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FACULDADE CNEC – ENSINO SUPERIOR

PÓS-GRADUAÇÃO: DIREITO DO TRABALHO

PATRICIO LIMA RODRIGUES

A REFORMA TRABALHISTA E OS DIREITOS INDIVIDUAIS

UNAÍ
2020
AS ALTERAÇÕES NO DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

A Lei nº 13.467/2017 também conhecida como “Reforma Trabalhista”


trouxe diversas mudanças no Direito Individual do Trabalho, consolidados há
décadas, pela Constituição Federal.

Tal Reforma está trazendo uma gama de discussões: doutrinárias,


jurisprudenciais, sociais e econômicas; sobre quem está realmente ganhando e
realmente perdendo nessa história.

Isso porque, para alguns a Reforma Trabalhista suprimiu os direitos


individuais do trabalhador, para privilegiar os empresários. Já outros, acreditam que
a alteração da Consolidação das Leis do Trabalho flexibiliza o contrato trabalhista
para trazer impulsionamento à economia.

O Direito do Trabalho sempre foi conhecido, como o ramo do direito e da


esfera jurídica que trazia um viés mais protetor e indisponível do hipossuficiente;
onde o lastro de direitos eram tão grandes, que o obreiro ao sofrer injustiça no seu
labor, sabia que poderia recorrer ao Judiciário para haver seus direitos.

Contudo, diversos ganhos históricos e jurídicos para o trabalhador, parece


ter sido esguiado para a conveniência do empregador ou para o empresário;
permitindo-se que, o obreiro acabe tendo que renunciar seus direitos individuais
indisponíveis; com o fito de não perder seu emprego.

I – DO SEGURO-DESEMPREGO

Por exemplo, observe-se o artigo 7º, inciso II da Constituição Federal, que


garante como direito do trabalhador o seguro-desemprego. Senão vejamos:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
involuntário;
Ocorre que, com a mudança legislativa, o seguro-desemprego pode ser
suprimido na extinção do trabalho “em comum acordo” das partes. Sendo a
alteração feita, com a inclusão do artigo 484-A, § 2o da Consolidação das Leis do
Trabalho, que aduz:
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por
acordo entre empregado e empregador, caso em que
serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:
o
§ 2 A extinção do contrato por acordo prevista no caput
deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de
Seguro-Desemprego.

O que é sabido empiricamente, é que o trabalhador nunca falou em


igualdade com o empregador. Não sendo à toa, que o ramo do direito trabalhista
enaltecia o Princípio do in dubio pro operario, Princípio da Norma Mais Favorável e o
Princípio da Hipossuficiência.

Dessa forma, caso o empregador resolva diminuir suas despesas


trabalhistas, ameaçando ou coagindo o trabalhador para entrarem num “acordo”, o
operário terá seu direito do seguro-desemprego suprimido.

II – DO FGTS

De semelhante forma na Carta Magna, um direito importante que era


recebido – quando o momento da rescisão – era o FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço), previsto pelo artigo 7º, inciso III da Constituição Federal:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
III - fundo de garantia do tempo de serviço;

Entretanto, o depósito recolhido pelo empregador – durante o contrato de


trabalho – não poderá ser percebido pelo empregado na sua totalidade, caso esse,
“aceite” um “acordo” de rescisão. Sendo limitado por 80% do que lhe é justo,
conforme o artigo 484-A, § 1o da Consolidação das Leis do Trabalho:
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por
acordo entre empregado e empregador, caso em que
serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:
o
§ 1 A extinção do contrato prevista no caput deste
artigo permite a movimentação da conta vinculada do
trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no
8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta
por cento) do valor dos depósitos.

Portanto, pode-se dizer que 20% do Fundo de Garantia do Tempo de


Serviço do trabalhador ficará retido, por ter “concordado” com o termo de rescisão
do empregador.

III – DO AVISO-PRÉVIO

Outra inovação da Reforma Trabalhista também, foi quanto ao Aviso-


Prévio. Isso porque tal direito também previsto pela Constituição Federal, no seu
artigo 7º, inciso XXI assevera que:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

Todavia, outra faceta da Reforma Trabalhista, foi alterar no


retromencionado “acordo” – entre empregado e empregador – a redução de metade
do aviso-prévio que o trabalhador teria direito na sua rescisão.

A referida mudança pode ser percebida, no mesmo artigo 484-A da


Consolidação das Leis do Trabalho, retromencionado, que diz:

Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por


acordo entre empregado e empregador, caso em que
serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:
I - por metade:
a) o aviso prévio, se indenizado;
Deste modo, por mais que a Carta Magna traga expresso o termo do
direito do aviso indenizado de forma proporcional, a Reforma traz um corte de forma
absurda, na rescisão do trabalhador.

IV – CONCLUSÃO

Pode-se concluir portanto, que a Lei nº 13.467/2017, a tão conhecida


Reforma Trabalhista, é âmbito para discussão das mais variadas esferas. Isso
porque, enquanto se discute a legalidade, frente à discrepância da Constituição
Federal e o posicionamento das Supremas Cortes, também visa a legalidade do
Legislativo como representante do povo, escolhido diretamente para representá-lo
ou se tornam amantes de si mesmos. Entendendo que o detrimento dos direitos
individuais do trabalhador traz severo retrocesso social e jurídico – quando a
Justiça só deveria andar pra frente.
Referência Bibliográfica

 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988;

 BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de


01.mai.1943;

 ÂMBITO JURÍDICO. A Reforma Trabalhista Com o Advento da Lei 13.467 de


2017. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-do-
trabalho/a-reforma-trabalhista-com-o-advento-da-lei-13-467-de-2017/;

 JUS. Reforma Trabalhista: o que muda?. Disponível em:


https://jus.com.br/artigos/57783/reforma-trabalhista-o-que-muda.

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