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Dedicatória

À meus pais, Raimundo e Maria Leonor

À meus irmãos, Fábio, Fabiola e Fabiana


SUMÁRIO

Dedicatória

Introdução

Pentecostes no Antigo Testamento

Pentecostes no Novo Testamento

Pentecostalismo e os Grandes Avivalistas

Chegada e o Desenvolvimento do Pentecostalismo nos EUA

Chegada e o Desenvolvimento do Pentecostalismo no Brasil

Igrejas Pentecostais no Brasil

Referências Bibliográficas
Introdução

A Origem Histórica do Movimento Pentecostal irá nos mostrar de forma


simples e objetiva toda a trajetória desde o Antigo Testamento até os dias
atuais o significado da palavra Pentecostes, depois sua estruturação como um
movimento religioso. Convoco os cristãos em geral de toda a procedência,
pentecostais, carismáticos, reformados e tradicionais a fazerem uma reflexão
sobre este trabalho espetacular.

Muitos cristãos, principalmente os Pentecostais não sabem a história do


cristianismo, e consequentemente não sabem a história da sua Igreja, e nem
se quer sabem como se originou ou quais são seus fundadores. Por isso fiz
um breve histórico de um
movimento religioso protestante que revolucionou o mundo.

No primeiro capítulo veremos o significado e o sentido original da festa


de Pentecostes descrita no Antigo Testamento, onde era simplesmente uma
das três festas anuais que Deus estabeleceu para o povo Judeu. No segundo
capítulo veremos similarmente como a festa de Pentecostes passou a
significar após a decida do Espírito Santo, pois até então a festa tinha um
significado diferente. Os pentecostais atuais se apropriam de desse episódio
para defender sua tese do batismo com o Espírito Santo, relatado em Atos 2.

O capítulo três vai falar sobre os avivalistas que revolucionaram o mundo


nos séculos XVI ao XIX através da pregação do arrependimento e salvação.
Eles foram os percursores do pentecostalismo moderno, pois influenciaram
os pregadores pentecostais. O capítulo quatro vai nos mostrar a origem e o
desenvolvimento do pentecostalismo nos Estados Unidos, onde pregadores
norte-americanos foram influenciados pelos avivalistas. Os EUA também foi
berço do pentecostalismo moderno, onde na rua Azuza, Califórnia, o mundo
foi incendiado com a chama do evangelho.

No capítulo cinco veremos a chegada do movimento pentecostal no


Brasil, vinda dos Estados Unidos, seu estabelecimento como denominação,
onde ganhou espaço na sociedade, cresceu e se expandiu. No capítulo seis
verificaremos historicamente algumas igrejas pentecostais no Brasil, nos
quais foram as iniciantes no processo de evangelização e de seus líderes que
tiveram grande papel em desenvolver o Ide de Jesus Cristo.
Capítulo 1

Pentecostes no Antigo Testamento

VOCÊ DEVE ESTAR SE PERGUNTANDO, o que a festa de


Pentecostes descrita no Antigo Testamento tem a ver com o Movimento
Pentecostal atual? Calma! Muita calma nessa hora. Não quero afirmar que
SIM e que NÃO. Buscaremos entender o objetivo da festa e a etimologia da
palavra que originou a nomenclatura “Pentecostal”.
No antigo calendário judaico existiam três festas anuais: Páscoa,
Primícias e Colheita (Êx. 23: 14-17). A partir do domínio Grego, a festa da
Colheita recebeu o nome de Pentecostes. O Pastor e Teólogo Juanribe
Pagliarin[1] escreve sobre Pentecostes:

Era uma das três festas mais importantes e obrigatórias para o Povo de
Deus, na qual celebrava a colheita abençoada por Deus. Entenda: a primeira
festa era a Páscoa, na qual o Cordeiro foi sacrificado para nos livrar da morte
(Jesus é a nossa Páscoa: 1 Co 5:7). A segunda festa era a das Primícias, que
acontecia do dia seguinte ao sábado de Páscoa (Jesus ressuscitou no dia
seguinte ao sábado daquela Páscoa e é a “primícias dos que dormem” (1Co
15: 20-23). E a Festa de Pentecostes acontecia sete semanas após o domingo,
ou seja, cinquenta dias depois da Festa das Primícias. (PAGLIARIN, 2010, p.
246).

O nosso estudo será sobre a festa da colheita (Pentecostes), como parte do


culto do povo hebreu. Mas quero provar que o povo hebreu não era um povo
agrícola, mas sim nômades pastores de ovelhas. Segundo Tércio Machado
Siqueira[2], professor de Antigo Testamento da Universidade Metodista de
São Paulo (UMESP), a festa da colheita tem origem cananeia e de outros
povos do Oriente Médio. Ele estabelece três razões:

1. Os agricultores sedentários cananeus dominavam os férteis vales


de Canaã quando os hebreus chegaram à Canaã;
2. Originalmente, os hebreus ou israelitas não eram agricultores,
mas pastores de ovelhas, vivendo como seminômades nas montanhas
centrais e estepes localizadas nas periferias das ricas regiões agrícolas de
Canaã;
3. Pouco a pouco, o povo israelita veio tornar-se agricultor e
sedentário.
Tércio afirma que Pentecostes não é o nome próprio da terceira festa do
antigo calendário bíblico, no Antigo Testamento (Ex 23.14-17; 34.18-23).
Originalmente, essa festa é referida com vários nomes:

1. Festa da Colheita ou Sega - no hebraico hag haqasir. Por se


tratar de uma colheita de grãos, trigo e cevada, essa festa ganhou esse
segundo nome. Provavelmente, hag haqasir Festa da Colheita é o nome
original (Ex 23.16).
2. Festa das Semanas - no hebraico, hag xabu´ot. A razão desse
nome está no período de duração dessa celebração: sete semanas. O
início da festa se dá, cinquenta dias depois da Páscoa, com a colheita da
cevada; o encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm
28.26; Dt 16.10).
3. Dia das Primícias dos Frutos - no hebraico yom habikurim. Este
nome tem sua razão de ser na entrega de uma oferta voluntária, a Deus,
dos primeiros frutos da terra colhidos naquela sega (Nm 28.26).
Provavelmente, a oferta das primícias acontecia em cada uma das três
tradicionais festas do antigo calendário bíblico. Na primeira, Páscoa,
entregava-se uma ovelha nascida naquele ano; na segunda, Primícias,
entregava-se uma porção dos primeiros grãos colhidos; e, finalmente, na
terceira festa, Colheita ou Semanas, o povo oferecia os primeiros frutos
da colheita de frutas, como uva, tâmara e figo, especialmente.
4. Festa de Pentecostes. As razões deste novo nome são várias: (a)
nos últimos trezentos anos do período do Antigo Testamento, os gregos
assumiram o controle do mundo, impondo sua língua, que se tornou
muito popular entre os judeus. Os nomes hebraicos - hag haqasir e hag
xabu´ot - perderam as suas atualidades e foram substituídos pela
denominação Pentecostes, cujo significado é cinquenta dias depois (da
Páscoa). Como o Império Grego assumiu o controle do mundo, em 331
anos antes de Jesus, é provável que o nome Pentecostes ganhou
popularidade a partir desse período.

Enquanto a Páscoa era uma festa caseira, a festa da Colheita, Semanas ou


Pentecostes era uma celebração agrícola, originalmente, realizada na roça, no
lugar onde se cultivava o trigo e a cevada, entre outros produtos agrícolas.
Posteriormente, essa celebração foi levada para os lugares de culto,
particularmente, o Templo de Jerusalém. Os muitos relatos bíblicos não
revelam, com clareza, a ordem do culto, mas é possível levantar alguns
passos dessa liturgia:

1. A cerimônia começava quando a foice era lançada contra as


espigas (Dt 16.9). É bom lembrar que deveria ser respeitada a
recomendação do direito de respigar dos pobres e estrangeiros (Lv
23.22; Dt 16.11);
2. A cerimônia prosseguia com a peregrinação para o local de culto
(Ex 23.17);
3. O terceiro momento da festa era a reunião de todo o povo
trabalhador com suas famílias, amigos e os estrangeiros (Dt 16.11). Essa
cerimônia era chamada de "Santa Convocação" (Lv 23.21). Ninguém
poderia trabalhar durante aqueles dias, pois eram considerados um
período de solene alegria e ação de graças pela proteção e cuidado de
Deus (Lv 23.21);
4. No local da cerimônia, o feixe de trigo ou cevada era apresentado
como oferta a Deus, o Doador da terra e a Fonte de todo bem (Lv
23.11).
5. Os celebrantes alimentavam-se de parte das ofertas trazidas pelos
agricultores;
6. As sete semanas de festa incluíam outros objetivos, além da ação
de graças pelos dons da terra: reforçar a memória da libertação da
escravidão no Egito e o cuidado com a obediência aos estatutos divinos
(Dt 16.12).

