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AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA COM

BASE NO USO PRETENDIDO

Emily Isabelle da Silva Alves*


Maria Alessandra Mendes**

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo principal verificar a pertinência de adoção dos
parâmetros de qualidade da água preconizados pela Resolução CONAMA 357/2005,
atualizada na versão Resolução CONAMA 430/2011. Para essa verificação, adotou-
se como referência dois corpos hídricos distintos, pertencentes à bacia hidrográfica
do Alto Iguaçu, e com uso e ocupação de solo característicos. O primeiro corpo
hídrico adotado foi o Rio Bacacheri, no qual a participação principal no esgotamento
total é o residencial; e segundo foi o Rio Barigui, no qual a participação principal
no esgotamento total é o industrial. Verificou-se que alguns parâmetros refletem
a realidade do corpo hídrico, desde que conhecidos os dados de uso e ocupação
de solo. Ressalta-se, no entanto, que são necessários conhecimentos prévios do
corpo hídrico em estudo (dados secundários), os quais estão disponíveis nos órgão
competentes. No Rio Bacacheri, os parâmetros em desacordo foram OD, DBO,
N e E. Coli (característicos de esgoto doméstico). No Rio Barigui, os parâmetros
em desacordo foram OD, DBO, P, N, E. Coli, Surfactantes, Fenóis, Pb, Cu, Zn, Hg
(sendo os seis últimos característicos de esgoto industrial). Desse modo, a adoção de
parâmetros para usos pretendidos foi validada e de encontro ao objetivo principal
deste trabalho.
Palavras-chave: qualidade da água; monitoramento; esgotamento sanitário.

* Aluna do 5º ano do curso de Engenharia Ambiental. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação


Científica (PAIC 2010 - 2011) da FAE Centro Universitário. E-mail: emyisabelle@hotmail.com.
** Doutoranda em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental (UFPR). Professora da FAE Centro
Universitário. Pesquisadora do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – LACTEC. E-mail:
maria.mendes@fae.edu.

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INTRODUÇÃO

Desde o final dos anos de 1980, iniciou-se um processo geral de mudanças


institucionais, repercutindo em vários setores econômicos, nos serviços públicos
concedidos e nos diferentes níveis da Federação. Essas transformações comportam, entre
outras características, a emergência de um novo “modelo” de gestão ambiental, e dos
recursos hídricos em particular. Sinteticamente, podemos considerar que esse “modelo”
está criando importantes pressões na agenda jurídico-administrativa e exigindo um
reposicionamento das diversas organizações envolvidas na gestão dos recursos hídricos,
bem como uma adaptação de suas respectivas práticas.
Observa-se, em decorrência das mudanças institucionais, um duplo movimen-
to: de um lado, o Estado concentra-se nas atividades de regulação da exploração dos
recursos e dos serviços concedidos para garantir um “ambiente” competitivo; de outro,
verifica-se a reestruturação das várias organizações, públicas e privadas, que assumem
novos objetivos e estratégias como respostas aos ajustes do novo ambiente regulatório.
Não se trata, de modo algum, de uma adaptação natural, mas, ao contrário, de um
processo constante de ajustes que interferem na própria institucionalidade. Em outros
termos, não há uma adaptação passiva por parte das organizações aos mecanismos de
regulação, há, nesse caso, uma ação organizada que permite a aproximação entre con-
corrência e restrição, autonomia dos agentes e interdependência estratégica (CROZIER;
FRIEDBERG. 1977; FRIEDBERG, 1997) face às mudanças institucionais.
É possível, assim, observar, a partir desse ponto de vista, que a criação de uma
nova institucionalidade transforma situações tidas como estáveis em situações de
incerteza. Nesse contexto, todo o tipo de organização tenta reduzir o grau de incerteza,
de modo a assegurar a continuidade de suas atividades, pressupondo, portanto, práticas
e estratégias que acabam por interferir no ambiente institucional. Não é, pois, difícil
supor que essa operação se faça com conflitos, resistências impondo um processo de
negociação. Cabe lembrar que não se trata exclusivamente da reformulação de regras e
normas que estruturam a interação entre os agentes, mas igualmente dos instrumentos
que lhe dão suporte.
No que diz respeito à gestão dos recursos hídricos, essa situação é particularmente
sensível. Disputas em torno da outorga, cobrança pelo uso da água, uso compartilhado
do recurso, preservação das fontes são algumas das questões às quais as organizações
estão confrontadas.
Essas considerações suscitam a indagação sobre a possibilidade de estabelecer,
no processo de gestão ambiental – esta última compreendida como campo estrutura-
do por práticas e estratégias dos diferentes agentes (PIRES DO RIO; GALVÃO, 1996),

