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Se a família não é aquilo que deveria ser, ele, lutando por ser um bom cristão, buscará
maneiras para que isso possa ir mudando pouco a pouco, respondendo ao egoísmo
com generosidade, à soberba com humildade, à falta de caridade com o perdão, sendo
obediente mesmo quando o custe, enfim.
E, mesmo em uma família que seja 'bem católica', sempre é preciso crescer em
conformidade com Jesus. É preciso buscar, em família, que Cristo seja realmente o
centro, pois é Ele quem nutre o amor vivido no interior dessa casa. Se os mais velhos
são os responsáveis por transmitir a fé, os mais novos são responsáveis por acolher
essa fé e fazê-la viva, renová-la e acrescentá-la.
Tudo isto deve ser feito com a única intenção que coloca São Paulo em sua carta aos
Colossenses, antes de começar a falar das relações familiares: “Tudo quanto fizerdes,
por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a
Deus Pai” (Col 3, 17). Ou seja, que a família seja um lugar que dê glórias a Deus pela
santidade de vida de seus membros.
quatro pilares que sustentam as relações do jovem com seu núcleo familiar. Em tempos de plena transformação das
estruturas familiares, esta célula social permanece fundamental para o desenvolvimento do ser humano.
“Os temas propostos por Onda Jovem são totalmente relevantes. Os jovens estão em uma busca constante por
novas ambições. É uma fase quando eles, muitas vezes, negam os valores da família para conquistar sua própria
ideia de liberdade. Mas, não existe construção de liberdade sem a relação com o outro”, avalia educadora Elisa
Cristina Mendes Seixas.
Liberdade realmente parece ser um ponto de conflito dentro de casa. Durante a aplicação das atividades e jogos
cooperativos, o tema liberdade surgiu várias vezes. “Acho que o principal problema na relação dos jovens com suas
famílias é a falta de liberdade. Os pais tem medo de soltar os filhos e nós queremos conquistar nossa
independência”, comentou Eduarda Pasquale, 18.
Na atividade Guerra e Paz o tema diálogo ganhou destaque. Negociação parece ser a chave para um bom
relacionamento. “Tem que haver diálogo”, garante Chamilla Bronze, 17. “Muitos pais quase não falam com seus
filhos e aí começam as divergências”, complementou Eduarda. “Uma família desequilibrada, sem união, é uma
barreira para o jovem”, concluiu.
A série de atividades selecionada para a oficina estimulou o debate sobre os pilares - relacionamento, amor,
confiança e diálogo – que consolidam a relação familiar. Motivados pelas dinâmicas, os jovens debateram as
dificuldades e conflitos que surgem no convívio familiar e os elementos que fortalecem os vínculos entre os
membros que constituem e núcleo familiar.
Existe uma família ideal? Foi com essa pergunta que Luciana Gil, da equipe Onda Jovem, induziu o debate com os
alunos, sobre o tema em questão. Todos foram categóricos em dizer que "não". "A família ideal é a família de cada
um, com as coisas boas, com as ruins. Família ideal so tem em propaganda mesmo. Eu gosto da minha família do
jeito que ela é." manifestou espontaneamente um dos participantes.Incorporada essa ideia, os jovens falaram sobre
os problemas que vivenciam dentro de casa e as boas experiências vivenciadas com seus familiares.
“Acho que o que mais afasta os jovens de suas famílias é a falta de diálogo e a falta de confiança para falar sobre
assuntos difíceis como drogas e alcoolismo”, resumiu o estudante Lucas Diniz de Souza, 17 anos.
Diálogo e confiança foram os conceitos mais citados como elementares para uma boa relação familiar. “Em qualquer
relação, dentro ou fora de casa, com a família ou com os colegas de trabalho, a confiança é fundamental para o bom
relacionamento. Confiar, deriva de ‘fiar com’, ou seja, tecer junto”, explica Marta Medeiros, da equipe Onda Jovem.
Muitos relatos mostraram que falta disposição e abertura – tanto por parte dos jovens quanto por parte dos membros
mais velhos da família – para colocar os conflitos juvenis em pauta dentro de casa. “Sinto muita dificuldade em abrir
meus problemas para meus pais”, comentou um dos jovens participantes.
Entender as razões dessa dificuldade de diálogo é tarefa complexa, mas a oficina deixou algumas pistas. “Os
cenários mudam de família para família, mas alguns pontos parecem recorrentes. Falta tempo para o diálogo, falta
espaço para o afeto e falta disposição para um entender o universo do outro”, analisa Luciana Gil.
Sobre a experiência de levar a discussão sobre família para dentro de uma sala de aula que, na maior parte do
tempo, se dedica ao estudo técnico e profissionalizante, Edvaldo Gomes Magalhães, diretor da instituição, comenta
que foi uma ocasião muito enriquecedora. “Acho muito importante trazer questões relacionadas à família na
formação do jovem para o mercado de trabalho, pois os valores familiares se aplicam também no mundo do
trabalho.”
Cadê o afeto?
Que o amor é um dos pilares da família não há dúvida. Esse ponto foi consensual entre os jovens que participaram
da oficina. O grande problema parece estar em demonstrar o sentimento. “Depois dos desentendimentos fica
sempre uma sensação ruim. Aí fica difícil demonstrar carinho depois”, comentou um dos participantes.
“Eu amo muito minha família, mas nem sempre consigo demonstrar”, completou outro colega. As demonstrações de
amor, carinho e afeto nem sempre são estimuladas. Isso aumenta a distância na relação entre os membros da
família.
Liberdade em debate
Expectativa comum entre diversos grupos que já participaram das oficinas Onda Jovem, o anseio pela liberdade
mais uma vez ganhou espaço nos debates. “O jovem, hoje em dia, quer liberdade. E os pais costumam repreender
seus filhos, achando que isso é proteção”, comentou Marcos Paulo.
Contudo, os estudantes demonstraram entender a preocupação dos pais e entendem que limites e regras são
necessários. “Não considero regras obstáculos, porque já tenho maturidade para saber que essas coisas são para o
meu bem”, concluiu Edson Luis Penna.