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Introdução:
Admirador de Albrecht Dürer, um dos grandes pintores alemães do renascimento,
Cranach atingiu grande renome como pintor a partir de 1520. Sua amizade com Lutero e
afinidade com as doutrinas luteranas o tornaram o pintor mais conhecido da Reforma
Protestante na Alemanha.
Usando-se do modelo peirceano pretende-se descrever aqui uma sucinta analise
semiótica de algumas de suas obras religiosas. Baseado nas categorias: primeiridade;
secundidade e; terceiridade (MOIMAZ, & MOLINA, 2009), o modelo compõe-se de uma
primeira impressão (primeiridade); a tomada de consciência da relação entre signo e o
objeto representado (secundidade), e; a interpretação da mensagem (terceiridade). Assim,
pondera-se que a obra de Cranach tornou-se importante ferramenta na ampliação da fama
de Lutero, na propagação do movimento e na difusão das temáticas religiosas abraçadas.
Breve Biografia
Lucas Maler nasceu em Kronach, Bavária, em 1473. Em homenagem à cidade natal,
adotou o nome artístico de Lucas Cranach (Figura 1). Quando seu filho, que recebeu o
*
Mestrando em Ciência da Religião na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Contato:
elviofigur@gmail.com.
mesmo nome, também começou a fazer sucesso como pintor, acrescentou a expressão “o
velho” ao final do nome. Cranach viveu em Wittenberg entre 1504 e 1550 e tornou-se o
pintor oficial da corte a convite de Frederico III, príncipe eleitor da Saxônia. Por volta de
1508, adotou a serpente alada com asas de morcego (Figura 2) como símbolo/assinatura de
sua obra.
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Figura 1:
Autorretrato‟ / Figura 2:
1550 / Assinatura em uma
Florença obra de 1514
Cranach apoiou Lutero em tudo que este dizia e pensava e, promovendo seus
retratos, ajudou a alargar a fama do reformador. Ele ainda produziu uma diversidade de
pinturas e xilogravuras que retratam suas percepções dos ensinamentos do amigo. Suas
obras, impressas em panfletos e/ou expostas em igrejas, serviram como propaganda do
movimento reformatório, bem como das temáticas religiosas abraçadas.
Lucas também pintou vários retratos da família de Martinho Lutero, além de ilustrar
a primeira edição do Novo Testamento alemão em 1522 e a Bíblia Ilustrada de 1534 (Figura
4). Foram mais de 5.000 obras concluídas até seu falecimento em 1554, além de outras
póstumas concluídas pelo filho Lucas, o jovem.
Figura 7: A Rosa
Figura 6: Brasão
de Lutero
de Lutero, 1524
A Rosa, apesar de não ter tido influência direta de Cranach para sua formulação, é
um arquétipo da relação entre a teologia e a arte na propaganda da mensagem do
reformador. Ela não apenas sintetiza a complexa formulação teológica luterana, mas a
expressa de forma simples. É a linguagem simbólica capaz de incitar o observador à
meditação. Este também á o caso de A Bênção de Cristo às Crianças, de 1546, (Figura 8).
Nela há uma crítica indireta às indulgências e, ao mesmo tempo, uma crítica à recusa, por
parte dos anabatistas, ao batismo infantil. Dessa obra teriam sido publicadas 20 versões
diferentes (HOFFMANN, 2015).
Bibliografia Básica
HOFFMANN, Christian. Cranach e Lutero. In: BUSS, Paulo W (org.). Lutero e a Comunicação: O uso da
mídia na proclamação do Evangelho. Textos do 5º Simpósio Internacional de Lutero. Porto Alegre:
Concórdia, 2015.
MOIMAZ, Érica Ramos & MOLINA, Ana Heloísa. A Contribuição da Semiótica Peirceana para análise
da pintura histórica. Encontro Nacional de Estudos da Imagem (2.: 2009: Londrina, PR). Anais... : UEL,
2009.
OZMENT, Steven. The Serpent & The Lamb: Cranach, Luther, and the Making of the Reformation.
Yale University Press: New Haven and London, 2012.
THE REFORMATION of Religious Images: Lucas Cranach the Elder and Martin Luther. Disponível em:
<https://epistole.wordpress.com/2009/12/21/the-reformation-of-religious-images-lucas-cranach-
the-elder-and-martin-luthers-bible-of-1534/>. Acesso em: 01 out. 2015.