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ARQUEOLOGIA DAS

POPULAÇÕES
SERTANEJAS NO
NORDESTE BRASILEIRO
Simpósio:
Arqueologia
Brasileira do
Contemporâneo

Dra. Ana Lucia Herberts


INTRODUÇÃO

 A Scientia Consultoria Científica desenvolveu durante os anos


de 2016 e 2017:
 Duas etapas do projeto Avaliação de Potencial Impacto ao
Patrimônio Arqueológico e Avaliação de Impacto ao Patrimônio
Arqueológico da LT 500 kV Bacabeira – Pecém II e Instalações
Associadas.
 Empreendimento composto por 5 segmentos, 2 seccionamentos, 4
subestações associadas e ampliação de uma subestação já
existente.
 Região Nordeste do país, abrangendo parte do território de 42
municípios dos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará
 Sítios arqueológicos históricos, situam-se nos Estados do
Ceará e Piauí, a saber: Aroeira 1 , Aroeira 2, Camurupim,
Correntes 1, Correntes 2, Córrego Estrela, MV-28, Siricora e
Salgado
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
CAMURUPIM (LUÍS CORRÊA - PI)

Vista geral e cultura material do


sítio arqueológico Camurupim 1.
AROEIRA 1 (BELA CRUZ - CE)

 Remanescentes construtivos da ruína do sítio arqueológico


Aroeira 1 e cultura material.
AROEIRA 2 (BELA CRUZ - CE)

Remanescentes
construtivos da ruína
do sítio arqueológico
Aroeira 2.

Detalhe dos suportes


nas paredes para
armação de rede no
sítio arqueológico
Aroeira 2.
CORRENTES 1 (ACARAÚ - CE)

Paisagem do sítio arqueológico Correntes 1


e cultura material.
CORRENTES 2 (ACARAÚ - CE)

Remanescentes construtivos da ruína do sítio


arqueológico Correntes 2 e cultura material.
CÓRREGO ESTRELA (ITAPIPOCA - CE)

Remanescentes
construtivos da
ruína do sítio
arqueológico
Córrego Estrela
e cultura
material.
SIRICORA (TRAIRI - CE)

Paisagem do sítio arqueológico


Siricora e cultura material.

“ ?...OBUSTERIN / ?... ULADORUT..?” = Robusterina


SALGADO (SÃO GONÇALO DO AMARANTE - CE)

Paisagem do sítio arqueológico Salgado


e cultura material.
MV-28 (SÃO GONÇALO DO AMARANTE - CE)

Vista geral do sítio arqueológico MV-28 e


da torre 53 de outra LT e material
cerâmico.
POTENCIAL DE ESTUDO

 Os sítios arqueológicos históricos de cultura material ser taneja são


resquícios de ruínas de moradias muito simples e pequenas, em geral
construídas com materiais extremamente perecíveis, com paredes de
pau a pique e/ou tijolos de adobe, cober tas com telhas cerâmicas tipo
capa/canal ou fibra vegetal, habitações de arquitetura vernacular que
ocorriam em profusão no ser tão nordestino nos séculos XIX e XX. Tais
tipos de moradias, algumas ainda em uso, na maioria abandonadas e
em processo de ruínas, foram registradas pela equipe de campo
durante a execução do projeto, ilustrando bem como deveriam ter sido
vários dos sítios arqueológicos registrados.

 A mudança no padrão arquitetônico das moradias pode ser constatada


em alguns registros fotográficos executados pela equipe de campo
durante as atividades. Trata-se do abandono do modo construtivo
tradicional e a adoção de padrões arquitetônicos mais modernos de
residências de alvenaria, com o uso de outros materiais construtivos,
como tijolos de adobe e paredes de pau a pique, com cober tura vegetal
ou de telhas ar tesanais dando lugar a tijolos padrão de seis furos e
telhas cerâmicas industrializadas .
REGISTRO FOTOGRÁFICOS

 Casa edificada em tijolo de  Casa edificada em tijolo de  Casa edificada em pau a pique
adobe com cobertura vegetal, adobe e coberta com telha, adobe e coberta com telha,
município de Tutóia (MA). município de Tutóia (MA). município de Tutóia (MA).

Casa edificada em
tijolo de adobe e pau a
pique, coberta com telha,
município de Cruz (CE).

