Você está na página 1de 4

Alunos(as): Camila Ingrid e Raique Lucas

Turno: Matutino

Disciplina: Direito Empresarial III

ATIVIDADE DE PESQUISA 3

De acordo com a dicção do art. art. 3º da Lei 11.101/2005 (Lei de Falência e Recuperação de
Empresas) “é competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação
judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de
empresa que tenha sede fora do Brasil”. Quanto a redação do artigo, é importante ressaltar,
sobretuto, àqueles mais incautos, o equívoco que pode vir a ser cometido acerca do conceito de
"principal estabelecimento". É que este termo usado de maneira crua pode eventualmente indicar
que se trata da sede da empresa ou da matriz administrativa, mas na verdade, conforme assevera a
melhor doutrina e também os julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ), trata-se em verdade do
local aonde o devedor concentra o maior volume de negócios, portanto, o critério aqui é meramente
econômico. Essa regra existe, porque segundo a lógica, é de se esperar que no local do principal
estabelecimento do devedor se encontram a maioria dos seus clientes e a maior parte do seu
patrimônio. Isso facilita "sobremaneira a instauração do concurso de credores e a arrecadação dos
seus bens. Por isso, ademais, que a competência em questão é de natureza absoluta" (CRUZ, 2016).

Aliás, as lições de Requião (1989, p. 81) são tão atuais quanto na época em que foram efetivamente
escritas, segundo este doutrinador, “em matéria falimentar [...] o juízo competente não é o
determinado pelo domicílio civil ou estatutário, mas pela localização do domicílio real, onde se situa o
principal estabelecimento, como uma nau capitânia numa frota marítima”. Neste sentido, de maneira
irretocável, conclui o eminente jurista, para quem este local não é outro que não aquele "em que se
procedem as operações comerciais e financeiras de maior vulto e em massa, onde se encontra a
contabilidade geral (Requião, 1989, p. 81). Mais uma vez, a competência do juízo falimentar é
absoluta e, muito embora, a prevenção manifesta no § 1º do art. 202 da Lei de Falências, esta incide
tão somente na hipótese em que é competente o juízo tido por prevento. Isto quer dizer que,

Constatado que a falência foi declarada pelo juízo suscitado enquanto processada a
concordata em outro juízo e, ainda, que o título quirografário que embasou o pedido
de falência era anterior ao deferimento da concordata, impõe-se anular essa
sentença que declarou a falência. (MARCATO, 2012).

Neste sentido soma-se a esta conclusão, as considerações de José da Silva Pacheco (2006, p. 29),
segundo a qual: "a jurisdição, como expressão da soberania do Estado e atividade específica do Poder
Judiciário, encontra, na organização deste, as limitações impostas pelos preceitos de competência
interna", de modo que "cada órgão judiciário, inclusive o juiz de primeiro grau, tem os seus poderes
jurisdicionais restritos aos que a ordem jurídica lhe atribui". Quanto a isso, não há como censurar
Nelson Nery Júnior e Rosa Nery (1999, p. 573), quando afirmam que a competência do juízo
falimentar é funcional, "portanto, absoluta, que tem preferência sobre qualquer outro, inclusive
prevalecendo sobre o foro privativo da União, conforme regra expressa da CF, art. 109, inc. I". Em
síntese, pode-se dizer, que o juízo da recuperação judicial e da falência é uno, indivisível e universal,
isso significa que, "todas as ações referentes aos bens, interesses e negócios da massa falida serão
processadas e julgadas pelo juízo perante o qual tramita o processo de execução concursal por
falência" (COELHO, 2005, p. 201). É a chamada aptidão atrativa do juízo falimentar, "ao qual conferiu
à lei a competência para conhecer e julgar todas as medidas judiciais de conteúdo patrimonial
referentes ao falido ou à massa falida" (COELHO, 2005, p. 201). Finalmente, cabe recordar, que a
universalidade do juízo falimentar decorre da disposição legal contida no art. 3º c/c o art. 76, ambos
da Lei nº 11.101/2005.

REFERÊNCIAS

COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à nova lei de falências e de recuperação de empresas. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.
CRUZ, André Santa. Foro competente nas ações de falência e recuperação de empresas. 2016.
Disponível em: http://genjuridico.com.br/2016/09/09/foro-competente-nas-acoes-de-falencia-e-
recuperacao-de-empresas/. Acesso em: 13 maio 2020.

MARCATO, Tércio Túlio Nunes. A Competência no Juízo Falimentar. RDE Nº 26 – MaioJun/2012 –


ASSUNTO ESPECIAL – DOUTRINA.

NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código de processo civil comentado e legislação
processual em vigor. 4. ed. São Paulo: RT, 1999.

PACHECO, José da Silva. Processo de recuperação judicial, extrajudicial e de falência: em


conformidade com a Lei nº 11.101/2005 e a alteração da Lei nº 11.127/2005. 8. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2006.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito falimentar. 11. ed. São Paulo: Saraiva, v. 1, 1989.

Você também pode gostar