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Ilda Armando Sitora

(licenciatura em ensino básico)


Política educativa

Universidade Rovuma
Nampula
Junho de 2020
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Ilda Armando Sitora

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de Desenvolvimento Curricular das
Escolas Básicas, a ser Apresentado ao
Departamento de ensino a distância
UniRovuma, orientado pela M.a
Felizmina Vieira

(licenciatura em ensino básico)


Política educativa

Universidade Rovuma
Nampula
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Junho de 2020

Índice
Introdução..............................................................................................................................4

O papel de uma política educativa, o seu lugar e a sua clarificação......................................5

Sua clarificação......................................................................................................................5

2.Focalização da educação.....................................................................................................5

3.A orientação da educação....................................................................................................6

3.1 A dinâmica política..........................................................................................................6

3.2 A abertura e a política de eficácia da educação...............................................................7

4. A justificação da acção educativa......................................................................................7

5. Crise da escola e exclusão escolar.....................................................................................8

5.1 A política educativa num contexto de incerteza..............................................................8

5.1 Professores E Alunos: A Construção Subjectiva Dos Actores........................................8

6. Professores: uma ideologia defensiva................................................................................9

6.1 Os professores, a batalha da «qualidade» e a luta contra a «exclusão»...........................9

6.2 Alunos: o incontornável obstáculo da heterogeneidade...................................................9

7. Conclusão.........................................................................................................................11

8. Bibliografia......................................................................................................................12
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Introdução

O presente trabalho, surge da necessidade de um resumo sobre a política da educação.


A política educativa definiu prioridades nestas justificações e perguntar-se-á desde logo se
a pressão das razões filosóficas é mais forte que a pressão das razões pragmáticas. Uma
opção fundamental da política educativa é relativa ao horizonte que o educador visa ou, em
termos mais precisos, a escolha entre o passado, o presente e o futuro no que diz respeito à
pessoa que se educa e à sociedade que se quer construir.
Quando se trata do futuro é preciso ainda saber se se visa um modelo preciso ou, pelo
contrário, se não se concebe outra hipótese de sociedade futura para além da imagem
que uma visão prospectiva e extrapolada pode dar.. É nesta precariedade crescente dos
trabalhadores assalariados que reside o fundamento para o fenómeno que Castel designa
por regresso da «vulnerabilidade de massa», que está no cerne do fenómeno denominado
«exclusão social». É esta «vulnerabilidade de massa» que dá fundamento a uma leitura da
realidade social como uma realidade dual, polarizada entre os «incluídos» no mercado de
trabalho, com rendimentos e níveis de consumo muito elevados, e os «excluídos» do
mercado de trabalho, que sobrevivem com base em políticas sociais de carácter paliativo.
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1. O papel de uma política educativa, o seu lugar e a sua clarificação


Uma política educativa pode ser precisa, imposta, geral e planificada ou, pelo contrário,
vaga, deixada ao acaso do humor individual, mas tanto num caso como no outro ela existe
nos factos. O termo de política implica uma certa consciência da filosofia.

da acção educativa, e uma certa estratégia na sua realização, mas, mesmo que estes
caracteres falhem, poderemos falar de uma política educativa implícita pare designar as
linhas de força ou as tendências que sustentam as acções educativas.

Uma política educativa não nasce do nada, ela inscreve-se no quadro mais largo de uma
filosofia da educação e é o resultado de múltiplas influências provenientes dos sistemas
sociais que agem sobre o sistema educativo e que eles mesmos estão sob a influência do
contexto filosófico, ético, religioso e histórico, do quadro geográfico e físico, assim como
do contexto sócio-cultural.

1.1 Sua clarificação


É essencial clarificar tanto quanto possível a política educativa de maneira a não trair as
intenções: a elaboração dos programas e dos curricula deve efectuar-se segundo uma
abordagem que harmonize as intenções expressas na política educativa e os objectivos
realmente perseguidos ao nível da aula. Isto não significa necessariamente que um agente
de ensino esteja estritamente ligado a uma política educativa que lhe é imposta ou
sugerida, mas que os seus desvios em relação a esta sejam conscientes e intencionais.

