UNAÍ 2020 AS ALTERAÇÕES NO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
A Lei nº 13.467/2017 também conhecida como “Reforma Trabalhista”
trouxe diversas mudanças no Direito Individual do Trabalho, consolidados há décadas, pela Constituição Federal.
Tal Reforma está trazendo uma gama de discussões: doutrinárias,
jurisprudenciais, sociais e econômicas; sobre quem está realmente ganhando e realmente perdendo nessa história.
Isso porque, para alguns a Reforma Trabalhista suprimiu os direitos
individuais do trabalhador, para privilegiar os empresários. Já outros, acreditam que a alteração da Consolidação das Leis do Trabalho flexibiliza o contrato trabalhista para trazer impulsionamento à economia.
O Direito do Trabalho sempre foi conhecido, como o ramo do direito e da
esfera jurídica que trazia um viés mais protetor e indisponível do hipossuficiente; onde o lastro de direitos eram tão grandes, que o obreiro ao sofrer injustiça no seu labor, sabia que poderia recorrer ao Judiciário para haver seus direitos.
Contudo, diversos ganhos históricos e jurídicos para o trabalhador, parece
ter sido esguiado para a conveniência do empregador ou para o empresário; permitindo-se que, o obreiro acabe tendo que renunciar seus direitos individuais indisponíveis; com o fito de não perder seu emprego.
I – DO SEGURO-DESEMPREGO
Por exemplo, observe-se o artigo 7º, inciso II da Constituição Federal, que
garante como direito do trabalhador o seguro-desemprego. Senão vejamos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Ocorre que, com a mudança legislativa, o seguro-desemprego pode ser suprimido na extinção do trabalho “em comum acordo” das partes. Sendo a alteração feita, com a inclusão do artigo 484-A, § 2o da Consolidação das Leis do Trabalho, que aduz: Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: o § 2 A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego.
O que é sabido empiricamente, é que o trabalhador nunca falou em
igualdade com o empregador. Não sendo à toa, que o ramo do direito trabalhista enaltecia o Princípio do in dubio pro operario, Princípio da Norma Mais Favorável e o Princípio da Hipossuficiência.
Dessa forma, caso o empregador resolva diminuir suas despesas
trabalhistas, ameaçando ou coagindo o trabalhador para entrarem num “acordo”, o operário terá seu direito do seguro-desemprego suprimido.
II – DO FGTS
De semelhante forma na Carta Magna, um direito importante que era
recebido – quando o momento da rescisão – era o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), previsto pelo artigo 7º, inciso III da Constituição Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: III - fundo de garantia do tempo de serviço;
Entretanto, o depósito recolhido pelo empregador – durante o contrato de
trabalho – não poderá ser percebido pelo empregado na sua totalidade, caso esse, “aceite” um “acordo” de rescisão. Sendo limitado por 80% do que lhe é justo, conforme o artigo 484-A, § 1o da Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: o § 1 A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.
Portanto, pode-se dizer que 20% do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço do trabalhador ficará retido, por ter “concordado” com o termo de rescisão do empregador.
III – DO AVISO-PRÉVIO
Outra inovação da Reforma Trabalhista também, foi quanto ao Aviso-
Prévio. Isso porque tal direito também previsto pela Constituição Federal, no seu artigo 7º, inciso XXI assevera que:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Todavia, outra faceta da Reforma Trabalhista, foi alterar no
retromencionado “acordo” – entre empregado e empregador – a redução de metade do aviso-prévio que o trabalhador teria direito na sua rescisão.
A referida mudança pode ser percebida, no mesmo artigo 484-A da
Consolidação das Leis do Trabalho, retromencionado, que diz:
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por
acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: I - por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; Deste modo, por mais que a Carta Magna traga expresso o termo do direito do aviso indenizado de forma proporcional, a Reforma traz um corte de forma absurda, na rescisão do trabalhador.
IV – CONCLUSÃO
Pode-se concluir portanto, que a Lei nº 13.467/2017, a tão conhecida
Reforma Trabalhista, é âmbito para discussão das mais variadas esferas. Isso porque, enquanto se discute a legalidade, frente à discrepância da Constituição Federal e o posicionamento das Supremas Cortes, também visa a legalidade do Legislativo como representante do povo, escolhido diretamente para representá-lo ou se tornam amantes de si mesmos. Entendendo que o detrimento dos direitos individuais do trabalhador traz severo retrocesso social e jurídico – quando a Justiça só deveria andar pra frente. Referência Bibliográfica
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988;
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de
01.mai.1943;
ÂMBITO JURÍDICO. A Reforma Trabalhista Com o Advento da Lei 13.467 de