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CAPÍTULO 3 – SÉRIE DE POTÊNCIAS (TAYLOR)

As séries de funções e, em particular, as séries de potências e de Fourier são importantes


para a Matemática e ciências em geral. Elas servem para definir, estender e operar diversos
conceitos matemáticos e físicos e modelar fenômenos de variadas natureza em quase todas as
ciências.

3.1 SÉRIE DE FUNÇÕES


Chamamos de série de funções ou de série funcional a toda série do tipo:


 an (x )  a0(x )  a1(x )  a2(x )    an (x )   .
n 0

Onde an (x ) são funções de uma variável x   (ou ) , para n  0,1,2,... .

Exemplos

a)  xn  1  x  x2  x 3  
n 0


b)  cos(nx )  1  cos x  cos(2x)  cos(3x)  
n 0


1 1 1 1
c)  x
 1   
n 1 n 2x 3x 4x

3.2 REGIÃO DE CONVERGÊNCIA


Chamaremos de região ou domínio de convergência de uma série funcional ao conjunto dos
números reais ou complexos para os quais a série dada converge.

Exemplos


a)  x n  1  x  x 2  x 3   , converge x  1,1 , então Dc  1,1
n 0


x 2n 1 x3 x5
b)  (1) n
x    converge x  1,1 , ou seja, Dc  1,1 .
2n  1 3 5    
n 0


xn x2 x3
c)  n!  1  x 
2!

3!
  converge para todo x   , logo, Dc   .
n 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 42



1 1 1 1
d)   1     converge se x  1 , logo, Dc  1,  .
x
n 1 n 2x 3x 4x

Nota. A série do exemplo (d) define uma função de x , a qual é chamada de função zeta de
Riemann:

1 1 1 1
 (x )  1  x
 x
 x
  x
.
2 3 4 n 1 n

Embora conhecida de Euler (1707–1783) desde 1737, suas propriedades mais notáveis só
vieram a ser descobertas por Riemann (1826–1866) em 1859, num memorável trabalho sobre
teoria dos números.

3.3 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Uma série funcional da forma:



 an (x  a)n  a0  a1(x  a )1  a2(x  a )2    an (x  a )n   ,
n 0

onde 0  a, an   ou an   , ou para n  0,1,2,... é chamada de série de potências de


(x  a ) . Se a  0 , temos a série de potências de x .

Alguns exemplos de séries de potências:


a)  xn  1  x  x2  x 3  
n 0


xn x2 x3
b)  n!  1  x 
2!

3!

n 0


1 1 1 1
c)  n
(x  1)n  (x  1)  (x  1)2  (x  1)3  
2 8 24
n 1 2 n


d)  n !(x  4)n  1  (x  4)  2(x  4)2  
n 0

3.4 DOMÍNIO DE CONVERGÊNCIA DE SÉRIES DE POTÊNCIAS

Para estudar o domínio de convergência de séries de potências, utilizamos os testes da raiz e


razão para convergência absoluta.

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 43


3.5 Teste da razão (TRZ) para convergência absoluta


Dada uma série numérica  un .
n 0


 


k  1, a série  un é absolutamente convergente.

 n 0

 
un 1 k  1 ou k   , a série
lim
n  un
k 
  un é divergente.

 n 0

k  1, nada sabemos sobre a convergência absoluta.





3.6 Teste da raiz (TRI) para convergência absoluta



Dada uma série numérica  un .
n 0


 




k  1, a série  un é absolutamente convergente.

 n 0

k  1 ou k   , a série

lim
n 
n un  k 
  un é divergente.

 n 0

k  1, nada sabemos sobre a convergência absoluta.





Nos exemplos seguintes, determinaremos o domínio de convergência de algumas séries de


potências.


a)  xn  1  x  x2  x 3  
n 0

Vamos usar o TRI. Então,


n
lim n un  lim n x n  lim n x  lim x  x .
n  n  n  n 
Tem-se:
i) Se x  1 , ou seja, 1  x  1 , a série dada converge absolutamente.

ii) Se x  1 , ou seja, x  1 ou x  1 , a série dada diverge.

iii) Se x  1 , ou seja, x  1 ou x  1 série dada diverge.


Assim, a série  xn converge para todo valor de x tal que 1  x  1 .
n 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 44



xn x2 x3
b)  n!  1  x 
2!

3!

n 0

Vamos usar o TRZ. Então,


x n 1
un 1 (n  1)! x nx n! x 1
lim  lim  lim  lim  x lim  0.
n  un n  xn n  (n  1)n ! x n n  (n  1) n  (n  1)

n!

un 1 xn
Como lim  0  1, x   , a série  converge absolutamente x   .
un n 0 n !
n 


1 1 1 1
c)  n
(x  1)n  (x  1)  (x  1)2  (x  1)3  
2 8 24
n 1 2 n

Vamos usar o TRI. Então,


1 n x 1 1 x 1
lim n un  lim n x 1  lim  .
n  n  2n n 2 n  n n 2
Tem-se:
x 1
i) Se  1 , ou seja, x  1  2   2  x  1  2   3  x  1 , a série dada
2
converge absolutamente.
x 1
ii) Se  1 , ou seja, x  3 ou x  1 , a série dada diverge.
2
x 1
iii) Se  1 , ou seja, x  3 (a série converge) ou x  1 (a série diverge).
2

1
Assim, a série  n
(x  1)n converge absolutamente para todo valor de x tal que
n 1 2 n
3  x  1 .


d)  n !(x  4)n  1  (x  4)  2(x  4)2  
n 0

Vamos usar o TRZ. Então,


un 1 (n  1)!(x  4)n 1
lim  lim  x  4 lim (n  1)   para x  4 e o limite
n  un n  n !(x  4)n n 

se anula apenas em x  4 . Então, a série dada converge apenas em x  4 .

De modo geral, tem-se o seguinte resultado:

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 45


Teorema 3.1 Considerando a série  an (x  a)n . Então apenas uma das condições abaixo é
n 0
válida:
 a série é absolutamente convergente para todo x   .

 a série converge apenas para x  a .

 existe r  0 tal que a série é absolutamente convergente para x  a  r e divergente


para x  a  r .
O número r  0 é chamado de raio de convergência.