Interior da casa edificada


em tijolo de adobe e pau
a pique, coberta com
telha, município de Cruz
(CE).
REGISTRO FOTOGRÁFICOS

Casa de tijolos de adobe em demolição, sendo


substituída por uma construção em alvenaria
moderna, município de Tutóia (MA).

Resquícios da armação de pau a pique de casa em


ruína, município de Acaraú (CE).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Diversidade de cultura material: estruturas habitacionais


remanescentes de casas de barro e vestígios de material
construtivo, predomínio de fragmentos de cerâmica utilitária
de produção local e regional, além de artefatos vítreos,
metálicos, de louças e ósseos; compondo a tralha doméstica
e alguns implementos de trabalho.
 Material cerâmico: características muito semelhantes,
fragmentos típicos de vasilhas utilitárias. Função: recipientes
para levar ao fogo (panelas), para armazenar (contentores ou
boião) ou para o consumo (tigela). Cerâmica histórica ou
“neobrasileira”.
 Técnica de confecção: a modelada. Há o emprego também da
técnica acordelada em alguns casos, sobretudo para a fixação
de apliques (alças e asas), confeccionados a partir de roletes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Decoração das vasilhas: a) linhas incisas, principalmente


transversais, com uso de um instrumento, como uma espécie
de “pente com dentes”; b) digitado; c) escovado: técnica
bastante empregada na superfície externa de vasilhas,
apresentando caracteristicamente estrias, ocasionadas por
objetos de múltiplas pontas, como um sabugo de milho, sendo
aplicadas geralmente na diagonal ao eixo do pote. Conforme
indica Queiroz (2015), a população do Cariri acredita que os
arranhados aplicados na superfície dos vasilhames para
armazenamento de água servem para facilitar o resfriamento
da água.
 Poucos casos de pintura vermelha na superfície da cerâmica.
 Apêndices: alças e asas localizadas nas laterais dos
recipientes, com a função de suspender as vasilhas ou para
melhor preensão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alça: apêndice vasado fragmentado, cat. nº 40 e ouros, sítio MV-28.

Representação gráfica de apêndices


no sítio Siricora: alça e asa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Louça: recipientes em faiança fina e porcelana. Função:


recipientes para mesa (pratos, malgas, xícaras, canecas etc.),
para o preparo de alimentos (tigelas grandes, bacias etc.) e
decorativas (vasos). A maior parte das peças não apresenta
decoração, sendo parte de louças brancas. Em alguns casos,
também ocorreu o emprego de decoração em estêncil e
decalque.

 Vidro: fragmentos de recipientes cilíndricos de contentores de


líquidos (garrafas para bebidas, frascos etc.) e de alguns frascos
de medicamentos, apresentando também o formato octogonal.

 Material construtivo: fragmentos de telha cerâmica e de adobe,


preenchimento de taipa de mão (pau a pique) ou de uma espécie
de reboco (liga de argila com areia). Fragmentos de telha: face
lisa e outra rugosa característica do uso de forma de molde para
a confecção, com formato cur vo, provavelmente de telhas do tipo
capa e canal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 As populações que viveram, ou que ainda vivem nos sertões do


nordeste brasileiro, não possuem muitos registros escritos de
sua história, representando, portanto, possibilidades de estudo
na arqueologia histórica dos sertanejos por meio de sua cultura
material.

 Atualmente, importantes pesquisas têm sido desenvolvidas


sobre a arqueologia dos séculos XIX e XX nos sertões do
Nordeste, analisando a cultural material sertaneja e abordando
as relações com o semiárido, de ocupações relacionadas
majoritariamente ao século XX.

 Ainda que as amostras sejam quantitativamente pouco


expressivas, procedentes das atividades de delimitação dos
sítios ou avaliação de furos-testes positivos realizados na
prospecção dos vértices ou das praças de torres das Linhas de
Transmissão do empreendimento, foi possível identificar o seu
contexto arqueológico.
EQUIPE TÉCNICA

Dra. Solange Bezerra


Coordenação geral:
Caldarelli
Dr. Renato Kipnis

Coordenação de campo: Dra. Ana Lucia Herberts

LABORATÓRIO:
Análise do material
arqueológico cerâmico e Dra. Ana Lucia Herberts
histórico:

Análise do material
Dr. Edenir Bagio Perin
arqueológico lítico:

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