Você está na página 1de 38

AS CELEBRAÇÕES DAS

estas
Judaicas
1
NEM TÃO DIFERENTE...
• Os israelitas também fazem coincidir algumas festas com o ciclo do
tempo;

• Estas festas podem ser de três tipos:


• 1) as festas propriamente ditas (festas da peregrinação) = celebram e
atualizam o êxodo.
• 2) festas austeras; = celebram o evento do mau uso da liberdade humana,
lembrando da infidelidade do homem em relação a Deus;
• 3) festas menores = não possuem sua origem num mandamento da Torá,
mas se referem a acontecimentos secundários.
1
NEM TÃO DIFERENTE...
• A diferença se encontra no
conteúdo teológico;

• As celebrações dessas festas


são feitas na sinagoga,
através de acréscimos de
textos particulares que
compõe as liturgias da
manhã, tarde e noite.
4
AS FESTAS DA PEREGRINAÇÃO
PESAH SHAVU’OT SUKKOT
• Israel possui suas festas e as
celebra. Celebrar, tais festas, é
recordar e fazer memória dos
eventos importantes da
comunidade.
• A festa manifesta, aqui, a esperança
dum povo que relaciona-se com o
Senhor, bendizendo-o pelo êxodo e
por sua aliança.
3 O SENTIDO DA FESTA
• A festa tem o sentido de afirmar a bondade do mundo.
• O homem como sujeito bom.
• O mundo como Objeto bom.
• Divino como fundamento da bondade de um e de outro.

• Sentido de toda festa: valor positivo de toda a existência.


3
O SENTIDO DA FESTA
• A festa se forma em três momentos:
• 1 - Rejeição do negativo e da morte
• 2 - Afirmação da qualidade da vida.
• Alegria: “Por ocasião de tuas festas, tu te alegrarás. E ficarás alegre com tua festa.
Tu, teu filho e tua filha, teu servo e tua serva...” (Deuteronômio 16,14).
• 3 - A festa é a afirmação do fundamento ontológico da bondade do homem
e da sua significação.
• A vida humana ganha um sentido para além das derrotas históricas e de toda a
privação.
• Além de fixar esse sentido, aponta os meios para sua realização.
• Apresenta um horizonte além do profano: horizonte Divino, Sagrado.
3 AS FESTAS AGRICOLAS E SUA
HISTORICIZAÇÃO
• As três principais festas Judaicas (Páscoa, Pentecostes e Tabernáculo),
tem origem agrícola.
• Estão diretamente ligadas as três principais épocas de colheita do ano.
• PÁSCOA: colheita da cevada na Primavera.
• PENTECOSTES: colheita do trigo no Verão.
• TABERNÁCULO: colheita dos frutos no Outono .
• Exprimem a alegria do povo que se reconhece nutrido por Deus.
• Era costume religioso ofertar parte da colheita à divindade.
• A oferta do produto à Deus é uma auto definição e de reconhecimento.
• Os bens da terra pertencem ao Senhor. Os homens podem usá-los como
beneficiários.
3
AS FESTAS AGRICOLAS E SUA
HISTORICIZAÇÃO
• Três conceitos simbólicos da oferta:
• Os frutos recolhidos são de Deus.
• Deus os dá de presente ao Homem.
• São usufruídos na lógica da vontade de Deus.
• Havia uma insistência para que nestes dias de festa não houvesse carência.
• “E ficarás alegre com tua festa. Tu, teu filho e tua filha, teu servo e tua
serva...” (Deuteronômio 16,14).
• Condividir os bens da terra é um indicativo teologal:
• “Amarás a Javé, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, e
com toda a tua força” (Dt 6,5)
3 AS FESTAS AGRICOLAS E SUA
HISTORICIZAÇÃO
• Da mesma forma o sacrifício
de animais tem lugar
privilegiado no templo de
Jerusalém com seus dois
sentidos:
• Reconhecimento do
Senhorio e
• Espirito de coparticipação.
3
HISTORICIZAÇÃO DAS FESTAS
• As celebrações passaram a não ser mais centralizadas em eventos
naturais, mas em fatos históricos.
• PÁSCOA: libertação do Egito.
• PENTECOSTES: Torá.
• TABERNÁCULO: seus frutos de alegria.

