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TCE-RJ

PROCESSO n.º 116.591-5/18


RUBRICA Fls.:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


GABINETE DO CONSELHEIRO SUBSTITUTO MARCELO VERDINI MAIA

PLENÁRIO
VOTO GA-1

PROCESSO: TCE-RJ 116.591-5/18


ORIGEM: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: SOLICITAÇÃO DE DEPUTADO ESTADUAL

SOLICITAÇÃO ENCAMINHADA POR DEPUTADO ESTADUAL.


PEDIDO DE REANÁLISE DO CRITÉRIO RELATIVO À LEGALIDADE
DA ACUMULAÇÃO DE DOIS CARGOS PÚBLICOS DE
PEDAGOGO. MATÉRIA QUE SE INSERE NAS AUDITORIAS
REALIZADAS EM ÓRGÃOS ESTADUAIS E EM MUNICÍPIOS
JURISDICIONADOS COM O OBJETIVO DE IDENTIFICAR CASOS
DE ACUMULAÇÃO IRREGULAR DE CARGOS, EMPREGOS E
FUNÇÕES PÚBLICOS. TESE DO PETICIONÁRIO QUE SERÁ
APRECIADA QUANDO DA REALIZAÇÃO DAS AUDITORIAS DE
MONITORAMENTO DO TEMA NO ÂMBITO DO PAAG 2019.
CIÊNCIA AO PLENÁRIO. CIÊNCIA AO SOLICITANTE.
DETERMINAÇÃO À SECRETARIA GERAL DE CONTROLE
EXTERNO. ARQUIVAMENTO.

Trata-se de expediente encaminhado pelo Deputado Estadual Jânio dos Santos Mendes, em
que solicita que este Tribunal promova a reanálise do critério adotado em sede de auditorias
governamentais na área de pessoal1 acerca da possibilidade de acumulação de cargos de licenciados
em pedagogia, particularmente em relação às funções desempenhadas na educação básica.

1
Com o escopo de verificar a legalidade da folha de pagamento dos jurisdicionados quanto a acumulações irregulares de
cargos, empregos e funções públicos, bem como a eventuais pagamentos realizados em nome de falecidos.
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TCE-RJ
PROCESSO n.º 116.591-5/18
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Em resumo, sustenta o requerente possuir o cargo de pedagogo a natureza de professor


especialista docente, tendo o magistério como gênero e professores regentes e professores
especialistas como espécies decorrentes, acostando aos autos a Nota Técnica 001/2018, de fls. 08/20
da solicitação, assinada pela Professora Especialista em Educação Patrícia da Silva Lima, utilizada
como fundamentação de suas alegações.

O Corpo Técnico, em contextualização aos trabalhos desenvolvidos no âmbito da


Subsecretaria de Controle de Pessoal para “verificar a legalidade da folha de pagamento dos
jurisdicionados quanto a acumulações irregulares de cargos, empregos e funções públicos, bem
como a eventuais pagamentos realizados em nome de falecidos”, esclarece que foram emitidos 254
(duzentos e cinquenta e quatro) relatórios de auditoria tratando do tema, sendo um para cada um
dos órgãos jurisdicionados auditados, tendo esta Corte determinado, em cada processo e aos
respectivos dirigentes, a adoção das providências necessárias ao saneamento das irregularidades,
sugerindo-se a instauração de um processo administrativo para cada servidor no qual a
Administração, analisando caso a caso, pudesse decidir pela licitude ou ilicitude da acumulação.

Considerando ser o tema de verificação recorrente por parte da especializada de pessoal,


esclarece ainda o Corpo Técnico que, “também por força de decisão plenária, a Subsecretaria de
Controle de Pessoal realizará auditorias de monitoramento do tema no âmbito do PAAG 2019,
ocasião em que será verificado se ainda persistem os casos suspeitos anteriormente constatados”,
com alegação de ser este o momento oportuno a se apreciar a tese lançada pelo solicitante,
conforme seguinte passagem:

Nessa senda, reputamos ser a época de execução daquelas auditorias de


monitoramento o momento próprio para a apreciação da tese lançada pelo
Deputado Estadual Jânio dos Santos, no sentido de que são lícitas as acumulações
de cargos privativos de licenciados em pedagogia. Esclareça-se que no
monitoramento os casos ainda reputados irregulares serão analisados
individualmente, de forma que o arrazoado trazido pelo Deputado será levado em
consideração quando da apuração da legalidade das acumulações de que trata.

Em conclusão, sugere a CIÊNCIA AO PLENÁRIO da solicitação formulada e da sua apreciação


quando da realização das auditorias de monitoramento do tema, bem como a COMUNICAÇÃO ao
solicitante e o ARQUIVAMENTO do processo.

Encaminhado os autos ao Ministério Público Especial, não houve manifestação por parte de
Procurador, por força da Resolução MPE 02/2017 e alterações.

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É O RELATÓRIO.

Registro que atuo nestes autos em substituição ao Conselheiro Marco Antonio Barbosa de
Alencar, em razão de convocação da Presidente Interina deste Egrégio Tribunal de Contas,
Conselheira Marianna Montebello Willeman, realizada em sessão plenária de 04.04.2017.

Analisados os autos, verifica-se que a solicitação formulada pelo Excelentíssimo Senhor


Deputado Estadual Jânio dos Santos Mendes tem como objetivo requerer uma reanálise do critério
utilizado para fins de verificação da legalidade de acumulação de cargos, empregos e funções
públicas para o caso especial de profissionais pedagogos, tendo-se como referência os diversos
normativos2 citados na Nota Técnica 001/2018, apresentada em anexo, em especial a Resolução
CNE/CP 01/2006, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em
Pedagogia, licenciatura.

