Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Output.o PDF
Output.o PDF
Ir
Ù
ú -
'V
:"r
.-/
\é'
.. ^ '■- .• -
^*'1
■L >, 1. ' ^ '■
rí
rt'
}^y. ;' •'
S 1^ -
r\
rí' í- • îrrr.,iÿjî ■r.:
: 5,> JT--->
a m
É;-v^íV
ÍK^
/ "■'J' ■'^
Irí' ^
-' " I.
't-
p; ¥' V
■'<35
I
!írX^. '^-i"
'■ 1 »T'.
>'^;-
■ T/ví.
»>1 V
' - ■^ » •
7 \ - ’ ■' '
h t > ■ ■ C ',; . -.;•. .',/■■
M , -
1 j Ÿ .-r f. ■ ■ :; - ~ '
M'-
V J '•,-
■ l^ÿV''ir'r^
\y
■ \ ‘ V
y ;: „.
t ^ ■
':■', '■ .- t ' i -
Vende-se na Loja de papel e de livros de Narclzo José
de Souza Lameira rua do ouvidor n.°'55 , assim como todas
as mais obras publicadas por esta Sociedade,
R O M A IV C E
VERTIDO, E OFFEREGIDO
a’
SOCIEDADE LITTERARIA DO RIO DE JANEIRO
PELO SOCIO DA MESMA,
T. A. Craveiro:
RIO DE JANEIRO.
NA TYPOGRAPniA AUSTRAL.
BECO DE BRAGANÇA. N. 15.
1 83 7.
V.
.■ *f. ■
V.. . >
J\ ‘‘-'-,'íjí;;
■A » •■ ■\ ■» iî î '
■•,■;' ?ÎV ; •?
%, . m á •.>rVT
*;• 'W
V .» « '.1 ;.
f^AS- f .......
^ ■ W^'r 'îii ^rr^> •'■ 1
, A
►■‘i ' '■ '^•' ' T''''■ .il ' Z' -ri'
L tv •^ ■
k.
?, .'y>■ - -1
# <"* ■ ■ '»■ ;n- ' ■ ,■ '."■ AS ■■ .1 IA., \
,Hv
^'
-Í —
J-,, .
<■.■ï.'*..'.-*■-
;.l^; ;!»-i-
'«^v- :' f -Í r •-
:W
il »I?* J
J"''
"it:
,-™ ijWi,'
' ^ H' W
i»■
'r ’
'4ï-
1 . V :^
m-■
%!-1'
, »1' 'il'4*«
V’ ^
'(■fc-
'■' ‘ •‘‘"''nimiii ------■<■
"i JàftÂr- ■
DEDICATOUIÜ.
PELO TRADUCTOR.
tr
Xfti
tiv'
‘V í
;r-
í li:
l! 3
' P
w
VÎDA DE LORD BYRON.
|lelo trabuctor.
I Ik
' C*
|S,
n:
LARA
CANTO PRIMEIRO ( i )
II.
I .VI
Mi'f -i'
krir.'
•»■H■fe
h
kf-r 'A?
Subito em fim chegou, e só , mas d’onde,
Ou a que vem não sabem, nem carecem ;
Quando o saudam mais se maravilham
INão d’elle vir, porem da longa ausência:
A comitiva sua he d’um só pagem
De tenra idade, e aspecto forasteiro.
Gastam-se os annos, passam-se velozes
Para quem sabe da patria, ou vive n’ella; 5o
Mas desejos de ver climas estranhos
Dão lentas azas ao cançado tempo.
Elles o veem , conhecem, e inda julgam
Dubio o presente, e sonhos o passado.
Vive , e dos dias seus na flor, crestada 55
Comtudo de fadigas, e do tempo;
Dos desvarios seus se lembra apenas,
São tantos que olvida-los fora facil ;
D ’elle se ignoram vicios, ou virtudes
Agora, e sustentar pode a prosapia: 6o
De Índole altiva foi na juventude,
Triumphes d’ella foram os seus erros,
Mas taes que, se de todo o não perdessem ,
Podéra resgata-los c’ um remorso.
V.
— 4
V í.
i) M
' ‘ (■
Não gosta que lhe indaguem do passado, 85
Nem falia em solidoens, paramos vastos
De terras longes onde divaíjara,
como o desejou— desconhecido.
Emvão pretendem 1er nas vistas d elle.
