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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Gabinete da Conselheira CRISTIANA DE CASTRO MORAES

PRIMEIRA CÂMARA SESSÃO DE 15/10/2019 ITEM Nº 063

TC-010275/026/11
Agravante: Isael Domingues – Prefeito do Município de Pindamonhangaba.
Agravado: Despacho publicado no D.O.E. de 29 de março de 2019, que
aplicou multa ao responsável, Isael Domingues, no valor de 160 UFESPs, nos
termos do artigo 104, inciso III, da Lei Complementar nº 709/93 – Possíveis
irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba,
relativas à receita de IPTU, contrato com empresas de transportes de atletas e
aditamento concedidos à Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer.
Advogado(s): Rodrigo Moreira Sodero Victório (OAB/SP nº 254.585), José
Carlos Teixeira Júnior (OAB/SP nº 149.998), Synthea Telles de Castro Schmidt
(OAB/SP nº 102.647), Caio Cesar Benício Rizek (OAB/SP nº 222.238), Yuri
Marcel Soares Oota (OAB/SP nº 305.226) e outros.
Procurador(es) de Contas: Renata Constante Cestari.

Em exame, AGRAVO interposto pelo Senhor Isael Domingues,


Prefeito do Município de Pindamonhangaba, objetivando desconstituir o
despacho, publicado no DOE de 29/03/2019, que lhe aplicou multa no valor
correspondente a 160 UFESPs, nos termos do artigo 104, inciso III, da Lei
Complementar nº 709/93, em razão do não atendimento às determinações
deste Tribunal quanto aos informes sobre o desfecho da Sindicância instaurada
em decorrência do julgamento da matéria apreciada nos presentes autos
(fls.1007/1009).
Conforme consta do mencionado despacho, embora notificado em
02 (duas) ocasiões (Ofício C.CCM nº 1071/2017 – entregue em 08/05/2017 – fls.983/vº e
Ofício C.CCM nº 1721/2018 – entregue em 21/08/2018 – fls.1004/vº), o interessado não se
valeu das oportunidades concedidas, deixando de apresentar o resultado final
da Sindicância.
Em linhas gerais, o agravante argumenta que não obstante as
dificuldades enfrentadas para convocar os antigos responsáveis pelas
Secretarias, o processo se desenvolveu regularmente.
Aduz que, encaminhado o relatório final à Secretaria de Negócios
Jurídicos em 16/07/2018 (fls.1088), os autos foram devolvidos à Comissão
Sindicante para prosseguimento dos trabalhos, em 27/08/2018, haja vista a

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necessidade de melhor aprofundamento nas apurações para identificação de


autoria e extensão de eventuais danos (fls.1089).
Esclarece, entretanto, que por um equívoco, o processo foi
remetido ao arquivo provisório da Secretaria de Negócios Jurídicos, o que
acarretou o atraso na sua tramitação, tendo sido encaminhado para a
Secretaria Municipal de Administração para a retomada da Sindicância na data
de 03/04/2019.
Ao final, destaca que não houve descumprimento intencional e
desmotivado das determinações deste Tribunal, requerendo o acolhimento de
suas razões, a fim de que seja cancelada a penalidade que lhe foi imposta.
O Ministério Público de Contas manifesta-se pelo não provimento
do agravo (fls.1092/1094).
É o relatório.

GC-CCM-12.

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PRIMEIRA CÂMARA GCCCM

SESSÃO DE 15/10/2019 ITEM N° 063

Processo: TC-010275/026/11.

Agravante: Isael Domingues, Prefeito do Município de


Pindamonhangaba,

Assunto: Possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura


Municipal de Pindamonhangaba, relativas à
receita de IPTU, contrato com empresas de
transportes de atletas e aditamento concedidos à
Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer

Em Exame: Recurso de Agravo interposto contra Despacho


por mim exarado, publicado no DOE de
29/03/2019, que aplicou multa no valor
correspondente a 160 UFESPs ao Senhor Isael
Domingues, Prefeito Municipal de
Pindamonhangaba, nos termos do artigo 104,
inciso III, da Lei Complementar nº 709/93, em
razão do não atendimento às determinações
deste Tribunal quanto aos informes sobre o
desfecho da Sindicância instaurada em
decorrência do julgamento da matéria apreciada
nos presentes autos.

Procuradores: Rodrigo Moreira Sodero Victório (OAB/SP nº

254.585), José Carlos Teixeira Júnior (OAB/SP nº


149.998), Synthea Telles de Castro Schmidt
(OAB/SP nº 102.647) e outros.

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EM PRELIMINAR

O recurso preenche os requisitos de admissibilidade. É


tempestivo1, adequado à espécie2 e foi interposto por parte legítima. Portanto,
dele conheço.