• Este processo de historicização tem um motivo: a centralidade da


história e originalidade do povo judeu está na descoberta de que a terra
produzirá “leite e mel” em abundância.
• Porém, não espontaneamente. Somente se Israel for fiel à aliança.
3
HISTORICIZAÇÃO DAS FESTAS
• Este novo sentido que se dá às festas, não as contradiz. Mas atribui
radicalidade.
• A originalidade é ter superado o mero sentido natural e atribuir a
abundância dos frutos à liberdade de suas escolhas.
2
A FESTA DE PESAH: Livro da “Lei oral”

o esplendor das origens


• O Pesah é a maior festa judaica, não somente do judaísmo pós-bíblico,
que lhe dedica um tratado especial da Mishnah (Pesahim) mas do
próprio antigo testamento.
2
ORIGENS:
• Festa agrícola que se
tornou a comemoração por
excelência da libertação
do Egito.

• Não se tem registros de


quando se deu esta
passagem.
2
R. DE VAUX E SEU RESUMO
• A Páscoa era provavelmente uma festa pré-israelita, a dos Ázimos
talvez de origem canaanita, que tornou-se israelita.

• Celebradas durante a primavera (Deus libertou Israel e o tronou um


povo eleito "em certa primavera". Este fato se encerrou na instalação
do povo na Terra Prometida);

• Os aspectos similares destas duas festas (dos ázimos e da libertação)


uniram-se historicamente na festa da Páscoa;
2
ASPECTOS TEOLÓGICOS
• A nova forma de celebrar a Páscoa
• A Páscoa Hebraica:                                  As Festas Agrícolas:
• *Celebra a Libertação                                 *Celebram a fecundidade

• Desta forma não há justaposição, mas reinterpretação e aprofundamento;


• O seder, como coração da liturgia familiar, se celebra o pesah de forma
rica e cheia de fantasia, já na sinagoga a celebração é essencial e concisa.
• Não cancela a antiga celebração;
2
ASPECTOS TEOLÓGICOS
• A liturgia da manhã, do meio-dia e da
tarde tem a mesma estrutura, salva as
algumas ampliações da benção central
da tefillah, do hallel e das leituras
especiais.
• Uma bênção conhecida apresenta o
sentido teológico da páscoa:
• (ver na página 218)
• Neste texto os aspectos naturais,
históricos e os interpretativos da
páscoa são inseridos num contexto de
eleição e santificação;
2
ASPECTOS TEOLÓGICOS
• Desta forma fica expresso que Deus não salva Israel e o tempo de
forma individual, mas ambos de forma interligada;
• Outro elemento da celebração da pascal na sinagoga é a reza do hallel
(Sl 113-118) feito depois da tefillah da manhã.
• O terceiro elemento é a leitura de uma das cinco megillot (rolos): O
Cântico dos Cânticos, que evidencia o elo entre este poema de amor e
a páscoa. Uma vez que só por meio da libertação oferecida por Deus é
que o homem pode amor.
2
OUTROS ASPECTOS:
• A benção sacerdotal, reservada aos
kohanim;
• Oração pelo orvalho (tefillat tal), que neste
tempo substitui a oração pela chuva;
• A contagem do 'omer, (em hebraico:
"medida"), cujo significado está ligado à
Pentecostes:
• Os piyyutim (poemas litúrgicos de caráter
popular sobre determinados aspectos da
páscoa)
1
A FESTA DE SHAVU’OT (28–30 maio)
a oferta das primícias
• Shavu’ot em hebraico significa semanas;
• é a tradicional festa de pentecostes, festa das primícias. A festa da páscoa
(ázimos) é a preparação para esta.
• Pentecostes significa 50 dias após a Páscoa;
• Ambas as festas (páscoa e pentecostes) celebram a mesma lógica teológica: o
reconhecimento de Deus como benfeitor da terra e como senhor da história. (Dt
26, 1-11)
1
A FESTA DE SHAVU’OT
a oferta das primícias
• Até a destruição do templo de Jerusalém em 70 d.C, o sentido da festa
era reconhecer que os frutos da terra são dons de Deus.