Todas as festas, ao longo da história do povo judeu, sofreram mudanças.


São mudanças significativas, contudo, não perderam seu sentido natural e
original. Assim na formação da Cultura de Israel ocorreram mudanças quanto
ao nome. Veja:

... hebreu » israelita » judeu » judeu da diáspora...


Com a festa da colheita ou Semanas ocorreu a mesma coisa:

... Festa da Colheita » Festa das Semanas » Festa de Pentecostes.

Com a influência da Cultura Grega no mundo judeu, a partir do século IV


a.C., o nome da festa passou a se chamar Pentecostes, cujo significado é
cinquenta dias depois (da Páscoa), substituindo os nomes antigos. O livro de
Atos dos Apóstolos usa o nome Pentecostes (Atos 2:1).

A festa de Pentecostes era a mais frequentada dentre todas as festividades


religiosa do calendário judeu. Na ocasião chegaram a Jerusalém
representantes judeus e gentios tanto da Judeia como de outras nações.

Não quero cometer o erro de afirmar que a Festa de Pentecostes descrita


no Antigo Testamento está estritamente ligada ao Movimento Pentecostal
atual, como uma doutrina estabelecida, com dons carismáticos, mas somente
entender a instituição, objetivo, finalidade e etimologia da palavra
Pentecostes. Mas no próximo capítulo aprofundaremos nesse estudo e
entenderemos basicamente os motivos os quais o Movimento Pentecostal se
baseia nos relatos de Atos dos Apóstolos que está ligada diretamente ao dia
de Pentecostes e a Descida do Espírito Santo. Fique Ligado!
Capítulo 2

Pentecostes no Novo Testamento

VIMOS NO CAPÍTULO ANTERIOR a origem, o objetivo, a etimologia


da festa de Pentecostes. Olhamos agora para o Novo Testamento, vemos que
o sentido da festa continua sendo a mesma, mas quando o Espirito Santo
desce no dia Pentecostes a referência a esse dia não é mais da festa da alegria
de colheita, mas sim de uma grande colheita de almas para o Reino de Deus
com o Evangelho de Jesus Cristo. (Atos 2).

A única referência que o Novo Testamento faz a festa de Pentecostes é


em Atos do Apóstolos, capítulo dois. Para facilitar a compreensão,
apresentaremos uma
descrição deste capítulo para extraímos informações que pretendemos
fazer.

Cumprindo o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo


lugar; e de repente, veio do céu um som, com de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas
línguas repartidas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E
todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém
estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão
debaixo de céu. E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava
confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos
pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são
galileus todos esses homens que estão falando? Como pois os ouvis, cada um,
na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medos, elamitas e
os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capodócia, e Ponto, e Ásia, e
Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros
romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes, todos os temos
ouvidos em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos se
maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns aos outros: Que quer isto
dizer? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mostos. (Atos dos
Apóstolos 2: 1-13).

No Antigo Testamento, existiam três espécies de personalidades que


recebiam o Espírito Santo: Reis, Profetas e Sacerdotes. Mas Deus, pela sua
infinita misericórdia falou ao seu povo e aos posteriores através de um
profeta que seriam cheios do Espírito Santo. A profecia do derramamento do
Espírito Santo sobre toda a carne, foi dita por Joel.

E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda carne, e


vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os
vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas,
naqueles dias, derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu e na
terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a
lua, em sangue, antes que venham o grande e terrível dia do SENHOR. E há
de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque
no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR
tem dito, e nos restantes eu o SENHOR chamar. (Joel 2: 28-32).

Faremos uma pequena análise das duas referências bíblicas anteriormente


citadas. O Espírito Santo era restrito a poucas pessoas, mas Joel profetizou
que o Espírito Santo seria derramado sobre toda a carne, conforme Joel 2.28.
A profecia de Joel se cumpriu mais de 400 anos depois, que foi justamente no
dia de Pentecostes descrita em Atos. A Bíblia não explica o motivo da
descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, mas somente diz o seguinte
“E cumprindo o dia de Pentecostes estavam todos reunidos no mesmo
lugar”.

Pentecostes era um festa de colheita dos primeiros frutos do povo judeu.


Se analisarmos o contexto de Atos dos Apóstolos, capítulo dois, veremos que
os discípulos de Jesus literalmente colheu as primeiras almas para o Reino
dos Céus, através da pregação de Pedro, e foram cerca de três mil almas
salvas pelo Evangelho de Jesus Cristo. (Atos 2:14-47).

João batista, o pregador do deserto, batizava no rio Jordão todos os


homens e mulheres que vinham até ele para remissão de pecados, falou em
uma certa ocasião:

E eu, na verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas


aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar
as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mateus
3:11).

Jesus quando ressuscitou, foi no domingo de Páscoa. A Bíblia nos fala


que ele ficou na terra 40 dias com os Apóstolos, portanto, a diferença de dias
da ascensão até o dia de Pentecostes foram de apenas 10 dias. Jesus falou
para seus discípulos ficassem em Jerusalém até esperar a promessa do Pai
(Atos 1:4).

O mesmo episódio que aconteceu em Atos dos Apóstolos, capítulo dois,


aconteceu no capítulo 10, na Casa do Centurião Cornélio, onde todos da sua
casa foram cheios do Espírito Santo. No mesmo livro, no capítulo 19, onde
homens de Tessalônica que foram visitados por Paulo receberam imposição
de mãos e todos foram cheios do Espírito Santo.

No livro de 1 Coríntios 14, o apóstolo Paulo escreveu um assunto


extremamente importante para os coríntios acerca do dom de línguas sendo
inferior ao dom de profecia. Mas Paulo afirma que quem fala línguas
estranhas não fala aos homens, senão a Deus. Neste capítulo Paulo faz um
tratado sobre o dom de línguas, muito utilizado pelos Pentecostais.

Não me prenderei a explicar os pormenores do evento, mas somente


aquilo que for relevante para nossa compreensão para entendermos a
justificativa do Movimento Pentecostal usar esse termo.

A grande questão na atualidade é sobre o dom de línguas, muito discutido


se esse dom é válido nos dias atuais ou não. Igrejas tradicionais e históricas
são as que mais embatem contrariamente sobre esse assunto, mas este
trabalho não tem o objetivo de detalhar estas questões teológicas mas
simplesmente ter um conhecimento histórico do Movimento Pentecostal. As
igrejas pentecostais são muito criticados por igrejas tradicionais pela sua
veemente defesa sobre o Batismo com o Espírito Santo, como evidência
inicial de falar em línguas. Verificaremos nos próximos capítulos a evolução
do pentecostalismo e trazer relatos ao longo da história pessoas buscando
revestimento de poder e sendo batizadas com o Espírito Santo.
Capítulo 3

Pentecostalismo e os Grandes Avivalistas

A EUROPA NO SÉCULO XVI ESTAVA passando por vários episódios


de transformações significativas, e dentre as transformações estava a Igreja
Católica Apostólica Romana. Durante séculos, desde que a Igreja Católica se
tornou a religião oficial do Império Romano a cúpula da mesma se desviaram
das verdades bíblicas. Por muito tempo os componentes da Igreja cometeram
erros, pois não permitiam que as classes mais baixas terem acesso as
Escrituras, pois os que tinham acesso
eram somente as autarquias do Clero. Como as pessoas mais humildes
não sabiam nem ler e nem escrever seriam muito fácil manipular e enganar.
Papas, bispos, monges e o clero em geral cometiam erros clássicos como as
vendas de indulgências, pregavam salvação por meio de méritos e heresias
que até hoje perduram.

Dentro da Igreja Católica Apostólica Romana existia um monge


agostiniano chamado Martinho Lutero (1483-1546), foi esse humilde
personagem que Deus usou para que mudasse o curso do cristianismo na
terra. João Huss, sentenciado a ser queimado vivo, disse: Podem matar o
ganso [em alemão, sua língua natal, buss é ganso] mas daqui a cem anos,
Deus suscitará um cisne que não poderão queimar. (BOYER, 2002, p. 13).

Em 1483, enquanto caia neve e vento frio, nascia o “cisne”, em Eisleben,


Alemanha. No dia seguinte, foi batizado na Igreja de São Pedro. Como era o
dia de São Martinho, recebeu esse nome. Cento e dois anos depois que João
Huss ser queimado vivo na fogueira, o “cisne” afixou na porta da Igreja de
Wittenberg, as 95 teses.

