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Os Paradigmas do Conhecimento e a Pedagogia

Resumo
Esta Unidade faz uma abordagem epistemológica da pedagogia,
procurando resgatar sua construção histórica desde as origens
filosóficas até os movimentos que visam a instituir um suporte teórico
que confirme sua inserção no campo da cientificidade do
conhecimento. Diante do que analisa sua aproximação às Ciências
Humanas em seus procedimentos de produção de conhecimento, desta
forma, inaugura o campo das Ciências da Educação. A discussão desta
temática está distribuída nos seguintes tópicos principais: A
Epistemologia: Conceito e Questionamentos e Significação; A
construção da Pedagogia: as racionalidades do conhecimento; Os
Questionamentos Epistemológicos da Pedagogia: a especificidade da
pedagogia e as relações com as ciências da educação. Com o que visa
a atingir as metas seguintes: Entender o Conceito de Epistemologia e
o Sentido de seu Questionamento no Campo da Educação; Distinguir
as Concepções de Pedagogia nas diferentes racionalidades do
conhecimento; Discutir os questionamentos da natureza da Pedagogia
em relação aos critérios de cientificidade; e, Caracterizar a relação
entre Pedagogia e as Ciências da Educação.

OS PARADIGMAS DO CONHECIMENTO E A PEDAGOGIA

. A Epistemologia: Conceito, Questionamentos e Significação

A realidade pode ser compreendida e explicada de forma mística,


mítica, científica, filosófica e pelo senso comum. Sendo que,
independente do modo que cada uma destas formas sistematiza o
sentido de ser da realidade, constitui uma busca de conhecimento, de
referência da realidade percebida em seu sentido de ser. Desta forma,
pode-se dizer que a elaboração de sentido envolve, necessariamente,
um sujeito cognoscente – que busca o
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA DA
EDUCAÇÃO
Nelci Aparecida Zanette Rovaris- UNIOESTE1
Maristela, Rosso Walker- UFAC2
Resumo:
Institui-se a partir das Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2006) que a
Pedagogia é responsável pela formação de professores da Educação
Básica: Educação Infantil, séries iniciais do Ensino Fundamental e
formação de professores no nível de Ensino Médio. Segundo Pimenta
(2007), Libâneo (2006, 2007) e Franco (2007) esta mesma Legislação
enfatiza a Pedagogia como docência e não como um fazer
pedagógico que ultrapassa os limites da sala de aula. Perante esta
condição, será a Pedagogia uma ciência da Educação ou um curso
para atuar na docência? Na tentativa de responder a esta indagação,
neste artigo se evidencia os vários olhares constituídos pelos
educadores sobre a pedagogia como ciência da educação e como ela
se apresenta na Legislação em vigor.
A metodologia de pesquisa adotada será o procedimento de pesquisa
bibliográfica, tendo como leituras os textos de autores como Saviani
(2007), Libâneo (1996, 2001) Pimenta (1996), Mazzotti (1996) e
Franco (2008). Como resultados desta pesquisa destacam-se a
certeza da Pedagogia ser a ciência da educação e a necessidade de
uma mudança epistemológica da Pedagogia, tanto na prática quanto
na Legislação que a orienta.
Palavras-chave: Pedagogia. Ciência da educação. Formação de
professores.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a docência no Brasil se constituiu sem prestigio, pois até


hoje os espaços de formação de professores são polêmicos e
indefinidos.
O curso de Pedagogia, como curso de formação de professores da
Educação Básica:
Educação Infantil, séries iniciais do Ensino Fundamental e formação
de professores em nível de Ensino Médio instituído pela Legislação
em vigor (Diretrizes Curriculares- Resolução
CNE/CP n. 1 de 15 de maio de 2006), se encontra em contradição
com a Pedagogia como
Ciência da Educação, segundo Pimenta, Franco e Libâneo (2007), pois
entende-se por esta

