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Nestes termos, cumpre o presente estudo responder à seguinte questão: existe fundamento à
pena de prisão perpétua no nosso ordenamento jurídico, alcançando fins que as penas
atualmente previstas não cumprem e podendo, eventualmente, se enquadrar nos atuais
valores consagrados na nossa Constituição?
A fim de dar resposta à problemática apresentada supra, cumpre definir como princípios
fundamentais à breve investigação que nos segue, primeiramente, a máxima objetividade que
o tema permite a qualquer jurista – neste sentido, subjaz no nosso discurso a ausência de
preconceções a favor e contra esta conceção, sendo mister separá-la dos movimentos e figuras
políticas a que naturalmente se encontra associada, logrando meramente expor, face a todos
os pontos que merecem a nossa análise, diferentes posições e seu enquadramento, tendo em
vista alcançar uma resposta no seguimento lógico das conclusões que se possam obter –
seguidamente, procuraremos enquadrar o nosso estudo com a praxe de sistemas jurídicos
estrangeiros da família romano-germânica, que não só não se afiguram alienígenas face à lei
portuguesa, como muitas vezes servem de base e estudo ao legislador português.
Será forçoso aceitar que, após a nossa tentativa de despersonalização face ao tema, caberá
uma análise crítica da investigação e conclusões obtidas, porquanto a imparcialidade
expositiva que será nosso objetivo alcançar não poderá reconduzir a um mero resumo jus-
ideológico, desprovido de pensamento necessário a qualquer estudo.
Comecemos a nossa abordagem explicitando uma importante premissa que rege todo o
estudo subsequente: o Estado português afigura-se um Estado de Direito Democrático e Social
e, em tais termos, por um lado, se os seus valores e princípios fundamentais, consagrados na
Constituição da República Portuguesa, positivam a vontade da ampla maioria da sociedade,
não poderão ser mutáveis através de um movimento radical contrário àquele entendimento
sedimentado na experiência histórica e cultural da comunidade, carecendo sempre de uma
vontade coletiva que reflita a eminência de tal mudança; por outro, não se verificando tal
alteração da vontade coletiva, vigora e subsiste um princípio social subjacente a todo o
funcionamento do Estado, incluindo no fundamento e aplicação de penas pelas quais restringe
os direitos, liberdades e garantias dos indivíduos.
Resumidamente, cabe tomar como pressuposto necessário a fim de alcançar uma resposta à
pergunta que guia a nossa jornada que, a existir fundamento à pena de prisão perpétua no
ordenamento jurídico português, terá que se conciliar com os princípios fundamentais da
sociedade portuguesa e, por consequente, com as funções inerentes ao Estado Social.
Uma reforma não poderá cair numa revogação completa daquilo que caracteriza o nosso
ordenamento jurídico contemporâneo – pelo menos, sem uma vontade coletiva generalizada –
e um estudo, dentro dos moldes e âmbito daquele a que nos propomos, nunca alcançaria uma
resposta firme a uma pergunta que, na ausência daquela vontade coletiva, jamais fora
colocada.
Se a lógica dita que não deve a solução antever o problema, impõe-se que a admissibilidade da
medida de prisão perpétua resulte primeiramente da sua compatibilidade com os valores
fundamentais plasmados na Constituição da República Portuguesa.
A dignidade da pessoa humana afigura-se como uma bitola fundamental à medida e fins das
penas. Enquanto valor inerente à condição humana pela sua simples personalidade, conclui
também a proibição das penas enquanto instrumentalização estadual. Como nos ensina
GOMES CANOTILHO1, esta noção realça a proibição de conceções transpessoalistas de Estado e
Nação – ilustrando o autor com a conhecida máxima da Ditadura Salazarista “tudo pelo Estado
nada contra o Estado”, culminando na rejeição do sacrifício dos direitos individuais para
prossecução dos fins do Estado. Importa ao nosso estudo aferir se é possível conceber a pena
de prisão perpétua enquanto medida que não instrumentalize o agente criminoso a fim de
seguir os fins de segurança do Estado2, através do afastamento da sociedade do agente
criminoso, conforme observaremos no tocante ao enquadramento dos fins das penas.