A história de Martinho Lutero, o Grande Reformador, teve seus altos e


baixos, contudo, perseverou em Deus e ganhou as suas batalhas em oração.
Martinho Lutero era de família pobre, filho de camponeses, assim como seus
avôs e bisavôs. Foi criado em um ambiente de temor e devoção a Deus. Aos
13 anos, seu pai o enviou para a escola franciscana na cidade de Magdeburgo.
Ainda jovem se graduou em Filosofia e obteve o grau de doutor em Filosofia.
Orlando Bayer[3] escreve acerca de Lutero.

Aos 18 anos, Martinho Lutero ansiava estudar numa universidade. Seu


pai, reconhecendo a idoneidade do filho, enviou a Erfurt, o centro intelectual
do país, onde cursavam mais de mil estudantes. O moço estudou com tanto
afinco que, no fim do terceiro semestre, obteve o grau de bacharel em
filosofia. Com idade de 21 anos, alcançou o segundo grau acadêmico e o de
doutor em Filosofia. Os estudantes, professores e autoridades prestaram-lhe
significativa homenagem (BOYER, 2002, p.16).
Lutero entrou para vida monástica quando viu-se em perigo em uma
tempestade, sentindo que ia morrer, gritou: “Sant’Ana, salva-me e tornar-me-
ei monge!”. Assim justificou Lutero: “Fiz a promessa a Sant’Ana para salvar
a minha alma. Entrei para o convento e aceitei esse estado espiritual somente
para servir a Deus e ser-lhe agradável durante a eternidade” (BOYER, 2002,
p. 18).

Em outubro de 1517, Lutero afixou, a porta da Igreja do Castelo, em


Wittenberg, as suas 95 teses, cujo teor resume-se em que Cristo requer o
arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitencia (BOYER, 2002, p.
22). Foi considerado herege pela Igreja Romana, foi excomungado, mas
Lutero não sofreu nenhum dano. Traduziu a Bíblia para a língua alemão, pois
sabia o Hebraico e Grego. Acerca da tradução da Bíblia Boyer explica:

A maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo
alemão a Bíblia na sua própria língua, depois de seu retorno a Wittenberg. Já
existiam outras traduções, mas escritas numa forma de alemão latinizado que
o povo não compreendia. A língua alemã desse tempo era um agregado de
dialetos, mas Lutero, ao traduzir a Bíblia, deu ao povo a língua que serviu
depois a homens como Goethe e Schiler na elaboração de suas obras. O êxito
de Lutero era traduzir as Sagradas Escrituras para o uso dos mais humildes
verifica-se no fato de que, depois de quatro séculos, sua tradução permanece
como a principal (BOYER, 2002, p.26).

Depois que abandonou a vida monástica, casou-se com Catarina von


Bora, e teve seis filhos que amava ternamente. Em 1546, Martinho Lutero
morre, deixando um legado para sua posteridade, o homem que Deus usou
para mudar o rumo do cristianismo. Foi enterrado na igreja do Castelo em
Wittenberg na Alemanha.

Muitos outros reformadores como João Calvino, Ulrico Zwinglio foram


importantes durante séculos para que o protestantismo pudesse chegar até os
dias de hoje. Com base nesses fatos, a partir de então o protestantismo passou
ser uma ramificação do cristianismo. Foram surgindo então igrejas ditas
Luteranas, Calvinistas e Anglicanas nos séculos XVI e XVII. Vemos que o
protestantismo se tornou forte na Europa, o Evangelho estava sendo pregado
em toda parte, surgiram homens piedosos e comprometidos com a palavra de
Deus. Esses homens marcaram sua épocas e ainda continuam nos anais da
história com os avivamentos ocorridos nos séculos passados.

Os líderes avivalistas (pregadores que promoveram avivamento em suas


igrejas a partir do século XVIII), esboçaram uma grande preocupação com as
pessoas que não eram cristãs, mobilizando suas igrejas e arrebatando
multidões para ouvi-los. Em algumas ocasiões o número de pessoas
participantes era tão grande que as reuniões lideradas por eles só podiam ser
realizadas ao ar livre.

De acordo com os registros históricos, os principais líderes percussores


do protestantismo, e posteriormente o pentecostalismo, foram os seguintes:
Jônatas Edwards (1703-1758), John Wesley (1703-1791), Jorge Whitefield
(1714-1770), Carlos Finney (1792-1875) e Charles H. Spurgeon (1834-1892).

Jônatas Edwards, considerado o Grande Avivalista, ficou conhecido no


mundo todo por seu sermão: “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, onde
os ouvintes agarravam os bancos e os pilares da igreja pensando que iam cair
no inferno. Edwards era o vulto maior nesse avivamento, intitulado o
“Grande Despertamento”.

Criado em um ambiente cristão, onde seus pais ensinaram a orar e


meditar nas Escrituras. Seu pai era pastor de uma igreja durante o período de
sessenta e quatro anos, e suas orações eram que para seu filho fosse cheio do
Espírito Santo. Quando tinha sete ou oito anos houve um despertamento a
igreja de seu pai, e o menino acostumou-se a orar sozinho, cinco vezes, todos
os dias, e a chamar outros da sua idade para orarem com ele (BOYER, 2002,
p.40). Aos treze anos, iniciou seu curso em Yale College. Ao completar
dezessete anos, diplomou-se no Yale College com as maiores honras. Sempre
estudava com esmero, mas também conseguia tempo para meditar na Bíblia,
diariamente. Depois diplomar-se, continuou seus estudos em Yale, durante
dois anos, e foi então separados para o ministério. Aos 24 anos casou-se com
Sara Pierrepont, filha de um pastor, e desse nasceram, como na família do pai
de Edwards, onze filhos.
Jônatas Edwards costumava passar treze horas, todos os dias, estudando e
orando (BOYER, 2002, p.42). O evento que marcou o começo do “Grande
Despertamento” foi uma série de sermões feitos por Edwards sobre a doutrina
da justificação pela fé, que fez os ouvintes sentirem a verdade das Escrituras.
O foco dos seus sermões era de que toda boca ficará fechada no dia do juízo,
e que “não há coisa alguma que, por um momento, evitem que o pecador caia
no inferno, senão o bel-prazer de Deus”. Com sua vida de oração e pregação
do evangelho de Jesus Cristo que o avivamento ocorreu na nova Inglaterra e
alcançou outras nações:

Certo é que na Nova Inglaterra começou, em 1940, um dos maiores


avivamentos dos tempos modernos. É igualmente certo que este movimento
se iniciou não com os sermões célebres de Edwards, mas com a firme
convicção deste que há uma “obra direta do Espírito divino faz na vida
humana”. Note-se bem: não foram seus sermões monótonos, nem a
eloquência extraordinária de alguns, com Jorge Whitefield, mas, sim, a obra
do Espírito Santo no coração dos mortos espiritualmente, que, “começando
em Northampton, espalhou-se por a Nova Inglaterra e pelas colônias da
América do Norte, chegando até a Escócia e a Inglaterra” (BOYER, 2002, p.
45).

Os crentes atuais devem a esse herói, graças à sua perseverança em orar e


estudar sob a direção do Espírito, a volta ás várias doutrinas e práticas da
Igreja Primitiva (BOYER, 2002, p. 40).

John Wesley, a tocha tirada do fogo, é considerado o maior avivalista de


todos os tempos. Também é conhecido como o pai do Metodismo, que hoje
leva o seu nome em uma denominação protestante. É considerado uma “tocha
tirada do fogo” quando foi retirado de sua casa em meio as chamas.

O historiador Lecky nomeia o “Grande Avivamento” como sendo a


influência, que salvou a Inglaterra de uma revolução igual à que, na mesma
época, deixou a França em ruínas (BOYER, 2002, p.48).
O sucesso de John Wesley deve-se também à sua mãe, Susana Wesley,
que teve um zelo, um cuidado especial na criação de seus filhos. Susana
Wesley instruiu seus filhos conforme a Palavra de Deus, ensinou-os a orar e a
meditar nas Sagradas Escrituras.

Aos 24 anos, John Wesley foi separado para o diaconato. Enquanto


estudava em Oxford, não parava de orar, ler a escrituras e jejuar.