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Zanette Rovaris- UNIOESTE1 Maristela, Rosso Walker- UFAC2 Resumo: Institui-se a
partir das Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2006) que a Pedagogia é responsável pela
formação de professores da Educação Básica: Educação Infantil, séries iniciais do
Ensino Fundamental e formação de professores no nível de Ensino Médio. Segundo
Pimenta (2007), Libâneo (2006, 2007) e Franco (2007) esta mesma Legislação enfatiza
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texto tem por objetivo desenvolver um conceito de pedagogia. A pedagogia tem uma
importância incontestável na orientação da prática educativa. A palavra pedagogia vem
do grego (pais, paidos = criança; agein = conduzir; logos = tratado, ciência)….
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O que é pedagogia
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A NOÇÃO DE PEDAGOGIA Pedagogia, do grego antigo ”paidos” que significa


criança e “agode” que significa condução; traduzidos, unidos e adaptados nos dão a
expressão pedagogia. Na Grécia clássica pedagogo era a pessoa responsável por cuidar
das crianças, ensinando-lhes no máximo costumes e hábitos independentemente de sua
formação educacional. Não era um educador, mas cuidador. Traduzindo para tempos
atuais seriam as babas ou o motorista do ônibus escolar. Ainda hoje a pedagogia ainda
traz….
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Relatório de Estágio Joelma pereira silva Águas Claras - DF Tabalho apresentado à
professora Eunice Portela como instrumento de avaliação Formativa da atividade de
relatório Em….
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a pedagogia
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Sistema de Ensino Presencial Conectado pedagogia leilane mendes moreira lilian corrêa
da silva marlisen cléia fonseca nobre vânia gorete mendes gomes vanuza ferreira delfino
produção textual interdisciplinar sobre conhecer a pedagogia Porto Velho 2014
LEILANE MENDES MOREIRA LILIAN CORRÊA DA SILVA MARLISEN CLÉIA
FONSECA NOBRE VÂNIA GORETE MENDES GOMES VANUZA FERREIRA
DELFINO PRODUÇÃO TEXTUAL….
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o que é pedagogia
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SUMÁRIO 1-INTRODUÇÃO.........................................................................3 2-
DESENVOLVIMENTO..............................................................4 2-1 O QUE É
PEDAGOGIA.........................................................4 2-2 DO QUE SE OCUPA A
PEDAGOGIA..................................6 2-3 O QUE É TRABALHO
PEDAGÓGICO.................................8
CONCLUSÃO.............................................................................9 REFERÊNCIAS….
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o que é pedagogia
1003 palavras | 5 páginas

importância na sociedade atual. Nesse caso o curso de pedagogia, com o intuito de que
o discente exponha suas ideias sobre o que é a pedagogia, que é o pedagogo? Relatório
mandado com o texto de José Carlos Libâneo, natureza e identidade da pedagogia. O
que é a Pedagogia e quem é o pedagogo? A pedagogia é o conjunto de conhecimento
sistemático relativo ao fenômeno educativo. A pedagogia se ocupa, de fato, com a
formação escolar de crianças….
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Pedagogia
1183 palavras | 5 páginas
O que é pedagogia? O termo pedagogia, do grego antigo paidagogós, era inicialmente
composto por paidos (“criança”) e gogía (“conduzir” ou “acompanhar”). Outrora, o
conceito fazia, portanto referência ao escravo que levava os meninos à escola.
Atualmente, a pedagogia é considerada como sendo o conjunto de saberes que compete
à educação enquanto fenómeno tipicamente social e especificamente humano. Trata-se
de uma ciência aplicada de carácter psicossocial, cujo objeto de estudo é a educação. A
pedagogia….
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pedagogia
1713 palavras | 7 páginas

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 3 3 CONCLUSÃO 7 REFERÊNCIAS 8 1


INTRODUÇÃO Pedagogia é a ciência que tem por objeto de estudo a Educação, o
processo de ensino e aprendizagem. O sujeito é o ser humano enquanto educando. A
palavra Pedagogia tem origem etimológica, na Grécia Antiga, do termo παιδές (paidés,
"criança") e ἄγο, (ago, "conduzir", pelo "aio"). A Grécia clássica pode ser considerada
berço da Pedagogia, pois é na Grécia que nascem as primeiras ideias acerca da ação
pedagógica, ponderações….
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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA DA