1
Cf. CANOTILHO, J. J. Gomes, Constituição da República Portuguesa Anotada (1993), pág. 52.
2
O direito à segurança resulta do Art.º 27.º, n.º 1, da CRP. Cf. CANOTILHO, J. J. G., Constituição …, pág.
184. Este direito manifesta-se, numa vertente positiva, enquanto a proteção contra ameaças e violações
aos direitos individuais por outros sujeitos, com recurso aos poderes públicos.
A necessidade da pena consagra que as penas legalmente previstas 3, enquanto restrição aos
direitos, liberdades e garantias, devem-se limitar ao mínimo indispensável para salvaguardar
os bens jurídicos. O postulado contrapõe-se à dignidade da pessoa humana, cabendo não se
traduzir numa conceção supra-individualista, fundada nos fins do Estado. 4 Enuncia ainda
FERNANDA PALMA relevar o princípio a fim de legitimar a incriminação, especificamente
quanto à carência de proteção penal do bem jurídico, falta de alternativas à penalização, e
eficácia concreta da incriminação5. In casu, importa distinguir a necessidade da pena da
medida da pena, sendo crível que uma conduta seja punida, mas não necessariamente em
pena tão gravosa quanto a prisão perpétua.
O direito à liberdade será, sem dúvida, aquele que mais releva no âmbito do nosso estudo,
demonstrando-se restrito, na sua totalidade, pela pena de prisão perpétua. Em conjugação a
dignidade da pessoa humana, é possível deduzir, na nossa Constituição, o princípio da culpa6.
Por fim, dentre os princípios que consideramos ter estrita conexão com a problemática sob a
qual nos debruçamos, encontra-se a proibição de penas perpétuas ou indeterminadas que, a
priori, serviria de imediata resposta negativa a todo o estudo. Não sejamos incautos –
concluímos que a sociedade é aversa à pena de prisão perpétua lato sensu; mas tal não exclui
um sistema análogo àqueles positivados noutros países da família romano-germânica, sobre os
quais aprofundaremos na segunda etapa desta estudo, baseados numa premissa de um
período máximo, findo o qual é feita uma reavaliação ao agente e, dependendo do (in)sucesso
da sua reintegração social através da pena, poderá a mesma ser estendida por sucessivos
períodos de tempo determinados.
3
O princípio da legalidade, extrapolado tanto da letra do Art.º 18.º n.º 2, como mais diretamente do
29.º, n.º 1, ambos da CRP, é outro já conhecido importante pilar das penas no Direito Penal, não
obstante menos relevante ao nosso estudo em função da natureza da problemática.
4
Cf. PALMA, Maria Fernanda, Direito Penal (2017), p. 92.
5
Cf. MAYER, M. E., Der Allgemeine Teil des Deutschen Strafrechts (1923), p. 23 (citado por PALMA, M. F.,
Direito Penal …, p. 92).
6
Cf. PALMA, M. F., Direito Penal …, p. 87.
7
Cf. Adições de Direito Espanhol de PUIG, S. MIR, e CONDE, F. MUÑOZ, ao Tratado de Derecho Penal de
Jescheck, I (1978), p. 36 (citado por PALMA, M. F., Direito Penal …, p. 87).
8
Cf. DIAS, J. F., Direito Penal …, p. 82.
9
Cf. CANOTILHO, J. J. G., Constituição …, p. 197.