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instrumentos que permitam desvelar os interesses dos agentes. Admite-se uma resposta
afirmativa e propõe-se um conjunto de procedimentos que possam auxiliar os comitês
de bacia a confrontar diagnósticos e assumir um papel ativo no processo de gestão.
Considera-se que o plano de bacia não constitui em si uma meta a ser alcançada, ao
contrário, trata-se de um instrumento para orientar investimentos; e como tal, requer
princípios metodológicos que possam balizar sua coordenação.
A gestão da água, articulando as perspectivas da gestão do meio ambiente e
da gestão dos recursos hídricos – distintas, mas complementares –, busca o equilíbrio
possível entre uma visão de caráter preservacionista e outra com ênfase mais utilitária.
Há um contínuo entre um extremo e outro, cabendo a cada sociedade encontrar o seu
ponto de equilíbrio.
Em termos práticos, os sistemas de gestão dependem de instrumentos que
possam ser desenvolvidos e aplicados de forma a atender às expectativas e desejos da
comunidade, nos limites impostos pela aptidão natural das bacias hidrográficas, seja
na perspectiva mais utilitarista, seja para o atendimento de objetivos de preservação
ambiental, idealmente na medida equilibrada que é requerida para a garantia da
sustentabilidade, a médio e longo prazo.
Nas últimas décadas, a gestão dos recursos hídricos deixou de ser um problema
que pode ser tratado exclusivamente sob o ponto de vista técnico para extravasar na
direção de outros campos do conhecimento. Assim, não obstante os estágios avançados
de desenvolvimento tecnológico, é fundamental tornar operacional o processo de gestão
de recursos hídricos.

1 OBJETIVOS

O objetivo geral é avaliar a pertinência e adoção de parâmetros de qualidade


da água, utilizando os Rios Barigui e Bacacheri, que passam pela cidade de Curitiba,
como corpos hídricos experimentais.
Para tanto, deverão ser alcançados os seguintes objetivos específicos:

Verificar a utilização de esquemas de classificação dos corpos de água que
permitam uma melhor explicitação da relação entre usos da água e objetivos
de qualidade pretendidos;

Pesquisar a classificação de corpos hídricos, que é a combinação dos
instrumentos objetivos de qualidade e padrões ambientais;

Mapear a região dos cursos da água para obtenção de dados específicos e
pertinentes;

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Efetuar ensaios laboratoriais para análise da água;

Pesquisar legislação que permita estabelecer os parâmetros de maior
relevância.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A gestão da qualidade da água nos corpos hídricos tem por objetivo permitir,
ao mesmo tempo, a ocupação das bacias hidrográficas e o uso desse recurso natural,
necessitando, portanto, de um nível adequado de controle dos resíduos que decorrem
das atividades antrópicas na bacia. Sabe-se que algum nível de dano vai ocorrer, mas o
sistema deve tentar manter a degradação do ambiente aquático em padrões aceitáveis de
risco. A grande motivação para a implantação de um sistema de gestão da qualidade da
água é exatamente a possibilidade da opção por formas de convivência harmônica entre
a ocupação da bacia hidrográfica e os usos da água, com uma expectativa socialmente
aceitável do risco de degradação. São essas as razões que tornam necessária a definição
de padrões de qualidade da água, fixados com base em critérios de qualidade da água,
de forma a terem embasamento científico e assegurarem níveis adequados de segurança
para os usos designados.
No entanto, não se consegue utilizar o padrão ambiental sozinho para a gestão
da qualidade da água, sem que se tenha controle algum sobre as emissões. No caso dos
padrões ambientais não ser atendidos, parece evidente a necessidade de identificar a
origem de tal violação. De fato, fiscalizar e controlar a poluição em uma bacia hidrográfica
apenas com base em padrões ambientais é uma tarefa impossível de ser realizada. Não
há domínio técnico que possa estabelecer as causas com precisão, pela via dos efeitos.
Os dados devem ser compatíveis e estar dispostos de tal maneira que seja
permissível sua análise. As decisões de correção de dados das falhas do sistema devem
ser baseadas em dados reais. É evidente que existe, utilizando-se da análise de laboratório
como forma de conhecer a qualidade da água, é necessário que sua execução e dados
obtidos sejam compatíveis com o objetivo alcançado, o que, por sua vez, tem uma
única razão de ser: corrigir as falhas do sistema que fazem com que a qualidade da água
não satisfaça os requisitos estabelecidos. Se os dados não forem obtidos e utilizados de
forma a permitir a informação pretendida, perdem sua razão de ser (BATTALHA, 1977).
Nas últimas décadas, houve um intenso crescimento demográfico da cidade de
Curitiba e Região Metropolitana, um processo já conhecido de crescimento em outras
capitais.

