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DIREITO PROCESSUAL PENAL

4.º ANO – DIA – 2019-2020


Regência: Professor Doutor Paulo de Sousa Mendes
Colaboração: Prof.ª Doutora Teresa Quintela de Brito, Mestres João Gouveia de Caires e David
Silva Ramalho e Drs. Joana Reis Barata e Frederico Machado Simões
Exercício escrito

António era guarda no Estabelecimento Prisional de Segurança Máxima de Monsanto. Todos


os dias a sua rotina era igual: saía da sua casa em Almada às 8h, ia para o Estabelecimento
Prisional, almoçava, regressava a casa às 17h e, assim que chegava a casa, começava a discutir
com a sua mulher até à hora em que ia dormir.

Certo dia, António decidiu que estava na altura de pôr um ponto final nas discussões.
Chegado ao Estabelecimento Prisional, abeirou-se de Bruno, também conhecido por “Brunão”,
o recluso mais violento de Monsanto (e também um dos que cumpria pena mais longa), e fez-lhe
uma proposta: “ajudo-te a fugir se matares a minha mulher”. Bruno aceitou de imediato.

No dia seguinte, António chamou Bruno para a carrinha da prisão, simulou que iria levá-lo a
uma diligência judicial e levou-o até casa. Abriu a porta e disse a Bruno: “é aqui, vai ter ao 5.º B,
bate à porta e quando a minha mulher abrir faz o que tens a fazer”. Bruno assim fez.

O que Bruno não sabia era que António tinha chamado a polícia à socapa. Foi assim que
Bruno foi surpreendido pela PSP, logo após matar a mulher de António, ainda segurando a faca.

Bruno foi detido no dia 31 de março de 2020 e constituído arguido nos termos legais.

No dia 1 de abril de 2020, entrou em vigor a Lei n.º 20/2020, que criava o Tribunal de
Competência Especializada para Homicídios, em Corroios, inaugurado com apenas um juiz, que
passava a assumir a competência para todos os atos jurisdicionais em qualquer fase do processo,
sempre que estivessem em causa “crimes de sangue”, derrogando expressamente o regime
previsto no artigo 40.º do CPP.

No dia 2 de abril, Bruno foi submetido a primeiro interrogatório pelo juiz do novo Tribunal
de Competência Especializada para Homicídios em Corroios.

António acabou sendo descoberto através da gravação de imagem e som feita pela câmara do
Estabelecimento Prisional, sendo denunciado pelo respetivo Diretor ao Ministério Público. No
dia 3 de abril, António foi, igualmente, presente ao juiz do novo Tribunal de Competência
Especializada para Homicídios em Corroios para primeiro interrogatório judicial.

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Responda fundamentadamente às seguintes questões:

1 - Qual o tribunal funcional, material e territorialmente competente para julgar António e


Bruno?

2 - Poderia António requerer o julgamento em tribunal de júri? E se Bruno se opuser?

3 - A Lei n.º 20/2020 seria aplicável ao processo?

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