• Na Mishnah, a festa das primícias era descrita assim:


• “Como as primícias eram levadas a Jerusalém? Os habitantes da cidade [...] se
uniam em um lugar e passavam a noite ao relento, sem entrar nas casas. De
manhã cedo o oficial chamava [...] Aqueles que habitavam perto de Jerusalém,
levavam figos frescos e cachos de uva, enquanto os que habitavam mais longe
traziam figos secos e uvas passas...
1
A FESTA DE SHAVU’OT
a oferta das primícias
• Quando o templo foi destruído, a festa perdeu o seu caráter agrícola e
passou a acentuar a história; = festa do dom da Torá

• Esta nova dimensão não renega a festa das primícias, mas explicita sua
condição principal: responsabilidade de realizar a justiça, sem a qual
os frutos se transformam de bênção em maldição;

• A terra onde mana leite e mel não é a terra geográfica de Canaã, mas a
teológica = onde se vive de acordo com a Torá.
1
A FESTA DE SHAVU’OT
a oferta das primícias
• Pentecostes torna-se a festa da Torá.
• Lê-se muitos textos bíblicos que enfatizam a
libertação da escravidão e enfeita-se a sinagoga
com ramos verdes que recordam as primícias.

• Lê-se a Migillah (rolo) de Rute por três motivos:


• Nela se fala de ceifa e messe;
• A protagonista é descendente de moabitas (adversários de
Israel) = sublinha o universalismo do pentecostes judeu.
• Para ensinar que a Torá só é dada através da pobreza e do
sofrimento. (“houve no país uma fome)
1
A FESTA DE SHAVU’OT
a oferta das primícias
• Outro nome para a festa de pentecostes é
‘aseret, que significa conclusão.
• Tal significado tem duplo sentido:
• A festa de Shavu’ot termina o ciclo da
oferta das primícias, iniciada com a
colheita da cevada;
• Em nível histórico, a festa de Shavu’ot
conclui o sentido da páscoa, que se
consuma no dom da Torá.
• (Maimônides e o exemplo do amigo =
relação páscoa, pentecostes e Torá)
1
A FESTA DE SHAVU’OT
a oferta das primícias
• O sentido de completude da páscoa se dá porque Deus libertou o povo
hebreu do Egito para fazer-lhes o dom da Torá.
• Nela o judeu passa do viver para si (escravidão) para o viver segundo
Deus (liberdade).
• Assim, pentecostes celebra duas coisas:
• A fecundidade da terra;
• A obediência do homem;

• A terra só será fecunda se o homem colaborar segundo a aliança


4

A FESTA DE SUKKOT:
a alegria da colheita
• Popularmente a conhecemos como a festa das tendas ou das colheitas.
• Festa por excelência das festas da peregrinação e das colheitas do ano.
• Se estende por sete dias, terminando no oitavo dia, chamado de Simhat
Torah, “Alegria pela Torá e para ela”.
• Antigamente, nesta festa, as moças saíam com vestes brancas às ruas e
lá, dançando, entoavam cantos.
• No Novo Testamento, os homens religiosos e importantes, da cidade,
dançavam dentro do Templo, cantando com tochas acesas nas mãos.
4
A FESTA DE SUKKOT:
a alegria da colheita
• Era a festa da última
colheita do ano,
principalmente do vinho e
do óleo. O ritual era rico e
original.
• Tinha especial
particularidade o rito de
lulav e a libação da água.
4

O RITO DE LULAV
• Lulav: rito de indicação de como a festa das tendas deve ser celebrado. Ligado ao
mandamento do Levítico 23,40-44:

“No primeiro dia tomareis frutos de árvores de cedro, folhas de palmeiras, feixes
de mirto e de salgueiros da torrente; e alegrar-vos-eis durante sete dias diante do
Senhor, vosso Deus. Cada ano celebrareis esta festa durante sete dias em honra
do Senhor. Esta é uma lei perpétua para vossos descendentes. Celebrá-la-eis no
sétimo mês. Habitareis em barracas de ramos durante sete dias: todo homem da
geração de Israel habitará em barracas de ramos, para que saibam os vossos
descendentes que eu fiz habitar os israelitas em barracas de ramos, quando os
tirei do Egito. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” foi assim que Moisés falou aos
israelitas, prescrevendo-lhes as festas do Senhor.”
4
O RITO DE LULAV
- Os quatro tipos humanos -

• Cedro: tem gosto e cheiro. Inteligência e bondade.