Ao companheiro seu debalde inquirem ; 90
Lara não quer fallar do que avistara.
Si i. !
m c
— 5 —
YII.
IX.
X.
Xí. 1®
li:
tt^r
Noticias vans estende d’era em era;
N’ella a historia gravou louvor, ou culpa,
Mentindo ataviada da verdade. ipo
A lua enfia os raios pelos vidros
Escuros, e vão dar no chão de mármore ;
0 tecto corroido, os santos curvos
Em oração nas gothicas capcllas
Reflectidos avultam em phantasmas, ipS
Parecem respirar immortal vida;
Anda, e medita L ara, estes cabellos
0
Pretos, e sobrancelha, as plumas tremulas.
Lhe dão visos de spectro, c seu aspeclo
Inspira o que o terror tem de mais grave. ;20o
XIL
mi
Uiega o pagem ; parece ser quem sabe ( 9 )
Peneirar o que as vozes exprimiam.
Um comprimir de gesto, e sobrancelha
Mostra que Lara nunca as revelara ;
Nem as explica, e menos assombrado
Do que todos, que estão em torno do amo,
Se inclina para Lara ainda em terra.
Falia esta lingua, que parece a d elle
L Lara escuta os sons, que meigos fazem
Dissipar-lhe o horror do séu delirio,
Se íoi delirio o que abatera um peito
Que dispensa aílliçoens imaginarias.
I
Cujo tremor delata-lhes o susto.
Não sos, porem a doiis se Juntam sempre,
Fogem da triste sala espavoridos; 260
De estandarte um bolir, bater de porta,
O rugir de um tapete, ecco de passos,
A sombra de alamedas, dos morcegos
O esvoaçar, a viração da noite ;
Tudo, que veem, e escutam, os assusta. 265
Logo que as trevas cobrem as muralhas.
XVI.
[■ !
11
\
— 13 --
XYII.
xvm.
Tem tudo n’um desprezo de continuo:
Como quem ja passara o mais funesto,
Parece um forasteiro pelo mundo.
Ou pliantasma, que os tumulos lançaram;
De sombrio pensar como quem busca
Riscos por gosto, c apenas lhes escapa;
Mas debalde, sua alma em recorda-los
Tinha um mixto de magoas, e prazeres: ono
Com mais forças de amar do que no mundo
Receberam os entes, que respiram.
Os sonhos de virtude o transviaram,
E joven foi apoz de desvarios;
Chorava os annos gastos em quimeras, T t'
v)no
E as forças, que tam mal desperdiçara;
ii‘ i- 0 império de paixoens desacordadas
Totalmente os seus passos devastara,
Perturbacoens
o deixando-lhe so n’alma
Na idea d’esses dias procellosos; J.>0
Mas suberbo, e tardio em condemnar-se
De cúmplice aceusava a natureza.
Seus erros a esta carne attribuia,
I'. '
— 15 —
XXL
XXII.
X X llL
íi
ij;»
1^ Ile muito, relevar não pode Lara
Aífronta de pergunta tam altiva;
Carrega a sobrancelha, c em tom pausado,
Que mais tinha de firme que arrogante, /lÕ O
Eesponde ao forasteiro curioso—
. « Cbamo-mc Lara !— e quando ouvir teu nome
•*
7“;
— 19
« Não duvides de que eu responder possa
« A um tam cortez, e estranho cavalheiro.
« Sou Lara !— queres mais saber? A tudo f
qoa
« Responderei que mascara não tenho ».
I' i V
l> . f
I; V-
« Té ámanlian !— sim, ámarihan ! » de Lara '190
Nem mais um som os lábios proferiram ;
Em seu rosto paixoens se não vislumbram;
Nos grandes olhos iras não dardejam ;
Mas o accento de sua voz lie d’ homem,
Que firme resolveu, mais nada exprime. 495
Toma o manto— corteja ao despedir-se,
E perto de Ezzclin passou; surrio-se
Do olhar ameaçador, que nelle punha
0 cavalheiro ao ve-lo retirar-se :
Não foi surrir de júbilo, ou de orgulho, »00
Q ue, quando se vingar não p od e, zomba;
Era o dTim coração de homem, que sabe
O que tem de soífrcr, ou o que emprende.
