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AVALIAÇÃO DA ARBORIZAÇÃO DA CIDADE DE ACRELÂNDIA, ACRE

Ivan de Oliveira - INPA/Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC


João Bosco Nogueira de Queiroz - INPA/Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC
Evandro José Linhares Ferreira - INPA/Herbário do Parque Zoobotânico da UFAC

INTRODUÇÃO:
A arborização desempenha importante papel na manutenção da qualidade ambiental das cidades, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade de vida da
população. O cultivo de árvores em áreas urbanas favorece a estabilização microclimática, o sequestro de carbono, e funciona como medida mitigadora do aquecimento
global. 
Para que a arborização urbana cumpra seus objetivos é importante realizar um planejamento adequado, bem como um levantamento prévio da população arbórea local para
minimizar os custos da implantação da arborização. Durante esse processo é imprescindível fazer uma escolha de espécies adequadas para o local, preferencialmente com o
uso de espécies nativas da região, bem como usar plantas adequadas a cada local de cultivo (canteiros centrais, calçadas, praças e parques). A inobservância dessas
recomendações geralmente resulta em arborizações deficientes que tendem a gerar altos custos para a cidade e seus cidadãos.  
A cidade de Acrelândia, sede do município homônimo criado em 1992, foi a primeira cidade planejada do Estado. Apesar disso, sua arborização urbana aparenta ser
extremamente precária, necessitando de melhorias e manejo adequados. É uma situação inconcebível considerando o fato de a cidade estar cercada de uma luxuriante
floresta tropical.

OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do trabalho foi realizar um levantamento da diversidade, abundância, manejo e condições fitossanitárias das espécies arbóreas utilizadas na arborização da cidade
de Acrelândia, Acre.

MÉTODOS:
O trabalho foi realizado em todas as 59 ruas da cidade de Acrelândia, com soma uma extensão de 32,52 km. Acrelândia está localizada no extremo Nordeste do Acre
(9°49′40″ S; 66°52′58″ W) e dista 130 km da cidade de Rio Branco, capital do Estado. Cada indivíduo arbóreo foi identificado (nome popular e científico) e avaliado quanto à
origem (nativa, exótica), localização (canteiro, calçada, praça), interferência na fiação e iluminação, necessidade de poda, condição do tronco (sem injúrias, ocado,
vandalismo), condição do colo da planta (não pavimentado, pavimentado, insuficiente, suficiente), sistema radicular aparente ou não aparente e os danos que o mesmo
causa nas calçadas, guias de ruas e muros, e condição fitossanitária (boa, regular, ruim ou morta). As identificações das espécies foram feitas com o auxílio de um
parataxonomista e consultas ao acervo do Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (UFACPZ), em Rio Branco. Os dados foram tabulados e
processado no programa Microsoft Excel 2007. A frequência relativa de cada espécie foi calculada através da razão entre o número de indivíduos da espécie e o número total
de indivíduos levantado na referida cidade, multiplicado por 100.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram encontradas 375 árvores distribuídas em 25 espécies e 15 famílias botânicas. A espécie mais frequente foi  Ficus benjamina, que representou 61,33% dos indivíduos
encontrados, seguida deCaesalpinia peltophoroides com 13,86%, Syzygium malaccense com 5,86%, Licania tomentosa com 4,8%, e Roystonea oleracea e Mangifera
indica representando 2,13% cada. Juntas estas seis espécies representam 90,11% de todos os indivíduos levantados. No caso de  F. benjamina, sua frequência de cultivo
(61,33%) é muito superior ao máximo de 15% recomendado. A quantidade de árvores/km de calçada é de 5,75, muito inferior às 100 unidades/km recomendadas como
mínimo. Quanto à origem das plantas 92,8% é exótica, demostrando que não houve escolha adequada das espécies, pois o ideal é usar espécies nativas. Em relação ao local
de cultivo das plantas, 84,53% encontram-se nas calçadas. Esta é a situação da maioria dos indivíduos de  F. benjamina, conhecidos por danificarem calçadas e guias de ruas
com suas raízes, o que indica falta de planejamento adequado no plantio das espécies. Apenas 3,2% e 0,53% das árvores afetam a fiação e a iluminação pública,
respectivamente. Dos indivíduos observados, 36,8% necessitam de poda de adequação de suas copas. Nas condições do tronco, 80,53% não apresentam injúrias e 18,93%
apresentam sinais de vandalismo. Em relação ao colo das plantas, 46,13% tinham o colo pavimentado e destas apenas 0,53% apresentava espaço de colo suficiente. Em
relação aos danos causados pelo sistema radicular, 42,7% das plantas causam danos em calçada, 1,6% em muros, 8,26% em guias de ruas e 47,73% não causam danos.
Quanto à fitossanidade, 96% das árvores foram classificadas como boas, 0,8% como regular, 1,6% como ruins. A taxa de mortalidade calculada foi de 2,13% das plantas
avaliadas, em sua maioria resultado da ação dos moradores tendo em vista os danos causados pelas árvores em suas residências.

CONCLUSÕES:
A arborização da cidade de Acrelândia revelou deficiência na escolha de espécies adequadas para cumprir com eficiência a função de arborização, bem como falta de
planejamento do plantio das espécies em lugares adequados. A diversidade de árvores é muito baixa e seis das 25 espécies encontradas representam mais de 90% de todas
as plantas cultivadas. A quantidade de árvores cultivadas/km de calçadas existentes é também muito baixa, equivalendo a menos de 6% da quantidade mínima
recomendada. O manejo das árvores é deficiente, porém não compromete a sobrevivência das plantas visto que menos de 40% das árvores necessitavam de podas de
adequação da copa. No que se refere às condições fitossanitárias, a maioria das plantas encontra-se em condições boas ou regulares.

Palavras-chave: Arborização, Acre, Avaliação

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