Logo, dos exemplos resolvidos acima temos o raio de convergência para aquelas séries:


a)  xn tem domínio de convergência Dc  1,1 e raio de convergência r  1 .
n 0


xn
b)  n! tem domínio de convergência Dc   e raio de convergência r   .
n 0


1
c)  (x  1)n tem domínio de convergência Dc  3,1 e raio de convergência r  2 .
n
n

n 1 2


d)  n !(x  4)n tem domínio de convergência Dc  4 e raio de convergência r  0 .
n 0

3.7 SOMA DE UMA SÉRIE DE POTÊNCIAS

Consideremos uma série de potências  an (x  a)n , absolutamente convergente para


n 0
x  a  r , r  0 . Seja Dc a região de convergência desta série. Para cada x  Dc a série
numérica obtida converge, portanto tem soma, de modo que para x  Dc , a série de
potências  an (x  a)n determina uma função s(x ) , chamada função soma. Ou seja,
n 0

 an (x  a) n
 s(x ) , x  Dc .
n 0

1
Exemplo – A série geométrica 1  x 2  x 3     x n   x N 1  1  x , para todo x
n 0 N 1
1
tal que x  1 , ou seja, temos  xn  1  x , x  1,1 .
n 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 46


DERIVADA E INTEGRAL DE SÉRIE DE POTÊNCIAS

Teorema 3.2 Considere uma série de potências  an (x  a)n com raio de convergência
n 0
r  0 e seja f (x )   an (x  a) n
. Então,
n 0
 f (x ) é contínua em x  a  r, a  r  ;

 Existe f (x )   nan (x  a)n 1 , x  a  r, a  r  (derivação termo a termo);


n 1

x
(x  a )n 1
 Se x  a  r, a  r  então  f (t )dt   an (integração termo a termo).
n 0 n 1
a

Exemplo 1 – Podemos utilizar substituições, derivação e integração termo a termo e


operações sobre funções para obter a função soma de várias séries de potências. Assim,
considere:
1
(I)  xn  1  x  x2  x 3   Dc  1,1 .
1x 0

Trocando x  x em (I), obtemos:


1
(II)   (1)n x n  1  x  x 2  x 3   Dc  1,1 .
1x 0

Trocando x  x 2 em (II), obtemos:


1
(III)   (1)n x 2n  1  x 2  x 4  x 6   Dc  1,1 .
2
1x 0

x
Trocando x  em (I), obtemos:
4
4 1 n x x2
(IV)   x 1   Dc  4, 4 .
4 x 0 4
n 4 42

Trocando x  (x  2) em (II), obtemos:


1 1
(V)    (1)n (x  2)n , Dc  1, 3 .
1  x 2 x 1 0

Derive (I), segundo o Teorema 3.2 para obter:


1
(VI)   nx n 1  1  2x  3x 2  4x 3  , Dc  1,1 .
2
(1  x ) 1

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 47


Integre (II) em 0,x  conforme Teorema 3.2, obtendo:
 
x
(1)n x n 1 x2
(VII) ln(1  x )   (1) n
 t dt  
n
x  ; Dc  1,1 .
n  1 2 
0 0 0

Integre (III) em 0,x  , obtendo:


 
x
x 2n 1
(VIII) arctg x   (1)n t 2ndt   (1)n 2n  1
Dc  1,1 .
 
n 0 0 n 0

Trocando x  x em (VII), tem-se:

x n 1 x2 x3
(IX) ln(1  x )     x    ; Dc  1,1 .

n 0 n  1 2 3

Fazendo (VII) – (IX), tem-se:

1  x   x3 x5 x7 

ln
(X)     2  x       ; Dc  1,1 .
 1  x   3 5 7 

Nota. Este último resultado foi primeiro obtido por James Gregory em 1668 e pode ser
1x
usado para calcular o logaritmo natural de qualquer número positivo, fazendo y  e
1x
notando que 1  x  1 .

1
Exemplo 2 – Considere a série   x n onde x  1 . Escreva os cinco primeiros
1  x n 0
5x
termos da série de potências de x da função g(x )  .
2  x3

5x 1 5x 1 1 5x   x 3 n x3

g(x )   5x  5x

    2  com 1.
2  x3 2  x3  x 3  2 x3 2 n 0   2
2 1   1
 2  2

x3 3
Na parte do domínio de convergência, tem-se:  1  x  2  x  3 2 . Portanto,
2

 
5x 5x  x 3n 5
g(x ) 
3
  n

n 1
x 3n 1 onde x  3 2 .
2x n 0 22 n 0 2

5x 
5 1 
 x  1 x 4  1 x 7  1 x 10  1 x 13   .
Então, g(x )    n 1 x 3n 1
 5  2 

2  x3 n 0 2 4 8 16 32

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 48


EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 1 – SÉRIES DE POTÊNCIAS
1 – Determine a região e o raio de convergência das séries de potências a seguir:

2n 2n (1)n
a)  (2n)! x b)  n
(x  1)n
0 0 (n  1)2

(n  1)! (1)n
c)  n
(x  5)n d)  2n 1
xn
0 10 0 (2n  1)3

ln n  n 2n 1 n
e)  (x  e) n
f)    x
1 nen 0  2n  1
n n /2
     1 
 
g)  x sen    
h)  1   x n
1   n  1 n 

2 – Aplicando substituição, diferenciação e/ou integração termo a termo, determine a soma


das seguintes séries de potências:
(1)n n 1 2
a)  n  1x b)  n xn
1 1

(1)n 1 2n 1
c)  (n  2)x n
e)  x
0 1 2n  1

(1)n (n  1)
f)  n(n  1)x n 1
g)  n
(x  2)n
1 1 3

3 – Utilize séries de potencias conhecidas e as estratégias apresentadas para obter a série de


potências de x de cada função dada:
x x2  1
a) f (x )  b) f (x ) 
2  3x x 1
x3 1
c) f (x )  d) f (x )  2
4  x3 x  3x  2
x
2
e) f (x )  ln(3  2x ) f) f (x )   ln(1  t )dt
0
 n
(1)
4 – Mostre que a função f (x )   (2n)! x 2n é uma solução da equação diferencial
n 0
f (x )  f (x )  0 .

5 – Use a série de potencias de f (x )  arctan x para mostrar a seguinte expressão para o



(1)n
número  como soma de uma série infinita:   2 3  .
n
n 0 (2n  1)3

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 49


6 – Resolva os problemas:
1/2
1 
a) Completando quadrados, mostre que  x2  x  1
dx 
3 3
.
0
1
b) Use x 3  1 , a integral do item (a), a razão e série de potências para obter a
3
x 1
3 3  (1)n  2 1 

seguinte fórmula para  :   
4 n 0 8n
 
 3n  1 3n  2  .