Enquanto estudava em Oxford, juntava-se a um pequeno grupo de


estudantes para orar, estudar as Escrituras diariamente, jejuar às quartas e
sextas-feiras, visitar os doentes e encarcerados e confortar os criminosos na
hora da execução. Todas as manhãs e todas as noites, cada um paravam de
vez em quando para observar se clamavam com o devido fervor. Sempre
oravam ao entrar e ao sair dos cultos na igreja. Mais tarde, três dos membros
desse grupo tornaram-se famosos entre os crentes: 1) John Wesley, que talvez
tenha mais que qualquer outro para aprofundar a vida espiritual, não somente
na época, mas também em nosso dias; 2) Carlos Wesley, que chegou a ser um
dos mais espirituais e famosos escritores de hinos evangélicos, e 3) Jorge
Whitefield, que se tornou o comovente pregador ao ar livre (BOYER, 2002,
p. 52).

Viajou para as terras americanas, na Geórgia, onde multidões ouviram o


evangelho e milhares foram salvos. Pouco tempo depois, Jorge Whitefield
falou acerca de sua viagem:

O êxito de John Wesley na América é indizível. Seu nome é precioso


entre o povo, onde lançou os alicerces que nem os homens nem os demônios
podem abalar. Oh! que eu possa segui-lo como ele seguiu a Cristo! (BOYER,
2002, p. 53).

Com a idade de setenta anos, pregou a um auditório com trinta mil


pessoas (ao ar livre), e foi ouvido por todos. Aos 86 anos fez uma viagem à
Irlanda, onde além de pregar seis vezes ao ar livre, pregou cem vezes em
sessenta cidades (BOYER, 2002, p.57).

Essa unção do Espírito Santo dilatou grandemente os horizontes


espirituais de Wesley. O seu ministério tornou-se excepcionalmente frutuoso
e ele trabalhou ininterruptamente durante 54 anos com o coração abrasado
pelo amor divino (BOYER, 2002, p.55).

Jorge Whitefield, o pregador ao ar livre, nasceu e viveu na Inglaterra, foi


um homem de oração e de convicção. Pregou sermões em muitos lugares
para milhares de pessoas. Whitefield merece o título de “príncipe dos
pregadores do ar livre” porque pregava em média dez vezes por semana, e
isso durante um período de 34 anos, em grande parte sob o teto construído
por Deus – os céus (BOYER, 2002, p. 62).

Whitefield foi separado para o ministério aos 21 anos, embora fosse regra
não aceitar ninguém para tal cargo com menos de 23 anos. Durante toda a sua
vida buscou a Deus incessantemente em oração e jejum. Acerca disso
Orlando Boyer argumenta:

O Espírito continuou a operar poderosamente nele e por ele durante o


resto da sua vida, porque nunca abandonou o costume de buscar a presença d
Deus. Separava o dia em três partes: oito horas sozinho com Deus e em
estudos, oito horas para dormir e fazer as refeições, oito horas para o trabalho
entre o povo. De joelhos lia, e orava sobre a leitura das Escrituras, recebendo
luz, vida e poder (BOYER, 2002, p. 64).

Jorge Whitefield atravessou o Atlântico treze vezes. Visitou a Escócia


quatorze vezes. Foi ao País de Gales várias vezes. Visitou uma vez a
Holanda. Passou quatro meses em Portugal (BOYER, 2002 p. 66). A maior
parte das viagens que Jorge realizou para a América do Norte, foi em prol do
orfanato que fundou na Geórgia. Trabalhava para arrecadar recursos para o
sustento do orfanato, pois amava os órfãos sem igual. Muitas dessas crianças
o considera com pai, essas crianças fizeram parte do seu grande ministério.
Fez uma grande parte da sua obra evangelística entre os órfãos e quase todos
permaneceram crentes fieis, sendo que um bom número dele tornaram-se
ministros do Evangelho. Jorge Whitefield morreu aos 65 anos, durante sua
sétima viagem à América do Norte, findou sua carreira na terra, uma vida
escondida com Cristo em Deus e derramada num sacrifício de amor pelos
homens.

Carlos Finney, o Apóstolo dos Avivamentos, teve sua vida intensa em


oração, jejum e pregação do Evangelho. Nasceu de uma família descrente,
anos depois formou-se em Direito, nos livros de jurisprudência teve
conhecimento de muitas citações Bíblicas, o qual influenciou a comprar um
Bíblia completa. Anos mais tarde, abandonou o exercício de advogado para
dedicar na pregação do evangelho.

Calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas
foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney. (BOYER,
2002, p. 112). Durante o processo de sua conversão, Finney pedia um
avivamento.

Exortavam uns aos outros a se despertarem para pedir, em oração, um


derramamento de Espírito de Deus e afirmavam que assim haveria um
avivamento com a conversão de pecadores. (BOYER, 2022, p. 113).

Finney viajou pregando o evangelho na América do Norte e na Inglaterra,


viu o Espírito Santo convertendo multidões.

Charles Hadon Spurgeon, foi considerado “príncipe dos pregadores”. Era


de uma família Cristã, seus bisavós eram crentes fervorosos, seu avô paterno
foi pastor por quase cinquenta anos. Seu pai, Tiago Spurgeon, foi pastor em
Stambourne. Charles Spurgeon foi criado em um ambiente cristão, na base da
leitura da Bíblia e oração.
Aos quinze anos de idade, sentiu o desejo de ser salvo, esse sentimento
aumentou de tal forma que Spurgeon passou seis meses em oração. Com 16
anos começou a pregar, alguns meses depois pregou seu primeiro sermão,
depois foi chamado a pastorear a igreja de Waterbeach. Dois anos depois, o
número de convertidos tinha aumentando, contudo teve que mudar para outro
local, para Park Street Chapel, em Londres. O local comportava cerca de
1200 pessoas. Os fiéis acima de tudo estavam pedido um grande avivamento
para aquela igreja. O maior auditório no qual pregou foi no Crystal Palace,
em Londres, em 7 de outubro de 1857. Havia exatamente 23.654 pessoas no
auditório.

Charles Spurgeon, teve a fama de “príncipe dos pregadores, porque


passou sua vida inteira em oração e pregando o Evangelho. Escreveu vários
livros e sermões que até os dias de hoje influencia muitas pessoas.

Outros líderes também se destacaram como Jônatas Goforth (1859-1936),


David Brainerd (1718-1747), Guilherme Carey (1761-1834), Christmans
Evas – O “João Bunyan de Gales” (1766-1838), Henrique Martyn – Luz
Intensamente Gasta por Deus (1781-1812), Adorinam Judson (1788-1850),
Jorge Müller (1805-1898), Davi Livingstone (1813- 1873), João Paton (1824-
1907), Hudson Taylor (1832- 1905), Pastor Hsi (1836-1896), entre outros.

Esses líderes foram percursores do Pentecostalismo Moderno, exercendo


uma grande influência na formação na sociedade nos Estados Unidos.
Capítulo 4

Chegada e o Desenvolvimento do
Pentecostalismo nos EUA

NÃO SABEMOS COM PRECISÃO O MARCO inicial do Movimento


Pentecostal, mas podemos afirmar que tornou-se evidente nos Estados
Unidos no século XX. Não podemos atribuir a uma figura humana os
acontecimentos que marcaram o surgimento do pentecostalismo, pois as
manifestações do derramamento do Espírito Santo com evidência inicial de
falar em línguas ocorreram em vários lugares, como resposta ao clamor de
um avivamento naquele país. Sabemos ao certo que o Pentecostalismo se deu
a partir do movimento de santificação (holiness) surgido nos
Estados Unidos. Segundo Luís de Castro Campo Jr[4], pode-se considerar
que a semente do pentecostalismo já estava plantada no protestantismo norte-
americano através dos movimentos avivalistas do séculos XVIII e XIX,
porque os pregadores acreditavam na promessa do “derramamento do
Espírito Santo”.

Houve nos séculos XVIII e XIX, antes mesmo da explosão do


pentecostalismo em Los Angeles em 1906 vários registros de Batismos com o
Espírito Santo em pontos estratégicos dos Estados Unidos. As reuniões que
aconteciam nas casas, nas igrejas, nas praças, os crentes buscavam
incessantemente por Deus em oração, anelavam por mais da presença do
Espírito Santo. Esse fervor foi o combustível para os cristãos daquela época
receberem o dom de Línguas.