• Palma: tem gosto, mas sem cheiro. Inteligência, mas não bondade.
• Mirto: tem cheiro, mas sem sabor. Bondade, mas não tem inteligência.
• Salgueiro: sem sabor e cheiro. Homem sem inteligência e bondade.
4

O RITO DA LIBAÇÃO DA ÁGUA


• Os sacerdotes carregavam, por toda a noite, a água em garrafas douradas, da
fone de Siloé até o átrio do Templo, acompanhados pela população em festa,
que vinham com tochas e lanternas, dançavam e cantavam, recitavam salmos
de peregrinação e tocavam instrumentos.
• A água era utilizada na manhã seguinte. Como libação durante o culto da
manhã.
• Para quê? Talvez, em tempos antigos, para pedir, ao Senhor, o dom de uma
água abundante.
• O rito desapareceu, com a destruição do templo, migrou com leves traços,
para a liturgia das sinagogas, chamando-se de tefillah geshem, oração pela
chuva.
4

LIBAÇÃO DA ÁGUA

• Era a festa de extrema alegria


(Jo 7,37-39). A Tradição
Judaica relata que aquele que
quem não foi a ela, e não tocou
na água, não é conhecedor da
verdadeira alegria.
4
O RITO DA LIBAÇÃO DA ÁGUA
• Após a colheita viria o inverno. Se a
colheita tivesse sido boa, o inverno não
seria de ameaças. A festa representava essa
lógica religiosa: a presença de Deus e a
dependência, do povo pelos frutos da terra.
• O primeiro elemento da festa, era a armação
das tendas (feitas em casa).
• O objetivo principal, não era agradecer
pelos frutos, mas a presença de Deus que os
dá.
4

O RITO DA LIBAÇÃO DA ÁGUA


A Simhat Torah “o dia mais alegre de todos” possuía rituais importantes que
recordavam que a Torá significa, ao judeus, uma coroa que se carrega com alegria,
para sempre.

+ Lê-se a última parte de Deuteronômio e imediatamente as primeiras páginas do


Gêneses, para não interromper o ciclo da Torá.
+ O ápice da festa estava nas setes voltas que se fazia, em procissão, ao redor da
sinagoga. Tiravam-se rolos da Arca e os fiéis carregam nas mãos, enquanto as
crianças agitavam bandeirinhas exclamando alegria por causa da Torá.

Este costume está voltando, atualmente, publicamente em Israel.


4

O RITO DA LIBAÇÃO DA ÁGUA


4

O RITO DA LIBAÇÃO DA ÁGUA


• Durante as voltas, o povo entoava ladainhas de versículos da Escritura,
junto com cantos, danças, orações e preces. Isso tudo exprimia a
familiaridade de Israel com Deus, cuja vontade de amor inclui todos
os frutos da terra, e cuja palavra de salvação, revelada na Torá, é fonte
de alegria e de vida.
2
O ACRÉSCIMO DE UM NOVO DIA
FESTIVO NA DIÁSPORA

• A festa dura 7 dias, desde a tarde do dia 15 de Nisan até à tarde do dia
21;
• A de pentecostes, somente um dia, o dia 6 de Sivan;
• A dos tabernáculos durava 8 dias, de 15 a 21 de Tishri.
• Essas datas valem apenas para o Estado de Israel e antigamente para a
comunidade que residia em Yom tov sheni shel galuyot, o "segundo
dia da diáspora".
2
MOTIVO

• A discordância entre a prática litúrgica da diáspora e a da pátria-mãe,


encontra-se na complexidade do calendário hebraico e seu ciclo duplo:
lunar e solar;
• As celebrações que em suas origens eram agrícolas, obedeciam ao
ciclo lunar. Que era comunicado por meio de mensageiros e sinais, o
inicio de cada mês, as cidades da diáspora de forma que as
comunidades distantes eram informadas com atrasos. Diante disso
surgiu a necessidade de criar um dia festivo adicional, o Yom tov sheni
shel galuyot.
2
MOTIVO

• Este costume continuou mesmo após a fixação do calendário no século


IV da era cristã, quando o patriarca Hillel II publicou um calendário
baseado nos cálculos astronômicos.
• O Talmud perpetua esta tradição, mas atualmente o dia festivo
adicionado é observado pelas comunidades ortodoxas, enquanto foi
abolido pelas comunidades reformadas, que o consideram como
duplicata inútil.

Você também pode gostar