3.8 SÉRIES DE TAYLOR E DE MACLAURIN

Considere o seguinte problema: Dada uma função f (x ) , n vezes continuamente derivável


em um ponto " a " e em uma vizinhança V (a ) de raio r  0 , deseja-se obter uma série de
potências de (x  a ) para representar esta função.
Isto é,
f (x )  a0  a1(x  a )1  a2 (x  a )2    an (x  a )n   (I)

É claro que a série de potências estará determinada tão logo os seus coeficientes an ,
n  0,1,2,... sejam conhecidos. Para isto, segue-se o raciocínio seguinte:
f (a )  a0

f (x )  a1  2a2 (x  a )  3a3(x  a )2    nan (x  a )n 1  


f (a )  a1

f (x )  2a2  3  2a3(x  a )    n(n  1)an (x  a )n 2  


f (a )  2a2

f (x )  3  2a3    n(n  1)(n  2)an (x  a )n 3  


f (a )  3  2  a3
................................................................................................

f (n )(x )  n(n  1)(n  2)(n  3) 3  2  1an  


f (n )(a )  n ! an

Considerando que f (0)(a )  f (a ) e substituindo os coeficientes encontrados acima em (I),


tem-se:
f (a ) f (a )
f (x )  f (a )  f (a )(x  a )  (x  a )2  (x  a )3  
2! 3!


f (n )(a )
f (x )   n ! (x  a )n
n 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 50


Esta última série é chamada série de Taylor da função f (x ) no ponto " a " .


f (n )(0) n
Se a  0 , obtém-se: f (x )   x que é a série de Maclaurin da função f (x ) .
n 0 n !

[CASO I] A série de Taylor serve para escrever funções (complicadas) como um polinômio
infinito, ou seja, pode-se aproximar uma função por um polinômio Pn (x ) de grau n
prefixado, chamado de polinômio de Taylor.

Exemplo 1 – Para x  a , pode-se aproximar uma função f por seu polinômio de Taylor de
grau 1, P1(x ) (uma reta), f (x )  P1(x ) , ou seja,
f (x )  f (a)  (x  a)f (a) [aproximação linear]
Este resultado é conhecido do Cálculo 1 usando a reta tangente.

Exemplo 2 – Para x  a , pode-se aproximar uma função f por seu polinômio de Taylor de
grau 2, P2 (x ) (uma parábola), f (x )  P2 (x ) , ou seja,
f (a )
f (x )  f (a )  f (a )(x  a )  (x  a )2 . [aproximação quadrática]
2


Exemplo 2.1 – Utilize uma aproximação quadrática para f (x )  sen x perto de a  .
2
2
         1      
    
Solução. sen x  sen    cos    x    sen    x   . Tem-se então que, para
 2   2   2  2  2   2 

x , a função seno pode ser aproximada da seguinte forma:
2
2
1   

sen x  1  x   .
2 2 
Abaixo, a figura apresenta uma relação entre os gráficos deste resultado.
y

f (x )  senx

 x
 2
2
P2(x ) 1 1 x   

2 2 


Exemplo 2.2 – Aproxime a função f (x )  sen x perto de a  por uma parábola.
4
2
         1      
    
Solução. sen x  sen    cos    x    sen    x   .
 4   4   2  2  4   4 
CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 51
  2
2    1    
sen x  1  x    x    .
2   4  2  4  
 
Abaixo, a figura mostra como os gráficos estão relacionados.
y


f (x )  senx
 x
 4
 
2 
P2(x )  2 1 x    1 x    
   

2   4  2  4  

Exemplo 3 – Escreva o polinômio de MacLaurin de grau n que aproxima f (x )  e x .

x x2 x3 x4 xn
Solução. e  1  x     . Veja nas figuras uma comparação do gráfico
2! 3! 4! n!
de e x com o gráfico de alguns polinômios de Taylor obtidos.

ex
 ex


P2(x ) 1x  x
2

2!

P1(x )1x

Figura 1. e x  1  x x x2
Figura 2. e  1  x 
2
ex
ex 
 
P3(x )  1 x  x  x
2 3

2! 3!
 P4(x )  1 x  x  x  x
2 3 4

2! 3! 4!

x x2 x3 x2 x3 x4
x
Figura 3. e  1  x   Figura 4. e  1  x   
2 6 2 6 24
Em geral, tem-se:

xn x2 x3 x4
ex   n!  1  x 
2!

31

4!
  , x   ou x   .
n 0

Exemplo 4 – Para as funções sen x e cosx exibimos abaixo seus polinômios de Taylor em
torno de a  0 para n  0 . As figuras exibem gráficos de polinômios obtidos para alguns
valores de n comparando com o gráfico da função.
CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 52
P5(x )  x  x 3  x 5 
3! 5!
P1(x )  x

x3 x5 x7 x9 x 2n 1
sen x  x     
3! 5! 7 ! 9! (2n  1)! sen(x )

P3(x )  x x  3
3!

P7(x )  x  x 3  x 5  x 7 
3! 5! 7!

P4(x ) 1x 2  x 4 
2! 4!
P0(x ) 1
2 4 6 8 2n 
x x x x x
cos x  1     
2! 4 ! 6! 8! (2n )! cos(x )

P2(x ) 1x 
2
2!

P6(x ) 1x 2  x 4  x 6 
2! 4! 6!

Em geral, para x   ou x   , tem-se que:

x 2n 1 x 3 x 5 x 7 x 9 x 11
sen x   (1)n (2n  1)!
x
3!
 
5! 7 !
 
9! 11!

n 0

x 2n x 2 x 4 x 6 x 8 x 10
cos x   (1)  1 n
    
n 0 (2n )! 2! 4 ! 6! 8 ! 10!

Exemplo 5 – Determinar o polinômio de Taylor de grau 4 da função f (x )  ln(2x  1) em


torno de a  1 .
Neste caso, o polinômio de Taylor é dado por:

f (1) f (1) f (4)(1)


P4 (x )  f (1)  f (1)(x  1)  (x  1)2  (x  1)3  (x  1)4 .
2! 3! 4!
Assim, calculando os valores necessários:
f (x )  ln(2x  1)  f (1)  ln 3
2 2
f (x )   f (1) 
2x  1 3
4 4
f (x )   f (1)  
2 9
(2x  1)
16 16
f (x )   f (1) 
(2x  1)3 27

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 53


96 32
f (4)(x )   f (4)(1)  
(2x  1)4 27

Substituindo esses valores na expressão de P4 (x ) , tem-se:

2 1 4 1 16 1 32
P4 (x )  ln 3  (x  1)  (x  1)2  (x  1)3  (x  1)4 .
3 2! 9 3! 27 4 ! 27

m  m m  1...m  k  1
Exemplo 6 [Série Binomial] – Mostre que 1  x   1   x k para
k 1 k!
1  x  1 .