No estado de Tennesse segundo testemunho de Clara Smith que mais


tarde foi missionária no Egito, havia no ano de 1900, cerca de quarenta ou
cinquenta pessoas batizadas com o Espírito Santo. No mesmo ano
manifestou-se um avivamento pentecostal entre grupo de pessoas de
nacionalidade sueca na cidade Moorhead, Estado de Mineesota, cujos
resultados são notáveis ainda na atualidade. (FERNANDES, 2006, p.45)

Os grupos de pessoas que buscavam a Deus incessantemente em oração,


pedindo um avivamento, eram de igrejas mais tradicionais da época, igrejas
batistas e presbiterianas onde a influência calvinista imperava. Pastores das
igrejas tradicionais não tinham o hábito de abrir as igrejas e convocar o povo
para orar pela madrugada. Os cultos eram frios, palavras sem vida e sem a
presença do Espírito Santo. Contudo, essas pessoas não queriam fundar um
ministério novo, um movimento novo, mas somente queriam um avivamento
em sua igreja local. Chegou um tempo em que os crentes se reuniam nas
casas uma das outras para orar e buscar um avivamento. A cada dia, a
quantidade de pessoas iam aumentando e chegou num ponto que alugavam
galpões para fazerem suas reuniões.

As reuniões eram marcados por manifestações de arrependimento,


conversões de almas, milagres e batismo com o Espírito Santo. Eram vistas
por outras igrejas como algo fora do comum. As notícias que corriam das
reuniões eram assuntos do ano e chegavam até ao outros países como
Canadá, Chile, Índia, Noruega e as Ilhas Britânicas.

Um trabalho feito pelo professor Leonildo Silveira Campos[5], intitulado


“As origens norte-americanas do pentecostalismo brasileiro: observações
sobre uma relação sobre uma relação pouco estudada”, publicado pela revista
USP, traz um estudo minucioso sobre a origem do movimento pentecostal
nos Estados Unidos e a sua influência na América Latina e principalmente no
Brasil no século XX.

Os movimentos de reavivamentos espirituais ocorrido nos EUA, há


relatos de manifestações físicas, psíquicas, como visões, glossolalia,
atribuídas a ação divina, que não é exclusividade do cristianismo
(Pentecostais), até porque houve inúmeros experiências em povos primitivos,
argumenta o autor. Esses acontecimentos tornaram-se evidentes o surgimento
de um novo movimento dentro do cristianismo nos Estados Unidos.

Sobre os personagens que comumente se atribui como pioneiros do início


pentecostalismo nos Estados Unidos, foram Charles Fox Parham e William
Joseph Seymour, que foram os líderes do avivamento nas cidades de Topeka
(Kansas) em 1901, e Los Angeles (Califórnia) em 1906, respectivamente.
Porém, a historiografia do pentecostalismo tende a ocultar o papel de Parham,
talvez por causa de suspeitas de homossexualidade, declarações racistas, de
seu envolvimento com o Ku Klux Klan. Essa mesma historiografia exalta as
atividades e contribuições para o início do movimento pentecostal de William
Seymour, um negro, filho de ex-escravo que se tornou notório por causa dos
eventos ocorridos no Azuza Street.

Analisaremos minuciosamente os percussores do pentecostalismo norte-


americano e as influências de Charles Fox Parham e William Joseph
Seymour.

Charles F. Parham (1873-1929), foi considerado “o pai do reavivamento


pentecostal no século XX”. Foi um personagem emblemático dos pioneiros
do pentecostalismo, tornou o primeiro pregador a ter experiências
“sobrenaturais”, com manifestações de glossolalias (o falar em “línguas
estranhas”). Parham ficou conhecido no primeiro dia do ano de 1901, quando
era diretor-fundador do Bethel Bilble College, em Topeka. Parham divulgava
suas ideias em um jornal, cujo nome era: The Apostolic Faith. Parham fundou
1905 uma escola bíblia no Texas e Houston, onde William Seymour era um
dos seus alunos, mas por causa do racismo de Parham, Seymour assistia as
aulas na cadeira corredor fora sala. A partir daí William Seymour levaria o
reavivamento pentecostal a Los Angeles.

Parham foi pastor metodista por muito tempo, mas a sua crença em cura
divina fez com ele saísse da denominação. Todavia, não quis mais se prender
ao sistema denominacional, dedicou-se a vida missionária, evangelismo nas
ruas e viajando em várias regiões dos Estados Unidos. No final do século
XIX e o início do século XX, as igrejas do movimento holiness, enfatizavam
a conversão; a santificação; a cura divina; a volta de Jesus na Terra para
inaugurar o milênio e o Batismo com o Espirito Santo. O campo religioso
protestante norte-americano estava fervendo no século XIX, ao ponto que
foram surgindo novas igrejas e movimentos. As igrejas mais tradicionais da
época estavam perdendo espaço pela sua remota atuação. Portanto, seria
superficialidade historiar o pentecostalismo a partir de 1901, que houve as
primeiras manifestações, onde tornou-se mundialmente conhecido.

William Joseph Seymour (1870-1922) “o negro profeta de Azuza Street”.


Filho de ex-escravos de Louisiana, começou sua carreira ministerial com 36
anos de idade, em abril de 1906 num templo abandonado de uma Igreja
Metodista Africana, no bairro negro de Los Angeles, onde começaram a
surgir manifestações espirituais até então não vistas.

Os fatos ocorridos chamaram a atenção de todos e principalmente de


jornais locais, onde passou a noticiar as manifestações “sobrenaturais” de
uma igreja desconhecida, e a partir de então todo o país estava comentando
sobre uma nova “seita”.

Em 18 de abril de 1906, o jornal Los Angeles Times publicava uma


matéria que começava afirmando estarem seus repórteres diante de “uma
sobrenatural babel de línguas” e de uma “nova seita de fanáticos” formada
em sua maioria por negros e imigrantes pobres, liderados por William
Seymour. (CAMPOS, 2005, p. 110).

Em muito pouco tempo, William Seymour ficou conhecido nos Estados


Unidos e nos países vizinhos. Quatro anos depois os missionários
pentecostais foram designados por Deus para que levassem para outros países
não só a doutrina pentecostal, mas um avivamento igualmente ocorrido em
Azuza, Los Angeles. “A biografia de William Seymour é muito mais
conhecida e devassada do que Charles Parham”. (CAMPOS, 2005, p.110).

Ainda continuando com a trajetória de William Seymour, aos 25 anos de


idade imigrou para Indianápolis (1895), onde foi garçom em um restaurante
e, depois, como representante comercial, e se tornou membro de Igreja
Metodista Episcopal. Tempo depois, mudou para Houston, onde ficou
pastoreando uma igreja e onde conheceu Charles Parham em um seminário.

No início de século XX, o campo religioso norte-americano estava se


expandido. Em menos de três anos, milhares de fiéis se tornaram
missionários pentecostais, influenciados por Los Angeles e se espalharam
primeiro para todo Estados Unidos, depois, Europa, Ásia, América Latina e
África.

Mas cabe ressaltar que o crescimento do movimento pentecostal e


carismático, pelo menos nesses nesse primeiro século de existência, foi
rápido e contundente. Atualmente, mais de 500 milhões de cristãos no mundo
estão incluídos nessa classificação. Por outro lado, o impacto de sua
mentalidade, pratica e teologia se faz notar tanto dentro do espaço religioso
demarcado pelas instituições protestantes. (CAMPOS, 2005, p.113).

Devemos ressaltar, antes de tudo, que durante a segunda metade do


século XIX havia uma imigração em massa de europeus nos Estados Unidos.
No final do século XIX houve guerras civis, libertação dos escravos negros e
crises em geral. Vários acontecimentos ocasionaram para que houvesse uma
população muito diversa nos Estados Unidos. Uma das causas para a grande
imigração dos europeus para os Estados Unidos, era as dificuldades de
pobreza e falta de trabalho. Como o advento da urbanização e
industrialização no início de século XX, a vida social e financeira dos
imigrantes e norte-americanos começaram a melhorar.

Igrejas mais tradicionais como a Metodista não admitiam que houvessem


manifestações como glossolalia, quando irmãos começaram a sair, surgiram
novas igrejas independentes chamadas “igreja holiness”. Grande parte dessas
igrejas se tonaram pré-pentecostais onde se adotava as doutrinas da oração
incessante e a busca do Espirito Santo: Church of God (Cheveland, 1886);
United Holy Church of America Inc (1886); Fire Baptized Holiness Church
(1898); Pentecostal Holiness Church (1899); Pentecostal Union (1901). Essas
igrejas iriam aderir, anos mais tarde, ao movimento Pentecostal, seguindo o
modelo implantado por William Seymour, em Azuza Street, a partir de 1906.
(REVISTA, p. 106).

D. B. Barret nos dá a prova que desde do século XX, o cristianismo vinha


crescendo no mundo inteiro. Em 1970, 6% da população cristã mundial – 74
milhões de pessoas – são pentecostais e carismáticas; em 1997, a estimativa
era de 27%, o equivalente a 497 milhões de cristãos; a expectativa para 2025
é de 44% de cristãos, totalizado cerca de 1.140 bilhão de pentecostais e
carismáticos caso se mantenha as atuais tendências.