Este o surrir de paz, o da virtude?
r K
Ou do crime amestrado cm desespero ? 000
A i! ambos se assemelham em seus ares,
A vista, e voz dos homens os confundem;
So per acçoens he dado discernir-se
0 que sondar não pode a innocencia.
XXVI.
14
Jb-a lindo o seu talhe, o sol nativo
li- 0 rosto lhe ateou fino, e moreno,
Mas bem que abrasador não macerára rT
ooo
Faces, que ás vezes tingem-se de purpura ;
Xão d’esse colorido de saude,
Que traslada na tez júbilos d’alma ; Eü
Era uma cor febril de occultas magoas , D':
Que cm fervidos momentos rcsumbravam ; 555
Iioabado aos astros foi fulgor dos olhos
D ’urn pensamento eléctrico accendidos,
Bem que em negras pupillas longas palpebras
Mesclassem melancólica doçura;
Mostrava mais orgulho que tristeza,
Uma tristeza ao menos solitaria:
Um gracejar de pagens, em doudices
De moços como elle h e, não se occupava;
Fixava a vista em Lara longas horas,
De tudo se esquecia em contempla-lo;
Se o não v ia , sozinho passeava,
Freve no responder, e sem perguntas;
Vagueava em bosques, lia estranhos livros;
Descançava nas margens dos regatos:
K K
Farecia, como o amo, viver longe
Do que embelleza a vista, encanta a mente;
Fugir dos homens, e não ter da terra
Mais que um amargo dom— da existência.
XXVII
XXYIIL
XXIX.
h
Foi-se a turba, repousam os convivas; Di-
Othon cortez , c os hospedes depressa li
Yão ao descanço onde o prazer expira, (|ie
63o
Fi pelo somno a dor gemendo chama, h.
Onde o homem fatigado de revezes
Busca o esquecimento da existencla :
Alll sonhos de amor, perfidlas, morrem. .1:
Astúcias d’amhiçâo, tormentos d’odio ; 635 íi,
O esquecimento a tudo estende as azas, Cí:.
E n’um tumulo a vida se sepulta. ií
Que outro nome convem do somno ao leito? I
Campa da noite, universal asylo,
Onde n’uma nudez igual reclinam 64o ile
1} 1
Fo rça, fraqueza, vícios, e virtudes; íol^
Feliz que sem sentir respira um pouco, •^er
Ao despertar torna a luttar co’ a morte, %
E inda que o novo dia aggrave os m ales,
Foge ao somno, o melhor, c sem delhios, 645
FIM DO CANÏO PÍUMEIRO.
I
I.-)i ?1t-
I*.'•
LARA
CANTO SEGTNDO ( i )
V o a a n o ite — os v a p o re s da m o n ta n h a
Dissipa a a u r o r a , a liiz d e s p e r t a o m u n d o .
U m d i a m a i s j u n t o u - s e a o s d ia s d o l i o m e m ,
Q u e de vagar c a m in h a ao d e r r a d e ir o ;
P a r e c e estar n a infancia a n a tu r e z a , 5
0 sol b rilh a n os ce o s , na terra h a v i d a ,
F lo res no v a llc, resplan dor nos are s,
N a vi r a ç ã o v i g o r , fresco n o s rio s.
Ve, h o m e m im m o rtal! tanta b e l l e z a ,
C om tigo e xu lta, e dize « is t o h e m e u t u d o ! » lo
A d m ira em quanto os olhos teus o p o d e m ;
Virá d ia , e m q u e m ais te n ão p e r t e n ç a :
Cubra-te em b o ra a dor a m u d a ca m p a ,
A terra, c ceos não hão de p ra n te a r-te ,
T o ld a r-sc a n u v e m , dcsfoIhar-se o tr o n c o , i5
Nem o vento g e m e r p o r ti, p o r tan to s;
V irã o a teu d esp o jo a rasto os b i c h o s ,
F a terra a d u b a r ã o c o m tuas c i n z a s .
V!!
■t
Ik
‘r
M e io dia— de O t h o n para o castello
C a m in h a m convidados cavalh eiros; 20
l i s t a h o r a se m a r c o u , e n ’el la a i n f a m i a ,
O u O l o u v o r d e L a r a se d e c i d e .