Exemplo 7 – Desenvolva a função dada em série de potências de t .


1 1
a) F (t )  b) G (t ) 
2 3
(1  t ) 1t

(1)n 1 n 2
Exemplo 8 – Mostre que  (n  2)n ! x tem função soma f (x )  (1  x )e x  1 ,
n 0
x   .

[CASO II] A série de Taylor serve para obter a soma de uma série numérica convergente
sem o uso da sequência de somas parciais.

Exemplo 9
ex  1
a) Obtenha a série de potências de x para f (x )  .
x

n
b) Usando o resultado obtido em (a), calcule a soma da série  (n  1)! .
n 1

Exemplo 10
x 2n 1
a) Mostre que arctg x   (1) n
para 1  x  1 ;
n 0 2n  1

 1 1 1 
b) Utilize o resultado em (a) para mostrar que   4 1      .
 3 5 7 
Esta última igualdade é chamada de Fórmula de Leibniz.

Observações:

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 54


[1] Se for utilizada a derivação sucessiva em f (x ) para obter os coeficientes an da série

 an (x  a )n  f (x ) , encontra-se o mesmo resultado. Deduz-se então que a série de
n 0
potências que representa uma função f (x ) é única, visto que se duas funções tem os
mesmos valores funcionais em um intervalo contendo o número " a " e, ambas as funções
possuem uma série de potências de (x  a ) , então estas séries devem ser iguais, pois os
coeficientes das séries são obtidos dos valores das funções e de suas derivadas em " a " .
Assim, se uma função f (x ) é representada por uma série de potências de (x  a ) , esta
deve ser a sua série de Taylor em " a " .
[2] A série de Taylor no ponto " a " da função f (x ) não precisa ser obtida usando a fórmula
deduzida anteriormente. Qualquer método que apresente uma série de potências de
(x  a ) acarretará a obtenção da série de Taylor.
[3] Se uma função f (x ) tem uma série de Taylor em " a " com raio de convergência r  0 ,
esta série representa numericamente a função f (x ) , x  a  r, a  r  ?

 2

e1/x , x  0
A resposta é negativa !! veja a série de potências de x para f (x )   .

 0 , x 0

3.9 Teorema (Unicidade das séries de potências). Se uma função f admite desenvolvimento
em série de potências num ponto x 0 , esse desenvolvimento é único.

Demonstração.....

3.10 CONVERGÊNCIA DA SÉRIE DE TAYLOR

Se Pn (x ) é o polinômio de Taylor de grau n que aproxima f (x ) , temos que f (x ) é a soma


de sua série de Taylor se:
f (x )  lim Pn (x ) .
n 
Pode-se escrever Rn (x )  f (x )  Pn (x ) de tal maneira que f (x )  Pn (x )  Rn (x ) , onde Rn (x )
é chamado de resto da série de Taylor. Se for possível mostrar que lim Rn (x )  0 , então
n 
segue que lim Pn (x )  lim  f (x )  Rn (x )  f (x )  lim Rn (x )  f (x ) .
n  n    n 

Teorema 3.3. Se f (x ) possui derivadas de todas as ordens em um intervalo contendo " a " e
lim R (x )  0 , x desse intervalo, então f (x ) é representada pela série de Taylor de
n
n 
f (x ) em " a " :

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 55


f (a ) f (a )
f (x )  f (a )  f (a )(x  a )  (x  a )2  (x  a )3   .
2! 3!

Observamos que se f (x ) possui uma série de Taylor podemos fazer a seguinte decomposição:

n 
f (i )(a ) f (i )(a )
f (x )   (x  a )i   (x  a )i
i 0 i ! i n 1 i !
polinomio deTaylor resto da série, Rn (x )
de grau n, Pn (x )

Isto significa que uma função f (x ) pode ser aproximada por polinômios. Cada soma parcial
sn é na verdade uma função polinomial, portanto podemos dizer que aproximamos a função
f (x ) pelos polinômios de Taylor de grau n , P (x ) .
n

3.11 Resto de Lagrange. A parte infinita da série, R (x ) , pode ser escrita na forma:
n
(n 1)
f ( )
R (x )  (x  a )n 1 ,
n (n  1)!
para algum  (lê-se “qsi”) entre a e x , e é chamada de Resto de Lagrange.

Definimos o erro cometido ao aproximarmos a função f (x ) por polinômios, chamado erro de


truncamento T :

f (i )(a )
T  f (x )  P (x )  R (x ) 
n n
 i ! (x  a )i .
i n 1

Exemplo 1 (Estimativa de um erro de truncamento)

1/3
Consideremos a função f (x )  1  x  . Podemos escrever o seguinte:

1 1/3 x
f (x )  f (0)  f (0)  x  R1  1 
3
1  x  x  R1  1   R1 .
3
x 0

Qual o erro de truncamento cometido ao calcularmos (1,21)1/ 3 usando série de Taylor à 1ª.
ordem?
0,21
A série nos dará (1,21)1/ 3  (1  0,21)1/ 3  1   1, 07 . Então (1,21)1/3  1, 07 .
3
O resto é dado por:
f ( ) (1   )5/3  (0,21)2
R (x )  (0,21  0)2  ,   0,21 ,0 .
1 2! 9  

O valor máximo de R1 acontece para   0 e é dado por 0, 0049 . Temos então que
(1,21)1/3  1, 07  0, 0049 . O valor exato é dado por 1, 06560... (dentro do intervalo).

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 56


O próximo teorema nos fornece uma expressão para o erro E (x ) em termos da derivada de
3ª. Ordem de f .

Exemplo 2 – Sejam uma função f derivável até 3ª ordem no intervalo I e x 0, x  I . Então,


existe pelo menos um  entre x e x 0 tal que:
f (x 0 ) f ( )
f (x )  f (x 0 )  f (x 0 )(x  x 0 )  (x  x 0 )2  (x  x 0 )3 .
2! 3!

T
Aplicando esse resultado no cálculo de um valor aproximado para ln(1, 03) e avaliando o
erro nessa aproximação.
Considere a função f (x )  ln x , o polinômio de Taylor de ordem 2 em torno de x 0  1 é
dado por:
f (1)
P2 (x )  f (1)  f (1)(x  1)  (x  1)2 .
2!