O pentecostalismo e o carismatismo são fenômenos religiosos mais


importante do século XX. (CAMPOS, 2005, p. 102).
Capítulo 5

Chegada e o Desenvolvimento do
Pentecostalismo no Brasil

O MOVIMENTO PENTECOSTAL CHEGOU ao Brasil em 1910-11,


veio dos Estados Unidos com o intuito de continuar a propagar o Evangelho
de Jesus Cristo e trazer o avivamento que ocorreu no Azuza Street em Los
Angeles, Califórnia. Os missionários que trouxeram a mensagem pentecostal
foram Louis Francescon, Daniel Berg e Gunnar Vingre.

A dimensão de adeptos nas igrejas pentecostais foram imensos. A família


pentecostal estava crescendo. Nos anos seguintes a chegada do movimento ao
Brasil, houve fundações de inúmeras de igrejas protestante.
Com o advento de pregadores de cura divina e milagres, nasceram a
Igreja Evangelho Quadrangular, Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo e a
Igreja Deus é Amor, dentre outras denominações que surgiram.

Farei uma breve biografia dos missionários que trouxeram ao Brasil o


Movimento Pentecostal.

Luigi Francescon (1866 - 1964), mas conhecido como Louis Francescon é


natural de Cavasso Novo, Itália. Foi o primeiro pastor italiano e um dos
pioneiros do pentecostalismo italiano. Naturalizou como cidadão americano
onde teve seus primeiros contatos com pastores pentecostais, onde ouviu e
viu o avivamento pentecostal. Nas suas viagens missionarias fundou a
Congregação Cristã no Brasil, Assembleias Cristãs na Argentina e a
Assembleia de Deus na Itália.

Francescon imigrou para os Estados Unidos, indo para a cidade de


Chicago em 1890 onde seu irmão vivia. Se converteu em 1891, na Aliança
Cristã Missionária. No ano seguinte onde junto com alguns irmãos fundou a
Primeira Igreja Italiana. Casou-se com Rosina Balzano, com que teve seis
filhos. Teve sua primeira experiência pentecostal quando foi batizado com o
Espirito Santo. Anos mais tarde viajou para a Argentina, fundou a
Assembleia Cristã na Argentina. Em 8 de março de 1910, veio da Argentina
para São Paulo, passou poucos dias, depois se deslocou para a cidade de
Santo Antônio de Platina, Paraná. Novamente foi para São Paulo, onde
definitivamente fundou a Congregação Crista no Brasil, pregando a doutrina
pentecostal.

Daniel Berg (1884-1963), foi um missionário pentecostal sueco que atuou no


século XIX na Amazônia e Nordeste brasileiro. Foi um dos pioneiros que
trouxeram o pentecostalismo e co-fundador da maior denominação
protestante brasileira, a Assembleia de Deus. Daniel Berg era filho de batistas
Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg. Converteu-se e foi batizado na
águas em 1899. Aos 18 anos foi para os Estados Unidos, em decorrência da
crise econômica em seu país, e como era ferreiro fundidor foi fácil conseguir
emprego. Anos depois retornou à Suécia e de lá ouviu sobre o movimento
pentecostal que ocorria nos Estados Unidos. Ao retornar aos Estados Unidos
em 1909, passa pela experiência pentecostal. Em uma conferência em
Chicago, conhece o pastor Gunnar Vingren, onde se tornaram amigos e
vieram para o Brasil como missão de Deus. Em 19 de novembro de 1910,
aportam na cidade de Belém, capital do Pará, onde iniciaram de forma
prosélita a mensagem pentecostal na igreja Batista de Belém.

Em 1920, Daniel Berg visitou a Suécia e casou-se com Sara. Voltaram ao


Brasil no ano seguinte e se estabeleceram na cidade de São Paulo. Em 1963,
Daniel Berg foi hospitalizado na Suécia, onde veio a falecer no dia 27 de
maio do mesmo ano.

Gunnar Vingren (1879-1933), foi um missionário pentecostal sueco.


Atuou no início de século XX na Amazônia e Nordeste Brasileiro. Foi um
dos pioneiros que trouxeram o pentecostalismo e co-fundador da maior
denominação protestante brasileira, a Assembleia de Deus. Migrou para os
Estados Unidos onde estudou no Seminário Teológico Sueco de Chicago.
Decidiu seguir carreira missionária, veio para o Brasil com Daniel Berg em
1910, estabelecendo em Belém. Estudou português e propagou a doutrina
pentecostal inicialmente entre os Batistas de Belém e depois entre os
ribeirinhos da Amazônia e no Nordeste Brasileiro. Anos depois, viajou para a
Suécia, onde casou com Frida Vingren.

Em 19 de novembro de 1910, Daniel Berg e Gunnar Vingren, chegaram a


Belém, com o intuito de propagar o evangelho de Cristo, e ensinar a doutrina
pentecostal. A primeira experiência pentecostal em solo brasileiro foi de
Cecilia Albuquerque quando foi batizada com o Espírito Santo, em sua casa
na Rua Siqueira Mendes, em 2 de Junho de 1911. Os irmão que eram da
igreja Batista que ouviram e aceitaram essa experiência pentecostal foram
expulsos de suas congregações por haver divergências e de não aceitar suas
doutrinas. A partir desse episódio, as reuniões eram feitas na casa da irmã
Cecilia, na rua Siqueira Mendes nº1-A, na cidade velha. Ao todo eram
dezoito pessoas que deram início a Missão Fé Apostólica, que mais tarde
passou a se chamar Assembleia de Deus.

A partir de 18 de junho de 1911, as igrejas pentecostais que iam sendo


iniciadas no Pará, começando pela que se reunia na casa de Henrique e
Cecilia Albuquerque, rua Siqueira Mendes nº 67, Cidade Velha, em Belém,
passaram a ser chamados pelo nome Missão Fé Apostólica. Em 25 de outubro
de 1914, chegaram a Belém do Pará os suecos Otto e Adina Nelson,
procedentes dos Estados Unidos, para se juntarem a Berg e Vingren. Em 8 de
novembro de 1914, a igreja que se reunia na Av. São Jerônimo nº 224, seu
segundo endereço depois da casa de Cecilia Albuquerque (nesta casa se
reuniam por mais ou menos três meses) se mudou para a Travessia 9 de
Janeiro nº 75. Em 18 de agosto de 1916, chegaram a Belém os suecos Samuel
e Lina Nyström, os primeiros missionários oficialmente enviados pela Igreja
Filadélfia de Estocolmo. Em 3 de junho de 1917, Frida Vingren chegou a
Belém, como missionária também enviada pela Igreja Filadélfia de
Estocolmo.

Em 11 de janeiro de 1918, foi registrada a primeira Assembleia de Deus.


Gunnar Vingren registrou o Estatuto da Igreja no Cartório de Registro de
Títulos e Documentos do 1º oficio, em Belém, no livro A, nº 2, do Registro
Civil de Pessoas Jurídicas e outros papéis, número de ordem 131.448, sob o
nome “Estatuto da Sociedade Evangélica Assembleia de Deus”, número de
ordem 21.320, do Protocolo nº2. Os extratos do Estatuto foram publicados no
Diário Oficial do Estado do Pará, sob nº 766524. Com esse registro, a igreja
começou a existir legalmente como pessoa jurídica adequando-se aos Artigos
16 e 18 do primeiro Código Civil Brasileiro que acabara de entrar em vigor
em 1º de janeiro de 1917.

As primeiras publicações da Assembleia de Deus, que antecederam o


jornal Mensageiro da Paz, foram o jornal “Voz da Verdade” (1917-1918), por
Almeida Sobrinho e João Trigueiro da Silva, o jornal “Boa Semente” (1919 a
1930), por Gunnar Vingren e Samuel Nyström, e o jornal “O Som Alegre”
(1929 a 1930), por Gunnar Vingren. Também em 1917, a Assembleia de
Deus de Belém, imprimiu o seu primeiro hinário que ficou pronto no dia 6 de
outubro e continha 194 hinos e cânticos. Em 1922, era publicada no Recife a
primeira edição da Harpa Cristã, que passou a ser o hinário oficial das
Assembleias de Deus.

Ao longo dos cem anos de história do movimento pentecostal no Brasil, o


crescimento das Igrejas Pentecostais são inexplicáveis. Segundo os dados do
Censo IBGE de 2010, mostra claramente esse crescimento. Os evangélicos
foi o seguimento social que mais cresceu nos últimos dez anos. Dos 22,2% de
evangélicos no Brasil (cerca de 42 milhões de pessoas), 60% deles são de
origem Pentecostal, sendo que 12 milhões são da maior denominação
evangélica, a Assembleia de Deus. Veja que esses números são de nove anos
atrás, é obvio que esses números mudaram nos dias de hoje.