A q u i m esm o E zzelin ha d e accu sa-lo,
1 E a verd a d e dirá c o m singeleza.
A palavra e m p e n h o u , e dar-lhe ouvidos Ol3
Perante o c e o , e os h o m e n s j u r o u L a r a :
P o r q u e t a r d a ? I n d u l g e n t e assaz p a r e c e
Em cousas aclarar d e tanta m onta.
l t-
Passa a h o r a , m as L a r a não se a u s e n ta ,
'■ So
C o n f i a e m si d ’u m a r i n a l t e r á v e l ; 3o
P o r q u e E zze lin não v e m ? He tarde, e todos
M urm uram , p e r t u r b a d o O t h o n se afílige.
« C on h eço o m eu am igo, á fé n ã o fa lta ,
« S e in da n o m u n d o está p o r elle e s p e r e m ;
« A casa, em que d o r m i r a , jaz n o valle
« E n t r e as t e r r a s d o n o b r e L a r a , e m i n h a s ;
« U m c a v a l h e i r o tal m e f ô r a d ’ h o n r a ,
« E E zze lin pernoitara em m e u castello;
« M a s t a l v e z f o i m i s t e r d i s p o r as p r o v a s ,
« Q u e h o je lhe assegurassem o tr io m p h o ; 4o
•I l
— 29 —
D i s s e r a — e L a r a a s s im t o r n o u « T u foste
« Q u e m para a q u i m e ach ar m e c o n v id a ra ;
« Y i n h a a f f r o n t a s o u v i r d ’u m e s t r a n g e i r o ,
« Q u e m u i t o a f fl i g ir i a m a m i n h a a l m a
« S e eu o não reputára d e in sen sato ,
« Ou, o q u e inda h e p e i o r , vil in im igo.
« Q u e m h e n ã o sei— p a r e c e c o n h e c e r - m e
« D ’a l g u m p a i z — m a s d e s p e r d i ç o o t e m p o :
« P ro d u z o delator— ou com a espada
« S u s te n ta a g o ra a q u i tua p r o m e s sa . »
1 30 —
IV.
( - u r t o O c o m b a t e foi ; c e g o de furia
l. O th o n vaidoso e x p o e m o peito ao g o l p e :
E m terra cahe ferido d e s tra m e n te ,
Mas não m o rta l, da m ão d o seu contrario.
« P e d e a vida! » N ão tp ier: quasi da terra
E n s a n g u e n t a d a m a i s se n ã o l e v a n t a ,
Q u e o s e m b l a n t e d e L a r a n ’u m m o m e n t o
Ennegreceu da ra iv a , em q u e se a b r a s a ;
A lç a o seu s a b r e , e tam fe ro z não fôra
Q u a n d o o de O tlio n seu peito am eaçava;
E n t ã o f ic a r a f r i o , e tru cu len to ,
E agora d e r e p e n te abafa c m ira s;
P e s o lv e u não p o u p ar o seu c o n tra rio ,
E q u a n d o o b ra ço q u e r e m desarm ar-lhe 8o
Quasi q u e aponta a espada fu rib u n d o
C o n tra os q u e vem p e d ir -lh e q u e p e r d o e ;
Porem d isso o d i s t r a h e u m pensam ento;
E nlevado contem pla o cavalheiro.
Parece pezaroso da Victoria 85
;••r-f-h
Inútil, que viver deixa o inimigo, h
E m e d ir a distancia, em q u e da m o rte
ni I O s seus golpes a victim a deixaram .
\m -^
\m
V.
C:
B a n h a d o e m s a n g u e O t h o n d a ll i c o n d u z e m ,
' ?-*•E
Perguntas, fallas, gestos lhe p r o h ib e m ; 90
1■-' .i " ï.
I -1 ,
■— 31 —
T u c l o s o s c a v a l h e i r o s se r c l i r a n i ,
E a causa d o c o m l) a te , c m q u e triu m p h a ,
] j a r a , s e m d c s p e d i r - s e , e n ’u m s i l e n c i o
A l t i v o d a l l i s a lie a in t la i r a d o .
M onta a cavallo, e vai pa ra o c a s t e llo ,
P a r a o d e O t h o n s i q u e r n e m t o r c e a vista.
YI.
Mas o n d e o m e t e o r o d u m a n oite
H o r r e n d o , o qu al ao vir da lu z fiigio ?