Sobre o tema, o Corpo Técnico entende que o momento oportuno para reapreciação da
matéria será quando das realizações das auditorias de monitoramento do tema no âmbito do PAAG
2019, ocasião em que será verificado se ainda persistem os casos suspeitos anteriormente
constatados em cada órgão jurisdicionado e apurada a legalidade ou não das acumulações de que
trata a solicitação (de profissionais pedagogos com atuação na educação infantil), momento em que
também será levado em consideração o arrazoado trazido pelo ilustre Deputado em sua solicitação.

Em que pese concordar com a sugestão técnica, reputo pertinente reproduzir o Art. 4º da
sobredita Resolução CNE/CP 01/2006, que estabelece um critério3 de auditoria apto a permitir uma
avaliação objetiva da condição de atuação do licenciado em pedagogia. Eis o excerto:

Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores


para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de
Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas
quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

2
Demais critérios citados na peça: CF/88, Artigos 37 e 205; LDB (Lei 9.394/96), Artigos 3º, inciso VII, 9º, 13, 43, 61, 62, 64,
65 e 67; PNE (Lei 13.005/14), especialmente Meta 15, com referência aos incisos I, II e III do caput do Art. 61 da LDB;
Pareceres CNE/CP 09/2001, CNE/CP 05/2005 e CNE/CP 03/2006.
3
Nos termos do item 55.2 do MAG/TCE-RJ, aprovado pela Resolução TCE-RJ 266/10, Critério de Auditoria é a norma
adotada, pela qual o auditor mede a condição deficiente; são as metas que a entidade está tentando atingir ou as normas
relacionadas com o atingimento das metas. Em auditoria de conformidade, os critérios são as próprias leis ou normas e os
princípios de contabilidade usados como parâmetros pelo auditor para aferição do grau de fidedignidade e/ou
confiabilidade das demonstrações financeiras apresentadas.
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Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na


organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando:

I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas


próprias do setor da Educação;

II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de


projetos e experiências educativas não-escolares;

III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo


educacional, em contextos escolares e não-escolares.

Nesse contexto, embora corrobore a sugestão do Corpo Instrutivo de CIÊNCIA AO PLENÁRIO


da solicitação formulada e da sua apreciação quando da realização das auditorias de monitoramento
do tema, mostra-se prudente a determinação à Secretaria Geral de Controle Externo para que,
quando da realização dos planejamentos dos trabalhos de auditoria de monitoramento do tema no
âmbito do PAAG-2019, leve em consideração os critérios trazidos pelo ilustre deputado em sua
solicitação, em especial a Resolução CNE/CP 01/2006 e seu Art. 4º, conjugando-o com a realidade
fática e com a legislação específica de cada órgão jurisdicionado, dado que a pura nomenclatura do
cargo público como “Pedagogo” por si só não é capaz de garantir que o servidor público legalmente
investido em tal cargo exerça atribuições típicas de docente (quer seja de “professor regente”, quer
seja de “professor especialista”), bem como que apenas uma análise caso a caso permitirá uma
avaliação concreta de se as atribuições legais dos cargos intitulados como de “pedagogos” (ou até
mesmo outros eventualmente indicados na auditoria, tais como Inspetor de Alunos, Coordenador
etc.) são típicas de docentes ou se são atribuições meramente administrativas no âmbito da
secretaria/unidade de educação.

Face o exposto, DE ACORDO com o Corpo Instrutivo e apenas com o acréscimo da


determinação acima descrita,

VOTO:

1. Pela CIÊNCIA AO PLENÁRIO:

1.1. Da solicitação formulada pelo Excelentíssimo Senhor Deputado Estadual Jânio dos Santos
Mendes, materializada no presente processo, por meio do qual defende a legalidade da acumulação
de profissionais licenciados em pedagogia por serem “professores especialistas”, particularmente em
relação às funções desempenhadas na educação básica;

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PROCESSO n.º 116.591-5/18
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1.2. De que a Subsecretaria de Controle de Pessoal (SUP/SGE) analisará individualmente, em


sede de monitoramento a ser realizado no âmbito do PAAG 2019, os casos de acumulação de cargos
de pedagogo, ocasião em que serão apreciadas as teses lançadas pelo peticionário, por ora anotadas
no banco de dados da coordenadoria competente daquela subsecretaria;

2. Pela COMUNICAÇÃO, com base no Art. 26 da LC 63/90, ao Excelentíssimo Senhor Jânio dos
Santos Mendes, dando-lhe CIÊNCIA da decisão do Tribunal;

3. Pela DETERMINAÇÃO à Subsecretaria de Controle de Pessoal da Secretaria Geral de


Controle Externo, para que, quando da realização dos planejamentos dos trabalhos de auditoria de
monitoramento do tema no âmbito do PAAG-2019, leve em consideração os critérios trazidos pelo
ilustre deputado em sua solicitação, em especial a Resolução CNE/CP 01/2006 e seu Art. 4º,
conjugando-o com a realidade fática e com a legislação específica de cada órgão jurisdicionado; e

4. Pelo ARQUIVAMENTO do processo na CGD/A.

GA-1,

MARCELO VERDINI MAIA


Conselheiro Substituto

GA05
Assinado Digitalmente por: MARCELO VERDINI
MAIA:02161209779
Data: 2018.11.05 13:53:36 -02:00
Razão: Processo 116591-5/2018. Para verificar a autenticidade
acesse http://www.tce.rj.gov.br/valida/. Código: 84B4-4D90-DD7E-
4E16-8E33-B894-D952-A87C
Local: TCERJ

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