Um projeto de lei da Assembleia Legislativa do Pará, sob o nº 8.628, de


14 de junho de 2018, declara a encenação da chegada dos missionários
suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren para fundarem a Assembleia de Deus –
Igreja Mãe, em Belém do Pará, como Patrimônio Cultural, Histórico e
Turístico do Estado do Pará. O projeto contêm três artigos e tem como
finalidade instituir as festividades. O evento estar incluído no calendário
oficial do Estado do Pará, por meio da lei nº 7.530 de 15 junho de 2011.

A história de Daniel Berg e Gunnar Vingren pode virar filme. A Paris


Entretenimento anunciou que vai produzir uma longa-metragem sobre os
missionários. A pré-produção começa este ano e as gravações já estão
previstas para o primeiro semestre de 2019.
Capítulo 6

Igrejas Pentecostais no Brasil

COM O ADVENTO DO PENTECOSTALISMO e a vinda ao Brasil,


surgiram inúmeras denominações evangélicas de linha pentecostal. O
objetivo deste capítulo não é pormenorizar as doutrinas teológicas de
nenhuma delas, mas sim trazer um breve histórico das mesmas.

As Igrejas Pentecostais são assim chamadas por enfatizar o fenômeno


espiritual ocorrido no dia de Pentecostes, alguns dias depois da ressureição de
Jesus, no qual os crentes foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
outras línguas. Como movimento, o Pentecostalismo surgiu no início do
século XX, no avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles... Além da
ênfase ao Batismo com Espírito Santo e dons espirituais como uma
experiência possível a todos, essas Igrejas também se caracterizavam por
rigor nos usos e costumes e conservadorismo na liturgia, com algumas
exceções. (SUANA, p.161-162, 2006).

Neste capitulo, conheceremos algumas denominações pentecostais que


tiveram um papel importante na evangelização do Brasil: Assembleia de
Deus, Congregação Cristã no Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular e
Deus é Amor.

As Assembleias de Deus, maior denominação pentecostal no Brasil, com


cerca de 4 milhões de membros atualmente, foi fundado por Daniel Berg e
Gunnar Vingren. A origem da Assembleia de Deus no Brasil estar ligada com
o surgimento do Avivamento que aconteceu na Rua Azuza, Los Angeles, no
início de século XX, liderado pelo pastor W.J. Seymour. Esse avivamento em
questão enfatizava o Batismo com o Espírito Santo e o falar em outras
línguas, que logo se espalhou para outros países.

Gunnar Vingren era pastor batista, atraído pelo avivamento pentecostal,


creu e recebeu o batismo com o Espírito Santo. Em uma dessas reuniões
conheceu Daniel Berg, se tornaram amigos, principalmente por ser
compatriotas. Os dois tinham emigrado para o país por melhores condições
de trabalho. Certo dia, foram em uma reunião de oração, e lá receberam uma
mensagem profética, a ordem de que deveriam anunciar o evangelho num
lugar chamado Pará. Descobriram no mapa que se tratava de um estado do
Brasil, e logo vieram para fazer o que Deus tinha mandado.

Em 19 de novembro de 1910, os missionários chegaram ao Brasil, mas


por serem batistas, logo se tornaram membros de uma Igreja Batista em
Belém. No Brasil, a mensagem pentecostal era desconhecida, soava estranho
nos ouvidos dos mais “conservadores”. Os missionários começaram a pregar
o Batismo com Espírito Santo e na contemporaneidade dos dons. Muitos
aceitavam, mas outros não. Em decorrência disso foram expulsos da Igreja
Batista, e começaram a se reunir nas casas dos irmãos, com isso nasceu a
Assembleia de Deus, como a primeira Igreja Pentecostal no Brasil.

Alguns pontos foram importante para o crescimento e expansão da


denominação no país, dos quais destacamos:

Utilização de leigos para disseminar o Evangelho e liderar pontos


de pregação.
Evangelização pessoal.
Distribuição de Bíblias e porções bíblicas.
Incentivo para que cada crente fosse um ganhador de almas.
Vigílias de oração e jejum.

Hoje a Assembleia de Deus se encontra em todos os estados do Brasil,


possui uma Casa Publicadora lançando livros e bíblias no mercado. Tem um
atuação no campo político, social e missionário.

Existem várias ramificações da Assembleia de Deus, e a principal dela é a


Assembleia de Deus Ministério de Madureira, fundado pelo pastor Paulo
Leivas Macalão.

Paulo Leivas Macalão recém convertido recebe a incumbência de Gunnar


Vingren para que que pudesse pastorear e evangelizar os subúrbios da Central
do Brasil, começando pelo Realengo, Bangu e Santa Cruz, sendo que em
Madureira o trabalho veio a estabelecer-se como sede ao seu vertiginoso
crescimento, tendo sido fundado em 15 de novembro de 1929. Para dá
continuidade ao trabalho evangelístico no Rio de Janeiro, Paulo Leivas
Macalão inaugura em 1º de maio de 1953 o belíssimo templo da Assembleia
de Deus em Madureira, primeira catedral das Assembleias de Deus na
América Latina, em estilo gótico e linhas suaves para exaltar o glorioso
Nome de Jesus.

Com igrejas espalhadas pelo Brasil, e para que tivesse uma organização
eclesiástica entre eles, Macalão funda a Convenção Nacional de Madureira
em 1958, tornando o ministério mais coeso e unido. Criando também um
estatuto padrão, para todas as igrejas filiadas a Madureira, garantindo a
comunhão perpétua fraternal, espiritual, doutrinário e patrimonial. Pelo seu
belo trabalho tanto no âmbito espiritual e social na frente de uma
denominação, Paulo Leivas Macalão, como expoente da fé Pentecostal no
Brasil, é escolhido para presidir o Comitê Nacional da Oitava Conferência
Mundial Pentecostal, mobilizando milhares de crentes que superlotaram no
dia do encerramento o estádio do Maracanã – RJ.

Paulo Leivas Macalão, considerado o patriarca da Assembleia de Deus no


Brasil e fundador do ministério de Madureira é sempre lembrado com
respeito e carinho, não só pelos seus 52 anos de pastorado, mas pelos seus
hinos de sua autoria, do maior hinário pentecostal do país, a Harpa Cristã,
utilizada e cantada por milhões de crentes no Brasil.

Em reconhecimento pelo trabalho prestado na sociedade, o ministério de


Madureira é considerado Patrimônio Cultural, Histórico e Turístico do estado
de São Paulo, sob a lei nº 799 de 2017, projeto de lei criada pela deputada
Cezinha de Madureira, sancionada pelo governador Márcio França. Essa
conquista foi comemorada pelos líderes da denominação e seus membros.

Não deixaremos de destacar a maior divisão da história da Assembleia de


Deus, depois de cem anos de sua fundação. Esse episódio foi protagonizado
pelos líderes José Wellington Bezerra da Costa e Samuel Câmara. A criação
de uma nova convenção foi feita pelo pastor Samuel Câmara, por causa de
uma grande insatisfação, não somente dele, mas de inúmeros pastores
presidentes de convenções que não estavam felizes com a política eclesiástica
e perpetuação no poder de José Wellington Bezerra da Costa. Haviam entre
eles disputas eleitoreiras para a presidência da CGADB (Convenção Geral
das Assembleia de Deus no Brasil), contudo, ao passar dos anos brigas
internas fizeram com que pastores se desligassem da mesma, fazendo o maior
racha da história da Assembleia. O pastor Samuel Câmara funda então uma
nova convenção CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil)
atraindo aqueles pastores, presidentes de convenções regionais para se
aliarem ao seu lado, dando continuidade agora de um novo paradigma ao
trabalho evangelístico no Brasil.

A Congregação Cristã no Brasil foi fundado pelo italiano Louis


Francescon que havia migrado para os Estados Unidos, onde era membro da
Igreja Presbiteriana, chegando a ocupar cargo de diácono e presbítero. Não
concordava com o batismo por aspersão, então decidiu sair e procurou um
grupo que concordava com seus pensamentos. Em 1907, foi Batizado com o
Espírito Santo e, dois anos depois, foi a Argentina para abrir uma igreja. Da
Argentina, foi para o Brasil, onde pregou numa Igreja Presbiteriana (março
de 1910) e sua mensagem era “inflamada” e por muitos foi rejeitada.