Q u e lie feito de E z z e l i n , q u e se s u m i r a
S e m ao m e n o s m ostrar o q u e in ten tava?
l ) o c a s t e l l o d e O t l i o n a n t e s d o d ia
P a r t i o , ainda e s c u r o , m as a estrada
Era bem c o n h e c i d a , a casa p e r t o ;
M a s n ’e l l a n ã o e s t á , n o v a s p e s q u i z a s
jN o o u t r o d i a se f a z , e n a d a a l c a n c a m
S e n ã o q u e o c a v a lh e ir o se não acha.
Encontram sos sou l e i t o , e o seu c a v a l l o ,
O t h o n se a l l l i g e , o s p a g e n s s e u s m u r m u r a m
P r o s e s u e m a indagar na v isin h a n ca ,
E te m e m ver signaes d e s a lte a d o r e s :
Mas n e m ao m e n o s v e e m balsa a m a s sa d a ,
]\era s a n g u e , n e m pedaços de vestido;
A r e l v a e m si n ã o t e m m o s t r a s d e q u e d a ,
O u de lu e t a , q u e in d iq u e m assassinio,
E n san gu en tad o s d ed o s não deixaram
U m a im pressão p r o f u n d a , e convulsiva
D e agonisante m ã o , q u e sem dèfensa
'll’ , ‘
L m ancias apertara h e rv a m im osa.
S e alli m o r r e r a a l g u é m is to a c h a r i a m ,
M as nada e n c o n t r a m ; resta u m a e s p e ra n ç a 1 20
D u vid o sa ; d e L a ra desconfiam ,
D a m a r e p u t a ç a o d e l l e se o c c u p a m ;
Mas todos q u a n d o o avistam e m m u d e c c m ,
E e s p e r a m q u e se a u s e n t e t e m e r o s o s
il
P ara outra vez de novo m u rm u ra re m ,
loi
1 25
E n u trirem som hrias conjecturas.
De
ïi
V1Î.
Y ilL
T in h a o paiz não p o u c o s d e s c o n te n te s ,
Q u e a tyrannia opp resses m a ld izia m ;
Alli não p o u c o s d ésp o ta s s a n h u d o s
S e i i ’i s t o t e v e a s t ú c i a f o i t a m l i a b l l
Q u e os h o m e n s o ju lg a v a m c o m o o viam ;
A b r i a asylo a t o d o s , q u e o b u s c a v a m
Q u a n d o u m s e n h o r c r u e l os d e s p e d ia .
L a tinha o c a m p o n e z segura a c h o ç a , 200
M aldizer não p o d ia a sorte u m s e rv o ;
0 a v a r e n to g u a r d a v a os seus t h e s o u r o s ,
D o desprezo zom bava o d esvalid o;
D etin ha-os co m b o m tr a to , c recom pensas
T é q u e para o d eix a r fosse m u i t a r d e : 2o 5
O s odios esperavam q u e ch eg asse
O te m p o de vingança d ila ta d a ;
0 a m o r p e r outras núp cias m allogrado
C outava cm co n q u ista r gentil belleza.
N ad a falta, a b o lir s o m e n t e espera 210
Ares de escravidão, que m al existe.
L i-la a h o ra , o m om ento, em q u e a vingança,
Porque suspira, O thon julga se g u ra ;
0 seu arauto a c h o u u m reo ílngido
No castello c e r c a d o d e m il b ra ç o s 2i 5
D a s cadeias fe u d a e s livres d e p o u c o ,
Q u e c o n f i a m 110 c e o , c a t e r r a I n s u l t a m .
H o je L a r a liberta os feu d a ta rio s,
Q u e a terra lavram para seus s e p u lc h r o s!
Assim d izem — a senha das batalhas 220
y i n g a o p p r e s s o e n s , direitos r e c o n q u is t a :
R e lig iã o — vingança— lib e r d a d e —
Q u a l q u e r vo z leva os h o m e n s á m atança;
As phrases de m o tim espalha a astúcia,
ÎC:: A ílli g i a - s e q u a n d o l h e i n d a g a v a m
m D o q u e elle havia fe ito e m terras lo n g e s ;
«
I'.t
U n i n d ’ á su a a c a u s a , q u e h e de to d o s. 240
^-•5 A o m e n o s retardava o seu dezastre.
K U m tranquillo p e z a r , q u e t i n h a n ’a l m a ,
I 3 ■'. A dorm ente p ro céd a, em q u e luttára.