1 1
P2 (x )  0  (x  1)  (x  1)2  x  1  (x  1)2 .
2 2
Assim,
ln(1, 03)  P2(1, 03)  0, 02955 .

2
Avaliação do erro: f (x )  , assim, f (x )  2 para x  1 .
x3
2 3
Pelo exemplo anterior: f (x )  P2 (x )  x  1 para x  1 .
3!
1
Segue que: f (1, 03)  P2 (1, 03)  (0, 03)3  0, 000009 .
3
Assim, o módulo do erro cometido na aproximação ln(1, 03)  0, 02955 é inferior a 105 .
f ()
Observe que 0, 000009  9  106  105 . Como, para x  1 , T  (x  1)3  0 , segue
3!
que 0, 02955 é uma aproximação por falta de ln(1, 03) .

[CASO III] A série de Taylor serve para aproximar/resolver integrais impossíveis de serem
obtidas por métodos analíticos/algébricos.

Exemplo 11

x
2
t
a) Escreva  e dt em série de potências de x ;
0

xn t 2 (t 2 )n (1)n 2n
Solução. Usando a identidade e x   temos e   n!   n ! t . Logo,
n 0 n ! n 0 n 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 57


x
(1)n
x
(1)n  t 2n 1 x  (1)n x 2n 1
t 2
dt    
e  t dt  
2n
 2n  1   n ! 2n  1 .
0 n 0 n ! 0 n 0 n !  0  n 0
Então,
x
t 2 x3 1 x5 1 x7
 e dt  x  3

2! 5

3! 7
 .
0

1/2
2
b) Calcule um valor aproximado para  ex dx .
0

Utilizando, por exemplo, até o terceiro termo da série obtida em (a):


1/2
2 1 11 1 1
 ex dx     .............
2 3 8 10 32
0

Note que o erro cometido é menor que o quarto termo ( a 4 ) da série. Por quê?

x 2n 1
Exemplo 12 – Utilize arctg x   (1)n , onde 1  x  1 , para obter os quatro
1 2n  1
1
primeiros termos da série de 0 x arctg xdx .

Solução. Faz-se o seguinte, troca-se a função arctg x na integral pela sua série de potências e
integra-se termo a termo. Assim,
1   2n 1  1   (1)n   1 
1
x  n x dx   2n 2  (1)n  2n 2 
0 x arctg xdx     (1)
2n  1     2n  1 x dx    x dx 
 n 1  n 1  n 1 2n  1  0 
0 0  

1  1
1 
(1)n  2n 2 

(1)n  x 2n 3  
(1)n  1 
0 x arctg xdx    x dx        2n  1  2n  3  .
n 1 2n  1  0  n 1 2n  1  2n  3 
  0 n 1  
 
Daí,

1 (1)n 1 1 1 1 1
0 x arctg xdx   (2n  1)(2n  3)   3  5  5  7  7  9  9  11  11  13   .
n 1

[CASO IV] A série de Taylor serve para determinar expressões para derivadas de alta ordem
de uma função em um dado ponto.

(x  2)n
Exemplo 13 – Determine f (40)(2) sabendo que f (x )   (1)n .
n 0 2n 1

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 58


(1)n
Solução. Comparando f (x )   n 1
(x  2)n com a série de potencias de “padrão”
n 0 2
(n )
f (a )
f (x )   n!
(x  a )n observa-se que a  2 e (da mesma comparação):
n 0

f (n )(2) (1)n
 .
n! 2n 1
(1)n (1)40 40!
Assim, f (n )(2)  n ! , fazendo n  40 , temos f (40)(2)  40!  .
2n 1 2401 241

32n 1t 2n 2
Exemplo 14 – Obtenha g (49)(0) e g (100)(0) sendo g(t )   (1)n (2n  1)!
.
n 0

3
Exemplo 15 – Escreva a série de potências de x para g(x )  xex e obtenha g (201)(0) .

Solução. Utilizando a série exponencial e substituindo x por x 3 , tem-se:


 
3 (x 3 )n (1)n 3n
ex   n!  n! x 
n 0 n 0

 
x 3 (1)n 3n (1)n 3n 1
g(x )  xe  x x  x
n 0 n ! n 0 n !


(1)n 3n 1
g(x )   n! x (I)
n 0

g (n )(a )
A série de Taylor “padrão” é dada por g(x )   n ! (x  a)n onde g (n )(a) é a n  ésima
n 0
derivada da função g em a .
Como as potências da função g (x ) “saíram” em (3n  1) é preciso comparar esta série com a
série de Taylor “formal” em potências (3n  1) de (x  a ) . Assim,

g (3n 1)(0)
g(x )   (3n  1)! (x  0)3n 1 (II)
n 0

Comparando (I) com (II), teremos o seguinte:



(1)n
g(x )   x 3n 1
n 0 n !


g (3n 1)(a )
g(x )   (3n  1)! (x  a)3n 1
n 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 59


Observando a comparação feita dentro da linha retangular tem-se a  0 . Observando a
comparação feita dentro da linha ondulada pontilhada tem-se que:
g (3n 1)(0) (1)n
 .
(3n  1)! n!
Daí,
(1)n
g (3n 1)(0)  (3n  1)! ,
n!
200
como deseja-se obter o valor de g (201)(0) basta fazer 3n  1  201  n  como
3
200
n   , tem-se que g (201)(0)  0 .
3

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 2 – SÉRIE DE TAYLOR E DE MACLAURIN

1 – Para cada função, determine o polinômio de Taylor de ordem n , no ponto a dado:

a) f (x )  e x /2 , n  5 , a  0 e a  1 .

1
b) f (x )  ln(1  x ) , n  4 , a  0 e a  .
2


c) f (x )  cos 2x , n  6 , a  0 e a  .
2

d) f (x )  tan x , n  3 , a   .

e) f (x )  x , n  3 , a  1 .

2
f) f (x )  ex , n  4 , a  0 .

2 – Para cada função dada determine o polinômio de Taylor até 4ª ordem em torno do
ponto dado e calcule o que se pede:

a) f (t )  arctg t , t0  0 e calcule um valor aproximado para  arc tg(1) .
4

b) g(t )  t , t0  1 e calcule um valor aproximado para 2.

