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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA

____ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL – PE.

MARIA MOCINHA DE AZEVEDO, brasileira, viúva, aposentada, nascida aos


10/07/1928 (89 anos de idade), portadora da Carteira de Identidade nº 2.253.705 –
SSP/PE, inscrita no CPF/MF sob o nº 024.354.864-80, residente e domiciliada na Rua
Deolindo Tavares, nº 188, Imbiribeira, Recife – PE, CEP: 51.170-070, por sua
advogada que esta subscreve, constituída nos termos da Procuração anexa (Doc. 01)
vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE ALVARÁ JUDICIAL

o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO;

Conforme previsto na Lei Federal nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), a Autora


faz jus à prioridade de tramitação do presente feito, tendo em vista ter nascido aos 10
de julho de 1928 e, portanto, estar atualmente com 89 (oitenta e nove) anos de idade,
enquadrando-se no requisito previsto no art. 1º do diploma legal supracitado.

Logo, a fim de receber ainda em vida o que lhe é de direito, pugna a Autora
para que o presente feito receba o tratamento que lhe é deferido por lei.

I – DOS FATOS;

Conforme Certidão de Óbito n º 075101 01 55 2016 4 00283 047 0132356


33 (Doc. 02), lavrada pelo Cartório de Registro Civel Boa Vista 4º Distrito
Judiciário da Capital, na data de 26/06/2016, o Sr. OSVALDO GOMES DE
AZEVEDO, Identidade 1.181.960 – SDS/PE, CPF/MF: 036.767.734-20, à época
cônjuge da Autora, veio a falecer na UTI do Hospital Unimed III, vítima de
Insuficiência Respiratória Aguda, Choque Séptico, Sepse, Entero – Infecção,
Cardiopatia, Insuficiência Crônica Agudizada, conforme atestado na referida Certidão.

Inobstante o considerável tempo transcorrido desde o falecimento de seu


cônjuge, a Autora tem ciência de que os proventos de aposentadoria do falecido não
eram sacados de sua Conta Bancária desde o mês de abril de 2016, em virtude de
exigências repentinas formuladas pela Instituição Financeira, as quais ainda não
tinham sido atendidas pelas filhas da Autora responsáveis pelo cuidado com o seu
marido.
Antes de tais exigências, os saques eram realizados mediante o uso de senha
eletrônica e do Cartão Magnético que segue anexo (Doc. 03), o qual faz prova da
existência da Conta Bancária e também especifica os dados que identificam a referida
Conta, quais sejam: Agência: 9249; Conta Corrente 01923-4, BANCO ITAÚ

Assim, considerando que o falecido recebia mensalmente 01 (um) salário


mínimo a título de proventos, que a referida remuneração, à época dos depósitos,
perfazia o valor de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais) mensais, e que devem ter
transcorrido 03 (três) ou mais meses sem que o saque tenha sido realizado, é possível
que haja, no mínimo, uma quantia remanescente no montante aproximado de R$
2.500,00, a qual deve ser destinada à Autora por se tratar de cônjuge sobrevivente e
pelo fato de não haver oposição das filhas para tal destinação.

Por outro lado, o de cujus não teve tempo hábil para verificar sua conta inativa
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e realizar o saque de eventuais
valores depositados em seu favor, motivo pelo qual a Autora pugna também pela
expedição de ofício para a Caixa Econômica Federal com o objetivo de descobrir a
existência (ou não) de saldo de FGTS em nome do falecido, para posterior saque por
parte da viúva, ora Autora.

No mais, o falecido Patriarca da família era segurado do INSS (Instituto


Nacional do Seguro Social) e recebia o seguinte benefício previdenciário de
aposentadoria por idade: NB nº 00851863868, conforme extrato bancário em anexo,
razão pela qual pode existir saldo remanescente do referido benefício a ser pago pela
Autarquia Previdenciária, justificando-se, portanto, a expedição de ofício ao INSS
para verificar eventual saldo.

Por todo o exposto, a Autora vem, perante esse Juízo requerer que, após as
providências explicitadas acima, sejam expedidos o(s) devido(s) alvará(s) judicial(is)
a fim de viabilizar o recebimento dos direitos pertencentes ao seu falecido marido,
conforme autoriza a legislação aplicável à espécie.