P' \l'r A teados de successos, q u e am eaçavam
Fatal ru in a , aco rd am n o v a m e n t e , 245
:í‘ i' F L a r a se t o r n o u o h o m e m , q u e f o r a ,
|{ ;*
E he in d a, o u tro s p o r e m são os logares.
lii;;'
E lle a p r e ç o n ã o faz da v i d a , e g l o r i a ,
m '
Mas fa c ç o e n s arriscadas o d e le it a m ;
P en sa q u e os h o m e n s to d o s o d etestam .25o
Mas z o m b a do seu m a l, se o s m a i s p a d e c e m .
Q u e lhe im porta do p o v o a lib erd ad e?
— 37 —
•u I!■ .:
ül-^“ V XI
i ' ?'
^"M i-'
I)a nova liberdade compellidos
i : " ■• Os sequazes de Lara triumpharam ;
4 Porêni loi mallograda esta victoria,
A voz do chefe as linhas não cerraram ; 285
Em confusão carrec;am o inimiíxo.
Cegos no attaque julgam derrota-lo.
in A sede de vingança, e de pilhagem
XII.
XIII.
XIV.
i-*-'
Il
XV.
l‘ i XVí.
I- k\
li‘- I/
Raia a luz sobre niortos, moribundos,
Capacetes, couraças estaladas; k
lÉ
O cavallo sem dono jaz, rompidas
090
Com o expirar as cilhas sanguinosas;
— 43 —
»
XVII.
■ 1
E um cîebil respirar se ,escuta apenr-s:
jNâo ialla, mas acena que he debalde,
■'<iV V;. Fundo soluço arranca apoz o aceno. ''
■H .L l'
Aperta a mão, que quer calmar-lhe as ancias, 4a5
C um surriso agradece ao triste pagem,
Que enlevado se fita no semblante
Pallido, que descansa no seu collo,
iN estes olhos ja baços, mas que foram
INa terra unica luz, que o conduzia. 43©
X YO l.
XL\.
XX.
XXL
XXílí.
lit'
— 49 —
XXIV.
ï&\
li
— 51 —
FIM.
■ ■ r!
rí
|f? t
— 53 —
NOTAS.
C A N T O PRIM tTRO.
( 1 ) O po em a L a ra foi p u b li c a d o e m i 8 i 4 logo d e -
pois do C o rsá rio . O illustre poeta o c o m e ç o u antes do
iim de maio , e o deu á liiz e m agosto s e g u in t e , dec la
ran do c|ue largava a poezia por a lg u m tempo.
( G ) « Esta d e s c ri p ç ã o de L a ra regressando r ep en ti n a,
c in e s p e r a d a m e n t e de viagens distante s, e re assum indo a
sua posição na soc ie da de de seu m es m o p a i z , tem g r a n
des pontos de similhança co m a p a r t e , que o m e s m o a u
c t o r p a r e c e a c c i d c n t a l m e n t c tom ar nas scenas onde o gra n d e
se m istura c o m o formoso. » Id em .
I i ^ ^ d este p a g e m , cu ja de sc ri pç ão h c tam
üelia e m is t e ri o sa , não deixa talvez de ter orisrem v e r d a -
tieira e m al gu m a das a ven tur as rom an esc as do illustre
ft,:
m in or ahsar a m em ór ia da c o u d e r a C n i c c i o l i , ou de ou
tra (pialtjuer pe rso na gem c m si ia sp er eg rin a ço e ns do O ri en te ,
».oino rpier tpic seja , o iog ar ( a Italia ) , e as c i r c u n s t a n
cias, c m cpic este po em a foi c o n c e b id o , o feito, nos in c lin a m kl
a pr ime ira o p m ia o . C o m t n d o este d n e l l o , o ge n e r o da oc;
gue rra en tr e L a r a , e O l b o i i , a a r m a d u r a , e outras c i r üu
c u n s t a n c i a s , (leixam prosnppor a m ei a ida de a c p o c a do
p o e m a , c a península o seu th e a lro .
