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PROCEDIMENTO ESPECIAL DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Alvará

Não tem réu, só requerente.

Ementa: ALVARÁ JUDICIAL. LEVANTAMENTO DE VALORES EM DEPÓSITO BANCÁRIO, FGTS,


PIS/PASEP E PROVENTOS DO INSS. INEXISTÊNCIA DE BENS. DESNECESSIDADE DE INVENTÁRIO.
1. O pedido de expedição de alvará judicial é cabível quando, inexistindo bens a serem
partilhados, existem valores deixados pelo de cujus e que não foram por ele utilizados, seja em
depósitos bancários, seja em conta de poupança saldo de FGTS, PIS/PASEP ou resíduos
salariais. Inteligência da Lei nº 6.858/80. 2. Havendo pedido de levantamento dos valores a fim
de obter o ressarcimento pelas despesas funerais, que foram comprovadas, é cabível o
acolhimento desse pleito, pois constitui crédito privilegiado ex vi do art. 965, inc. I, do CCB e
deve prioritariamente ser atendido. Recurso provido. (Apelação Cível Nº 70076675578, Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves,
Julgado em 25/04/2018)

Modelo de ação de expedição de alvará


para levantar valores do pis-pasep

Modelo de petição que envolve direito civil, especialmente a área de direito de


sucessões e levantamento de PIS de pessoa falecida.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE


FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA ...

xxx, brasileira, casada, orientadora escolar, com RG nº xxx, expedida pela SSP-CE
e CPF nº xxx, telefone xxx, residente e domiciliada à Rua xxx, nº xxx, bairro,
cidade, vem, respeitosamente, por intermédio do(a) Defensor(a) Público(a) infra-
assinado(a), perante Vossa Excelência, requerer a expedição de ALVARÁ JUDICIAL,
com fulcro no art. 1.829, I, CC/02; arts. 203 a 205, CPC/2015; na Lei 6.858/80, art.1º,
Súmula 161 do Superior Tribunal de Justiça - STJ pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Requer, com fulcro no artigo 98 e 99 do CPC/2015, bem como no art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal/88, os benefícios da Justiça Gratuita por ser pobre na forma da lei,
não podendo, portanto, arcar com as custas e demais despesas processuais sem prejuízo
do próprio sustento e de sua família.
DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Por oportuno, é válido esclarecer que, por compreender parte representada judicialmente
pela Defensoria Pública Geral do Estado, esta possui a prerrogativa de prazo em dobro
para todas as suas manifestações processuais, bem como de intimação pessoal do
defensor público, já que se encontra no exercício de suas funções institucionais,
consoante inteligência do art. ( cada defensoria estadual tem sua lei)

Ainda conforme o dispositivo legal mencionado acima, a Defensoria Pública


representará as partes em juízo independentemente de procuração, praticando todos os
atos do processo, inclusive os recursais, ressalvados os casos para os quais a lei exija
poderes especiais.

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

A presente demanda compreende uma ação de jurisdição voluntária, não existindo,


assim, uma pretensão resistida. Porém, por ser questão de mera exigência legal, faz-se
necessária a concessão de um alvará judicial para atingir o direito aqui pretendido. A
Caixa Econômica Federal - CEF não é parte nesta demanda, mas apenas destinatária de
uma futura ordem judicial. Portanto, apesar de a CEF ser uma empresa pública federal,
a competência para apreciar a presente demanda é da Justiça Estadual, na medida em
que não há qualquer interesse desta empresa federal a qual é apenas destinatária de uma
futura ordem judicial. Nesses termos, é o entendimento do STJ, exteriorizado por meio
da Súmula 161, vejamos:

É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao


PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.

DOS FATOS

O requerente é filho de xxx, brasileiro, viúvo, portador do RG de n° xxxxX, SSP/x e do


CPF de n° xxx, falecido em xxx (data por extenso), fatos comprovados pelas cópias dos
documentos pessoais e da certidão de óbito acostadas.

Quando da morte do “de cujus”, este deixou uma pequena quantia em dinheiro,
proveniente de contribuições ao fundo do PIS e que está depositada na Caixa
Econômica Federal.

O requerente é pessoa humilde e dispõe de poucos recursos para sobreviver,


necessitando do dinheiro retido, além do mais, é o único herdeiro do falecido na linha
sucessória, tendo em visto que a genitora também é falecida, conforme certidão de óbito
anexa à presente peça exordial.