EDUCAÇÃO
Nelci Aparecida Zanette Rovaris- UNIOESTE1
Maristela, Rosso Walker- UFAC2
Resumo:
Institui-se a partir das Diretrizes Curriculares (BRASIL, 2006) que a
Pedagogia é responsável pela formação de professores da Educação
Básica: Educação Infantil, séries iniciais do Ensino Fundamental e
formação de professores no nível de Ensino Médio. Segundo Pimenta
(2007), Libâneo (2006, 2007) e Franco (2007) esta mesma Legislação
enfatiza a Pedagogia como docência e não como um fazer
pedagógico que ultrapassa os limites da sala de aula. Perante esta
condição, será a Pedagogia uma ciência da Educação ou um curso
para atuar na docência? Na tentativa de responder a esta indagação,
neste artigo se evidencia os vários olhares constituídos pelos
educadores sobre a pedagogia como ciência da educação e como ela
se apresenta na Legislação em vigor.
A metodologia de pesquisa adotada será o procedimento de pesquisa
bibliográfica, tendo como leituras os textos de autores como Saviani
(2007), Libâneo (1996, 2001) Pimenta (1996), Mazzotti (1996) e
Franco (2008). Como resultados desta pesquisa destacam-se a
certeza da Pedagogia ser a ciência da educação e a necessidade de
uma mudança epistemológica da Pedagogia, tanto na prática quanto
na Legislação que a orienta.
Palavras-chave: Pedagogia. Ciência da educação. Formação de
professores.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a docência no Brasil se constituiu sem prestigio, pois até


hoje os espaços de formação de professores são polêmicos e
indefinidos.
O curso de Pedagogia, como curso de formação de professores da
Educação Básica:
Educação Infantil, séries iniciais do Ensino Fundamental e formação
de professores em nível de Ensino Médio instituído pela Legislação
em vigor (Diretrizes Curriculares- Resolução
CNE/CP n. 1 de 15 de maio de 2006), se encontra em contradição
com a Pedagogia como
Ciência da Educação, segundo Pimenta, Franco e Libâneo (2007), pois
entende-se por esta

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Reflexão - Especificidade e princípios metodológicos da
Didática do Português
Didática em geral poderá ser entendida como a arte de ensinar, um conjunto de princípios, métodos
e técnicas aplicáveis a uma disciplina, para que a aprendizagem se faça eficazmente. Será, assim, a
interseção das vias pedagógica, científica e metodológica.

O professor de Português deverá ser aquele que produz e reproduz a sua competência falante, a
sua capacidade de observar, descrever e interpretar. Tem de estar informado sobre todos os
campos da Língua, de modo a ser um utilizador proficiente da mesma, assim como um utilizador
consciente de estratégias de ensino. Assim, reconhecerá que está a formar alunos fluentes,
competentes e críticos, treinando-os tendo em conta os valores individuais.

Dado que não se pode ensinar uma língua desconhecendo como se ensina, os professores de
Português deverão ter uma formação que promova a análise e reflexão sobre os objetivos
específicos da sua função, atuando didaticamente. O aprendente é o mais importante centro da
aprendizagem.
Segundo Reis & Adragão (1989), "...ensinar a língua materna é tarefa que pouco se assemelha à
dos outros docentes e exige uma atitude didática original e consistente".

Especificidade da didática da Língua Materna

A Didática da Língua Portuguesa ocupa um lugar muito peculiar no ensino, em particular na relação
que se estabelece entre o professor e os alunos, uma vez que o código linguístico que é ensinado
não é desconhecido dos alunos, também falantes nativos da mesma língua, que a dominam em
diferentes graus de proficiência, mas que a dominam e conhecem (Reis & Adragão, 1989).
Quanto aos conteúdos relacionados com a literatura, o funcionamento da língua, as técnicas de
análise de texto ou de escrita, estes são apreendidos pelos alunos como algo novo, à semelhança
das outras disciplinas. Relembre-se que os alunos estão permanentemente expostos ao uso da
Língua Portuguesa, e à sua utilização, em todos os contextos do seu quotidiano, pelo que o ensino
de um conteúdo tão conhecido de todos é inevitavelmente diferente do ensino de outra disciplina
(Reis & Adragão, 1989). 

Desta forma, o desenvolvimento da competência linguística, sociolinguística e pragmática confluem


para aquilo que se poderá tornar o mais importante nas aulas de Língua Materna, ou seja, para o
desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos.

