamos que eles não identificam a
maior parte daqueles apontados pelos docentes como projetos nos quais a
temática ambiental é desenvolvida. Novamente, são identificados apenas
aqueles que têm estreita relação com a temática. Vale novamente o destaque à
importância dos projetos de pesquisa e de extensão como parte dinâmica do
currículo e elemento essencial na busca pela inserção da temática ambiental
de maneira transversal, sendo ainda um lugar de encontro possível entre os
discentes da licenciatura e do bacharelado em Educação Física, assim como
desses alunos com discentes e docentes de outros cursos. Nesse sentido, o
pouco conhecimento e interação dos alunos com os projetos do DEF-UFS que
abordam a temática ambiental é outro dado significativo para a análise
proposta nessa pesquisa.

A última questão para os discentes indagava se a formação em


Educação Física na universidade havia lhe preparado para atuar com a
temática ambiental em sua prática profissional. Dos 61 discentes, 52 (31
[93,9%] do bacharelado e 21 [75%] da licenciatura) responderam
negativamente. Apenas uma minoria dos discentes compreende estar
preparada para lidar com a temática ambiental, apontando, principalmente,
conhecimentos adquiridos pelo currículo, especialmente pela participação em
disciplinas que abordam o tema. Os discentes do bacharelado que
responderam estar preparados para atuar com a temática ambiental disseram
que utilizam os espaços públicos, focando os exercícios físicos para a melhoria
da saúde. Considerando o aumento de profissionais da Educação Física
envolvidos com práticas de atividade física na natureza, a grande questão é
como esses profissionais lidam com a temática em sua prática profissional:

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pensando em extremos opostos temos, de um lado, a apropriação e exploração


da natureza (visão utilitarista) e, do outro lado, vivências que possibilitem a
incorporação de valores ecológicos (somaestéticos-ambientalmente éticos-
ecopolíticos, como descrito por Rodrigues, 2018). Evidentemente, há uma
grande diversidade de possibilidades entre esses opostos extremos,
justificando a necessidade de mais pesquisas sobre o tema.

Diante os resultados dos questionários com os docentes e discentes do


DEF-UFS em relação à abordagem da temática ambiental nos cursos de
Educação Física da UFS, fica evidente a necessidade de um esforço coletivo
dos acadêmicos da área para encontrar “pontos de convergência” entre as
diversas propostas (já existentes e emergentes) que pairam sobre as
significações do “ambiental”. Esse ponto se torna ainda mais significativo ao
destacarmos não só a relevância da inserção da dimensão ambiental na
Educação Física, mas, igualmente, a relevância dos conteúdos específicos da
Educação Física na própria (re)significação das relações ser humano-meio
ambiente (RODRIGUES, 2012a).

Considerações finais

O presente trabalho teve como tema a ambientalização curricular na formação


inicial em Educação Física, objetivando analisar a contribuição dos cursos de formação
inicial em Educação Física da UFS (licenciatura e bacharelado) para preparar os futuros
profissionais dessa área para atuarem com a temática ambiental. A análise foi realizada a
partir dos encontros entre o referencial teórico revisado para a pesquisa e os dados
coletados a partir dos questionários aplicados aos docentes e discentes dos cursos de
Educação Física da UFS, abordando, em geral, a percepção dos atores envolvidos em
relação à formação articulada entre a práxis pedagógica e a temática ambiental. A partir
das análises, foram identificados fatores que limitam a inserção da temática, assim como
fatores que trazem novas possibilidades.

Compreendemos que as contribuições da educação ambiental são diversas em


vários níveis de formação. Reconhecemos também que a educação ambiental abre
possibilidades para a mobilização de ações articuladas entre áreas distintas, por isso, deve
ser entendida como uma ação interdisciplinar e transdisciplinar. A transversalidade da
temática ambiental é, inclusive, uma recomendação dos PCN (BRASIL, 1998), que vem
sendo mantida através da Política Nacional da Educação Ambiental (PNEA – BRASIL,
1999). Ambos os documentos são categóricos na rejeição da criação de uma disciplina
específica de educação ambiental no ensino fundamental e médio, abrindo exceções para
o ensino superior e em cursos de pós-graduação e extensão, quando se fizer necessário.

Apesar da demanda legal/institucional para a inserção transversal e interdisciplinar


da temática ambiental nos currículos em todos os níveis de ensino, não foi o que
conseguimos visualizar no curso de Educação Física da UFS. Tal constatação reforça

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conclusões de outros estudos similares (ver uma relação desses estudos em


RODRIGUES, 2013), evidenciando o pouco espaço conquistado pela temática ambiental
em instituições de ensino, pelo menos da forma como é almejada pelos documentos
oficiais que orientam a educação, assim como pela maior parte das publicações do campo
ambiental. Nesse sentido, após análises acerca de como os cursos de Educação Física da
UFS contribuem para a preparação dos discentes para atuarem com a temática ambiental,
pôde-se concluir que a temática ambiental é muito pouco abordada no curso, sendo que
apenas um docente da licenciatura e dois do bacharelado trazem contribuições mais
claramente especificadas em suas práticas que refletem, diretamente, ações voltadas às
sinergias entre a Educação Física e a temática ambiental. Ainda assim, tais ações são,
majoritariamente, apresentadas em disciplinas optativas e projetos de pesquisa, ou seja,
ações optativas no percurso curricular dos alunos do curso.