3 – Utilize o desenvolvimento em séries de Taylor (potências) em torno de zero para resolver


as integrais:
x sen t 1/ 2
a) 0 t
dt b) 0 arctg xdx

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 60


0 x
c) 1/ 2 exp(x
2
)dx d) 0 cos(t 2 )dt .

sen x 2
Nota. A integral dx é bastante utilizada no Eletromagnetismo e a integral  e x dx

x
é importante na Estatística para o cálculo da distribuição de densidade de probabilidade de
sen x 2
um evento no modelo normal de Gauss. Entretanto, os integrandos e e x não
x
possuem primitivas, de modo que a solução para estes casos (e outros) é obtida através de
expansão em série de potências.

4 – Para discutir a precisão de uma aproximação vamos convencionar o que significa


“precisão de k casas decimais”: Se T é o erro de uma aproximação (ou de truncamento),
então esta terá precisão de k casas decimais se   0, 5  10k . Usando esta convenção,
calcule:
1
2 x 2
a) xe dx , com precisão de três casas decimais.
0

1
sen x 2
b)  x2
dx , com precisão de cinco decimais.
0

0,2
2
c)  cos(x )dx , com precisão de quatro decimais.
0

0,1
1
d)  dx , com erro   0, 001 .
0 1  x3

5 – Utilize séries de potências para mostrar que:

 
1 1 1
a)  (1)n 
n! e
b)  2n 2
n 0 n 0

 
(1)n 1 n2
c)  n  ln 2 d)  n
 ...
n 1 n 1 2

6 – Escrever a expansão em séries de potências de (x  a ) as seguintes funções, indicando a


região de convergência.
1
a) f (x )  ; a0 b) f (x )  ln(1  x ) ; a  0
(1  x )2

c) f (x )  e2x ; a  1 d) f (x )  sen2 x ; a  0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 61


1
e) f (x )  ex /2 ; a  2 f) f (x )  ; a 2
(1  x )2

1
g) f (x )  ln(x  2) ; a  1 h) f (x )  2
; a 1
x  5x  6

1
i) f (x )  x cos x ; a  0 j) f (x )  ; a 2
(x 2  4x  2)3/2

7 – Usando a representação em séries de potências das funções a seguir, determine as


derivadas indicadas:
a) f (x )  sen(2x ) ; f (2k )(0) e f (2k 1)(0) .

1
b) f (x )  ; f (k )(a ) ; a  0 .
x

c) f (x )  ln x ; f (k )(a ) ; a  0 .

d) f (x )  e x /2 ; f (34)(2) .

1
e) f (x )  ; f (270)(1) .
2
x  4x

8 – [Equação diferencial geradora de polinômio] A equação diferencial:

xy   (x  N )y   Ny  0 (*) ,
onde N   , tem a peculiaridade de admitir uma solução exponencial e uma solução
polinomial.
A) Verifique que uma solução da equação em (*) é dada por y1  e x ;

B) Mostre que a segunda solução de (*) tem a forma y2 (x )  Cex  x N exdx ;

1
C) Calcule y 2 para N  1 e N  2 . Conclua que C   , de modo que:
N!
x2 xN
y2  1  x   .
2! N!

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 62


3.12 MODELAGEM USANDO SÉRIE DE TAYLOR

As séries de potências (Taylor) fornecem uma importante ferramenta matemática para


modelar leis físicas. Por exemplo:

Modelagem do período do pêndulo simples

O período T de um pêndulo é dado por:


 /2
L 1
T 4
g  2 2
d (*)
0 1  k sen 
onde:
 L : comprimento da haste;
 g : aceleração da gravidade;
  
 k  sen  0  onde 0 é o ângulo inicial do deslocamento em relação à vertical;
 2 

 k sen   sen  / 2 , onde  é o deslocamento em relação à vertical no instante t .

A integral, a qual é chamada como integral elíptica completa de 1a espécie, não pode ser
expressa em termos de funções elementares e é frequentemente aproximada por algum
método numérico. Infelizmente, valores numéricos são tão específicos que, muitas vezes dão
pouco discernimento dentro dos princípios físicos gerais. Entretanto, se expandimos o
integrando de (*) em uma série de Maclaurin e integramos termo a termo, então podemos
gerar uma série infinita que pode ser usada para construir vários modelos matemáticos para
o período T , que oferece uma maior profundidade no entendimento do comportamento do
pêndulo.
1
Para obter a série de Maclaurin da função f ()  (o integrando de (*)),
2 2
1  k sen 
1
substituindo k 2 sen2   X , tem-se a função f (X )   (1  X )1/2 , deseja-se
1X
escrever:
f (0) 2 f (3)(0) 3 f (4)(0) 4
f (X )  f (0)  f (0)X  X  X  X 
2! 3! 4!

1 3 1 2 53 1 3 753 1 4
f (X )  1  X  X  X  X 
2 22 2! 23 3! 24 4 !

1 3 53 6 753 8
f ()  1  (k 2 sen2 )  (k 4 sen 4 )  (k sen6 )  (k sen 8 )  
2 2 3 4
2  2! 2  3! 2  4!

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 63


 /2  /2
L 1 L
Substituindo este resultado em T  4
g  d  4
g  f ()d  , tem-se:
0 1  k 2 sen2  0

 /2
 
L 1  1 k 2 sen2   1  3 k 4 sen4   1  3  5 k 6 sen6   d 
T 4
g   2 222! 233!


(**)
0

Integrando termo a termo, podemos produzir uma série de Maclaurin que converge para o
período T .
Entretanto, um dos casos mais importantes do movimento do pêndulo simples ocorre
quando o deslocamento inicial é pequeno; nesses casos, todos os deslocamentos subsequentes
são menores ainda, e podemos supor que   0 . Neste caso, esperamos que a convergência
da série de Maclaurin para T seja rápida e podemos aproximar a soma da série cancelando
todos os termos menos o termo constante de (**). Isso resulta em:
L
T  2 .
g
O que é chamado de modelo de primeira ordem de T ou modelo para pequenas vibrações.
Este modelo pode ser aperfeiçoado usando mais termos da série. Por exemplo, se usarmos os
dois primeiros termos da série de Maclaurin, obtém-se o modelo de segunda ordem:
 /2
   2  2
L 1  1 k 2 sen2 d   4 L   1  k   2 L 1  k  .
T 4
g
   2 
 g 2 

4 

g  4 
0

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 3 – MODELAGEM USANDO SÉRIE DE TAYLOR

1 – [Mais sobre o pêndulo]


a) O modelo de primeira ordem obtido para o pêndulo tem o mesmo resultado que aquele
conhecido do ensino médio, compare com o modelo de segunda ordem obtido na última
expressão. Que significado físico podemos associar ao termo com k 2 / 4 ?
b) Usando os dois modelos obtidos no texto acima, faça o cálculo para o período do pêndulo
e compare os resultados para 0  42 .