2.Focalização da educação
Chamaremos «focalização» da educação a esta prioridade que ela deve, em caso de
oposição, conceder ao indivíduo, ou à sociedade, e nestes termos falaremos de educação
focalizada para o indivíduo, para a sociedade, ou em «equilíbrio social».

Poder-se-iam designar as duas localizações extremas pelos termos de «sociocrática» e de


«individualista» e a posição intermediária pela de «humanista»; neste último caso
reconhecem-se as necessidades sociais mas concede-se todavia ao homem (e não ao
indivíduo enquanto tal) uma prioridade sobre a sociedade.

A escolha necessária entre o indivíduo e a sociedade não é somente uma questão de


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Política educativa, é uma posição política, mais ainda, é a expressão de «duas filosofias,
duas concepções gerais do homem, duas mundividências que se defrontam» como o diz e
muito bem M. Duverger (1965) na sua análise dos regimes políticos e que prossegue deste
modo:

A doutrina comunitária parte de um postulado de base, muitas vezes, aliás, não formulado
e por vezes inconsciente: «os indivíduos não são senão os elementos componentes dos
grupos sociais, grupos esses que constituem os únicos serem verdadeiros, entidades
distintas. Para esta doutrina o organismo social é comparável ao corpo humano: as células
que formam este podem viver, em rigor, separados dele, como o provaram as experiências
de laboratório; mas esta vida é anormal, excepcional.

3.A orientação da educação


Uma opção fundamental da política educativa é relativa ao horizonte que o educador visa
ou, em termos mais precisos, a escolha entre o passado, o presente e o futuro no que diz
respeito à pessoa que se educa e à sociedade que se quer construir. Quando se trata
do futuro é preciso ainda saber se visa um modelo preciso ou, pelo contrário, se não se
concebe outra hipótese de sociedade futura para além da imagem que uma visão
prospectiva e extrapolada pode dar. Podem-se pois distinguir quatro orientações possíveis:

 O passado e a tradição
 O presente
 Um futuro não especificado (embora baseado numa hipótese de sociedade)
 Um futuro especificado por um modelo definido de sociedade.

Contrariamente ao que se poderia pensar na primeira abordagem, estas quatro orientações


não são mutuamente exclusivas porque um aspecto da educação pode ser orientado para o
passado enquanto outro é dirigido para o presente ou para o futuro.

3.1 A dinâmica política


As finalidades da educação estão inevitavelmente, ou felizmente (segundo os pontos de
vista) ligados à política e, como o fazem notar Kirst e Walker (1971), é surpreendente que
este termo não seja reposto no índex das obras sobre o curriculum (TyIer 1949, Taba 1962,
etc. …). É assim que a natureza e a intensidade das transformações que as, forças políticas
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querem introduzir, determinam também a natureza e a intensidade das transformações que


deve introduzir a educação que assenta sobre essas forças políticas.

Poder-se-ão assim conceber três opções essenciais na dinâmica política da educação:

 O conservantismo
 O progressismo
 A revolução

3.2 A abertura e a política de eficácia da educação

Quatro características importantes e muito ligadas de uma política educativa:

 A extensão do público visado


 O regime de acesso aos diferentes níveis
 A selectividade no interior dos diferentes níveis
 A possibilidade de acesso para diferentes idades.

4. A justificação da acção educativa

A política educativa e o curriculum podem encontrar uma justificação em razões de duas


ordens: filosóficas por um lado, pragmáticas por outro. As razões filosóficas, religiosas,
culturais ou políticas podem ter três fontes de justificação:

 A concepção do homem
 A concepção da sociedade
 A concepção da cultura.

