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Emanuelly Victória Andrade da Fonseca

João Pedro Domingos Medeiros

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS IDEOLOGIAS OPERÁRIAS:


UMA ANÁLISE CRÍTICA

Vila Velha
2020
Emanuelly Victória Andrade da Fonseca
João Pedro Domingos Medeiros

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS IDEOLOGIAS OPERÁRIAS:


UMA ANÁLISE CRÍTICA

Trabalho dissertativo apresentado


ao professor Ernesto Charpinel
como forma de avaliação
semestral na disciplina de História
III.

Vila Velha
2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO

O advento da Revolução Industrial, durante o século XVIII, é marcado


por diversos avanços como grande produção literária, descobertas científicas e,
principalmente, cabe destacar o acelerado avanço tecnológico, fator decisivo
na transformação do espaço urbano, como também, na transferência dos
meios de produção do setor manufaturado para o sistema fabril mecanizado.
Nesse contexto, evidencia-se a subdivisão das etapas de fabricação dos
bens, que passam a ser produzidos em maior escala em um curto espaço de
tempo. Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda cada
vez mais alta por matéria-prima, mão de obra especializada para as fábricas e
mercado consumidor. Tal exigência implicou, por sua vez, também na
aceleração dos meios de transporte de pessoas e mercadorias. Era necessário
o encurtamento do tempo que se percorria de uma região à outra para
comercializar esses produtos.
O processo de urbanização e globalização deve-se, também, por esse
desenvolvimento acelerado que iniciou-se no continente europeu, modificando
não somente o modo de trabalho, como também nas estruturas sociais daquela
época, as quais passam a ser regidas em função da acumulação de capital e
bens industrializados, desnudando-se um processo de estratificação das
classes mais pobres e, consequentemente, a formação das periferias ao redor
das fábricas.
O período da Revolução Industrial pode ser dividido em três fases, são
elas: Primeira Revolução Industrial, Segunda Revolução Industrial e Terceira
Revolução Industrial. Em sua primeira fase, houve a expansão das indústrias, o
progresso técnico-científico, a introdução das máquinas (passagem da
manufatura para o sistema fabril) e, além disso, o uso do carvão como
combustível para as novas indústrias que instalavam na Inglaterra.
Em segundo momento, em meados do século XIX, houve a expansão
do progresso tecnológico e científico para outros países europeus. Nesse
período muitos avanços como a lâmpada incandescente e a criação dos meios
de comunicação foram descobertos. Ademais, no que se refere às indústrias,
pode-se citar a troca de fonte de energia do carvão para o aço e, após isso,
para o petróleo.
Já na terceira fase, em meados do século XX, destacou-se um grande
avanço da ciência, da tecnologia e da informática, com o surgimento dos
computadores, a criação da internet, da robótica, da eletrônica, da criação dos
dispositivos móveis, entre outros.
É inegável que o processo de industrialização se deu de forma desigual,
ainda que tenha atingido, de certo modo, à toda população. Todavia, enquanto
o mundo prosperava e as modernidades se difundiam, cada vez mais se
avolumava a quantidade de miseráveis, sujeitos às condições insalubres,
longas jornadas de trabalho, enfermidades, exploração física e má
remuneração dos operários.
Diante desse cenário, ocorre o surgimento de diversas correntes
ideológicas que buscavam alcançar uma utópica sociedade desprovida de
desigualdades sociais, com bases mais igualitárias, sem classes e distinções
econômicas. Tais movimentos eram voltados, principalmente, para a atuação
do proletariado.
Há, atualmente, uma vasta produção literária, e cinematográfica,
inspirada nesse momento de insatisfação e luta de classes ocorrido,
inicialmente, no continente europeu e, disseminado ao redor do mundo. Nesse
sentido, observa-se a importância das representações artísticas para a
conservação e conscientização do ser humano, de modo a impedir a alienação
da população pela ausência de conhecimento da história, a fito de formar
cidadãos sérios e responsáveis, que possuam um olhar de maior criticidade em
relação ao cenário atual vigente.
O presente trabalho tem por objetivo dissertar acerca das ideologias
operárias do século XIX, surgidas a partir do advento da Revolução Industrial,
estabelecendo uma correlação entre os movimentos ideológicos e a produção
fílmica, para tal, será realizada a análise crítica das obras: “Tempos Modernos”,
“Germinal” e “O Jovem Karl Marx”.

2. Análise da Produção Fílmica

2.1 Análise crítica do longa-metragem “O Jovem Karl Marx”

No filme “O Jovem Karl Marx” retrata-se o momento vivido pelo filósofo


durante sua juventude, onde cultivava uma amizade com o filho de um
industrial e burguês Frederich Engels que, apesar de pertencer à elite da
época, indignou-se ao observar as condições desumanas em que os operários
eram sujeitados.
Nesse contexto, é importante depreender acerca dos horrores
presenciados pelo jovem Engels, haja vista diversos fatores como
insalubridade, longas jornadas de trabalho, trabalho infantil, trabalho análogo à
escravidão, exploração do proprietário sobre o proletariado, ausência de
equipamentos de segurança, e uma pequena parcela do lucro sobre a venda
do produto destinada aos empregados, possibilitando, mais facilmente, o
enriquecimento dos detentores dos meios de produção, a classe burguesa.
Diante desse cenário, Marx busca compreender a sociedade e suas
transformações ocasionas pelo advento da Revolução Industrial, formulando
teorias que buscassem explicar as contradições e injustiças do sistema político,
econômico e social que se estabelecia na sociedade.
Paralelamente, na França, ocorria uma das revoluções que mais
recebem destaque, até os dias de hoje, por sociólogos, filósofos e
historiadores, a chamada “Revolução Francesa”, que possuía por dilema a
frase – “Igualdade, Liberdade e Fraternidade” – prometia, portanto, a
dissipação das desigualdades sociais. Todavia, é evidente que esse
pensamento não se concretizou de forma universal, fato que comprova-se ao
observar as mazelas vivenciadas pela classe operária daquela época.
Ao analisar o contexto atual, vê-se que a realidade retratada durante o
filme é pertinente aos dias atuais, haja vista o processo de estratificação das
camadas sociais no sistema capitalista que, cotidianamente, prioriza o acúmulo
de riquezas, a fito de ascender socialmente. No entanto, é inegável que o leque
de oportunidades entre os grupos sociais não é equânime, ainda que os
direitos básicos do ser humano estejam assegurados na Constituição de 1888.
É pertinente ressaltar, também, que fatores como pobreza, falta de
saneamento básico, ausência de atendimento de saúde com qualidade,
deficiência no acesso à educação, fome e, principalmente, tributos elevados e
numerosos são precursores na disparidade entre a elite e as grandes massas,
resultando no processo de marginalização dos indivíduos mais vulneráveis.
Diante do exposto, fica claro que os conceitos tecidos ao longo do filme
estão intimamente relacionados com o contexto atual do sistema capitalista que
busca, obcessivamente, a acumulação de riquezas por meio da exploração do
trabalhador, sem considerar as consequências de suas ações ao resto do
povo, desnudando-se um Brasil de abismos sociais.

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