Princípios metodológicos da Didática da Língua Materna

Sendo o centro do processo ensino-aprendizagem, o discente torna-se mais importante do que


propriamente os conteúdos que são lecionados na aula de Língua Materna. Cada aluno é um ser
único e diferente, detentor de competências e de um ritmo próprio, sendo que a aprendizagem
deverá ser efetuada por aquisições e enriquecimentos sucessivos.
O docente deverá ter a nítida consciência de que a língua é inata a todos os falantes e que a sua
execução varia e sugere estratégias diversificadas. Comunicar oralmente ou por escrito, através da
leitura e da escrita é um comportamento que deve ser regulado pelo professor, pois a ele cabe
propor comportamentos verbais adequados a cada situação e eficientes no alcance dos objetivos
definidos.
As aulas de Português devem assegurar que a aquisição e o aperfeiçoamento das componentes da
prática da língua que acontecem nas aulas se caracterizam pela diferenciação face às que
acontecem noutros contextos, formais ou informais, de aprendizagem, como lugar singular de treino
e de consciencialização linguística.
É crucial que o professor proporcione instrumentos de modo a que os alunos sejam capazes de
relacionar a língua consigo mesmos numa tripla perspetiva: a língua como objeto de conhecimento
(aspeto cognitivo), como objeto de fruição (aspeto lúdico/afetivo) e como objeto de comunicação
(Figueiredo, 2005).

Referências Bibliográficas

 Amor, E. (1996). Didáctica do português. Lisboa: Texto Editora.


 Buescu, H. C., Morais, J., Rocha, M. R., & Magalhães, V. F. (2015). Programa e metas
curriculares de português do ensino básico. Lisboa: Ministério da Educação e Ciência.
 Departamento da Educação Básica - DEB - Ministério da Educação. (2001). Currículo
Nacional do Ensino Básico – competências essenciais. Lisboa: Ministério da Educação.

didática e metodologia
3069 palavras 13 páginas

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1 INTRODUÇÃO

O curso de pedagogia estruturou-se no Brasil em 1939. Desde o primeiro Decreto-lei


que regulamentou seu funcionamento e estrutura. A partir de então muitas mudanças
ocorreram em sua natureza, currículo e funções. Por volta dos anos de 1980 foi iniciada
uma pedagogia com ponto de vista legal e institucional, numa perspectiva crítica.
Afirma o (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC, 2009).
De acordo com Mialaret (1991), a pedagogia idealiza a educação e analisa sua
existência e organização, a mesma está diretamente relacionada com a prática
educativa. 
Como lembra Kowarzik (1988), a pedagogia é a ciência da educação, portanto, é a
teoria e a prática da educação. Investiga teoricamente o fenômeno educativo, formula
orientações para a prática a partir da própria ação prática e propõe princípios e normas
relacionados aos fins e meios da educação.
Segundo Piletti (1986), a Pedagogia se divide em disciplinas filosóficas, científicas e
técnicas. As filosóficas envolvem: história da educação, filosofia da educação,
educação comparada e política educacional. As científicas envolvem: biologia
educacional, psicologia educacional e sociologia educacional. As técnicas envolvem:
administração escolar, higiene escolar, organização escolar e didática geral e especial.
Como lembra Piletti (1986), a didática geral se preocupa com o como ensinar, com os
métodos e técnicas, porém os mesmos em algumas circunstâncias estão na teoria,
tornando-se necessário para aplicá-los na prática, refletir sobre seu fundamento, sobre
as razões do seu emprego e sobre os fatores que intervêm em sua aplicação. Para que
os educadores não se tornem escravos dos métodos e técnicas é necessário refletir
primeiramente sobre a educação.
Aguayo (1932), citado por Piletti (1986), defende que a didática pode ser definida como:
A técnica de estimular, dirigir e encaminhar, no decurso da aprendizagem, a formação
do homem.
Segundo Piletti (1986), tanto a Didática como a Metodologia estudam os

Da Antiguidade até o início do século XIX, predomina na prática-escolar uma aprendizagem de tipo passivo e
receptivo. Aprender era quase exclusivamente memorizar. Neste tipo de aprendizagem, a compreensão
desempenhava um papel muito reduzido.