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2.1 O Estado Atual do Conhecimento sobre o Problema

No Brasil, as duas políticas nacionais que tratam especificamente da gestão am-


biental e a de recursos hídricos são a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal
n.° 6.938/81) e a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Federal n.° 9.433/97). A
defasagem temporal entre ambas explica as grandes diferenças conceituais que ado-
tam. Gerencialmente, a primeira se caracteriza por uma abordagem via Comando &
Controle, com base em instrumentos normativos, enquanto a segunda institucionaliza
a gestão participativa, incluindo, ainda, instrumentos econômicos e mecanismos mais
flexíveis de gestão.
Dadas as superposições existentes entre as políticas de meio ambiente e de
recursos hídricos, é desejável que alguma forma de articulação exista para superar
as dificuldades apresentadas pelo quadro institucional brasileiro. No contexto desse
debate, é objetivo da Agência Nacional de Águas (ANA) considerar, de forma conjunta,
os aspectos de quantidade e qualidade, utilizando a capacidade de diluição e de
assimilação dos corpos hídricos, especialmente, para o parâmetro DBO – Demanda
Bioquímica de Oxigênio. Esse procedimento deverá ser negociado com os órgãos
gestores de meio ambiente e de recursos hídricos estaduais, de modo a evitar conflitos
com o licenciamento ambiental.
A Resolução nº 430/2010, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
– dispõe sobre a classificação de corpos de água, dá diretrizes para o seu enquadramento
e estabelece condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências.
Para tal, considera, dentre outros os argumentos, que:
– a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável;
– tem função ecológica;
– a natureza tem valor intrínseco;
– a saúde, o bem-estar humano e o equilíbrio ecológico não devem ser afetados
pela deterioração da qualidade das águas.

2.2 Classificação das Águas

O CONAMA, em sua Resolução nº 357, de 2005, classifica os recursos hídricos,


segundo seus usos preponderantes, em nove classes:
– Águas Doces
» Classe Especial

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» Classe 1
» Classe 2
» Classe 3
» Classe 4
» Classe 5
» Classe 6
» Classe 7
» Classe 8

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada será preconizada pelos seguintes aspectos de gestão de


recursos hídricos: definição dos usos da água; definição dos objetivos de qualidade;
estabelecimento dos padrões ou critérios ambientais a serem atendidos.
A sequência de estudos envolverá a utilização de dados de monitoramento IAP e
do Instituto das Águas, com base nos relatórios de qualidade da água divulgados (dados
secundários). Além disso, seriam coletadas amostras de água em um corpo hídrico a
definir, e realizados alguns ensaios físico-químicos e microbiológicos no laboratório da
FAE (dados primários).
Com a impossibilidade de uso do laboratório, bem como da realização das
coletas em campo (questões de segurança, principalmente), para o Rio Bacacheri foram
extraídas apenas informações do Relatório de Monitoramento do IAP com caráter
apenas qualitativo. Já para o Rio Barigui, além da interpretação das informações do
Relatório de monitoramento do IAP, foram feitas coletas por um grupo de pesquisadores
do Instituto de Tecnologia para o desenvolvimento – LACTEC, e realizados ensaios de
alguns parâmetros.
A pesquisa proposta apresenta aspectos descritivos, laboratoriais, de campo e
explicativos. O caráter laboratorial definiu os parâmetros a ser analisados, bem como
os problemas apresentados, e foi fundamental para a construção de hipóteses.
Uma vez construídas as hipóteses de pesquisa e analisados os dados, com base
na pesquisa bibliográfica e no levantamento laboratorial, realizou-se uma criteriosa
investigação, buscando explicações para os objetivos descritos.