A quantia encontra-se depositada na Caixa Econômica Federal - agência XXX,


conforme demonstrativo de extrato em anexo, e perfaz um total de R$ XXX( valor por
extenso), referente ao PIS de inscrição n° XXX.
DO DIREITO

A Lei nº. 6.858/80, preceitua in verbis:

Art. 1º. Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das
contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de
Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão
pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na
forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos
sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de
inventário ou arrolamento. (Grifo nosso)

Art. 2º. O disposto nesta lei se aplica às restituições relativas ao imposto de renda e
outros tributos, recolhidos por pessoa física e, não existindo outros bens sujeitos a
inventário, aos saldos bancários e de contas de caderneta de poupança e fundos de
investimento de valor até quinhentas obrigações do tesouro nacional. (Grifo nosso)

Nesse mesmo sentido, a Lei Complementar n° 26, de 11 de setembro de 1975, em seu §


4° art. 4° que foi alterado pela medida provisória n° 813, de 26 dezembro de 2017,
assevera que:

Na hipótese de morte do titular da conta individual do PIS-PASEP, o saldo da conta


será disponibilizado a seus dependentes, de acordo com a legislação da Previdência
Social e com a legislação específica relativa aos servidores civis e aos militares ou, na
falta daqueles, aos sucessores do titular, nos termos da lei civil.

Por meio da simples leitura dos artigos acima, somada à análise dos documentos anexos
à presente exordial, conclui-se que o direito aqui pleiteado assiste ao requerente.
Primeiro, porque não existem dependentes do falecido habilitados perante a previdência
social, segundo porque não se trata de servidor público, e terceiro porque o requerente,
na ordem da linha sucessória prevista no Código Civil, é o primeiro sucessor do “de
cujus. ”

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado


este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória
de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares; (Grifo nosso)

O montante que se pretende levantar por meio de ordem judicial é oriundo do fundo de
participação PIS-PASEP e encontra-se depositado em uma conta individual em nome do
“de cujus” na CEF. Cumpre salientar que, ainda que existam bens em nome do falecido,
esse fato não é motivo suficiente para obstar o levantamento de tal quantia, na medida
em que a exigência de não existir outros bens sujeitos a inventário se aplica somente
para o levantamento de valores decorrentes de: saldo bancário; conta de caderneta de
poupança e fundo de investimento, conforme art. 2° da lei 6.858/80.

O direito aqui pretendido, levantar montante do Fundo de Participação PIS-


PASEP, não se enquadra em nenhuma dessas três hipóteses que estão condicionadas à
não existência de bens sujeitos a inventário, assim, ainda que existam bens em nome do
falecido, em consonância com o princípio da legalidade, é possível o levantamento de
valores depositados em conta do PIS, na medida em que o requerente preenchem todos
os requisitos legais, faltando-lhe para a obtenção fática de tal direito, apenas uma
ferramenta hábil, qual seja, o alvará judicial. Corroborando com essa interpretação, é o
entendimento unânime proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe:

APELAÇÃO CÍVEL. ALVARÁ JUDICIAL. LEI 6.858/80. FUNDO DE GARANTIA


POR TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. LIBERAÇÃO DE IMPORTÂNCIA DEIXADA
POR FALECIMENTO. INVENTÁRIO. DESNECESSIDADE. POSSIBILIDADE DE
LEVANTAMENTO DA VERBA PLEITEADA ATRAVÉS DE ALVARÁ.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. À
UNANIMIDADE. O art. 2ºda Lei 6.858/80 que limita a dispensa de inventário para
levantamento de quantias depositadas em conta bancária à hipótese em que não
existirem outros bens a inventariar, não se aplica aos valores devidos por
empregadores, depositados em conta individual do FGTS, PIS/PASEP, incluindo-se
o saldo de benefício previdenciário. Precedentes dos Tribunais Pátrio e desta Corte de
Justiça. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 10965/2011, 5ª Vara Cível de Aracaju, Tribunal de
Justiça do Estado de Sergipe, DESA. SUZANA MARIA CARVALHO OLIVEIRA,
RELATOR, Julgado em 26/03/2012). (Grifo nosso)

ALVARÁ JUDICIAL - LEVANTAMENTO DE VALORES DEIXADOS PELO


FALECIDO - DISPENSA DE INVENTÁRIO - SALDO DE PROVENTOS - LEI
6.858/80. OUTROS BENS A INVENTARIAR - PROVIMENTO. - O art. 2º da Lei
6.858/80 que limita a dispensa de inventário para levantamento de quantias depositadas
em conta bancária à hipótese em que não existirem outros bens a inventariar, não se
aplica aos valores devidos por empregadores, depositados em conta individual do
FGTS, PIS/PASEP, incluindo-se o saldo de benefício previdenciário. Recurso Provido.
(APELAÇÃO CÍVEL 3253/2009, TRIBUNAL DE Justiça do Estado de Sergipe,
Relator: DES. CEZÁRIO SIQUEIRA NETO, j. em 17.09.2009).