Esta forma de ensino baseava-se na concepção de que o ser humano era semelhante a um pedaço de cera ou
argila úmida que podia ser modelado à vontade. Na antiga Grécia Aristóteles já professava essa teoria, que foi
retomada frequentemente, ao longo dos séculos, reaparecendo sob novas formas e imagens. A idéia
difundida no século XVII, por exemplo, de que o pensamento humano era como se fosse uma tabua lisa, um
papel em branco sem nada escrito, onde tudo podia ser impresso, é apenas uma variação da antiga teoria.

Ensinava-se a ler e a escrever da mesma forma que se ensina um oficio manual ou tocar um instrumento
musical. Por meio da repetição de exercícios graduados, ou seja, cada vez mais difíceis, o discípulo passava a
executar certos atos complexos, que aos poucos iam se tornando hábitos. O estudo dos textos literários, da
gramática, da História, da Geografia, dos teoremas e das ciências físicas e biológicas caracterizou-se, durante
séculos, pela recitação de cor.

Os conhecimentos a serem adquiridos eram, até certo ponto, reduzidos. E para que os alunos pudessem
repetí-los correta e adequadamente, o professor utilizava o procedimento de perguntas e respostas, tanto em
sua forma oral como escrita. Este era o chamado método catequético, cuja origem remota, pelo menos
cultura ocidental, aos antigos gregos. A palavra catecismo provém do termo grego katechein, que significa
"fazer eco". Este método era usado por todas as disciplinas e consistia na apresentação, pelo professor, de
perguntas acompanhadas de suas respostas já prontas.

O importante nessa forma de aprendizagem era que o aluno reproduzisse literalmente as palavras e frases
decoradas. A compreensão do que se falava ou se escrevia ficava relegada a um segundo plano. Em
conseqüência, o aluno repetia as respostas mecanicamente, e não de forma inteligente, pois ele não
participava de sua elaboração e, em geral, não refletia sobre o assunto estudado.

Embora esse ensino de caráter verbal, baseado na repetição de fórmulas já prontas, tenha predominado na
prática escolar por muito tempo, vários foram os filósofos e educadores que exortaram os mestres, ao longo
dos séculos, a dar mais ênfase à compreensão do que a memorização. Com isso pretendiam tornar o ensino
mais estimulante e adaptado aos interesses dos alunos e às suas reais condições de aprendizagem. Surgiram,
assim, algumas teorias que tentavam explicar como o ser humano é capaz de apreender e assimilar o mundo
que o circunda. Com base nessas teorias do conhecimento, alguns princípios didáticos foram formulados.

Alguns filósofos e educadores que refletiram sobre o conhecimento e elaboraram teorias sobre o ato de
conhecer, que repercutiram no âmbito da pedagogia. São eles:

Sócrates (século V a.C.) Para Sócrates a função do mestre, , é apenas ajudar o discípulo a descobrir, por si
mesmo, a verdade.

Sócrates afirmava que os mestres devem ter paciência com os erros e as dúvidas de seus alunos, pois é a
consciência do erro que os leva a progredir na aprendizagem.

João Amos Comenius (1592 – 1670) Segundo Comenius, dentre as obras criadas por Deus, o ser humano é a
mais perfeita. Dada sua formação cristã, Comenius acreditava que o fim último do homem é a felicidade
eterna. Assim, o objetivo da educação é ajudar o homem atingir essa finalidade transcendente e cósmica,
desenvolvendo o domínio de si mesmo através do conhecimento de si próprio e de todas as coisas. Segundo
ele,

Ao ensinar um assunto o professor deve:


 Apresentar o objeto ou idéia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos
sentidos, principalmente vendo e tocando.
 Mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e a sua aplicação na vida diária.
 Fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às suas causas.
 Explicar primeiramente os princípios gerais e só depois os detalhes.

        Passar para o assunto ou tópico seguinte do conteúdo apenas quando o aluno tiver compreendido o
anterior.

Como se pode ver, esses pressupostos da prática docente já era proclamados por Comenius em pleno século
XVII.

Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827) Defendendo a doutrina dos naturalistas, em especial a de Rousseau,
Pestalozzi acreditava que o ser humano nascia bom e que o caráter de um homem era formado pelo
ambiente que o rodeia. Sustentava que era preciso tornar esse ambiente o mais próximo possível das
condições naturais, para que o caráter do individuo se desenvolvesse ou fosse formado positivamente. Para
ele, a transformação da sociedade iria se processar através da educação, que tinha por finalidade o
desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todas as faculdades e aptidões do ser humano.