r /3a0
2 – [Orbital atômico] Para a função radial de um orbital atômico 3d , R(r )  Nr 2e ,
onde N é uma constante normalizadora e a 0 é o raio de Bohr.
r /3a 0
a) Use a expansão em série de Taylor da exponencial e em torno de zero para dar
a forma de R(r ) quando r é pequeno;
b) Determine lim R(r ) .
r 0

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 64


3 – [Força gravitacional] Considerando a Terra um planeta
perfeitamente esférico, a intensidade da força da gravidade
em um objeto de massa m a uma altura h acima da
superfície da Terra é dada por:
R2
F  mg ,
(R  h )2
onde R é o raio da Terra e g é a aceleração da gravidade.
a) Escreva F em função de h / R ;

b) Escreva a expansão em série de Taylor de F em h / R ;

c) Mostre que se h  0 , então F  mg ;

h  2mgh 
d) Mostre que se  0 , então F  mg   ;
R  R 

e) Supondo que a Terra é uma esfera de raio R  6371km em média ao nível do mar, qual é
a porcentagem aproximada de variação no peso de uma pessoa que sai da superfície ao nível
do mar para o topo do Monte Everest ( 8850 m )?

 2mgh 
Nota. No item [3–d], a quantidade  pode ser pensada como um “termo de correção”
 R 
para o peso, quando se leva em conta a altura acima do nível do mar.

4 – [Dipolo elétrico] Um dipolo elétrico consiste de duas cargas elétricas de magnitudes


iguais e sinais opostos. Sejam as cargas q e q localizadas a uma distância d , então o
campo elétrico de intensidade E no ponto P na figura é dada por:
q q P q -q
E 2
 .
D (D  d )2 D d

a) Escreva E como função de d / D ;

b) Aproxime E pelo polinômio de Taylor de 3º grau de E em d / D em torno de zero;

c) Mostre que E é aproximadamente proporcional a 1/ D 3 quando P está muito distante


do dipolo [ou seja, d / D   0 ].

5 – [Magnetismo] A clássica teoria do magnetismo de Langevin leva a uma expressão para


 cosh x 1 
polarização magnética P (x )  c    , onde c é uma constante real. Expanda P (x )
 senh x x 
como série de potências para pequenos valores de x (campos baixos, alta temperatura).

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 65


6 – [Energia cinética] A energia cinética K de uma partícula com massa m e velocidade v
1
é dada por K  mv 2 . Nesta expressão, a massa m é admitida constante, e K é dita
2
energia cinética newtoniana. Entretanto, na Teoria da Relatividade de Albert Einstein, a
massa m cresce com a velocidade e a energia K é dada pela fórmula:
 
2 1 
K  m0c   1 ,
 2 
 1  (v / c) 
na qual m 0 é a massa da partícula quando a velocidade é zero, e c é a velocidade da luz.
1
Isso é chamado energia cinética relativística. Escreva como uma série de
1  (v / c)2
Taylor para mostrar que se a velocidade é pequena comparada com a velocidade da luz [isto
v
é  0 ], então as energias newtonianas e relativísticas são praticamente a mesma.
c

7 – [Distribuição de Probabilidade] Uma pesquisa tem mostrado que a proporção p da


população com QI (Quociente de Inteligência) entre  e  é aproximadamente:
1   2
P
16 2 
 
exp  100x
 32
 dx .
Use os três primeiros termos diferentes de zero de uma série de potências apropriada para
estimar a proporção da população com QI entre 100 e 110.

8 – [Velocidade] A velocidade do movimento de um objeto em queda no instante t é dada


pela expressão:
 mg  mg
v(t )  e ct /m v0   .
 c  c
Onde m é a massa do objeto e v0 é a velocidade inicial.
ct
a) Use uma série de Maclaurin para mostrar que se  0 , então a velocidade pode ser
m
cv 
aproximada por v(t )  v0   0  g t ;
 m 
b) Melhore a aproximação feita no item (a).

9 – [Catenária] Um fio delgado, pela ação da gravidade, assume a forma da catenária


x
y  a cosh . Mostre que para valores pequenos de x , a forma que o fio toma pode ser
a
1
representada, aproximadamente, pela parábola y  a  x 2 .
2a

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 66


10 – [Resistividade] A resistividade r de um fio condutor é o recíproco da sua condutividade
e é medida em ohm por metro (   m ). A resistividade de um determinado metal depende
de sua temperatura de acordo com a lei r (T )  r20e (T 20) , onde T é a temperatura em º C
e r20 é a resistividade do material a 20º C . Existem tabelas que listam os valores de  ,
denominado coeficiente de temperatura, e de r20 , para diversos metais. Exceto em
temperaturas muito baixas, a resistividade varia quase linearmente com a temperatura,
sendo comum aproximar-se a expressão para r (T ) por polinômios de Taylor de grau 1 ou 2
em torno de T0  20 .
a) Determine as aproximações linear e quadrática para r (T ) ;
b) Para o cobre as tabelas fornecem   0, 0039º C e r20  1, 7  108   m . Faça os gráficos
da resistividade do cobre e de suas aproximações linear e quadrática para temperaturas
entre 250 e 1000º C .
c) Para que valores de T a aproximação linear concorda com a expressão exponencial com
erro inferior a 1%?

11 – [Equações de Bessel]

(1)k x 2k
a) Mostre que a função de Bessel J 0 (x ) dada pela expressão J 0 (x )   satisfaz a
k 0 22k (k !)2
equação diferencial xJ 0  J 0  xJ 0  0 (chamada equação de Bessel de ordem zero).

(1)k x 2k 1
b) Mostre que a função de Bessel J 1(x ) dada pela expressão J1(x )   2k 1
k 0 2 (k !)[(k  1)!]
satisfaz a equação diferencial x 2J 1  xJ 1  (x 2  1)J 1  0 (chamada equação de Bessel de
primeira ordem).
c) Mostre que J 0 (x )  J 1(x ) .

Nota. As funções de Bessel surgem naturalmente no estudo do movimento planetário e em


vários problemas que envolvem fluxo de calor e foram desenvolvidas pelo matemático e
astrônomo alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784–1846).