A análise também evidenciou relações entre a compreensão dos atores sobre as


possibilidades (importância; necessidade; maneiras possíveis) e limitações da inserção da
temática ambiental nos currículos de Educação Física e as especificidades dos cursos,
licenciatura e bacharelado. A maior parte dos atores da licenciatura fala sobre a inserção
da temática por meio de diferentes manifestações do campo da Educação Física,
reforçando o caráter de transversalidade da temática; alguns exemplos incluem a inserção
da temática a partir do cinema, da mídia-educação, dos esportes na natureza/esportes de
aventura/esportes radicais, das artes e da dança. Já os atores do bacharelado evidenciam,
especialmente, uma compreensão voltada para relações mais diretas às práticas da
atividade física na natureza e como fatores ambientais podem influenciar a/na atividade
física; alguns exemplos incluem considerações sobre o meio para a melhor compreensão
das atividades de natação e atletismo, o reaproveitamento de materiais reciclados para
confeccionar materiais de GR e ensinar aos futuros profissionais a promoverem atividades
físicas utilizando os recursos naturais existentes no ambiente, tais como ruas, árvores,
bancos e obstáculos naturais. Ou seja, observa-se nos discursos dos atores da
licenciatura maneiras de como a Educação Física poderia contribuir para discussões sobre
a temática ambiental (percepção ambiental pela “educação física”), enquanto fica mais
evidente nos discursos dos atores do bacharelado como os fatores ambientais podem
influenciar sobre a atividade física (influência do meio na “educação física”).

Como já mencionado, as disciplinas que dialogam mais diretamente com a


temática ambiental são optativas, sendo possível que os discentes passem pelo curso sem
participar dessas disciplinas. Os demais docentes que afirmam abordar a temática
ambiental o fazem, de maneira geral, indiretamente, ou seja, pela abordagem de
conteúdos que são, na essência, específicos da Educação Física, mas que podem ser
considerados também como discussões ambientais ou relacionadas às relações ser
humano-meio ambiente. Observa-se também que tais abordagens são realizadas de
maneira esporádica, em aulas específicas sobre aquele conteúdo, não tendo uma conexão
direta/planejada com outros conteúdos que poderiam, em seu conjunto, promover uma
abordagem mais significativa da temática ambiental nessas disciplinas. Por fim, a
indicação dos conteúdos sinalizados como propícios para a abordagem da temática
ambiental evidenciam uma abordagem preservacionista e técnica, compreendendo o
ambiente apenas pelos seus aspectos naturais. Vale salientar que não foi objetivo da
pesquisa avaliar a prática dos docentes dos cursos de Educação Física, mas sim

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identificar conteúdos/métodos utilizados ou possíveis de serem utilizados, assim como as


principais dificuldades enfrentadas pelos docentes para a abordagem da temática
ambiental nos currículos de Educação Física no ensino superior.

Analisando a segunda parte do corpus, a saber, as respostas aos


questionários aplicados aos discentes, concluímos que os a maioria dos
discentes compreende que o curso não os preparou para lidar com a temática
ambiental. Ao mesmo tempo, os discentes, em sua grande maioria, afirmaram
sentir a necessidade dessa preparação, um importante indicativo de como o
discurso ambiental já ecoa nas pretensões curriculares/escolares de formação
profissional, um passo essencial para as aspirações legais/institucionais de
ambientalização curricular no ensino superior. Na análise das respostas dos
discentes, novamente ficam bastante evidentes as diferenças entre os cursos
de licenciatura e de bacharelado. Enquanto os discentes do bacharelado
compreendem que a abordagem da temática no curso deverá prepará-los para
atuar com os esportes radicais, os discentes da licenciatura possuem uma
compreensão mais voltada para a escola e compreendem que a temática deve
ser abordada de forma interdisciplinar.

No que se refere a disciplinas que abordam a temática ambiental


possivelmente cursadas pelos discentes durante sua formação, a maioria dos
discentes respondeu não ter cursado disciplina alguma, porém revelaram ter
ciência da existência de disciplinas optativas que abordam a temática. Essa
constatação revela uma importante contradição: os discentes reconhecem a
importância da temática para sua formação e dizem ter conhecimento sobre
disciplinas optativas que abordam a temática, porém, não optam por cursá-las.
Esse indicativo vai ao encontro de um dos principais fatores indicados por
Bluhdorn (2011) como limitantes para a mudança em relação aos problemas
ambientais: sabemos o que mudar e como mudar, muitas vezes temos plena
possibilidade de buscar essa mudança, até mesmo com mínimo esforço, porém
a inércia histórica da maneira em que as coisas sempre foram feitas inibe tais
mudanças; o currículo é um exemplo perfeito, no qual caminhos para a
ambientalização são abertos, porém a estrutura tradicional, aquela seguida
historicamente pelos que se formaram na área, quase sempre prevalece.