Portanto, para Pestalozzi, a educação era um instrumento de reforma social. Ele pregava a educação das
massas e proclamava que toda criança deveria ter acesso à educação escolar, por mais pobre que fosse seu
meio que suas condições fossem limitadas.

Na teoria educacional de Pestalozzi podemos encontrar as sementes da Pedagogia moderna. Foi ele o
primeiro a formular de forma clara e explicita o princípio de que a educação deveria respeitar o
desenvolvimento infantil.

Na concepção de Pestalozzi, o principal objetivo da educação era favorecer o desenvolvimento físico,


intelectual e moral da criança e do jovem, através da vivência de experiências selecionadas e graduadas,
necessárias ao exercício dessas capacidades.

         Para Vygotsky (1991:65):

A escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão do mundo a partir do seu
desenvolvimento já consolidado e tendo como meta, etapas posteriores ainda não alcançadas.

John Dewey (1859 – 1952) A concepção que Dewey tinha do homem e da vida, e que serve de base à sua
pedagogia, é de que a ação é inerente à natureza humana. A ação precede o conhecimento e o pensamento.
Antes de existir como ser pensante, o homem é um ser que age.  A teoria resulta da prática. Logo o
conhecimento e o ensino devem estar intimamente relacionados à ação, à vida prática, à experiência. O saber
tem caráter instrumental: é um meio para ajudar o homem na sua existência, na sua vida prática.

Vygotsky diz (1991:67):

Desde o nascimento, as crianças estão em constante interação com os adultos, que ativamente procuram
incorporá-las à sua cultura e à reserva de significados e de modos de fazer as coisas que se acumulam
historicamente. No começo, as respostas que as crianças dão ao mundo são dominadas pelos processos
naturais, especialmente àqueles proporcionados por sua herança biológica. Mas, através da constante
mediação dos adultos, processos psicológicos instrumentais mais complexos começam a tomar forma.

Embora vários outros filósofos e educadores tenham defendido a necessidade de se rever os processos de
ensino, os educadores aqui apresentados, por sua obra tanto teórica como prática, tornaram-se verdadeiros
marcos do pensamento educacional, e suas idéias repercutiram diretamente no campo da Didática. Eles não
só pregaram a reforma dos métodos de ensino como também aplicaram, em suas práticas educativas, as
idéias que defendiam. Apesar de apresentarem concepções diferentes de educação, os educadores aqui
mencionados tiveram um aspecto em comum: tentaram fazer com que a reforma do ensino não ficasse
restrita a uma elite, mas fosse estendida a parcelas cada vez maiores da população. Nesse sentido, eles
acreditaram na educação popular e tentaram mostrar que qualidade e quantidade não são termos
indissociáveis, e que podem, num certo momento, andar juntos.

Características da Aprendizagem
A partir da contribuição de várias teorias consideramos que a
aprendizagem é um processo dinâmico, contínuo, global, pessoal,
gradativo e cumulativo:

Processo dinâmico
Por realizar-se somente com a atividade do ser aprendente. A
aprendizagem não é um processo de absorção passiva, carece de
atividade tanto externa (física) quanto interna (afetivo-
emocional, intelectual e social).
Processo contínuo
Porque está presente na vida do ser em todas as fases da vida: no
início da vida, na infância, adolescência, idade adulta e no
envelhecimento.
Processo global
Por envolver todos os aspectos constitutivos da personalidade do
ser no ato de aprender.
Processo pessoal
Visto que a aprendizagem é intransferível de pessoa para pessoa
apesar da escola, movida por concepções antigas, ter acreditado
que os professores ao ensinar os conteúdos de suas aulas
levavam os alunos à aprenderem.
Processo gradativo
Por se realizar por meio de operações crescentemente complexas.
A cada aprendizagem novos elementos são acrescidos às
experiências anteriores (pontos de ancoragem) em dimensão
gradativa e ascendente.
Processo cumulativo
Visto que a experiência de aprendizagem atual utiliza-se das
experiências anteriores.

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