Denote-se que, nesse regime aplicável ao agente que tenha praticado um facto ilícito típico e
for considerado inimputável, crime este punível com pena superior a 8 anos, e em que se
verifique um perigo de novos factos da mesma espécie de tal modo grave que desaconselhe
a libertação, o internamento aplicado poderá ser prorrogado por períodos sucessivos de 2
anos, sem nunca exceder o limite máximo da pena correspondente, tudo conforme o Art.º
92.º, CP. Concebendo-se a reforma do sistema penal no sentido de prever a pena de prisão
perpétua, enquanto um teto máximo da pena não definitivo (portanto, de duração
determinada), cumprido ao períodos sucessivos e de duração mais reduzida, entre os quais se
encontra sujeito a reavaliações quanto ao risco de reincidência, tal não se nos parece um
regime inconstitucional.
Esta premissa, comummente ilustrada pelo seu epítome presente na conhecida Lei de Talião,
através do comando “olho por olho, dente por dente”, que perdurou e teve o seu auge na
Idade Média, impunha um mal na pessoa do criminoso e na sua honra como fim da pena.
Como nos explica FERNANDA PALMA 11, a retribuição era usualmente associada à presunção de
culpa ética no agir do agente enquanto pressuposto, o qual o Estado não tem legitimidade
para punir automaticamente – afinal, no modelo de Estado de Direito Democrático, não lhe
cabe a promoção de uma ética ou moral em si mesmas, conforme resulta inclusivamente do
princípio da necessidade da pena, plasmado no Art.º 18, n.º 2, da nossa Constituição, que
consagra que a pena só seja aplicada quando for necessária à preservação da sociedade.
Esta linha de pensamento parte das conceções apresentadas por KANT e HEGEL. Segundo o
primeiro pensador, o agente da prática de um crime, através da sua ação, expressa uma
negação do próprio Direito em geral – incluindo face a si mesmo. Adaptando as suas palavras,
“Aquele que rouba torna insegura a propriedade de todos os demais, portanto priva-se a si
mesmo da segurança de toda a possível propriedade” 12.
10
PALMA, M. F., Direito Penal …, p. 50.
11
Cf. PALMA, M. F., Direito Penal …, pp. 51 – 52.
Já na ótica de HEGEL, a pena materializa-se enquanto um conceito inerente ao crime; entenda-
se, um resultado necessário e objetivo em si mesmo, pois que a violação do Direito acaba por
manifestar o próprio Direito e, assim, ao negá-lo afirmá-lo-ia. 13 HEGEL separa a conceção de
pena de uma perspetiva moral, repercutindo-a a um plano racional e objetivo do Estado. 14
FERNANDA PALMA conclui o seu pensamento na medida em que, para a autora, a pena
enquanto retribuição se traduz numa necessidade lógica de reafirmação do Direito perante a
sua violação15, balanceando a pena na medida do princípio da culpa e do princípio da
necessidade da pena.
Conforme pudemos concluir, uma conceção moderna da tese retributiva das penas não se
manifesta pela simples retribuição de um mal provocado pelo agente: tal linha condutora
legitimaria, em ultima ratio, a pena de morte, a aplicar a um homicida. Importaria aferir se,
através desta pena, é possível reafirmar o Direito, perturbado pelo agir criminoso do agente
penal, sempre basilada nos princípios fundamentais da culpa e da necessidade da pena. Em
tais termos, é válido admitir que, em circunstância tal que a culpa subjacente à conduta do
agente, bem como a sua gravidade inerente à luz do Direito, fosse de tal ordem manifesta, a
12
Cf. KANT, Immanuel, Metafísica dos Costumes (1764), trad. e notas de JOSÉ LAMEGO, 2004, pp. 209 –
211. (citado por PALMA, M. F., Direito Penal …, p. 52).
13
PALMA, M. F., Direito Penal, p. 52.
14
Cf. HEGEL, G. F. W., Princípios da Filosofia do Direito (1820), trad. de ORLANDO VITORINO, p. 209.
(citado por PALMA, M. F., Direito Penal …, p. 52).
15
PALMA, M. F., Direito Penal, p. 54.