No que se refere à disciplinarização da temática ambiental, a maioria


dos discentes da licenciatura e do bacharelado compreende que deveria existir
uma disciplina específica para abordar a temática, coincidindo com o
entendimento da maioria dos docentes. Os discentes também sugeriram que a
temática ambiental poderia ser abordada em algumas disciplinas já existentes
do currículo. Diante desse entendimento, podemos concluir que os discentes
sinalizam para uma inserção da temática ambiental de forma específica, mas
que a existência de uma disciplina não exclui a possibilidade da abordagem ser
atravessada pelas demais disciplinas. Novamente, há um apelo, pelo menos
discursivo, para a mudança. Apesar das dificuldades para a mudança
mencionadas no parágrafo anterior, essa incorporação discursiva já é um

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importante passo para a abertura de possíveis caminhos à ambientalização


curricular.

Como a pesquisa caminhou em torno da formação profissional,


procuramos saber a respeito do estágio supervisionado, mais especificamente,
se os discentes tiveram alguma experiência com a temática em seus estágios.
O resultado foi negativo para a maioria dos discentes. Esse talvez seja um dos
indicativos mais preocupantes: se os discentes não sentem a necessidade de
desenvolver a temática nesse espaço, o qual propicia vivências e experiências
da prática profissional, dificilmente se preocuparão em buscar uma formação
mais voltada para o desenvolvimento de práticas ambientais. Desse modo,
seria essencial que os contratos de estágio firmados entre as instituições
cobrassem essa demanda, ou seja, uma demanda práxica que daria maior
sentido para os processos de ambientalização curricular.

De maneira geral, podemos compreender que a temática ambiental se


materializa nos cursos de Educação Física da UFS ainda de forma pontual e
muito tímida, tanto em relação ao conteúdo como dos métodos, o que leva os
discentes a terem uma compreensão limitada dos conceitos do campo
ambiental e de como a incorporação desses conceitos poderiam contribuir para
suas práticas profissionais. Compreendendo as questões de currículo, os
docentes parecem desenvolver suas disciplinas de forma individualizada,
movido pelo modelo curricular disciplinar presente nos cursos, tendo pouco
conhecimento sobre o que está sendo desenvolvido em outras disciplinas, fator
que também dificulta muito o diálogo entre os docentes e entre as disciplinas,
limitando, assim, o ideário de uma educação (ambiental) transversal.

Diante da relevância da temática ambiental para as instituições de


ensino de uma maneira geral (JUNYENT; GELI; ARBAT, 2003; OLIVEIRA;
FARIAS; PAVESI, 2008; RODRIGUES, 2015c), bem como para a crescente
necessidade da formação de um habitus ecológico nas sociedades
contemporâneas (CARVALHO, 2010), a temática ambiental, enquanto tema
transversal, somente fará sentido quando houver uma mudança na estrutura
curricular, na qual a temática possa encontrar espaços efetivos de inserção em
disciplinas específicas, assim como de diálogo entre as diferentes disciplinas,
sendo assim incorporadas pelos docentes em seus fazeres pedagógicos. Tal
tarefa não é simples, pois, ao mesmo tempo em que esbarra em uma estrutura
curricular historicamente estabelecida, exige dos docentes uma mudança que
só pode ocorrer a partir de um questionamento ao qual não foram preparados
para fazer em suas próprias formações; ou seja, tal transformação curricular
pede que os atores envolvidos na atual estrutura curricular, em sua enorme
maioria formados nessa mesma estrutura, questione-a e a reinvente.

Um caminho possível seria o fomento de políticas públicas para a formação


continuada dos docentes, instigando possíveis transformações e a incorporação de temas
emergentes, tais como a temática ambiental. Porém, essa é também uma fórmula “antiga”
e que esbarra em questões da prática docente, especialmente a falta de tempo em uma

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dinâmica profissional que cada vez demanda uma produção mais eficiente, tanto em
qualidade como em quantidade, assim como os conhecidos limites que nos impomos à
mudança (FAY, 1987). Nesse sentido, a esperança (como sujeito ativo, espelhado no
“esperançar” de Paulo Freire, 2005) parece ser movida por um elemento que transparece
em quase todos os discursos dos docentes que participaram dessa pesquisa: a inquietude
do educador em sua eterna busca pelo constante processo de significar e ressignificar
suas relações consigo, com o outro e com o mundo. Em nossa própria busca por
ressignificações, como pesquisadores, reconhecemos que este estudo não se esgota em
si; a abrangência e a complexidade que pairam sobre a temática proposta justificam novos
estudos em torno dos processos de ambientalização na formação (inicial/continuada) em
Educação Física. Os resultados da pesquisa apresentados nesse manuscrito contribuem
para a ampliação das discussões, “esperançando” avanços nos diálogos sobre caminhos
possíveis para a inserção da temática ambiental nos cursos de Educação Física e abrindo
possibilidades para estudos futuros.

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