As razões pragmáticas podem ser de diferentes espécies, das quais as principais são:

 A necessidade, em particular a necessidade económica e a necessidade social


 A procura, seja dos educados ou dos seus pais, seja dos empresários
 A necessidade prática e em particular a preparação para um emprego ou

Uma profissão, ou até a satisfação das necessidades individuais elementares (saúde,


sobrevivência, vida prática) e a necessidade de ascensão social ou cultural. A política
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educativa definiu prioridades nestas justificações e perguntar-se-á desde logo se a pressão


das razões filosóficas é mais forte que a pressão das razões pragmáticas.

Foi o que aconteceu na revolução cultural chinesa, do mesmo modo que na educação
francesa do século XVII e do começo do século XVIII onde, apesar da necessidade
económica e social que a indústria nascente criava, se limitaram, no secundário, a uma
concepção literária da formação; foi preciso esperar por Diderot para reclamar a prioridade
à formação em ciências aplicadas, e é somente no fim do século XVIII que, sob o impulso
de Lakanal, foram criadas as «Escolas Centrais» que visavam a satisfação desta
necessidade.

5. Crise da escola e exclusão escolar

O mal-estar difuso, assinalado a partir do final dos anos 60, a que se convencionou chamar
«crise da escola», corresponde a um défice de legitimidade e de sentido que é indissociável
das mutações sofridas pela instituição escolar ao longo do século XX. Estas mutações
podem ser sintetizadas numa fórmula segundo a qual a escola passou de um contexto de
certezas para um contexto de promessas, situando-se hoje num contexto de incertezas
(Canário, Alves e Rolo, 2001).

5.1 A política educativa num contexto de incerteza

Com o acesso ao poder do Partido Socialista, a partir das eleições legislativas de Outubro
de 1995, verifica-se uma tentativa, por parte da equipa do Ministério da Educação, para
estabelecer alguma demarcação com o passado recente através da utilização de uma nova
linguagem que se destina a introduzir uma ruptura no plano discursivo com os anteriores
governos sociais-democratas.

5.1 Professores E Alunos: A Construção Subjectiva Dos Actores

No que diz respeito aos professores, estamos perante uma retórica que guarda traços da
ambiguidade que marcou o modo como estes profissionais foram encarados no período da
reforma educativa: eles eram vistos, em simultâneo, como os garantes da reforma e como
os principais obstáculos à sua concretização. A política de esbatimento de conflitos conduz
a que neste conjunto documental o estatuto do professor seja enfatizado pela positiva,
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atribuindo-se-lhes um papel privilegiado enquanto agentes de mudança. Nos documentos


analisados eles são frequentemente definidos como «profissionais altamente qualificados»
e «força motriz da inovação».

6. Professores: uma ideologia defensiva

Os professores constituem, no quadro da União Europeia, um dos grupos profissionais


mais numerosos, correspondendo a quase 3% da população activa e, em números
absolutos, a cerca de 4 milhões de efectivos. No conjunto dos países europeus, o número
total de professores duplicou durante os últimos trinta anos. Este crescimento quantitativo
do grupo profissional dos professores, que é acompanhado pelo reconhecimento da sua
importância, é, contudo, atravessado por uma ambiguidade fundamental. Esta ambiguidade
manifesta-se por uma inflação retórica sobre a «missão» dos professores (tendente a
conferir-lhes um crescente prestígio social), concomitante com a instauração de
modalidades de controle que implicam uma real depreciação das suas competências. Os
professores encontram-se, assim, mergulhados num quadro marcado por tensões
contraditórias em que «elementos de afirmação profissional se misturam com lógicas de
desvalorização e de controlo autoritário da profissão» (Nóvoa, 1998, p. 167).