16
Cf. DIAS, Jorge de Figueiredo, Direito Penal – Parte Geral Tomo I (2007), pp. 47 – 49.
pena de prisão perpétua se poderia apresentar adequada a fim de reafirmação do Direito face
à sua negação resultada pela prática do crime.
Não obstante, subscrevemos o pensamento de FIGUEIREDO DIAS 17, recusando uma conceção
retributiva dos fins da pena na medida em que, num Estado social, não poderá valer a simples
punição enquanto reafirmação sistémica, desprovida de qualquer intenção de ressocialização
do agente ou de restauração da paz jurídica. Sendo nosso objetivo aferir a viabilidade desta
medida no nosso ordenamento jurídico, será contraproducente responder à questão num
sentido que contraria os seus próprios valores fundamentais, devendo focar o nosso estudo
nas conceções de prevenção.
Partindo de uma perspetiva da pena enquanto medida preventiva geral, não é incrédulo
considerar a medida de prisão perpétua uma forma máxima da sua vertente negativa – afinal,
a total restrição ao direito fundamental de liberdade traduz seria quiçá das medidas com
caráter intimidatório mais demarcado. Tal vertente, em medida idêntica à conceção anciã da
tese retributiva, legitimaria a pena de prisão perpétua, bem como outras indubitavelmente
contrárias aos valores fundamentais da nossa sociedade, como o seriam a pena de morte,
enquanto violação ao direito fundamental à vida, ou o degredo, traduzindo-se na total
negação ao caráter ressocializador do Direito social pelo ato de expulsão do agente da própria
comunidade. Mais, atente-se na manifesta evidência da crítica que os autores apontam a esta
conceção: a aplicação de uma pena gravosa em medida tal que prive o agente, por completo,
do seu direito à liberdade, com o objetivo de intimidar contra a prática do crime, traduz-se
numa completa instrumentalização da pessoa do agente, devendo-se rejeitar tal conceção por
violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
Numa outra via, mais próxima da conceção manifesta no nosso ordenamento jurídico,
colocando a hipótese de uma eventual vertente positiva da medida em apreço, tal exercício de
incorporação aparenta-se mais forçoso. Sendo certo que, em crimes que manifestem
perversidade e movidos por tal grau de culpa que a medida da pena se justificasse à luz do
princípio da necessidade da pena, se poderia admitir a pena de prisão perpétua como “reforço
dos padrões de comportamento adequado às normas” 18, tal medida stricto sensu se
encontraria desprovida de qualquer finalidade integradora do agente na sociedade. Não
obstante, e conforme exploraremos de seguida, noutros ordenamentos jurídicos não é atípica
a conceção da medida de prisão perpétua como uma ultima ratio finda uma série de tentativas
de reinserção social do agente, ao longo de intervalos regulares no cumprimento da pena.
Tal entendimento pecaria, à semelhança dessas outras teorias relativas aos fins das penas,
pela ausência de intenção ressocializadora do agente na sociedade, a conceção mais restritiva
da pena de prisão perpétua não poderia ser admitida na estirpe socializadora da prevenção
especial, porquanto não daria ao agente a oportunidade de se corrigir e se adequar às normas
sociais. Reitera-se, porém, que tal não exclui eventuais entendimentos da pena de prisão
17
Cf. DIAS, Jorge de Figueiredo, Direito Penal …, pp. 45 – 49.
18
Cf. DIAS, Jorge de Figueiredo, Direito Penal …, p. 51.
19
Cf. DIAS, Jorge de Figueiredo, Direito Penal …, p. 54.
perpétua enquanto cominação de múltiplas sucessivas tentativas falhadas de reinserção do
agente criminoso, conforme se procurará abordar pela experiência de outros ordenamentos
jurídicos, na segunda etapa da nossa abordagem.