12 – [Velocidade de propagação das ondas] Se uma onda de comprimento L , se propaga na


água com velocidade v ao longo de uma região com profundidade d , então:
gL  2d 
v2  tanh   .
2  L 
senh x
Onde tanh x  e g é a aceleração da gravidade.
cosh x
gL
a) Se a região é profunda, mostre que v  .
2

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 67


b) Se a região é rasa, use o polinômio de Taylor em torno do zero para aproximar a função
tanh x e mostre que v  gd , ou seja, e águas rasas a velocidade de propagação da onda
tende a ser independente do seu comprimento.
c) Mostre que, se L  10d , então gd aproxima a velocidade de propagação da onda com
erro de 0, 014gL .

3.13 SOLUÇÃO DE EDO’S USANDO SÉRIE DE TAYLOR

Suponhamos que a equação y   F (x, y) com y(x 0 )  y0 satisfaça o Teorema da Existência e


Unicidade de soluções para EDO’s em uma vizinhança V (x 0 ) e que não conseguimos
integrar esta equação. Suponhamos, então, a solução y  y(x ) na forma de uma série de
Taylor em x 0 , ou seja,
y (n )(x 0 ) y (x 0 ) y (x 0 )
y(x )   n!
(x  x 0 )n  y(x 0 )  y (x 0 )(x  x 0 ) 
2!
(x  x 0 )2 
3!
(x  x 0 )3  
n 0

Observe que precisamos das derivadas y (n )(x 0 ) , que podem ser obtidas derivando a equação
dada em relação a x sucessivamente e substituindo depois x por x 0 .

Para cada caso, determine a solução do PVI (problema de valor inicial) usando um método
analítico/algébrico e depois usando série de Taylor.


y   1  y2


Exemplo 1 –  .

y(0)  1

Solução usando método analítico/algébrico.

Solução usando série de Taylor. Queremos escrever a solução y (x ) de y   1  y 2 para


x 0  0 em série de potencias de x , ou seja,
y (0) y (0)
y(x )  y(0)  y (0)(x  0)  (x  0)2  (x  0)3   .
2! 3!
Isto é,
y (0) 2 y (0) 3 y (4)(0) 4
y(x )  y(0)  y (0)x  x  x  x  .
2! 3! 4!

Foi dado que y(0)  1 ;

Temos que y   1  y 2  y (0)  1  y 2 (0)  y (0)  1  12  2  y (0)  2 ;

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 68


Derivando y   1  y 2 temos y   2yy  , então y (0)  2  y(0)  y (0) , logo y (0)  2  1  2  4
 y (0)  4 ;

Derivando y   2yy  temos y   2(y y   yy ) , então y (0)  2 y (0)  y (0)  y(0)  y (0) ,
 
 
logo y (0)  2 4  1  4  16  y (0)  16 ;
 

Derivando y   2(y y   yy ) , temos y (4)  2(2y y   y y   yy )  2(3y y   yy ) , então
y (4)(0)  2 3y (0)  y (0)  y(0)  y (0) , logo y (4)(0)  2  3  2  4  1  16  80  y (4)(0)  80 .
   

Podemos continuar esse processo quantas vezes quisermos. Então,

4 2 16 3 80 4
y(x )  1  2x  x  x  x 
2! 3! 4!

É a solução do PVI na forma de série de potencias de x . Qual o domínio de convergência?


 2 2
y   x  y
Exemplo 2 –  .

y(0)  1

Solução usando método analítico/algébrico.

Solução usando série de Taylor. Queremos escrever a solução y (x ) de y   x 2  y 2 para


x 0  0 em série de potencias de x , ou seja,
y (0) y (0)
y(x )  y(0)  y (0)(x  0)  (x  0)2  (x  0)3   .
2! 3!
Isto é,
y (0) 2 y (0) 3 y (4)(0) 4
y(x )  y(0)  y (0)x  x  x  x  .
2! 3! 4!


(x  1)y   y   0


Exemplo 3 – 
y(0)  y0 .



y (0)  y 0

Solução usando método analítico/algébrico.

Solução usando série de Taylor. Deseja-se escrever a solução y (x ) de (x  1)y   y   0 em


série de potências de x , ou seja, a solução deve ser dada na forma:

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 69


y (0) y (0) y (4)(0)
y(x )  y(0)  y (0)(x  0)  (x  0)2  (x  0)3  (x  0)4  
2! 3! 4!

Então, o objetivo é determinar:


y (0) 2 y (0) 3 y (4)(0) 4
y(x )  y(0)  y (0)x  x  x  x  (*)
2! 3! 4!

Como a EDO é de 2ª. ordem, precisa-se de duas condições iniciais:

i) y(0)  y 0

ii) y (0)  y0

iii) Como (x  1)y   y   0 , na verdade, (x  1)y (x )  y (x )  0 , substituindo x  0 tem-se


(0  1)y (0)  y (0)  0   y (0)  y (0)  0  y (0)  y0 .

iv) Derivando (em relação a x ) (x  1)y   y   0 , tem-se y   (x  1)y   y   0 , ou seja,


(x  1)y   2y   0 . Então, substituindo x  0 em (x  1)y (x )  2y (x )  0 ,
(0  1)y (0)  2y (0)  0   y (0)  2y (0)  0  y (0)  2y0 . Como em iii) tem-se
y (0)  y0 , pode-se escrever y (0)  2y0 .

v) Derivando (x  1)y   2y   0 , tem-se y   (x  1)y (4)  2y   0 , ou seja,


(x  1)y (4)  3y   0 . Então, substituindo x 0 em (x  1)y (4)  3y   0 ,
(0  1)y (4)(0)  3y (0)  0 . Assim, y(4)(0)  3y (0)  3y0 , como em iv) tem-se y0  2y0 ,

pode-se escrever y (4)(0)  6y0 .

Pode-se continuar esse processo para quantos termos forem necessários.

y (0) 2 y (0) 3 y (4)(0) 4


Então, voltando a y(x )  y(0)  y (0)x  x  x  x  .
2! 3! 4!

E substituindo as derivadas obtidas: y(0)  y 0 ; y (0)  y0 ; y (0)  y0 ; y (0)  2y0 ;
y(4)(0)  6y0 . Tem-se a solução:
y 0 2y 0 6y 0
y(x )  y 0  y 0x  x2  x3  x4 
2! 3! 4!
ou

 1 2 6   1 1 1 
y(x )  y0  y0 x  x 2  x 3  x 4    y 0  y 0 x  x 2  x 3  x 4   .
 2! 3! 4!   2 3 4 

Qual o domínio de convergência?

CÁLCULO 3 – SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS E FUNCIONAIS ERON 70

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