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3.1 Localizações das Áreas de Estudo

Para este trabalho foram definidas duas bacias hidrográficas para compilação
dos dados e comparação com a Resolução CONAMA 430/2010:
– Bacia do Rio Bacacheri (área supostamente com influência de efluente
doméstico);
– Bacia do Rio Barigui (área supostamente com influência maior de efluente
industrial).

3.1.1 Caracterização da Bacia do Rio Bacacheri

O Rio Bacacheri localiza-se na porção nordeste da cidade de Curitiba, sendo


afluente do Rio Atuba, que, por sua vez, faz parte dos tributários da margem direita da
Bacia do Alto Iguaçu.
A bacia hidrográfica do Rio Bacacheri (Figura 1) possui uma área total de
drenagem de 30,81quilômetros quadrados e está compreendida entre as coordenadas
geográficas de latitude 25°21’04”S a 25°26’58”S, e longitude 49°16’15”W a 49°11’59”W.
As coordenadas correspondentes no sistema de projeção UTM, datum horizontal SAD
69, fuso 22 são, respectivamente, (y) 7.195.000 m N – 7.184.000 m N e (x) 674.000
m E – 681.000 m E (Figura 2).
A bacia hidrográfica do Rio Bacacheri está totalmente urbanizada, com a maior
parte de sua área ocupada por edificações. A bacia abrange dez bairros da cidade de
Curitiba, desde suas nascentes até sua foz: Cachoeira, Barreirinha, Santa Cândida, Boa
Vista, Tingui, Bacacheri, Bairro Alto, Jardim Social, Tarumã, e Capão da Imbuia (Figura 2).

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FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO RIO BACACHERI

FONTE: Base digital – COMEC (200) e SEMA (2000) Org: Julio M. F.


Silva (2006) e Neiva C. Ribeiro (2006)

FIGURA 2 - MAPA BASE DA BACIA DO RIO BACACHERI E A DIVISÃO, POR BAIRROS,


NA BACIA DO RIO BACACHERI.

FONTE: Base digital – COMEC (200) e SEMA (2000) Org: Julio M. F. Silva (2006) e Neiva
C. Ribeiro (2006)

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Na Tabela 1, podem-se observar os dados referentes ao Rio Bacacheri.

TABELA 1 - COMPILAÇÃO DE DADOS DOS BAIRROS ATINGIDOS


PELO RIO BACACHERI NA CIDADE DE CURITIBA
Rio Bacacheri
Bairros Habitantes Área (m2) Domicílios
Cachoeira 8.899 306,9 2.209
Barreirinha 12.101 176,0 5.039
Bacacheri 23.106 698,1 7.231
Boa Vista 29.391 513,6 9.227
Cabral 11.720 204,0 4.664
Cristo Rei 13.325 146,4 5.231
Bairro Alto 42.033 701,8 12.126
Tingui 11.564 210,7 3.547
Santa Cândida 27.870 1.032,5 8.041
Tarumã 8.465 416,7 2.147
Jardim Social 6.113 188,5 1.706
Capão da Imbuia 23.328 316,3 6.307
Cajuru 98.414 1.155,2 24.902
FONTE: IPPUC – Curitiba em dados

3.1.2 Caracterização da Bacia do Rio Barigui

A bacia hidrográfica do Rio Barigui representa uma área de 264,84 quilômetros


quadrados, localizada no primeiro planalto paranaense, na Região Metropolitana de
Curitiba, no estado do Paraná, atravessando três municípios: Almirante Tamandaré,
Curitiba e Araucária, sendo que cada um deles apresentam características fisiográficas e
geobotânicas diferenciadas (Figura 3). Sua foz passa por uma refinaria de petróleo e um
aterro sanitário, de onde, até pouco tempo, era recebido diariamente o lixo produzido
em Curitiba e sua Região Metropolitana.