Experiência Espanhola
Desde 2015 que a lei penal de Espanha prevê o regime de prisão perpétua, por força da Ley
Orgánica 1/201520. O regime em vigor aplica a prisão perpétua apenas em determinados
crimes contra a vida, relevando para a sua aplicação a gravidade dos factos. Os casos
tipificados que admitem prisão perpétua estão plasmados no Art.º 140.º, do presente
Diploma, com a seguinte redação:
2. Al reo de asesinato que hubiera sido condenado por la muerte de más de dos
personas se le impondrá una pena de prisión permanente revisable. En este caso, será
de aplicación lo dispuesto en la letra b) del apartado 1 del artículo 78 bis y en la letra b)
del apartado 2 del mismo artículo.
A lei penal espanhola prevê ainda a punição mediante pena de prisão perpétua para quem
assassine o Monarca ou outro membro da Família Real das Astúrias, através do seu Art.º 485.º,
de um Chefe de Estado ou outra pessoa internacionalmente protegida por Tratado que se
encontre em território espanhol, por força do seu Art.º 605.º, e ao crime de genocídio, na
conceção plasmada no Art.º 607.º.
20
GOBIERNO DE ESPAÑA (2015), Ley Orgánica 1/2015, de 30 de marzo, por la que se modifica la Ley
Orgánica 10/1995, de 23 de noviembre, del Código Penal, disponível em:
https://www.boe.es/buscar/act.php?id=BOE-A-2015-3439 (consultado a 22/01/2022).
Denote-se, não obstante, que a lei penal espanhola sempre se refere à prisão perpétua como
revisable, no sentido de passível de revista. Efetivamente, as condições para a revista vêm
plasmadas nos seus Arts.º 78.º e 92.º, donde resulta, sucintamente, a possibilidade do Tribunal
rever a sentença e, eventualmente, atribuir a liberdade condicional ao condenado, em ultima
ratio conduzindo à suspensão da pena remanescente, findo o cumprimento de um período da
pena não superior a 30 anos (em tal caso, resultante de cúmulo de crimes, vide Art.º 78.º, n.º
2, al. b), do presente Diploma). Mais resulta da leitura da lei que, subjacente a este regime,
vigora um princípio de reinserção na sociedade de agentes criminosos, cuja perigosidade, na
letra do legislador, impõe tal medida.
Experiência Alemã
A extensão da aplicabilidade da pena de prisão perpétua é, no entanto, mais ampla que aquela
prevista na lei espanhola. Para além de crimes tipificados que visem atingir o bem jurídico vida
humana, prevê ainda a aplicabilidade a específicos crimes de guerra.
Conclusão
21
FEDERAL MINISTRY OF JUSTICE (2019), Strafgesetzbuch (tradução oficial em língua inglesa), disponível
em: https://www.gesetze-im-internet.de/englisch_stgb/ (consultado a 22/01/2022).
bem como o neutralizar da sociedade, na eventualidade de o Estado falhar na sua função de
ressocialização através do Direito Penal (vide Art.º 40.º, n.º 1, CP).
Terceira etapa:
Conclusão
Num caso em que potencialmente seja aplicada a pena restritiva da liberdade máxima
legalmente permitida, as bitolas da culpa e da necessidade da pena a que se encontram os fins
das penas adstritos relevam para determinar se o condenado cumpre, ou não, a pena aplicada
na sua totalidade; ou, se por outro lado, a mesma foi eficaz para o reintegrar na sociedade,
não se afigurando um risco demarcado para a sociedade para a reincidência, em prejuízo do
direito fundamental à segurança.
Poderemos concluir que o limite máximo tipificado para a pena de prisão, se por um lado não
se afigura manifestamente superior àquele em que o agente criminoso noutros principais
sistemas romano-germânicos poderá solicitar a liberdade condicional; por outro permite a
reinserção ao arguido quando colocado em liberdade, não lhe furtando a chance de se
reintegrar finda a pena, evitando-se uma instrumentalização do agente ou preferência de
interesses estaduais com prevalência às liberdades individuais.