II – DO DIREITO;

É sabido que, de acordo com os artigos. 1º e 2º da Lei 6.858/80, os saldos


bancários e de contas de cadernetas de poupança e fundos de investimento de valor até
500 (quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional, serão pagos aos dependentes
habilitados para pensão por morte.

Art. 1º – Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os


montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida
pelos respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos
dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da
legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos
sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial,
independentemente de inventário ou arrolamento.

Art. 2º – O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao Imposto


de Renda e outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo
outros bens sujeitos a inventário, aos saldos bancários e de contas de
cadernetas de poupança e fundos de investimento de valor até 500
(quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional. (grifos acrescidos)

Cumpre salientar ainda, que não há necessidade de abertura de inventário


para que a Autora esteja autorizada a levantar os valores em comento, consoante
dispõe o art. 666 do Código de Processo Civil:

Art. 666. Independerá de inventário ou de arrolamento o


pagamento dos valores previstos na Lei nº 6.858, de 24 de
novembro de 1980.

Nesse caminho aponta a doutrina:

“O art. 666 reproduz a regra do art. 1.037 do CPC de 1973,


sobre a desnecessidade do inventário ou arrolamento para os
valores devidos pelos empregadores aos empregados e os
montantes das contas individuais do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não
recebidos em vida pelos respectivos titulares (art. 1º, caput, da
Lei n. 6.858/80). O art. 2º daquele diploma também se
refere às restituições relativas ao Imposto de Renda e outros
tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros
bens sujeitos a inventário, aos saldos bancários e de contas
de cadernetas de poupança e fundos de investimentos de
valor até 500 (quinhentas) Obrigações do Tesouro
Nacional.” (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de
Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo:
Saraiva, 2015. P. 422)

Assim, sendo a Autora viúva do de cujus, ou seja, maior beneficiária da renda


que este recebia, vem a Autora requerer a expedição de alvará para o levantamento do
numerário deixado por seu cônjuge falecido.

III - DOS REQUERIMENTOS FINAIS;

Por todo o exposto, requer a Autora que Vossa Excelência se digne em:

a) Conceder os benefícios da justiça gratuita, uma vez que a Autora é


beneficiária de verba decorrente de assistência social no valor mensal de 01
(um) salário mínimo e, portanto, não tem condições financeiras atuais de
suportar eventuais despesas processuais;

b) Intimar o Ministério Público para acompanhar e fiscalizar a tramitação do feito


(art. 721, CPC);
c) Realizar pesquisa via Bacenjud a fim de identificar eventuais valores
depositados em outras contas bancárias de titularidade do marido falecido da
Autora;

d) Determinar a expedição de Ofícios aos seguintes Órgãos/Instituições Privadas


a fim de permitir a aferição dos valores que devem ser destinados à Autora:

1. Banco Itaú: para que informe eventual saldo na Conta Corrente


01923-4; Agência: 9249;, BANCO ITAÚ de titularidade do falecido;

2. Caixa Econômica Federal: com o objetivo de descobrir a existência


(ou não) de saldo de FGTS em nome do falecido;

3. Ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para que informe


eventual saldo da aposentadoria por idade do NB nº 00851863868.

e) Depois do recebimento das respostas aos Ofícios encaminhados,


DETERMINAR A EXPEDIÇÃO do(s) alvará(s) competente(s) para
levantamento das aplicações valores informados pelos ofícios acima
mencionados.

Desnecessária se faz a citação das 03 (três) únicas filhas do casal, IANE


GOMES DE AZEVEDO, IRANDETE AZEVEDO MONTE e IVONETE
GOMES DE AZEVEDO, as quais serão devidamente qualificadas e comparecerão
aos autos oportunamente a fim de demonstrar a sua concordância com os presentes
pedidos.

Protesta a Autora pela produção probatória por todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente pela posterior juntada de prova documental e oitiva
das interessadas no feito.

Por fim, requer que todas as intimações/publicações que se fizerem necessárias


nos presentes autos, sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome da advogada
ALEXSSANDRA GOMES DE ARAÚJO, OAB/PE 40.024 , sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para


efeitos meramente fiscais.

Nesses termos, pede e espera deferimento.

Recife – PE, 10 de março de 2017.

Alexssandra Gomes de Araújo


OAB/PE 40.024

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