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Artigo - BIG DATA o Segredo Por Trás Da Eleição de Trump
Artigo - BIG DATA o Segredo Por Trás Da Eleição de Trump
By
Paulo Alves
Published on 6 de fevereiro de 2017
Qualquer pessoa que não tenha passado os últimos cinco anos vivendo em
outro planeta já ouviu falar no termo Big Data. Ele significa essencialmente
que tudo o que fazemos, online e offline, deixa vestígios digitais. Cada
compra que fazemos com nossos cartões, cada busca que digitamos no
Google, a cada lugar que vamos com o celular no bolso e cada curtida, tudo
é armazenada – especialmente as curtidas. Por muito tempo, não estava
claro como esses dados poderiam ser usados, exceto, talvez, ver anúncios
de remédios de pressão logo depois de pesquisar “como reduzir a pressão
arterial” no Google.
Em 9 de novembro, ficou claro que é possível usar o Big Data para algo
muito maior. A empresa por trás da campanha on-line de Trump – a
mesma empresa que trabalhou para a Leave.EU no começo do Brexit – era
uma empresa de Big Data: a Cambridge Analytica.
Para entender o resultado da eleição e como a comunicação política pode
funcionar no futuro, é preciso começar com um incidente estranho na
Universidade de Cambridge em 2014, no Centro de Psicometria de
Kosinski.
Michal Kosinski foi estudante em Varsóvia quando sua vida tomou uma
nova direção em 2008. Ele foi aceito pela Universidade de Cambridge para
fazer seu doutorado no Psychometrics Center, uma das instituições mais
antigas do tipo em todo o mundo. Kosinski se juntou ao colega David
Stillwell (hoje professor da Universidade de Cambridge) cerca de um ano
depois de Stillwell ter lançado um pequeno aplicativo no Facebook, muito
antes da rede social se tornar a gigante que é hoje. O
app MyPersonality convencia usuários a preencher vários questionários
psicométricos, incluindo um punhado de perguntas psicológicas do
questionário Big Five (“entro em pânico facilmente”, “contrario muito os
outros”). Com base na avaliação, os usuários recebiam um “perfil de
personalidade” – usando variáveis do Big Five – e a opção de compartilhar
seus dados de perfil do Facebook com os pesquisadores.
Os
seguidore
s de Lady
Gaga eram
provavelm
ente
extrovertid
os,
enquanto
aqueles
que
curtiam
páginas
de
filosofia
tendiam a
ser
introvertid
os.
O
smartphon
e é um
vasto
questionár
io
psicológic
o
preenchid
o
constante
mente,
conscient
e e
inconscie
ntemente.
Para ele, a internet sempre parecia um presente dos céus. O que ele
realmente queria era dar algo de volta. Os dados podem ser copiados, então
por que não beneficiar o bem comum? Foi o espírito de toda uma geração,
o início de uma nova era que transcendeu as limitações do mundo físico.
Mas o que aconteceria, se perguntou Kosinski, se alguém abusasse de seu
motor de busca de pessoas para manipulá-las? Ele começou a adicionar
advertências à maioria de seu trabalho científico. “Pode representar uma
ameaça ao bem-estar, à liberdade, ou mesmo à vida de um indivíduo”, dizia
um dos alertas. Mas, ninguém parecia entender o que ele queria dizer.
Sr. Brexit
Após o
resultado
do Brexit,
amigos e
conhecido
s
escrevera
m para
ele: olhe o
que você
fez.
Kosinski passou a receber e-mails perguntando o que ele tinha a ver com
aquilo – as palavras Cambridge, personalidade e análise imediatamente
fizeram muitas pessoas pensarem em Kosinski. Foi a primeira vez que ele
ouviu falar da empresa, que teria ganhado o nome porque seus primeiros
funcionários tinham sido pesquisadores da Universidade de Cambridge.
Horrorizado, ele olhou para o site. Sua metodologia tinha mesmo sido
usada em larga escala para fins políticos?
Posts
patrocinad
os pelo
Facebook
que só
podem ser
vistos por
usuários
com perfis
específico
s incluíam
vídeos
dirigidos a
afroameric
anos nos
quais
Hillary
Clinton se
refere aos
negros
como
“predador
es”.
Era impossível saber àquela altura até os americanos eram alvos das tropas
digitais de Trump. Eles atacavam menos na TV convencional e mais com
mensagens personalizadas nas mídias sociais. A equipe de Clinton pensava
que estava na liderança, com base em projeções demográficas. Ao mesmo
tempo, a jornalista da Bloomberg Sasha Issenberg ficou surpresa ao notar
em uma visita a San Antonio – onde estava baseada a equipe de campanha
digital de Trump – que uma “segunda sede” estava sendo criada. O
pessoal da Cambridge Analytica, aparentemente apenas uma dúzia de
pessoas, recebeu US$ 100 mil de Trump em julho, US$ 250 mil em agosto
e US$ 5 milhões em setembro.
De acordo com Nix, a empresa ganhou mais de US$ 15 milhões no total.
Nos EUA, a empresa se beneficia de leis muito brandas sobre divulgação
de dados pessoais. Enquanto na Europa dados de usuários só podem ser
obtidos se os donos permitirem, nos EUA é o contrário. A não ser que um
usuário diga “não”, todos os dados podem ser aproveitados por empresas
de diversos ramos.
As medidas foram radicais. Em julho de 2016, a equipe
de Trump começou a usar um aplicativo para identificar visões políticas e
personalidades. O programa foi criado pela mesma empresa contratada
pelos políticos do Brexit. O pessoal de Trump só batia na porta quem o
aplicativo classificava como receptivo às mensagens do candidato. Os
membros da campanha iam preparados com guias de conversas adaptadas
para o tipo de personalidade dos residentes. Após cada visita, eles
alimentavam o app com as reações das pessoas, e os novos dados iam
direto para os paineis da campanha de Trump.
Isso não chega a ser novidade. Os democratas fizeram coisa parecida, mas
não há nenhuma evidência de que tenham lançado mão de perfis
psicométricos. A Cambridge Analytica, entretanto, dividiu a população dos
EUA em 32 tipos de personalidade, e focou apenas em 17 estados. E, assim
como Kosinski descobriu que os homens que gostam de cosméticos MAC
são ligeiramente mais propensos a serem gays, a empresa descobriu que a
preferência por carros fabricados nos EUA era uma grande pista para
um potencial eleitor de Trump. Entre outras coisas, essas descobertas
agora mostravam para a equipe de Trump quais e onde certas mensagens
funcionavam melhor. A decisão de focar em Michigan e Wisconsin nas
últimas semanas da campanha veio da análise de dados. O candidato se
tornou o instrumento para implementar um grande modelo de dados.
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Paulo Alves
É jornalista e comunicador digital por formação, gosta de tecnologia desde que
se entende por gente e escreve sobre isso há bastante tempo. Como um bom
nerd, gosta de séries e ficção científica, e tenta relacionar tudo isso com
estudos sobre comunicação.