Cumpre-nos salientar, ainda, que o Código de Processo Civil, em seu art. 666, também
assegura a desnecessidade de inventário ou arrolamento de bens para fins de pagamento
de valores previstos na lei 6.858/80, a exemplo do PIS-PASEP, vejamos:

Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o pagamento dos valores


previstos na Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980.

Por tudo o que foi exposto, fica evidente que assiste ao requerente o direito aqui
apontado, tanto por ser descente e sucessor do falecido, como por preencher todos os
requisitos necessários à obtenção dos valores, figurando, portanto, como titular do
direito de fazer o levantamento do montante creditado em nome do “de cujus”.

DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer a Vossa excelência:


A) Os benefícios da justiça gratuita, por ser o requerente juridicamente
hipossuficiente nos termos do art. 98 do Código de processo Civil;

B) Seja intimado o digníssimo representante do Ministério Público;

C) A procedência da presente ação para a expedição de Alvará Judicial em nome de


XXX, autorizando-o ao levantamento dos valores do PIS depositados em nome de
XXX na conta da Caixa Econômica Federal n° XXX 01 (Cartão cidadão).

Protestam provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, em


especial pela juntada de documentos e depoimento pessoal e oitiva de testemunhas.

Nesses termos,

pede e espera deferimento.

Dá-se à causa o valor de R$ XXX (Valor por extenso).

LOCAL E DATA

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA COMARCA


DE ESMERALDAS/MG

JOANA D’ARC, brasileira, viúva, portadora da Carteira de Identidade nº RG /MG-


111111, inscrita no CPF sob o nº 555.666.777-99, residente e domiciliado Rua xxxxx,
Nº 55, Bairro Novo, Belo Horizonte/MG, por seu procurador infra-assinado, mandato
anexo, vem à presença de V. Exa., nos termos da Lei nº 6.858 de 24 de novembro de
1980 e art. 666 do Novo Código de Processo Civil, apresentar o presente pedido de
ALVARÁ JUDICIAL, em razão das justificativas de ordem fática e de direito abaixo
delineadas:

GRATUIDADE DA JUSTIÇA

INICIALMENTE, a requerente afirma ser juridicamente necessitada, não tendo


condições financeiras para arcar com as despesas de custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família, sendo, portanto,
beneficiária da gratuidade de justiça.
DOS FATOS E FUNDAMENTOS

A Requerente casou-se civilmente com João de Barros (CPF 444.555.888-10 /


PIS 122.2222.02.2), falecido em 04/01/2017 (certidões anexas).

Ocorre que o de cujus deixou uma pequena quantia em dinheiro, proveniente do PIS e
do FGTS depositados na Caixa Econômica Federal.

Com efeito, a Lei nº 6.858/80 dispõe sobre o pagamento aos dependentes ou


sucessores de valores não recebidos em vida pelos respectivos titulares, conforme
exposto no artigo 1º:

Art. 1º. Os valores devidos pelos empregadores aos


empregados e os montantes das contas individuais do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de
Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos
respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos
dependentes habilitados perante a Previdência Social ou
na forma da legislação específica dos servidores civis e
militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei
civil, indicados em alvará judicial, independentemente de
inventário ou arrolamento.

Cumpre-nos salientar ainda, que não há necessidade de abertura de inventário para que
a Requerente seja autorizada a levantar a quantia ora depositada, consoante dispõe o
artigo 666 do Novo Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o


pagamento dos valores previstos na Lei nº 6.858, de 24
de novembro de 1980.

Destarte, a Requerente, sendo única herdeira do de cujus e não havendo


dependentes habilitados perante a Previdência Social, conforme certidão de
inexistência de dependentes fornecida pelo INSS (doc. anexo), faz jus ao recebimento
da modesta quantia, mediante alvará judicial.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante do exposto, pede a Vossa Excelência que seja concedido o ALVARÁ
JUDICIAL, autorizando a liberação dos valores do PIS e do FGTS depositados na
Caixa Econômica Federal, em nome de JOÃO DE BARROS, permitindo à
Requerente o saque tais valores.

Para tanto, requer:

a) a produção de todas as provas a admitidas em Direito, notadamente, depoimento


pessoal da requerente, juntada ulterior de documentos, bem como, quaisquer outras
providências necessárias à perfeita resolução do pleito.

b) o benefício da justiça gratuita por se tratar de pessoa pobre na acepção do termo,


conforme cópia anexa da CTPS da Requerente.

Dá-se à causa o valor de (valor do FGTS depositado)

Nestes termos, pede deferimento.

Esmeraldas, 20 de janeiro de 2017.

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