NO MÉRITO
Em sintonia com a opinião externada pelo MPC, entendo que as
razões do agravante não merecem acolhimento para o fim de excluir a pena de
multa que lhe foi imposta.
Em atendimento ao despacho de fls. 996, a Prefeitura Municipal
de Pindamonhangaba, através da petição registrada sob o nº TC-71/026/18,
protocolada em 08/01/2018, trouxe aos autos ofício da Secretaria Municipal de
Negócios Jurídicos informando que o resultado da Sindicância seria
apresentado nos próximos 60 dias a contar daquela data, o que não se
verificou.
Ato contínuo, foi expedida nova notificação ao Prefeito (entregue em
21/08/2018), instando-o a informar sobre o desfecho alcançado pela Sindicância
noticiada, sob pena de aplicação de multa, porém, o mesmo permaneceu
silente, comparecendo aos autos somente após a efetivação da penalidade
pecuniária (DOE de 29/03/19).
Nessa senda, assiste razão ao MPC, quando afirma que o
argumento apresentado pelo recorrente, no sentido de que o atraso na
tramitação do feito se deu em razão do processo de Sindicância ter sido
equivocadamente remetido ao arquivo provisório da Secretaria de Negócios
Jurídicos não merece relevância, já que o procedimento foi encaminhado
indevidamente em 29/08/2018, ou seja, após mais de 08 meses da defesa

1
Despacho publicado no DOE de 29/03/2019, sexta-feira. Agravo interposto em 05/04/2019,
sexta-feira. Observado, portanto, o prazo de 05 (cinco) dias para sua interposição, nos
termos do art. 63, caput, da Lei Complementar n° 709/93, com a observância da contagem
de prazo em dias úteis, conforme teor do Comunicado GP n° 08/2016.
2
Art. 62 da Lei Complementar n° 709/93: Admitir-se-á agravo, sem efeito suspensivo, em
processo de natureza jurisdicional, de decisão preliminar ou despacho do Presidente ou
Conselheiro Relator.
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protocolada em 08/01/2018, a qual consignou que em 60 dias a Sindicância


seria concluída.
Demais disso, os documentos ora juntados pelo interessado
(fls.1028/1090) demonstram que, embora tenha sido instaurada Sindicância pela
Administração Municipal de Pindamonhangaba, por meio da Portaria nº 9.671,
de 09/11/2015, o fato é que a conclusão apresentada no Relatório Final
elaborado em 07/06/2018, pela Comissão Sindicante (fls.1084/1085), evidencia
o não atendimento às determinações desta Corte, apesar de transcorridos mais
de 3 (três) anos do seu início, o que inviabiliza o cancelamento da multa
imposta.
Nesse sentido, aliás, foi o parecer da própria Secretaria de
Negócios Jurídicos da Prefeitura que anotou:
“...a análise dos autos evidencia tão somente sucessivas
prorrogações e, em meados de 2018, a expedição de relatório conclusivo
informando, em claro contrassenso “que não foi possível realizar um relatório
conclusivo a favor ou contra os envolvidos na apuração dos fatos” (sic).
Ainda que todos os notificados não tenham comparecido para
prestar esclarecimentos, a natureza e gravidade dos eventos apontados pelo E.
TCE (fls. 04/12) nos permite inferir que o acervo de informações acerca do
tema vai muito além dessas três pessoas convocadas. Ou seja, e-mails,
memorandos, ofícios, solicitações de compras, autorizações de serviços,
empenho (e tantos outros documentos) decerto servem de base para
aprofundamento do instrumento investigativo e, consequentemente, para sua
continuidade e devida conclusão.”
Nessa conformidade, na esteira do decidido no TC-2038/003/033,
não há como acolher o procedimento adotado.

3
Segunda Câmara, Sessão de 25/07/2017, composta pelos Conselheiros Dr. Dimas Ramalho,
Relator e Antonio Roque Citadini, Presidente, bem como pelo Auditor Substituto de
Conselheiro Josué Romero. Agravante: Tarcísio Cleto Chiavegato – Ex-Prefeito do
Município de Jaguariúna. Agravado: Despacho publicado no D.O.E. de 27 de janeiro de
2017, que aplicou multa ao responsável pelo Executivo Municipal à época, no valor de 160
UFESPs, nos termos do artigo 104, inciso III, da Lei Complementar nº 709/93 –contrato
entre a Prefeitura Municipal de Jaguariúna e Comercial João Afonso Ltda. IMPROVIDO.

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Ante o exposto, acompanho o posicionamento do MPC e voto


pelo NÃO PROVIMENTO do Agravo interposto, mantendo na íntegra a multa
aplicada ao Senhor Isael Domingues.

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