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Adufes
Demerval Saviani.
Grande risco que enfrentamos nessa situação de excepcionalidade. Vem nos forçar a
substituir. Expressão alternativa de “ensino remoto” apenas para caracterizar que
não se trata de EAD. Mas o que ocorre é que o ensino remoto é feito à distancia
com o mesmo ferramental.
O que precisa ficar claro, como caracterizei no primeiro capitulo do livro (da
natureza e especificidade da Educação) Pedagogia Histórico-Critica: primeiras
aproximações, é que a Educação é uma atividade especificamente humana, que se
destina à própria produção do ser humano. O ser humano não tem a sua existência
garantida pela natureza, diferentemente, portanto, dos outros animais (que tudo o
que precisa para sobreviver a natureza provê, então, basta ele se adaptar à natureza),
enquanto que o homem precisa fazer o contrário, ele precisa adaptar a natureza a si,
ajustá-la às suas necessidades, portanto, agir sobre a natureza e transforma-la. Então,
a constituição do homem se dá pela via da Educação, da Cultura. Porque é isso que
faz o ser humano. Tanto assim é que um individuo humano fora do convívio
humano ele normalmente perece. E se por alguma circunstancia excepcional (os
exemplos históricos das crianças selvagens. Na França final sec. XVIII. Não andava
sobre os pés, não falava e se alimentava diretamente com a boca- isso mostra que
embora tendo sobrevivido, ele não assumiu a forma humana, mas a dos animais do
ambiente que ele sobreviveu). O homem se forma por um processo que envolve a
apropriação das objetivações humanas produzidas pela humanidade e que ao nascer
ele já encontra essa situação configurada. E para viver nessa sociedade, ele precisa
assimilar aqueles elementos que se acumularam historicamente, configurando a
forma de vida dessa sociedade. E esse processo é aquilo que se configura como uma
produção não-material. Então, o homem para existir precisa agir sobre a naureza,
transformando, criando aqueles elementos materiais que ele necessita para existir.
Isso é a produção material. Mas além disso, na medida em que para agir sobre a
natureza, ele precisa antecipar as suas ações mentalmente, então ele produz também
ideias, produz valores, produz as artes. Então isso configura a produção não
material. E é nesse âmbito que se situa a educação, uma modalidade da produção
não meterial. Mas esta ultima tem duas modalidades: Uma é aquela em que o
produto se separa do produtor, o que ocorre com os objetos artísticos de um modo
geral, a obra de arte é uma produção não material mas que se expressa
materialmente e se autonomiza do produtor e aí entra no processo de circulação
submetida ao capital comercial; os livros são não material também, mas na medida
em que ele é gravado no livro, também entra na circulação comercial e se distingue
do ato de produção; mas há uma modalidade que é aquela que o produto não se
separa do produtor. E a educação se situa nesse âmbito, como a medicina. Marx dá o
exemplo do medico, eu preciso do medico e não de um moleque de recado, pra curar
ele precisa examinar o paciente, e outro exemplo que ele dá é do professor. A aula é
produzida e consumida ao mesmo tempo e portanto supõe essa relação direta, essa
interrelação. Os recursos então são mediações para a realização desse ato que é
interpessoal e portanto supõe a presença do professor e do aluno em interação. O
fato de haver recursos não significa que esse ato deixe de existir ou possa ser
substituído pela relação com as máquinas. Basta considerar a historia da educação e
da Pedagogia para se considerar isso. Na Idade media não havia os recursos que
temos hoje, livros, cadernos.. Os alunos tinham uma prancheta na qual anotavam o
que o professor explicava, ele era até chamado de Lente porque ele lia. Monges
copistas. Gutemberg. Imprensa. Livros. Escolas passam a usar livros. Cadernos, a
escola passa a usar cadernos. Quando chegamos às novas tecnologias, também são
utilizadas como recursos para o desenvolvimento das aulas, mas supõe sempre essa
diferença do contato da produção não material que se materializa naqueles
elementos fora do momento em que foram produzidos e a que se dá no próprio
momento de produção, e é isso que diferencia a educação. Portanto, o ensino e as
aulas.
Daí pode-se pensar que uma aula pode ser gravada e depois ouvida em diferentes
situação sem a presença do professor, bem como ser lida. Mas vejam que são coisas
diferentes. Exemplifica os cursos franceses que depois viravam livros. Proprio
Hegel, lições de filosofia, Lições de Estetica.
Mas vejam bem, são coisas diferentes. Podemos ler os livros, mas isso não é ensino.
Porque? Porque quando eu leio estou assimilando o conteúdo do que eu leio, mas
não se configura aí a relação pedagógica, educativa. É esse o problema com a
educação à distancia. Ela acaba sendo concebida como aulas de professores com
grande domínio, que são projetadas. Estar numa situação de ensino-aprendizagem é
diferente de assistir a um filme, um documentário, um programa de televisão. A
EAD pretende ser ensino, mas o que acontece, quem recebe essa instrução está em
situação que pode não ter os requisitos que foram pressupostos para aquela aula
gravada. É por isso que é preciso que aja um monitor num espaço de recepção
daquela aula a distancia. Esse monitor não é o professor, ele auxilia. Mas se entende
que ele não precisa ter a formação e nem o salario que corresponde a carreira do
docente. No entanto, de fato, é ele o verdadeiro professor, pois é ele que está na
relação pedagógica. Para que isso tenha a mesma qualidade do presencial, esse
monitor deveria ter uma formação especifica, dedicação exclusiva e um salario
justo, de professor habilitado. No entanto, não é isso que se concebe quando fala de
EAD. É por isso que tratamos de EAD como algo que corresponde às demandas do
mercado, porque reduz os custos com o trabalho docente e permite a extração de
mais valia nesse tipo de atividade.
É por isso que consideramos que a EAD não deve ser generalizada e nunca poderá
substituir a educação presencial.
Resistência Ativa – Estratégia que ele propôs ao final do livro sobre a nova LDB.
Participou da aprovação da LDB 87/88. Houve um revertério no senado, projeto
mudado por Darcy Ribeiro, sob o efeito de FHC. Uma politica educacional que já
apontava nessa direção neoliberal que veio a prevalecer. Lei aprovada em dezembro
de 1996. Em 1997 lança o livro A nova lei da educação.
O Papel da escola
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