( 12 ) í l a u m mistério u ’c s l c e n c o n t r o , c nas a v e n
turas q ue o d ev e ra m p r e c e d e r , e que o s e g u i r a m , q u e
e m ve r d a d e nos e n l e v a , e nos deleita apez ar de que ig n o -
; ra m o s o p r i n c i p i o , c o íim : e talvez h e d ’este s e g r e d o
ro m â nt ic o de fad as, e n c a n t a m e n t o s , m ag as, e ca val he ir os
n a m or ad os da idade m e d i a , c de que se ap o d e ro u o g r a n d e
talento de L o r d B y r o n , que na sce c m gra nd e p a r le a h e l -
leza de suas c o m p o s iç o e n s. A l é m dos a n ti g o s, que o c o
n h e c e r a m , c tratara m c o n f o r m e o t e m p o , ho je p o u c o
neste gen ero a c h a m o s , que iguale n — D o n a B ra n ca
C A N T O SEGUNDO.
( 1 ) « P a r e c e q u e L o r d B y r o n to m o u um p r a ze r c a
pr ichoso c m m al lo gra r no C a n t o se gu n d o a m o r p a r te
da c x p e c t a ç a o , que causá ra no primeiro. P o r q u e , sem a
re v lv e n c i a de S i r E z z c l i n , a misteriosa aparição de L a ra
no seu antigo castello se torna urna m er a p e ç a inútil de
b a g a t e l l a , ina p pl lc ave l a q u a lq u e r assumpto Intclligivel ; —
0 c a r a c t e r de M e d o r a , a qual nos c on te nta m os de o Jd-
servar m ui p a c líi c a m e n t c a co st u m a d a na Ilha do Pirata ,
se m in da ga r d ’o n d e , ou co m o ella se passara a q u i, lica
involvido n ’ uma a m b i g u i d a d e m u i d e s a g r a d a v e l , po r causa
de al gu m a c o n n e x ã o misteriosa en tre e l l a , e S ir E z z e l i n ;
— e mais a i n d a , o s n b e r h o , c gene roso C o n r a d o , q u e
pr ef er ir a a m o r t e , e os tor m en to s á v i d a , c á lib er d a d e ,
se c o m p r a d a p e r u m n o c t u rn o h o m i c i d i o , se de grada
n ’ um v i l , c c o b a r d e assassino.— C eo rg e B ilis ». P a r e
ce-nos h a v e r aqu i demasiada severid ade ao menos na p r i
m e ir a parte. T o d o s os he roes pois, suas f e i ç o e n s , c a r a c t e r ,
c indole d e v e m ser o — ?ion plus u ltr a — da p e r f e i ç ã o — d e
v e m ser m o d e la d o s pe lo A p o ll o de P h i d i a s , ou pela V e n u s
58
ERRATA.
Ficam sem ef]'cilo a. pag. os slgnaes— no principio dos versos 397, 5()S,
4ot, /(02 c 4o6 ; c no fim dos rersos 099, e 4'’9* Quacsquer oalros ur
ros não somente não alteram, ou invertem o sentido, como tambem são dc
mui facil correcção.
J
.m
'lili!’
-A •?• .
^iUiJiJ f. i . [
:
I'*, ’r'x’j'- /? •-
>
k :ii :
■'* i ■.)(' „ J
]■ Hi i /i ' V ■ ■■‘ V i , .r-1
Lrt
j>0 •• :ir .Í >r ...’'I" v ,‘ >i Hi ri' , 'UiiU
:' ' <■ ■. “ - * ;-■ .. ii Y ~ r : i i.'î,:rUor-^
M i '»•J;î-“!:i!-^'1 :)0 b ’ :b iM ÍM f)n ■■-íH
I ' ■* ■
...f,
r.t- t ! s- » ti' ■, 'Jîè'5
■u;: / V :';- ) Obi-Vi >i ' ’ -
I•
f U h - 1 <'
• '-^'ri .^
■ :-iî^ Ws-i
:-#x: 'V.
I * ' 4 ' '
I " ' ) . )■ ,1 i (’ ■vV’ );!'. ;iw " 'R iííí, ' ‘ r;t.j ' r f l ' / b f r r i t t c
- • ‘v‘
-;
-,
• ' '■ 1
• ’ . -- . ' ,
•; ;- .
'■-■ Ù 'Y r
'W ^ ‘: ■
. t ' ' '■
'■r- -
^ ■•1 ■
i t : ,1; ■ -
■ 1 '
ïi k- : f
î ? f ’ 'm
' ^ Tl*» • -.v, -‘
:
■ li : y}'
'■
rirú': ■’ -«
il-