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FIGURA 3 - LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO RIO BARIGUI

FONTE: Base digital – COMEC (200) e SEMA (2000) Org: Julio M. F. Silva
(2006) e Neiva C. Ribeiro (2006)

FIGURA 4 - SEGMENTAÇÃO DA BACIA DO RIO


BARIGUI

FONTE: Base digital – COMEC (200) e SEMA (2000)


Org: Julio M. F. Silva (2006) e Neiva C. Ribeiro (2006)

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Na Tabela 2, podem-se observar os dados referentes ao Rio Bacacheri.
TABELA 2 - COMPILAÇÃO DE DADOS DOS BAIRROS ATINGIDOS
PELO RIO BARIGUI NA CIDADE DE CURITIBA
Rio Bacacheri
Bairros Habitantes Area (m2) Domicílios
Bigorrilho 30.065 350,3 9.996
Mercês 14.191 327,6 4.841
Seminário 9.456 212,8 2.332
Campina do Siqueira 8.778 169,3 2.292
Vista Alegre 11.656 369,1 3.019
Pilarzinho 30.850 713,1 7.970
Fazendinha 8.232 1.119,6 7.400
Santa Quitéria 11.118 208,8 3.442
Campo Comprido 25.267 854,9 6.841
Mossungue 7.608 271,6 1.692
Santo Inácio 6.431 338,1 1.652
Cascatinha 3.439 256,7 586
São João 4.149 302,9 841
Taboão 4.026 171,5 751
Caximba 2.857 816,7 631
Campo do Santana 8.312 2.157,4 1.964
Tatuquara 47.439 1.122,9 9.646
Cidade Industrial 172.573 4.337,8 43.890
FONTE: IPPUC – Curitiba em dados

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O foco deste trabalho foi o de identificar, durante o período amostral, a sensi-


bilidade dos indicadores utilizados, para, assim, determinar quais seriam os parâmetros
mais pertinentes a cada situação. Sendo definidos possíveis critérios para a escolha dos
indicadores de qualidade da água para cada corpo hídrico.
A escolha dos parâmetros analisados foi realizada tendo como objetivo o cálculo
do Índice de Qualidade da Água, com base em nove parâmetros de maior significância:
– Parâmetros físicos: Temperatura (°C); Sólidos Suspensos Totais (mg/L).
– Parâmetros químicos: pH, Nitrogênio Total (mg/L), Fósforo Total (mg/L),
Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO (mg O2/L), Oxigênio Dissolvido OD
(mg O2/L).
– Parâmetros biológicos: Coliformes Fecais e Totais (NPM/100 ml).

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Conforme a RESOLUÇÃO CONAMA 430, de 13 de maio de 2011, que dispõe
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e da outras
previsões.

4.1 Dados do Relatório de Monitoramento do IAP

Conforme já explicitado na metodologia, os dados secundários referentes ao Rio


Bacacheri e ao Rio Barigui foram extraídos do Relatório de Monitoramento de Qualidade
das Águas das Bacias do Alto Iguaçu (2005-2009).
Para elaboração do referido relatório com a AIQA (Avaliação Integrada de
Qualidade da Água), o IAP considera o método MPC – Programação por Compromissos
(UNESCO, 1987). O método consiste na medição dos seguintes parâmetros:
– Físico-químicos: alcalinidade total, chumbo, cádmio, cobre, condutividade,
cromo, DBO, DQO, dureza, fósforo, mercúrio, nitrato, nitrito, nitrogênio
amoniacal, nitrogênio total, oxigênio dissolvido, pH, série de sólidos, surfac-
tantes, temperatura, turbidez e zinco.
– Microbiológicos: coliformes totais e coliformes termotolerantes (E. coli).
– Ecotoxicológico: toxicidade aguda (D. magna).
As classes referenciadas na Figura 5 foram em acordo com a Resolução CONAMA
357/2005, atualmente substituída pela Resolução CONAMA 430/2011.
Os resultados são analisados qualitativamente, conforme Figura 5.

FIGURA 5 - CLASSES DE QUALIDADE DA ÁGUA CONFORME AIQA

FONTE: IAP, 2010.

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4.1.1 Rio Bacacheri

Os pontos de monitoramento estão listados na Figura 6.