6.1 Os professores, a batalha da «qualidade» e a luta contra a «exclusão»

Relativamente ao entendimento do conceito de «exclusão», a partir da análise das


entrevistas, é possível identificar dois posicionamentos distintos, mas em tudo semelhantes
aos evidenciados por políticos e quadros superiores do ME. Para um primeiro grupo, a uma
nova terminologia não corresponde nada de substancialmente diferente a nível dos
fenómenos. A exclusão, fenómeno interno à instituição escolar, corresponde à «velha»
problemática do insucesso e do abandono escolar: Realmente há uma mudança de
vocabulário, mas, na sua essência, há aí algo que se complementa. Isto é, quem tem mais
tendência para a exclusão social é quem tem mais insucesso escolar [prof. 23].

6.2 Alunos: o incontornável obstáculo da heterogeneidade

As rápidas e acentuadas mudanças registadas nas últimas décadas dos públicos escolares
estão presentes, como não podia deixar de ser, no discurso dos entrevistados. Para um
grupo que constitui uma minoria absoluta essas mudanças são vistas como positivas,
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traduzindo-se numa atitude marcada pela empatia em relação aos alunos: Nos estudantes
há uma diferença enorme agora são mais rebeldes. Por um lado, é bom, porque falam
mais, participam mais, têm mais à vontade com os professores, Antigamente, os alunos
eram mais passivos, com mais medo do professor, que ia ali despejar matéria, como se
costuma dizer [prof. 7].

Os miúdos são muito agradáveis e são simpáticos. Acho que é um meio muito acolhedor
aqui na escola. Em geral, eles gostam de vir para a escola [prof. 14]. Sendo esta postura a
excepção, a quase totalidade dos professores organiza o seu discurso a partir de uma visão
negativa e desvalorizada dos novos públicos escolares. A palavra-chave desse discurso é a
heterogeneidade. Mutações internas da instituição escolar, decorrentes da política de
democratização de acesso, bem como fenómenos de natureza social, extrínsecos à escola
(migrações, crise urbana) estão na origem do crescimento exponencial da população
escolar e da sua diversidade interna.
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7. Conclusão

Durante a produção do presente resumo, concluiu-se que A educação e a formação


configuram áreas de prioridade política em Portugal. Da sua qualidade depende, em parte
significativa, a sustentabilidade do desenvolvimento do país. A melhoria do nosso sistema
de formação não é uma condição suficiente, mas é uma condição indispensável e altamente
favorável para o nosso desenvolvimento social.As rápidas mutações em curso parecem
lançar os professores numa situação perturbante em que tentam ler os acontecimentos do
presente com o recurso a referentes conceptuais do passado. Por isso, um dos traços
marcantes da visão que das mudanças educativas têm os professores é, inequivocamente,
um olhar nostálgico sobre o passado, onde parece residir a idade de ouro da escola e dos
professores. A política educativa pode encerrar a educação nas estruturas rígidas e
instituições com um carácter muito formal ou, pelo contrário, abri-la para acções não
formais fora do quadro de instituições rígidas: é esta a distância que separa a escola dos
séculos passados, da «sociedade sem escola».
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8. Bibliografia

Portugal», in Revue Internationale d’education, pp. 99-113. CANÁRIO, R. (1999),


Educação de Adultos. Um Campo e Uma Problemática, Lisboa, Educa.

CANÁRIO, R., e CORREIA, J. A. (1998), Enseignants au Portugal. Formation continue et


enjeuxidentitaires, comunicação ao Congresso Mundial de Sociologia, Montréal, 25 a 31
de Julho de 1998.

CANÁRIO, R., ALVES, N., e ROLO, C. (2001), A Escola e a Exclusão Social, Lisboa,
Educa/IIE.

CASTEL, R. (1995), Les métamorphoses de la question sociale. Une chromium du salariat,


Paris, Fayard.

CHARLOT, B. (1998), Du rapport au savoir. Éléments pour une théorie, Paris, Anthropos.

CHARLOT, B. (dir.) (1994), L’école et le territoire: nouveaux espaces, nouveaux enjeux,


Paris,A. Colin.

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