Francescon nunca morou no Brasil, mas fazia viagens periódicas


Argentina-Brasil. O estado de São Paulo era onde ele fazia os cultos, por ter
grandes concentração de imigrantes italianos e de outros estados. Esta
denominação tem suas peculiaridades, pois não aceitam e nem enfatizam o
estudo teológico ou preparação. Não aceitam de outros livros religiosos,
senão a Bíblia. A Congregação Cristã no Brasil já batizou mais de 2 milhões
de pessoas. Ainda hoje é um grupo conservador e fechado para influências
que fujam de seus limites. A maior concentração dessas igrejas está na região
Sudeste e também no Estado do Paraná.

A Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundado em 1923 por uma


canadense, que morava nos Estados Unidos, chamada Aimee Semple
Mcpherson. Ela e seu marido eram missionários na China, mas quando ficou
viúva teve que voltar para América com sua filha pequena. Ela era uma
mulher que pregava sobre cura divina, percorrendo os quatros cantos dos
Estados Unidos e depois de receber uma revelação de Deus, fundou a Igreja
do Evangelho Quadrangular. O nome diz respeito às quatro obras
fundamentais que Jesus faz: Jesus Salva, Jesus Cura, Jesus batiza com o
Espírito Santo e Jesus Voltará. A igreja cresceu e espalhou para outros países,
chegando ao Brasil através de Harold Willians, ex-ator de filmes faroestes,
em 1951. Atualmente conta com milhares de igrejas espalhadas pelo país, é
uma igreja que sempre deu espaço para o ministério feminino, sendo uma das
primeiras a ordenar mulheres como pastoras.

A Igreja Pentecostal Deus é Amor foi fundada em 3 de junho de 1962


pelo missionário David Martins Miranda (1936-2015). A igreja começou com
três membros: missionário David Miranda, sua mãe Anália Miranda e sua
irmã Araci Miranda. Ele era católico romano que se converteu ao
protestantismo após ter problemas em sua casa após a conversão da sua mãe e
irmã. Na mesma semana de sua conversão, recebeu o batismo com o Espírito
Santo e três anos depois recebeu da parte de Deus, numa madrugada
enquanto orava, uma grande missão para realizar numa Igreja chamada “Deus
é Amor”, ele procurou tal Igreja e não encontrou, entendeu então que Deus o
chamava para organizar essa Igreja. A Deus é Amor estar presente na Europa,
África e Ásia, com mais de 22 mil igrejas espalhadas pelo Brasil e em 136
países de mundo.

David Miranda em sua trajetória missionária pregava o evangelho pelo


rádio, onde fazia o programa Voz da Libertação. Pregava contra o divórcio,
política e a televisão, pois era muito comum as igrejas pentecostais na década
de 80 serem contra esses pensamentos. David Miranda não deixou o
relativismo, o sincretismo religioso entrar em sua vida, pois seus princípios
permaneceram os mesmos até o dia de sua morte. David Miranda tinha um
chamado voltado libertação de demônios, cura divina, onde os templos
ficavam superlotados para ouvir sua pregação.

Referências Bibliográficas

BARTLEMAN, Frank. A história do avivamento azuza / Frank


Bartleman; tradução de Christopher David Walker. – 3. ed. – Americana, SP:
Impacto Publicações, 2016, 104 p.

BOYER, Orlando. Heróis da Fé. Tradução Cláucia Victer. Rio de


Janeiro: CPAD, 2002, 246p.

CAMPOS, Leonildo Silveira. As origens norte-americanas do


pentecostalismo brasileiro: observações sobre uma relação ainda pouco
avaliada. Revista USP, São Paulo, n.67, p.100-115, setembro/novembro,
2005.

FERNANDES, Rubeneide Oliveira Lima. Movimento Pentecostal,


Assembleia de Deus e o Estabelecimento da Educação Formal.
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OLIVEIRA, Rafael de Souza. Pentecostalismo e Protestantismo no


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São Paulo, v.1, n.1, p.143-153, jan-dez., 2013.

SUANA, Marta. História da Igreja – A trajetória do cristianismo


desde sua fundação até nossos dias. Pindamonhangaba: IBAD, 2006. 188p.

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Siqueira

Disponível em: <http://portal.metodista.br/fateo/materiais-de-


apoio/estudos-biblicos/a-festa-de-pentecostes-no-antigo-testamento>. Acesso
em: 17/07/2018.

Lei Ordinária nº 8.628, de 14 De Junho de 2018

Disponível em <https://www.sistemas.pa.gov.br/sisleis/legislacao/4151>.
Acesso em: 24/10/2018

Requer a convocação de Sessão Solene da Câmara dos Deputados


para o dia 17 de junho de 2011, às 15 horas, para celebrar o Centenário
da Igreja Assembléia de Deus no Brasil.

Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?
codteor=837015> Acesso em: 24/10/2018.

Leandro Rodrigues. Filme contará origem da igreja evangélica


Assembleia de Deus

Disponível em: <https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-


noticias/entretenimento/2018/09/12/filme-contara-origem-da-igreja-
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História de Daniel Berg e Gunnar Vingren vai virar filme

Disponível em: <http://www.cpadnews.com.br/assembleia-de-


deus/45570/historia-de-daniel-berg-e-gunnar-vingren-vai-virar-filme-.html>.
Acesso em: 24/10/2018.

Os primeiros passos da Assembleia de Deus no Brasil

Disponível em: <http://www.editoracpad.com.br/assembleia/historia/>.


Acesso em: 24/10/2018.

Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos,


espíritas e sem religião

Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?


id=3&idnoticia=2170&view=noticia>. Acesso em: 03/11/2018.
Reinaldo Azevedo. O IBGE e a religião — Cristãos são 86,8% do
Brasil; católicos caem para 64,6%; evangélicos já são 22,2%

Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/o-ibge-e-a-


religiao-cristaos-sao-86-8-do-brasil-catolicos-caem-para-64-6-evangelicos-ja-
sao-22-2/>. Acesso em: 03/08/2018.

Conheça um Pouco da História da AD Madureira

Disponível em: <https://www.admadureira.com.br/sobre-a-igreja/>.


Acesso em: 09/11/2018.

Tiago Chagas. AD Madureira é Declarada Patrimônio Histórico e


Cultural de São Paulo.

Disponível em: <https://noticias.gospelmais.com.br/ministerio-madureira-


patrimonio-historico-cultural-sao-paulo-99029.html>. Acesso em:
13/11/2018.

História da IDPA

Disponível em: <http://www.ipda.com.br/historia-da-ipda-2/>. Acesso


em: 13/11/2018.

[1] Juanribe Pagliarin é Conferencista internacional, advogado,


publicitário e teólogo. É fundador e presidente da Comunidade Cristã Paz e
Vida.

[2] Tércio Machado Siqueira possui graduação em Teologia pela


Universidade Metodista de São Paulo (1965), e Filosofia pela Faculdade
Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras (1974); mestrado na School Of
Theology At Claremont (1979); e doutorado em Ciências da Religião pela
Universidade Metodista de São Paulo (1997). Atualmente é professor titular
da área de Bíblia - Presencial e a Distância - (Antigo Testamento) da
Faculdade de Teologia da Igreja Metodista - UMESP, e participa do
Conselho Editorial das Revistas: Revista Estudos Bíblicos e do Comentário
Bíblico Latino-Americano. Coordena a Série: Cristinismo Prático (Editeo).
Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Teologia, atuando
principalmente nos seguintes temas: justiça, Salmos, messianismo,
profetismo, Torah.
[3] Orlando Boyer (1893-1978) foi um pastor pentecostal, missionário,
tradutor e escritor evangélico norte-americano. Seu livro mais conhecido é o
Heróis da Fé.
[4] Luís de Castro Campos Jr possui graduação em História pela
Faculdade Auxilium de Lins (1996), mestrado em História pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1991), doutorado em História pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1997) e doutorado
em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2000).
Atualmente é professor no Centro de Ciências Humanas e Educação em
Jacarezinho (CCHE- UENP).
[5] Leonildo Silveira Campos possui graduação em Teologia - Faculdade
de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (1972); graduação
em Filosofia - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mogi Cruzes
(1971); mestrado em Administração pela Universidade Metodista de São
Paulo (1986); doutorado em Ciências da Religião pela Universidade
Metodista de São Paulo (1996). Atualmente é docente e pesquisador do
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Tem experiência na área de Ciências Sociais e
Religião, com ênfase em Sociologia e Antropologia da Religião,
principalmente nos seguintes temas: estudos interdisciplinar do campo
religioso, protestantismo, pentecostalismo, comunicação religiosa, religião e
política e novos movimentos religiosos.

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