FIGURA 6 - ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM DA SUB-BACIA RIO ATUBA/BACACHERI

FONTE: IAP, 2010.

Os resultados podem ser apreciados na Figura 7 e na Figura 8, sendo que a


caracterização “Poluída” apresentou-se preponderante.

FIGURA 7 - RESULTADOS DO AIQA NO MONITORAMENTO DE ÁGUA DO RIO


BACACHERI NO PERÍODO DE 05/05 A 02/09

FONTE: IAP, 2010.

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FIGURA 8 - CLASSES PREPONDERANTES QUE DETERMINARAM A CONDIÇÃO
“POLUÍDA” PARA O RIO BACACHERI NO PERÍODO OBSERVADO

FONTE: IAP, 2010.

4.1.2 Rio Barigui

Os pontos de monitoramento estão listados na Figura 9, a seguir:


FIGURA 9 - ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM DA SUB-BACIA RIO BARIGUI

FONTE: IAP, 2010.

Os resultados podem ser apreciados na Figura 10 e na Figura 11, sendo que a


caracterização “Poluída” apresentou-se preponderante.
FIGURA 10 - RESULTADOS DO AIQA NO MONITORAMENTO DE
ÁGUA DO RIO BARIGUI NO PERÍODO DE 05/05 A 02/09

FONTE: IAP, 2010.

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FIGURA 10 - RESULTADOS DO AIQA NO MONITORAMENTO DE
ÁGUA DO RIO BARIGUI NO PERÍODO DE 05/05 A 02/09

FONTE: IAP, 2010.

FIGURA 11 - CLASSES PREPONDERANTES QUE DETERMINARAM A


CONDIÇÃO “POLUÍDA” E “MUITO POLUÍDA” PARA O
RIO BARIGUI NO PERÍODO OBSERVADO

FONTE: IAP, 2010.

4.2 Dados do Monitoramento com Dados Primários (Coleta em Campo)

Foram realizadas duas campanhas de coleta no Rio Barigui, no mês de maio de


2011. A coleta, conforme já citado, foi realizada por técnicos do Lactec por motivos
de segurança. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Química Aplicada do
mesmo instituto.

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4.2.1 Rio Barigui

Os resultados já tratados estatisticamente são apresentados a seguir:

TABELA 3 - RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA AMOSTRA DO RIO BARIGUI

FONTE: Os autores.

4.2.1.1 Análise das correlações

Na Tabela 4 são apresentados os coeficientes de correlação entre as principais


variáveis observadas. Os valores em vermelho são estatisticamente significativos no nível
de 95% de confiança.

TABELA 4 - ALGUNS COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO OBTIDOS COM OS DADOS VÁLIDOS.

FONTE: Os autores.

Verifica-se uma alta correlação entre os parâmetros O2 Dissolvido e temperatura.


A mesma verificação pode ser indicada para os parâmetros DBO e DQO.

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4.2.1.2 Análise dos componentes principais

A análise de componentes principais (PCA) é uma técnica de compressão da


informação que consiste em projetar o máximo de informação no menor número possível
de eixos não correlacionados. Esses eixos são combinações lineares das variáveis originais,
com pesos escolhidos de forma a maximizar a variância que, em Estatística, é tomada
como uma medida da informação.
A Figura 12 mostra o gráfico dos pesos nas duas primeiras componentes. Juntas,
essas componentes explicam cerca de metade de toda a informação. A primeira
componente (29% da informação) pode ser interpretada como um contraste, de um
lado, entre o pH e o O2 dissolvido, que têm pesos positivos, e, de outro, a Temperatura,
a DBO, a DQO, o Ferro solúvel e a avaliação de Coliformes, com pesos negativos. Essa
observação diverge da alta correlação obtida entre O2 dissolvido e temperatura.
A proximidade dos pontos que representam a DBO e a DQO indica que essas
duas variáveis têm uma alta correlação positiva. A segunda componente (22% da
informação) reflete, sobretudo, o contraste entre Ferro solúvel e pH.

FIGURA 12 - PESOS NAS DUAS PRIMEIRAS COMPONENTES


PRINCIPAIS DA ANÁLISE DOS DADOS (2002-
2009)

FONTE: Os autores.

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REFERÊNCIAS

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