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O calendário da Páscoa judaica

A primeira coisa que se deve atentar quando se trata de entender as datas


dos evangelhos referentes à crucificação do SENHOR, é o fato de que
devemos pensar em termos de calendário judaico, tanto no que diz
respeito aos dias do mês, como da semana, e das horas.
Como já vimos, o calendário judaico difere substancialmente do nosso,
não só em termos do início de seu ano civil (mês de Nisã ou Nisan),
equivalente a Março ou Abril de nosso calendário, como também pelo fato
de os dias do mês não serem coincidentes, uma vez que o mês judaico é
mais curto. Os dias da semana, no entanto, são os mesmos.
Veja que a contagem das horas nos relatos dos evangelhos também difere
da nossa. Em Mt 27:45 lemos que “desde a hora sexta houve trevas sobre
toda a terra, até à hora nona”, o que em nossa contagem de tempo
equivale dizer entre o meio-dia e 15 horas, pois as horas, neste caso, são
contadas a partir das 6 da manhã.
Desta forma, quando pensarmos em termos de “dia da semana”, temos
que recordar que a sexta-feira, por exemplo, que para nós começa à meia
noite da quinta-feira, para o judeu começa às 18 horas da nossa
quinta-feira, seis horas antes.
Nos dias de hoje, em termos comerciais, Israel acompanha o horário civil
padrão do mundo cristão. Em outras palavras, se você consultar o site do
jornal Jerusalém Post (www.jpost.com) , por exemplo, numa sexta-feira,
às 20 horas, embora os judeus religiosos estejam recolhidos celebrando o
Sábado, seu dia de descanso, o horário demonstrado é GTM +2
(Greenwich Mean Time) da sexta-feira, e não o horário religioso. A
principal finalidade de manutenção do calendário judaico diz respeito à
rigorosa observação das festas e dias de descanso.
Não é possível, desta forma, ler os textos referentes à última Páscoa de
Jesus pensando em termos de março ou abril, ou mesmo nas tábuas
pascais que adotamos, que são católicas. O cálculo católico é feito para
sempre coincidir a morte de Jesus numa sexta-feira, de maneira que todos
os anos se celebra a páscoa num fim de semana. Em termos comparativos
é como se você tivesse nascido num Domingo e desde então comemorasse
seu aniversário sempre aos domingos.
Dirão alguns que o importante é celebrar o fato, e não a data. Mas a
verdade é que ao deixarmos o fato de lado, deixamos de compreender,
conforme veremos, o real significado dos acontecimentos.
Esquecendo o calendário pascal católico, que por ser pagão é
completamente equivocado, vejamos que a Páscoa bíblica se inicia com a
preparação do cordeiro no dia 14 de Nisan, primeiro mês do calendário
judaico: “Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o
primeiro dos meses do ano.” (Êxodo 12 : 2) “No mês primeiro, aos catorze
do mês, pela tarde, é a Páscoa do Senhor.” (Lv 23:5)
No dia 14 de Nisan os judeus preparavam, segundo a Lei de
Moisés, o cordeiro pascal, sendo por isto chamado de “dia da
preparação”. O sangue do cordeiro era aspergindo nos umbrais
das portas como memorial da passagem do anjo da morte pelo
Egito. Conforme a Lei, as famílias deveriam desde o entardecer
do dia 14 se recolher para dentro de seus lares a fim de “comer
a Páscoa”, e desta forma, a ceia pascal já ocorria nas primeiras
horas do dia 15 de Nisan.
Quando em nossa cultura pensamos em primeiras horas, pensamos em
horas da manhã, mas na contagem de tempo judaica, bíblica, portanto,
refere-se às primeiras horas depois do por do sol.
Os elementos da ceia pascal são a carne do cordeiro, o pão sem fermento,
e as ervas amargas que eram comidos à noite: “E naquela noite comerão a
carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.”
(Êxodo 12:8)

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